Vozes - Gazeta do Povo
Brasil e Argentina
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Como nunca falamos especificamente da questão de Guiana Essequiba aqui em nosso espaço, cabe uma recapitulação. Trata-se de cerca de 160 mil quilômetros quadrados, algo como dois terços do território da atual Guiana, ex-colônia britânica, fronteiriça com a Venezuela, que reivindica o território. A divergência fronteiriça antecede a própria Venezuela, remetendo ao período das Guerras Napoleônicas.
Quatro datas são importantes nessa recapitulação histórica. Em 1876 tivemos a primeira descoberta de ouro na região. Em 1899, uma arbitragem europeia, apoiada pelos EUA, deu ganho de causa integral aos britânicos, motivo de suspeições e críticas até hoje. Em 1966, em Genebra, foi assinado um novo acordo, entre Reino Unido e Venezuela, em que os britânicos concordavam em negociar a fronteira.
O acordo, na prática, não decidiu nada, foi mais um dos vários “acordos para chegar em um acordo” na História, mas, para os venezuelanos, significou que os britânicos reconheceram a fronteira de 1899 como nula, posição não aceita pela Guiana, que se tornou independente em 1966. Finalmente, em 2015, foram descobertos novos e vastos campos de petróleo na área marítima de Guiana Essequiba.
Ou seja, longe de ser um território economicamente desprezível, trata-se de um lugar rico em ouro, cassiterita, petróleo e gás natural em suas águas. Desde a década de 1960 o território também serve como grande espantalho patriótico da Venezuela. Quando o governo de ocasião está mal, brada pela Guiana Essequiba e cria uma distração para a população, tal qual a Argentina fez e faz com as Malvinas.
ReferendoAs cinco perguntas, na ordem, rejeitam a arbitragem de 1899, reforçam o acordo de 1966, rejeitam a jurisdição da Corte Internacional de Justiça, rejeitam a suposta “disposição unilateral” dos limites marítimos pela Guiana e criam o “estado de Guayana Esequiba”, com um “plano acelerado de atendimento integral à população”, incluindo a concessão de cidadania e de documentos venezuelanos.
As duas primeiras perguntas já foram explicadas. A terceira pergunta, ao rejeitar a jurisdição da CIJ, na prática, rejeita a possibilidade de uma nova arbitragem internacional e força uma negociação direta entre Venezuela e Guiana. Agora, é a Venezuela que é o país mais forte da conversa. Já a última pergunta aplica o manual russo implementado na anexação da Crimeia em 2014 e dos quatro oblasts ucranianos em 2022.
Segundo o governo venezuelano, tivemos “dez milhões de votos”, com cerca de 95% de aprovação em cada pergunta. Esse número, caso seja de eleitores, corresponde à metade do eleitorado venezuelano, embora, por exemplo, nas eleições parlamentares de 2020, apenas 30% dos eleitores compareceram. Mesmo os números oficiais são questionados nos últimos pleitos venezuelanos.
Diplomacia ou ação militar
Temos dois caminhos principais aqui. O primeiro é o da negociação por vias diplomáticas. Nesse caso, pesa contra a Venezuela o fato de o atual governo não ser exatamente prolífico em amigos, além de a Guiana considerar o tema como encerrado. No caso de uma solução negociada, o Brasil pode, e precisa, desempenhar papel importante, por ser uma crise também em suas fronteiras.
Fácil como a do Iraque sobre o Kuwait em 1990. E o exemplo histórico não é aleatório. A comunidade internacional foi rápida em condenar as ações iraquianas como uma guerra de agressão ilegal e uma força internacional, liderada pelos EUA e custeada principalmente pelos sauditas, derrotou o Iraque em alguns meses. Naquele período, as forças armadas iraquianas eram das mais formidáveis do mundo.
Se a Venezuela invadir a Guiana, a possibilidade de um porta-aviões dos EUA na costa venezuelana em questão de semanas é enorme. Além de ser uma hipotética guerra de agressão, a Guiana possui um grande aliado nessa crise: o fato de suas reservas de petróleo e gás já estarem sendo exploradas por empresas estrangeiras, especialmente a gigantesca Exxon Mobil dos EUA.
Como já explicamos aqui, Maduro depende dos militares para se manter no poder. Ou seja, uma guerra não depende apenas dele. Uma guerra também seria uma tragédia para o Brasil, pois poderia abrir caminho para maior presença militar estrangeira na Amazônia. Também geraria um fluxo de refugiados considerável. Ou seja, é evidente que é do interesse do Brasil evitar uma guerra ali.
Até o momento, as ações diplomáticas brasileiras estão conseguindo algum efeito. Finalmente, existe outro aspecto, apontado tanto pela direita venezuelana quanto pelo Partido Comunista do país: Maduro, além de repetir o roteiro de usar uma grande distração patriótica, pode estar gestando uma crise intencional que justifique a suspensão ou adiamento das próximas eleições.
Por exemplo, em caso de Estado de Defesa, pela lei venezuelana, citada pelos atores políticos locais, a eleição seria suspensa. Novamente, isso não é uma invenção de Maduro, sequer da Venezuela, mas tudo pode não passar de alarmismo para justificar uma ação política interna. No fundo, Maduro sabe que invadir a Guiana seria o fim da causa de Essequiba. E o fim de seu governo.
Filipe Figueiredo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Alexandre Garcia
Foto: EFE/EPA/SERGEY GUNEEV/KREMLIN POOL/SPUTNIK
Eu lembro que quando eu cobria a guerra no Atlântico Sul, a Guerra das Malvinas, eu vi que o Brasil estava ajudando a Foça Aérea argentina com munição, com especialistas e equipamento. Quando eu voltei para descansar em Brasília por dois ou três dias, eu fui procurar o presidente Figueiredo. Eu disse a ele: “O senhor está apoiando o agressor?”. E ele me disse: “Estou”. E eu insisti: “Mas o Galtiere – o presidente argentino na época - é um bêbado, a Argentina é que a agressora!”. Aí o Figueiredo me respondeu: “É, mas eu sou amigo dele e a Argentina, olha aqui no mapa, é nossa vizinha, sempre vai ser nossa vizinha. A Inglaterra está a 10 mil quilômetros de distância, mas a Argentina é nossa vizinha e vai nos dever favores”.
Rússia, Ucrânia e Brasil: além da guerra real enfrentamos guerra de narrativas
E ele tinha toda razão. O chefe de Estado deve pensar no país, o interesse do país está em primeiro lugar. Várias nações da OTAN dizem que a Amazônia tem que ser do planeta, que ela não é do Brasil. Mas Putin disse “não, a Amazônia é do Brasil, sim”. Essas coisas têm de ser consideradas. Bolsonaro e Putin, quando se reuniram, falaram de multipluralidade, ou seja, que não querem um mundo entre os Estados Unidos e a China. Queremos ter a nossa posição de brasileiros.
Mas, além disso, Bolsonaro resgatou os brasileiros da Ucrânia, essa primeira obrigação do governo brasileiro. Tirou da zona de guerra, está levando para a vizinha Romênia, e, de lá, eles embarcam para o Brasil. Tal como foi rápida e eficaz aquela operação quando explodiu o coronavírus lá na China. Resgatamos todo mundo que estava pelo caminho, e vieram para a quarentena na Base Aérea de Anápolis.
Sanções
Essas coisas precisam ser pensadas com maturidade. E a gente não deve brincar com voto como os ucranianos brincaram – é só olhar o que aconteceu. É bom lembrar que a Ucrânia assinou um pacto, em 2014 se não me engano, de desarmamento para que ela se mantivesse neutra. Agora, se ela chamar a OTAN, a OTAN vai enviar armas.
A OTAN é um pacto militar comandado pelos Estados Unidos. Tem base dentro de Portugal, nas Ilhas de Açores. Sobre esse equilíbrio de forças no mundo, não é cantando que ele acontece, são os arsenais que continuam pesando no equilíbrio de forças do mundo. E também a força econômica.
Vejam, por exemplo, a Alemanha, que parou com as usinas nucleares e agora está dependendo do gás da Rússia. A França também está retomando as usinas nucleares, construindo 12 novas usinas. Não adiante ficar cantando; É preciso pensar de forma madura e ter líderes maduros. Eleger líderes com maturidade
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Bolsonaro foi recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores, embaixador Sergey Ryabkov, e pelo diretor do Departamento de Protocolo Estatal, embaixador Igor Bogdashev. Ele foi do aeroporto ao hotel Four Seasons, na Praça Vermelha, aonde chegou pouco antes das 11h de Brasília, tendo entrado por uma porta lateral.
Na manhã desta terça, o governo russo anunciou a retirada de parte das tropas militares na fronteira com a Ucrânia. Não está claro, porém, quantos soldados serão retirados. A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças.
Artigo:Bolsonaro na Rússia é ruim para o Brasil, mas bom para sua campanha
Além disso, pouco depois do anúncio, o Ministério da Defesa russo anunciou planos de realizar exercícios navais no Mediterrâneo, com o envio de bombardeiros e jatos equipados com mísseis hipersônicos para a base do país na Síria.
Por causa das tensões e dos alertas emitidos pelos EUA e por outros países do risco de uma invasão iminente da Rússia na Ucrânia, a visita de Bolsonaro foi alvo de críticas. Como havia um temor de auxiliares da Presidência de que a agenda bilateral com Putin pudesse ser mal avaliada pela Casa Branca, Bolsonaro foi aconselhado a pregar a paz e uma solução diplomática em todas suas declarações durante a estada em Moscou.
Diplomatas brasileiros argumentam que o convite de Putin foi feito antes mesmo da crise ganhar maiores proporções, lembrando repetidamente que os dois países têm relações comerciais que justificam o encontro com Putin, previsto para ocorrer na quarta-feira entre 13h e 15h no horário local.
Nas redes sociais, Bolsonaro publicou, pouco antes das 8h, que já estava no espaço aéreo russo. Ele também divulgou uma imagem mostrando a notícia de que a Rússia anunciou o retorno de algumas tropas que tinham sido enviadas para a fronteira com a Ucrânia.
'Todo mundo tem problemas'— O mundo todo tem seus problemas. Se você começar a querer resolver o problema dos outros... O que for possível, a palavra lá é de paz para ajudar, tudo bem. Mas sabe o que está em jogo, não vou entrar em detalhes aqui. Temos problemas. A Argentina tem problemas com as Malvinas. No passado tivemos problemas, perdemos o Uruguai, ganhamos o Acre. Hoje a Venezuela quer a região de Essequibo, na Guiana. O americano mesmo pegou alguns estados do México no passado. A gente quer a paz, mas tem que entender que todo mundo é ser humano. Vamos torcer. Se depender de uma palavra minha, o mundo teria a paz — disse Bolsonaro.
O presidente reconheceu o "momento difícil" na região, mas defendeu a realização da viagem: — Temos a viagem à Rússia. Sabemos do momento difícil que existe naquela região. Temos negócios com eles, comerciais. Em grande parte, o nosso agronegócio depende dos fertilizantes deles. Temos assunto para tratar sobre defesa, sobre energia. Muita coisa para tratar. O Brasil é um país soberano. Vamos torcer pela paz lá, que dê tudo certo.
Também na segunda, Mourão disse não ver problemas na viagem de Bolsonaro. Segundo ele, o que há na região é um "jogo de pressão" envolvendo Rússia, Ucrânia e a Otan, que é a aliança militar com os Estados Unidos à frente. O vice-presidente avalia que o cenário vai ficar apenas nesse jogo de pressão.
— Semana passada, o presidente da Argentina [Alberto Fernández] esteve lá [na Rússia]. Zero trauma. Não vejo problema. Essa tensão que está ocorrendo é fruto aí das pressões de ambos lados, entre a Rússia, a própria Ucrânia que está imprensada, e óbvio o pessoal da Otan, com os Estados Unidos à frente. Na minha opinião, vai ficar nesse jogo de pressão. Então a viagem do presidente lá é só um dia. Sem maiores problemas — disse Mourão.
Mundo - O Globo