Vozes - Gazeta do Povo
Brasil e Argentina
Domingo é dia de manifestações políticas nos dois principais países da América do Sul. No Brasil, em várias capitais;
- na Argentina, em Buenos Aires, com a posse do novo presidente, Javier Milei.
Estarão lá o ex-presidente Jair Bolsonaro e governadores como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Jorginho Mello (Santa Catarina).
Lamentavelmente, quem não vai estar presente é o presidente do Brasil, do principal país do Mercosul, que tem a Argentina como seu principal parceiro comercial na área – em todo o mundo, a Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, com muitos interesses em comum.
Seria um voo rápido de Brasília, não é como ir a Dubai.
Em três horas e meia, no máximo, já se chega a Buenos Aires. Lula poderia marcar presença e voltar no mesmo dia. Mas não vai mandar nem mesmo o vice-presidente Geraldo Alckmin; no lugar está indo o ministro de Relações Exteriores, é uma representação, digamos, menor.
que é o temor de vaias, enquanto Bolsonaro seria ovacionado pela multidão de partidários de Milei, que é muito parecido com Bolsonaro e muito diferente de Lula. De qualquer forma, seria uma oportunidade de demonstrar grandeza.[complicado se demonstrar o que não se possui.]
Outra oportunidade que está sendo oferecida a Lula – e cavalo encilhado não passa duas vezes – é a questão da Venezuela com a Guiana.
Lula é quem tem mais possibilidades de demover Nicolás Maduro.
Não há como imaginar o tamanho de uma guerra que vai literalmente envolver um estado brasileiro, Roraima. Não falo dessa “teoria da passagem”, em que eu não acredito, porque Venezuela e Guiana têm 500 quilômetros de fronteira terrestre, seca, ninguém precisaria passar por território brasileiro.
Seria a grande oportunidade de Lula aparecer como pacificador, mas pelo jeito a pacificação virá dos Estados Unidos, que estão fazendo manobras na Guiana, avisando, dissuadindo Maduro, que por sua vez está imitando outro ditador, Marcos Pérez Jiménez.
Em 1958, ele anunciou – exatamente como Maduro – que invadiria a Guiana para recuperar Essequibo, mas foi deposto por causa disso.
Os militares venezuelanos não quiseram guerra e o depuseram.
Outro ditador, o argentino Galtieri, inventou uma guerra com a Inglaterra, invadindo as Malvinas ou Falklands, foi derrotado e deposto, acabando com o ciclo militar na Argentina. Este é um argumento que Lula poderia usar com Maduro. Aliás, em 2006 Hugo Chávez botou uma estrela a mais na bandeira da Venezuela, representando Essequibo, e agora Maduro colocou a região no mapa da Venezuela. Na burocracia está tudo pronto, já está no mapa.
A lógica estranha de quem defende criminoso nas ruas
Uma prova de que o Brasil está maluco: a agência noticiosa oficial brasileira entrevistou um pesquisador e ele disse que quanto mais preso houve, mais crime tem. Não dá para entender.
O sujeito que assassinou a argentina em Búzios estava com 15 anos de condenação por estupro e roubo, já tinha seis passagens na polícia, e estava solto!
Ele tinha sido preso em regime fechado e depois foi para o semiaberto. Esse é o Brasil.
E há quem se queixe quando as pessoas se armam para se proteger... é todo dia invasão de terra, invasão de prédio, quebra-quebra; alguém quer se vingar, vai lá e joga pedra, quebra o bar, quebra a loja.
O país está ficando sem lei e o Estado não está cumprindo seu papel – o Estado não, que Estado é uma abstração: são os agentes do Estado.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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