Evaristo de Miranda
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Evaristo de Miranda
A frase acima é uma provocação ao leitor. O que estou querendo afirmar neste artigo é que esse “progressismo” entre aspas que assola o Ocidente defende a liberação da maconha e outras drogas como se elas fossem um problema apenas individual e não um gravíssimo problema social, na raiz de muitos dos males que a todos atingem e em quase uníssono condenamos.
Nessa linha, desconsiderando o fato de tantos de seus atores e artistas terem sido vitimados por esses vícios que a empresa quer ver descriminalizados e liberados, o jornal O Globo afirmou em editorial de 14 de novembro do ano passado:
“(...) Ao mesmo tempo que a maioria dos eleitores americanos tratava de tirar Donald Trump da Casa Branca, muitos também votavam em plebiscitos estaduais para ampliar a liberação do uso recreativo e da aplicação medicinal das drogas. Tais consultas mostram quanto o Brasil está atrasado nesse campo, apesar dos esforços de legisladores, juízes e pesquisadores.
Estou plenamente advertido sobre o fato de que o uso medicinal da maconha não se confunde com o recreativo. Aquele pressupõe o emprego da cannabis sativa processada em laboratórios para pacientes com enfermidades e não para gerar dependências e sequelas em pessoas sadias. Sei, também, que o hábito de encher a cara é anterior ao Antigo Testamento; que os ameríndios mascavam folha de coca, fumavam cachimbo e destilavam a própria aguardente; que no início do século XIX houve uma guerra entre a Inglaterra e a China pelo transporte dos derivados da papoula, e que a dependência do ópio já era um flagelo na Antiguidade. Sei, por fim, que nos filmes da Netflix – uma das referências do “progressismo” – fuma-se mais maconha do que cigarros de tabaco porque é “muito mais divertido”.
Ouvir em meios culturais e de comunicação um discurso de tolerância em relação à maconha e outras drogas, ou, o que talvez seja ainda pior, perceber que se difunde por repetição a ideia de que maconha não faz mal algum (“porque é até medicinal”), resulta inquietante para quem tem informação verdadeira e objetiva sobre o assunto. Pergunte, leitor, a profissionais da área de saúde que lidam com dependência química. Ouça peritos a respeito dos efeitos neurológicos, psicológicos e comportamentais da maconha e suas consequentes companheiras. Indague a pais e professores sobre o impacto que o uso dessa droga determina na capacidade intelectiva, na concentração, na disciplina e na vida escolar de milhões de jovens.
Nunca esqueça ter sido ela que abriu a caixa de maldades e perversidades desencadeadas em nosso país nas últimas décadas. Primeiro gerando o hábito social, em seguida o vício, e, depois, puxando a longa corrente das drogas cada vez mais pesadas que invadiram o mercado com seu poder de destruição, violência e corrupção.
Triste a nação que renuncia à tarefa de transmitir valores às suas gerações! Se as famílias cuidam apenas da subsistência material, se as escolas se encarregam, quando muito, de transmitir conteúdos didáticos, se as Igrejas só se ocupam de questões sociais e políticas, se os meios de comunicação deixam de lado sua responsabilidade social, quem, afinal de contas, vai orientar a sociedade para o bem?
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
O sermão de São Gregório Nazianzeno começa numa espécie de jubilosa exclamação:
«Páscoa, Páscoa, Páscoa, três vezes Páscoa, direi em honra da Santíssima Trindade. Esta é para nós a festa das festas, a solenidade das solenidades. Como o fulgor do sol apaga as estrelas, assim esta festividade excede a todas as outras, não só as humanas mas as do próprio Cristo e que por causa dele se celebra».
Páscoa, para nós quer dizer Passagem e faz-nos lembrar que somos peregrinos, que estamos em caminho da pátria como os israelitas estavam a caminho de Canaã, onde abundava o leite e o mel. Por isso, a nossa maior festa ainda é celebrada em marcha, às pressas, com o cinto apertado e a sandália de viajante nos pés. Ainda não chegamos, e por isso, à carne do cordeiro que comemos se misturam ervas amargas. Estamos no meio do Mar Vermelho. Em direção à Pátria, mas ainda no mundo. Estamos no deserto, vivendo da palavra de Deus.
Páscoa, para nós, quer dizer também Discriminação. É a festa da nitidez. Ou temos os umbrais de nossa alma marcados com o sangue do Cordeiro, ou pereceremos na Passagem do Anjo exterminador. Esta característica pascal parece contrária à anterior pois lá se falava de transição e aqui se fala de nitidez e essas duas idéias têm ressonâncias opostas. Convém portanto precisar melhor: A transição se refere à nossa condição exterior de peregrinos; a discriminação se refere à marca interior do Sangue de Cristo em nós. Estamos em trânsito, passando por estações intermediárias, vivendo dia a dia as gradações do mundo, mas nossa alma, por cima do mundo, está ancorada; e em contraste com o cinzento dos dias está nitidamente marcada com o rubro Sangue do Cordeiro.
A cruz que é para os gentios sinal de escândalo e de loucura, é para nós sinal de nitidez e de absoluta discriminação. Onde ela se planta desaparecem os meios-termos, os compromissos, as concordatas, e toda essa indecisão que fazia muitos israelitas no deserto suspirarem com saudades da servidão do Egito, porque lá, ao menos, tinham garantida a gamela de carne com cebolas. Para nós, a Cruz deve ser o sinal de um franco contraste. Ou somos marcados, ou não somos. Ou estamos com Cristo ou contra ele. Ou avançamos ou regredimos. Não há meio-termo à luz do círio pascal.
Sejamos pascais, sejamos nítidos; ou não seremos Cristãos.
Páscoa,
para nós, também quer dizer salvação. Se estamos em marcha, e se
nitidamente optamos, já estamos salvos, salvos em Esperança. O mesmo
Sangue que discrimina já tem a virtude salvífica, já opera o que
significa e já nos dá direito de falarmos a Deus com a
liberdade de filhos.
Terminemos com a leitura de São Gregório Nazianzeno:
«Hoje é o dia em que fugimos do poder egípcio, das mãos do odioso faraó e de seus cruéis ministros; dia em que nos libertamos da argila e das olarias. A festa do Êxodo já ninguém há que proíba celebrá-la com o Senhor nosso
Deus, e não mais com o velho fermento da malícia e da corrupção, mas com
os ázimos da sinceridade e da verdade, nada trazendo conosco do ímpio
fermento egípcio. Ontem angustiava-me com o Cristo na Cruz, hoje sou
também glorificado. Ontem com Ele morria, hoje com Ele sou vivificado.
Ontem sepultava-me com Ele, hoje com Ele ressuscito».
Reproduzido de Permanência
GLOBO Sábado, 25/3/78