Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Delaware. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Delaware. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 16 de maio de 2023

Render-se não é uma opção - Ana Paula Henkel

 Revista Oeste

O Brasil caminha a passos largos em direção ao abismo, e estamos atônitos, sem saber o que fazer, o que falar, o que sentir

 

Pintura de Emanuel Leutze: Washington cruzando o Delaware, sobre o ataque de George Washington aos hessianos em Trenton, na manhã de 26 de dezembro de 1776 | Foto: Wikimedia Commons
 
Na edição da semana passada aqui em Oeste, conversamos sobre essa estranha sensação de estarmos trancados no filme Feitiço do Tempo, sim, aquele do “dia da marmota”. Todas as manhãs, o protagonista Phil Connors, interpretado por Bill Murray, acorda sempre no mesmo dia. As mesmas coisas acontecem repetitivamente e ele parece estar diante de um transe, um feitiço do tempo, que faz com que o dia de hoje se repita da mesma maneira.

Ultimamente, a sensação é de que todo brasileiro poderia adotar o sobrenome Connors
Já nem sabemos há quanto tempo estamos trancados no feitiço que o STF e Alexandre de Moraes impuseram sobre o Brasil. 
Entra dia e sai dia, abrimos as páginas dos jornais e o mesmo está nas manchetes: STF interfere no Legislativo, Alexandre de Moraes manda prender alguém inconstitucionalmente, ministro não sei quem desrespeita a Constituição e decreta não sei o quê ilegalmente.  
O Senado, única ferramenta constitucional para frear essa insanidade jurídica, continua de joelhos aos desmandos narcisistas do Supremo, e o Congresso se mostra praticamente inexistente diante da barbárie judicial a que estamos sendo submetidos diariamente.

Foram quatro anos de perseguição a um governo legítimo que tentou fazer o seu melhor. E fez. O legado bendito está aí em números, ações e em uma renovação no Legislativo.  
O povo foi às ruas em muitas ocasiões pedir respeito à Constituição, pediu reformas importantes, cobrou parlamentares, discutiu política — mas foi calado na pandemia e nas eleições presidenciais. 
O debate público foi cerceado, as multas e as ações do TSE já começavam a mostrar que a censura seria o foco do Judiciário. “Povo chato que anda falando demais sobre política e cobrando o sistema, o nosso sistema. Vejam só… Agora essa gente vai querer cobrar parlamentar… Vai querer cobrar que a Constituição seja seguida… Era só o que faltava…”

E 2023 bateu com força na gente. A carreta furacão do desgoverno veio sem freio. Atropelou tudo pela frente. Da saúde fiscal do país à nossa saúde mental que está por um fio assistindo ao mais absurdo aparelhamento do Judiciário, que, dentre outras tantas barbaridades jurídicas apontadas até por juristas renomados, agora resolveu calar de vez a boca dos brasileiros. 
Sem votos para aprovar o PL 2630 da Censura, o governo sofreu uma derrota importante na Câmara, empurrada principalmente pelo povo chato que cobrou de seus parlamentares a não aprovação de um texto que institucionalizaria a censura no Brasil. Pois bem, os monstros do pântano não gostaram. Povo chato! Lá vem essa gentalha cobrar parlamentar!

Em uma semana testemunhamos a outrora gloriosa Polícia Federal fazer operação de busca a cartão de vacina de ex-presidente, o desgoverno liberar R$ 10 bilhões em emendas do relator aquilo que o consórcio de imprensa e a Simone Tebet chamavam de “Orçamento secreto”, para a compra de votos na Câmara e no Senado, o STF derrubar o indulto presidencial constitucional a Daniel Silveira, e o mais recente ato de censura Google e Telegram tiveram de apagar suas opiniões negativas sobre o PL da Censura. 
As plataformas também tiveram de acatar as decisões do ministro da (in)Justiça, Flávio Dino, e do ministro de tudo o que está a nossa volta no passado, presente e futuro, Alexandre de Moraes, de “reformular” suas opiniões sobre o PL para que agradasse à sanha bolchevique de ambos. Caso não acatassem as vontades magnânimas e inconstitucionais dos digníssimos, multas milionárias seriam aplicadas.Ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino, durante entrevista coletiva na LAAD Defense and Security 2023, em 13/4/2023, falou sobre fake news e medidas tomadas | Foto: Saulo Ferreira Angelo/Shutterstock

Confesso que consumir as notícias diárias, muitas vezes debruçada por horas lendo decisões, minutas, discursos para que possamos entregar um jornal de notícias diário para vocês com o Oeste Sem Filtro com responsabilidade e transparência, pode trazer um desgaste físico e emocional inimaginável. 
Nesta semana, particularmente, não foi fácil comentar toda a cadeia de barbáries que estão sendo cometidas contra todos nós, contra o Brasil. Nosso feitiço do tempo virou um pesadelo sem precedentes em nossas terras, absurdos que só vemos acontecer em ditaduras e regimes totalitários. Tudo muito desanimador. Muito mesmo, eu sei. Eu também me sinto assim.

Mas o que fazer?
Não vou mentir, nesta semana, eu tive de buscar forças em outros lugares.
O Brasil caminha a passos largos em direção ao abismo, e estamos atônitos, sem saber o que fazer, o que falar, o que sentir. Diante de passagens especiais de homens como Ronald Reagan, Churchill, João Paulo II, capítulos detalhados de batalhas específicas que pediram resiliência, fé e uma força muitas vezes sobrenatural de líderes importantes, deparei-me com um personagem talvez não tão familiar para os brasileiros, mas que é fonte inesgotável de esperança sólida para momentos como este, momentos de pura e absoluta exaustão e desânimo: George Washington. 
Retrato de George Washington, por Gilbert Stuart | Foto: Wikimedia Commons

Quando falamos sobre independência e autonomia, muitos pensam nos Estados Unidos da América como um farol da liberdade, ou a cidade no topo da colina (a city upon a hill), como muitos, desde os tempos da colonização, se referem ao país. A expressão bíblica “Uma cidade sobre uma colina” é uma frase presente no Sermão da Montanha de Jesus, e, em um contexto moderno, é usada na política dos Estados Unidos para se referir à América agindo como um “farol de esperança” para o mundo.

Muitos, no entanto, não conhecem, ou talvez não se atentem, aos detalhes do que fez os Estados Unidos um ponto de luz em tempos obscuros. Não foram apenas políticas acertadas e lições extraídas dos erros que colocaram nos pilares genéticos da nação a palavra resiliência. Também não é difícil achar frases inspiradoras de grandes presidentes norte-americanos, como Abraham Lincoln e Ronald Reagan, por exemplo, para serem usadas em tempos de dúvidas e destemperos. O que muitos não visualizam é que a persistência na vontade do progresso diário destes presidentes e do povo norte-americano está na concepção da nação, nas escolhas pensadas das 13 colônias originais, que, de maneiras diferentes, encontraram um ponto importante em comum: a inegociável defesa da liberdade.

Dentre os bravos e profundamente distintos homens que forjaram a nação mais próspera do mundo, está George Washington, o personagem mais influente a enfeitar as páginas dos livros de história americana. Seu efeito no mundo é incomensurável e ilimitado. Washington liderou as colônias, contra todas as probabilidades de vitória, a derrotar o Império Britânico para se tornar uma nação livre. Mais tarde, ele liderou o novo país durante os primeiros oito anos sob a Constituição e deu o exemplo para todos os futuros presidentes. O primeiro presidente norte-americano decidiu fortalecer a América e fez exatamente isso, criando uma potência mundial que se tornaria o farol para a liberdade no mundo. E muitas ferramentas que podemos usar de seu legado vão além de sua forte administração, mas das lições de comprometimento durante toda a Revolução Americana.George Washington na nota de dólar | Foto: Shutterstock

Muitos quando olham para uma pintura de George Washington imaginam um general destemido e imbatível, que derrotou uma grande potência. Destemido, sim, mas imbatível, nem tanto. 
 O que poucos sabem quando seguram uma nota de US$ 1, onde o seu rosto está estampado, é que, apesar da pouca experiência prática na gestão de grandes Exércitos convencionais, Washington provou ser um líder capaz e resiliente das forças militares norte-americanas durante a Guerra Revolucionária, mas que — acredite! —, perdeu mais batalhas do que venceu. Antes de sua nomeação como chefe do Exército Continental, Washington nunca havia comandado um grande exército no campo. No entanto, a escolha de prioridades e estratégias que lhe renderam vitórias cruciais, como a Batalha de Trenton, em 1776, e em Yorktown, em 1781, foi o que fez uma revolução praticamente impossível, contra um gigante, acontecer com sucesso.

A maioria dos norte-americanos que celebram o feriado de 4 de Julho, The Independence Day, não percebe o poder das ideias na Declaração de Independência em sua totalidade e a razão para que a civilização ocidental deve beber nesta fonte. Comparado com os militares profissionais britânicos, o Exército colonial norte-americano simplesmente não era páreo — era insuficiente, subfinanciado, mal equipado, inexperiente e mal treinado. No início da guerra, a Marinha Real Britânica tinha 270 navios de guerra implantados em águas norte-americanas, enquanto a Marinha Continental tinha sete navios. SETE.

Em 4 de julho de 1776, no que hoje é Manhattan, em Nova Iorque, o general George Washington estava se preparando para o confronto com um gigante militar sem ter ideia de que uma Declaração de Independência estava sendo divulgada na Filadélfia naquele dia. Um mês antes, enquanto ponderava sobre o preocupante fluxo de navios britânicos passando e ancorando em Staten Island, no Porto de Nova Iorque, Washington havia escrito uma carta a seu irmão, dizendo: “Esperamos um verão muito sangrento em Nova Iorque. Se nossa causa for justa, como acredito religiosamente que seja, a mesma Providência que em muitas instâncias apareceu para nós ainda continuará a fornecer Sua ajuda”.O Comitê dos Cinco apresentando seu rascunho da Declaração de Independência ao Segundo Congresso Continental, na Filadélfia, em 28 de junho de 1776, conforme retratado na pintura de John Trumbull, de 1818, Declaração de Independência | Foto: Wikimedia Commons

Washington estava em Nova Iorque preparando sua defesa quando, em 6 de julho de 1776, um mensageiro chegou para entregar uma cópia da Declaração de Independência. Profundamente comovido com o poder das palavras da Declaração, Washington ordenou que cópias fossem enviadas a todos os generais do Exército Continental e que capelães fossem chamados para cada regimento para assegurar que, “todo oficial e homem se esforçará para viver e agir, como a medida que se torna um soldado Cristão, defendendo os mais queridos direitos e liberdades de seu país”. A Declaração de Independência Americana foi uma verdadeira aliança com Deus de compromisso absoluto, com sua última frase invocando: “Com uma firme confiança na Proteção da Divina Providência, nós mutuamente prometemos uns aos outros nossas Vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra”.

A Guerra Revolucionária duraria mais quatro anos. No final, embora o Exército Continental de Washington tenha perdido muito mais batalhas e vencido apenas três, a coragem, o sacrifício e a persistência de Washington inspiraram e sustentaram todos ao seu redor. Não precisamos entrar em nenhuma batalha sangrenta, muitos já fizeram isso por nós. Precisamos trazer para nosso atual contexto a magnitude das ações de homens como George Washington, e colocar em uma perspectiva atual a grandeza de atos inspiradores — nossas circunstâncias são importantes, mas são bem menores que aquelas vividas por homens que venceram todas as ínfimas probabilidades de sucesso. E suas vidas estavam — literalmente — na linha de frente.A Captura dos Hessianos em Trenton, em 26/12/1776, celebra a importante vitória do general George Washington na Batalha de Trenton. No centro da pintura, Washington está focado nas necessidades do coronel hessiano Johann Rall, mortalmente ferido. Pintura de John Trumbull | Foto: Wikimedia Commons

George Washington não foi, intelectualmente, o mais brilhante dos Pais Fundadores.
Ele não era o mais ambicioso e não era o mais capaz para pavimentar discussões políticas. Na verdade, Washington não era um Thomas Jefferson ou como Alexander Hamilton. E ele certamente não era um Benjamin Franklin. Ele não elaborou a Declaração de Independência ou sequer opinou na Constituição, mas representou tudo o que a América precisava e ajudou a dar o exemplo do que era ser um “americano”. Ele liderou as pessoas implementando os pensamentos e os planos de outras mentes brilhantes para que o país um dia prosperasse. George Washington nunca foi o homem mais inteligente, espirituoso, ambicioso ou carismático, mas ele foi George Washington, e foi exatamente isso que a América precisava para vencer um gigante militar e uma potência global da época.

O Exército comandado pelo general Washington não era páreo para o Exército britânico, nem em experiência militar, nem em poder de fogo. O Exército americano repetidamente teve de se retirar, recuar e até mesmo fugir para evitar ser aniquilado. Mas ele venceu. E ele, sem o menor constrangimento, sempre disse que havia chances de derrotar os poderosos, pois ele confiava em Deus e em Seus caminhos misteriosos ao coração humano.Cerco de Yorktown. O general Rochambeau e o general Washington dão as últimas ordens antes de um ataque, em outubro de 1781, pintura de Auguste Couder | Foto: Wikimedia Commons

Em momentos quando nos falta o ar em desespero contra algo injusto e maior, tento imaginar o que homens como George Washington nos diria. Seus discursos caem como uma luva, ou como um cobertor quente em corações cansados, como andam os nossos. Em uma sociedade coberta de medo e pânico de um lado, e discursos que se ajoelham ao sistema pelo outro lado, é um alento mergulhar no universo de quem esteve em uma situação muito, mas muito pior do que a nossa, e deparar com mensagens como essa, dita por um general que se tornou o primeiro presidente da nação mais próspera do mundo, exatamente por ser a mais livre: “Quanto mais difícil for o conflito, maior será o triunfo. A felicidade humana e o dever moral estão inseparavelmente ligados”.

Se atualmente há um pouco de Connors em todos nós, não tenho dúvidas de que há também muito de Washington em cada um de nós.


Leia também “A história se repete”
 
 
 

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Biden fala em resposta "firme" contra possível invasão da Rússia na Ucrânia

Em teleconferência, presidente norte-americano adverte Vladimir Putin que progresso diplomático depende de desescalada e volta a ameaçar Moscou. Líder da Rússia alerta que imposição de sanções econômicas seria "erro colossal"

Durou 50 minutos a segunda conversa por teleconferência entre os presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Vladimir Putin (Rússia) em 23 dias. Enquanto os dois líderes buscavam formas de amenizar a tensão na Ucrânia, pelo menos 100 mil soldados de Moscou aguardavam ordens, na fronteira com a ex-república soviética. Washington teme que Moscou prepare uma invasão ao território ucraniano, quase oito anos depois da anexação da Península da Crimeia. Na reunião virtual de ontem, Biden propôs que a desescalada da crise ocorra pelas vias diplomáticas, mas ressaltou que os Estados Unidos responderão "firmemente" a qualquer ofensiva na Ucrânia. De acordo com ele, os progressos diplomáticos dependem de uma distensão por parte do Kremlin.
[pública, notória e autêntica nossa aversão ao comunismo, à maldita esquerda e assemelhados;  o fato da Rússia ter se livrado do comunismo, ainda não a purificou mas convenhamos, entre o 'democrata' americano e Vladimir Putin, o russo ganha com folga.
Por isso, pedimos aos assessores do Biden, que aproveitem quando ele acordar de um dos seus inúmeros cochilos, quase sempre inoportunos, lembrem que a Rússia não é o Afeganistão, quando Biden diante da escalada do Talibã, em vez de evacuar primeiros os civis, deixando como é de praxe os militares para depois, fez o contrário - evacuou os militares e deixou civis nas mãos dos radicais. Pior ainda: ordenou um ataque que matou crianças e civis inocentes.]

No próximo dia 10, a subsecretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, e o vice-chanceler russo, Sergey Ryabkov, chefiarão suas respectivas delegações durante negociações a serem realizadas em Genebra. Segundo a rede de TV CNN, autoridades do Pentágono e do Conselho de Segurança Nacional participarão do encontro.

A teleconferência entre Biden e Putin começou às 15h35 de ontem pelo horário de Washington (17h35 em Brasília e 23h35 em Moscou). A Casa Branca divulgou foto em que o presidente democrata aparece ao telefone, dentro de um quarto com paredes de madeira, em sua residência. Biden está em Wilmington, no estado de Delaware, onde passará o réveillon acompanhado da família. Apesar de admitir "satisfação" com o telefonema, Putin advertiu os EUA que a imposição de sanções econômicas contra Moscou representaria um "erro colossal" e disse precisar que as conversas ofereçam "resultados". Horas antes da teleconferência, Putin se disse "convencido" sobre a possibilidade de ambos manterem um diálogo "eficaz" e calcado no "respeito mútuo".

Em 7 de dezembro passado, Biden e Putin se falaram por cerca de duas horas. O norte-americano prometeu uma "resposta forte" no caso de uma escalada militar na região — na ocasião, a Casa Branca deixou claro que os EUA e aliados lançariam mão de medidas econômicas incisivas e de outros tipos de sanção, sem dar detalhes. Putin, por sua vez, pediu a Biden garantias de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não se expandirá rumo ao leste, um movimento visto como ameaçador pelo Kremlin.

Vitória
Professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla (Ucrânia), Olexiy Haran afirmou ao Correio que, apesar de poucos detalhes do conteúdo da conversa de ontem, Biden e o Ocidente apostam no engajamento diplomático com a Rússia. "É melhor dialogar do que ter uma confrontação militar. Minha percepção é de que Putin entenda esse intercâmbio com os Estados Unidos como uma 'vitória simbólica' perante a opinião pública russa, pelo fato de superpotências estarem conversando com ele e colocando-o como um ator importante na arena internacional", comentou. "Na essência, acho que a mensagem do Ocidente é a de reforçar que, em caso de invasão à Ucrânia, haverá pesadas sanções econômicas."

Para Haran, as exigências de Moscou para que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não mantenha laços militares com os países bálticos não passam de blefe. "É um tipo de propaganda do Kremlin. Duvido que o Ocidente faça qualquer concessão à Rússia. Espero que não haja uma invasão à Ucrânia, pois isso surtiria em tremendas consequências para todos os atores. Nós, ucranianos, não estamos em pânico. A vida continua, mas estamos cautelosos e temos aumentado nossa capacidade militar. Esperamos apoio adicional do Ocidente, pois essa é a única maneira de deter Putin", acrescentou o professor de Kiev. O especialista acredita que a retórica utilizada ontem por Biden possa persuadir Putin a recuar.

Mundo - Correio Braziliense


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Em tempos de turbulência, as lições históricas - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Não podemos ser soldados de uma batalha, é necessário a paixão de um patriota, a sabedoria de um estudioso observador e o fôlego de um general

Nota de US$ 1, estampada com a imagem de George Washington
Nota de US$ 1, estampada com a imagem de George Washington

Muita gente pelo mundo, quando pensa em independência e autonomia, tem na mente os Estados Unidos da América como farol da liberdade, ou a cidade no topo da colina (a city upon a hill) — termo pelo qual o país é chamado desde os tempos da colonização. A expressão bíblica “Uma cidade sobre uma colina” é uma frase presente no Sermão da Montanha de Jesus, e, em um contexto moderno, é usada na política dos Estados Unidos para se referir à América agindo como “farol de esperança” para o mundo.

Grande parte dessas pessoas, no entanto, não conhece ou talvez não se atente aos detalhes do que fez os Estados Unidos um ponto de luz em tempos obscuros. Não foram apenas políticas acertadas e lições extraídas dos erros que colocaram nos pilares genéticos dessa nação a palavra resiliência. Também não é difícil achar frases inspiradoras de grandes presidentes norte-americanos, como Abraham Lincoln e Ronald Reagan, por exemplo, para serem usadas em tempos de dúvidas e destemperos. O que muitos não visualizam é que a persistência na vontade do progresso diário desses presidentes e do povo americano está na concepção da nação, nas escolhas pensadas das 13 colônias originais, que, de maneiras diferentes, encontraram um ponto importante em comum. E, claro, em homens como Samuel Adams, John Adams e George Washington.

Durante os anos que precederam à Revolução Americana, Samuel Adams, também considerado um dos Pais Fundadores da América e primo de John Adams, o segundo presidente norte-americano, foi um propagandista e político apaixonado que não era excessivamente escrupuloso em seus ataques às autoridades e políticas britânicas. Em inúmeras cartas de jornais e ensaios com várias assinaturas, ele descrevia as medidas britânicas e o comportamento dos governadores reais, juízes e homens da alfândega nas cores mais escuras. Ele era um mestre da organização, planejava auspiciosamente a eleição de homens que concordavam com ele, obtendo influência em comitês que agiriam como desejasse, assegurando a aprovação das resoluções que almejava.

Sam Adams era também um agitador. Muitas vezes usou seu inquietante espírito para inflamar manifestações e chegou até a pedir o enforcamento dos soldados britânicos no famoso episódio do Massacre de Boston — erroneamente, sem o julgamento adequado (vale muito a pena assistir ao primeiro episódio da série John Adams, da HBO que trata sobre esse evento!) Samuel foi membro da convenção que moldou a Constituição de Massachusetts de 1780 e participou da convenção de seu Estado que ratificou a Constituição Federal. Ele foi, a princípio, um antifederalista que se opôs ferozmente à ratificação da Constituição por medo de que ela atribuísse muito poder ao governo federal. Abandonou sua oposição radical quando os federalistas prometeram apoiar uma série de emendas futuras, incluindo o projeto de lei de direitos. Por amor a seus propósitos e comprometido com a liberdade, jurou lutar contra a tirania dos atos britânicos e foi um dos homens que ajudaram a montar uma forte milícia e uma rede de inteligência contra uma superpotência.

Já seu primo, John Adams, um excelente advogado de Boston, havia se tornado membro visível do movimento de resistência que questionava o direito dos britânicos de tributar as colônias americanas sem que elas tivessem nenhuma representação no Parlamento. Intensamente combativo, cheio de dúvidas particulares sobre suas próprias capacidades, mas nunca sobre sua causa, Adams tornou-se uma figura importante na oposição à Coroa inglesa. Depois da revolução, por ser a personificação oficial da independência americana do Império Britânico, John Adams foi ignorado e relegado para a periferia do centro político com a Corte britânica durante os quase três anos em que morou em Londres. No entanto, foi durante esse tempo que Adams se dedicou ao aprofundamento da história da política europeia em busca de padrões e lições que pudessem ajudar o incipiente governo americano em seus esforços para alcançar o que nenhuma grande nação europeia havia conseguido produzir: uma forma republicana estável de governo.

O resultado foi uma coleção maciça e heterogênea de três volumes de citações e observações pessoais intitulada Uma Defesa das Constituições de Governo dos Estados Unidos da América (A Defense of the Constitutions of Government of the United States of America –1787). Esses longos trabalhos continham os insights de John Adams como pensador político. Ele desejava alertar seus compatriotas americanos contra todos os manifestos revolucionários que visavam a uma ruptura com o passado e uma transformação abrupta na natureza humana ou na sociedade que supostamente produziu uma nova era. Adams acreditava que todas essas expectativas reacionárias eram utópicas, impulsionadas pelo que chamou de “apenas ideologia” — a crença de que ideais imaginários, tão reais e sedutores em teoria, eram capazes de ser implementados no mundo e na nova nação, mas com um alto preço a ser pago. Como segundo presidente, evitou escolher a glória, a elevação de seu nome e uma fácil reeleição ao negar entrar em uma guerra ao lado da França, por amor e proteção à sua pátria. O ego não foi o seu norte.

Samuel e John Adams tornaram-se líderes da facção que rejeitou as perspectivas de reconciliação com a Grã-Bretanha. Primeiros a pedir uma separação final dos ingleses, assinaram a Declaração de Independência e exerceram considerável influência no Congresso. Porém, os primos, muitas vezes chamados de “Adams brothers”, eram totalmente diferentes nas estratégias que ajudaram a impulsionar as 13 colônias britânicas na América do Norte a status de nação, hoje bastião da liberdade no Ocidente.

Dentre os bravos — e profundamente distintos — homens que forjaram a nação mais próspera do mundo, está George Washington, o personagem mais influente a enfeitar as páginas dos livros de história americana. Seu efeito no mundo é incomensurável e ilimitado. Washington liderou as colônias, contra todas as probabilidades de vitória, a derrotar o Império Britânico para se tornar uma nação livre. Mais tarde, comandou o novo país durante os primeiros oito anos sob a Constituição e deu o exemplo para todos os futuros presidentes. O primeiro governante norte-americano decidiu fortalecer a América e fez exatamente isso, criando uma potência mundial que se tornaria o farol para a liberdade no mundo. Seu legado, além da forte administração, está nas lições de comprometimento durante toda a Revolução Americana.

Quando olham para uma pintura de George Washington, muitos imaginam um general destemido e imbatível, que derrotou uma grande potência. Destemido, sim. Imbatível, nem tanto. O que poucos sabem quando seguram uma nota de US$ 1, onde o seu rosto está estampado, é que, apesar da pouca experiência prática na gestão de grandes exércitos convencionais, Washington provou ser um líder capaz e resiliente das forças militares americanas durante a Guerra Revolucionária. E — acredite! — perdeu mais batalhas do que venceu. Antes de sua nomeação como chefe do Exército Continental, Washington nunca havia comandado um grande exército no campo. Contudo, a escolha de prioridades e estratégias lhe renderam vitórias cruciais — como a Batalha de Trenton, em 1776, e de Yorktown, em 1781 — que fizeram com que uma revolução praticamente impossível contra um gigante fosse vitoriosa.

O próprio Washington não foi o mais brilhante intelectualmente dos Pais Fundadores. Não era o mais ambicioso nem o mais capaz. Na verdade, Washington não era um Thomas Jefferson. Nem um Alexander Hamilton. E certamente não era um Benjamin Franklin. Ele não elaborou a Constituição, mas a apoiou com suas ações e palavras. Representou tudo o que a América precisava e ajudou a dar o exemplo do que era um americano. Liderou pessoas implementando os pensamentos e os planos de outras mentes brilhantes, para que o país um dia prosperasse. George Washington nunca foi o homem mais inteligente, espirituoso, ambicioso ou carismático. Mas ele foi George Washington, e era exatamente disso que a América precisava.

Na política, como na guerra, você precisa de poder para vencer e não dissipar suas forças lutando em batalhas que, com certeza, perderá

Quando nos falta o ar em desespero contra algo injusto e maior, tento imaginar o que homens como George Washington nos diriam. Seus discursos caem como uma luva, ou como um cobertor quente em corações cansados, como andam os nossos. Em uma sociedade coberta de platitudes vazias e discursos imediatistas, é um alento mergulhar no universo de quem esteve em uma situação muito pior do que a nossa e deparar com mensagens como essa: “Quanto mais difícil for o conflito, maior será o triunfo. A felicidade humana e o dever moral estão inseparavelmente ligados”.

Somos um povo apaixonado, feliz por natureza, mas que está cansado da luta diária contra um emaranhado de configurações políticas que insistem em frear nosso desenvolvimento como nação. Não é difícil desanimar, confesso. Mas é necessário seguir. Sejamos líderes inspiradores em nossas famílias, em nossas comunidades, com os amigos. É preciso tentar incorporar características desses grandes homens nos sonhos, sim, mas, principalmente, na eficácia e no pragmatismo das ações. Na certeza de que existe a utopia de vencer todas as batalhas.

E não precisamos vencer todas as batalhas, mas as certas. Durante os oito anos da Revolução Americana, o general Washington gastou muito mais tempo, pensamento e energia como organizador e administrador das forças militares do que como estrategista tático. Ele enfrentou duras realidades de alistamentos de curto prazo, deserções, soldados malvestidos e sem equipamentos, congressistas e legisladores estaduais lenientes, traidores do movimento. Mesmo assim, soldados e civis confiaram em sua causa, ideais de todos que estavam cansados das injustas arbitrariedades da Coroa britânica.

Essa semana, li um post de um querido amigo em sua rede social que dizia o seguinte: “Thomas Sowell escreveu um tempo atrás que em uma guerra você não trava batalhas que certamente perderá, apenas porque precisará de suas tropas para lutar mais tarde em batalhas que pode vencer. E cita as tropas britânicas que escaparam de Dunquerque e voltaram à França quatro anos depois, como parte das forças de invasão maciça que invadiram as praias da Normandia, libertaram a França e avançaram para a Alemanha para a derrota final do regime nazista. Na política, como na guerra, você precisa de poder para vencer e não dissipar suas forças lutando em batalhas que, com certeza, perderá. ‘Simbolismo e autoindulgência emocional simplesmente não valem a pena’, disse Sowell. O exército comandado pelo general Washington não era páreo para o exército britânico, nem em experiência militar, nem em poder de fogo. O exército americano repetidamente teve que se retirar, recuar e até mesmo fugir para evitar ser aniquilado. Quando Washington fez sua célebre travessia do Delaware, ele se dirigia para uma vitória dramática, usando soldados que selecionou para aquele momento. Guerras são para vencer, não para gestos simbólicos fúteis que a deixam pior”, completou meu amigo em sua brilhante publicação.

Acredito que, no momento, haja apenas um caminho para nós: a história. Em tempos de pura escassez de líderes mundiais inspiradores, é preciso resgatar os bravos exemplos não apenas de liderança, mas de resiliência, estratégia e inteligência emocional. Nosso Brasil não foi contaminado por agentes do retrocesso em poucos anos. E não será em um ou dois ciclos presidenciais, ou trocando algumas cadeiras do Congresso por parlamentares realmente engajados com o nosso futuro, que veremos nosso horizonte ser ampliado. Não estamos em uma corrida de 100 metros, mas em uma maratona olímpica. 

Para isso, não podemos ser soldados de uma batalha, é necessário a paixão de um patriota, a sabedoria de um estudioso observador e o fôlego de um general. 

É necessário que saibamos ouvir nossa assembleia de vozes com inteligência e escolher a quem ouvir com a alma, jamais com o fígado.

Leia também “A história como liderança”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste 

 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Fabricante dos fuzis AR-15, Colt pede concordata

Empresa foi fundada em 1855 vai entregar todos os seus ativos a um de seus principais investidores, o fundo Sciens

A histórica fabricante de armas americana Colt recorreu à lei da falências (equivalente a pedir recuperação judicial) após 160 anos no mercado, anunciou nesta segunda-feira a companhia em comunicado.


 Fuzil AR-15, fabricado pela Colt(Joe Raedle/Getty Images)

Fabricante de fuzis como o AR-15, a Colt apresentou no domingo uma proposta de moratória em um tribunal do distrito de Delaware na qual o principal financiador da empresa, a companhia de investimentos Sciens, aceita comprar todos os ativos.

Segundo o comunicado da companhia, a Sciens se comprometeu a continuar normalmente as atuais operações da Colt e a manter as condições trabalhistas dos funcionários da empresa. "O plano que anunciamos permitirá à Colt reestruturar suas contas e ao mesmo tempo cumprir todas as suas obrigações com os clientes, vendedores, provedores e trabalhadores e fornecendo a máxima continuidade nas atuais e futuras operações de negócios da companhia", disse Keith Maib, responsável pela reestruturação da Colt Defense LLC.

Os financiadores da Colt concordaram em fornecer 20 milhões de dólares adicionais para que a empresa possa manter suas atividades com normalidade durante o processo de concordata, durante o qual o atual presidente, Dennis Veilleux, continuará no comando.  A Colt foi fundada em 1855 por Samuel Colt e ganhou fama ao tornar-se fornecedora oficial de armas do exército da União durante a Guerra Civil americana.

Fonte: Agência EFE