Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Esporte. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Esporte. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Multiplicar pães e peixes é para principiante - Percival Puggina

O talvez futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, quis e levou. Desde o início, afirmou querer o fim do teto de gastos “com responsabilidade fiscal”. Sim claro, faz muito sentido, não? Ontem à noite, o senador Paulo Rocha, cujo mandato se encerra no final do ano, mas é uma das estrelas do petismo engalanado, festejava o milagre da multiplicação caseira de dinheiro pelo Congresso Nacional.

Coisa linda de ver! Multiplicar pães e peixes é coisa para principiante. Bom mesmo é multiplicar os recursos da União. O vento levou o teto de gastos e a responsabilidade fiscal. Money for all!como talvez dissesse Dilma Rousseff.

Já que é para imprimir, vou querer minha restituição do IR em dólares.

Um leitor, com muita razão, comentou que para realizar essa proeza num vapt-vupt bastou assegurar meios para as emendas dos deputados, razão de ser de tantos mandatos inúteis e fundo garantidor de muitas cadeiras no Congresso Nacional. A PEC da prisão após condenação em segunda instância, acrescentou ele, passou quatro anos dormindo na entrada do plenário.

Em seu festejo messiânico, Paulo Rocha afirmou que mesmo assim o orçamento era deficiente para as necessidades (como se essa não fosse a regra número um e o freio necessário onde haja responsabilidade fiscal). Logo após, com brilho nos olhos, anunciava ser possível agora, mesmo assim, investir mais no social, na cultura, na saúde, no esporte, e onde quer que fossem demandar os 37 ministérios!

Diplomaram o Lula para governar com o dinheiro escasso que ele deixou para a Dilma. E deu no que se viu.

Deus nos livre e guarde!

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. 

domingo, 1 de agosto de 2021

Urna Eletrônica - Gazeta do Povo

Entenda por que Bolsonaro está ganhando de goleada o debate da urna eletrônica

Formadores de opinião, políticos e o próprio TSE colocaram-se como reféns do processo de Desinformação Participativa.

Madeleine Lacsko - Matéria de 30 julho 2021

Reflexões sobre princípios e cidadania

Eu não sei se você confia na urna eletrônica ou não, mas tanto faz para o artigo. Aqui falamos de confiança e desinformação, a relação entre as duas. 
Vi nas redes sociais diversos inteligentinhos dando por encerrada a discussão com aquela live de ontem, que mais parecia episódio de Hermes e Renato. 
Nos próximos dias, você comprovará exatamente o oposto, o assunto está mais vivo ainda. 

urna eletrônica voto impresso PEC

Gritaria e confusão marcam o debate público sobre urna eletrônica.| Foto: TSE/Divulgação

Não existe uma única discussão sobre urna eletrônica e confiabilidade das eleições, há duas discussões muito diferentes. A primeira e mais antiga é a discussão técnica sobre eventuais falhas, objetiva e movida por fatos. A mais popular, no entanto, é a discussão politizada em que fatos não importam. Cria-se a dúvida sobre a honestidade do outro lado e ponto final, nada de certezas.

Nas redes sociais, quem desaprova o presidente Jair Bolsonaro está soltando foguetes com a live de ontem. Crêem ser a prova cabal da mentira que ele conta sobre fraudes em eleições. Já os fãs do presidente podem até não ter gostado da falsa promessa de apresentar provas, mas acham os questionamentos pertinentes. Nada disso é discussão técnica e, por isso, o presidente ganha o debate.

Jair Bolsonaro tem uma vantagem discursiva objetiva: ele não precisa provar nada, só criar dúvidas sobre o que o outro lado apresenta. [já que o projeto defendido por Bolsonaro busca apenas dotar a votação eletrônica de meios palpáveis para garantir que não houve fraude.]   O outro lado, por sua vez, tem de apresentar explicações que não deixem brecha para questionamento, algo impossível. Questionamos até as verdades, é natural do ser humano duvidar até da própria fé.

O debate público sobre urnas eletrônicas tem colocado no mesmo balaio os dois tipos de discussão, a técnica e a política. Quem perde com isso? A verdade e o eleitor. Há técnicos sérios e reconhecidos que questionam a segurança das urnas, mas o questionamento deles não é nem parecido com o que mostra o presidente da República. O jogo chama-se "Desinformação Participativa", que expliquei com desenhos numa newsletter há alguns meses.

Quem criou este conceito foi a professora Kate Starbird, da Universidade de Washington. Ela leciona "Design e Engenharia Centrados no Ser Humano". A explicação dela é o monitoramento da acusação de fraude eleitoral feita por Donald Trump. Ela coleta dados das redes e analisa reações até entender como cidadãos comuns e adultos realmente acham que estão ameaçados a ponto de invadir o Capitólio. Assim como ocorre na questão das vacinas, o julgamento moral sobre o grupo impede que qualquer coisa seja tratada de forma clara e objetiva. Quem é a favor da vacinação tende a ver o grupo antivacina como monolítico, radical e movido a teorias conspiratórias. Não é verdade.

A maioria gigantesca tem questionamentos e medos muito humanos e pertinentes, como demonstra um levantamento do Departamento de Psicologia Comportamental da Universidade de Virginia. Ocorre que estas pessoas são ridicularizadas por questionar, mesmo com pontos muito objetivos e pertinentes. Imediatamente são carimbadas pelos inteligentinhos como antivacinas terraplanistas fanáticos.

O professor de Psicologia da NYU Jay Van Bavel acredita que quase a totalidade das confusões turbinadas pelas redes sociais é causada por um fenômeno chamado Realismo Ingênuo. Achamos que avaliamos os fatos de maneira objetiva e racional, o que é cientificamente impossível na espécie humana. Quando nos deparamos com alguém que conclui de maneira diferente, imediatamente pensamos que é burro, louco ou mal intencionado. Vale para vacina e urna eletrônica.

Esse fenômeno cria uma discussão surrealista sobre qualquer tema importante. A maioria das pessoas julga que sua opinião sobre segurança das urnas e possibilidade de fraude eleitoral é objetiva. Nunca é. O que somos e sentimos está presente em todas as análises que fazemos, por isso existe o método científico, pela nossa consciência de que todos temos inúmeros vieses. Quando juntamos assuntos tão importantes à dinâmica de redes, começa uma discussão que não tem relação com o tema. É um campeonato de virtude moral, em que um grupo precisa desqualificar de forma agressiva tudo o que pareça vindo do adversário. Bolsonaro falou "A" das urnas? Então preciso provar que é "B". A questão é se o que ele falou coincide com as dúvidas dos cidadãos ou não.

Durante a live do presidente ontem, o TSE foi divulgando informações que rebatiam ponto a ponto o que Bolsonaro dizia. O site do tribunal parece inteiramente dedicado a desmentir os boatos sobre urnas eletrônicas. É óbvio que deve ser feito e é parte importante do trabalho, mas não é a principal. Enquanto se debate um mundo de boatos, as questões legítimas dos cidadãos ficam sem resposta.  O processo de combate a campanhas de desinformação é complexo e tem base em confiança. Como confiar em alguém que debocha dos seus medos e dúvidas em vez de responder? Como confiar em alguém que iguala seus questionamentos legítimos a teorias conspiratórias de grupos radicais?

É evidente que a desinformação só piora as coisas e a responsabilidade disso é de quem cria esse debate político tóxico e emocional. Mas não é entrando nessa pauta e ignorando os questionamentos da maioria das pessoas que a questão será resolvida.O jornalismo está rendido à lógica das redes sociais e a comunicação institucional no Brasil vai pelo mesmo caminho. É ultraje de um lado, justiçamento do outro e os fatos que se danem. Hoje, os bravos guerreiros da virtude e da verdade falam da postura mentirosa do presidente, que prometeu provas e não mostrou. Também ridicularizam o acupunturista de árvores que seria fonte das dúvidas. Mas ninguém nem sabe quais são as dúvidas, anseios e medos das pessoas reais.

Sem avaliar - com pesquisas quantitativas, qualitativas e monitoramento de redes - quais são as dúvidas e medos predominantes sobre um tema, não é possível esclarecer e tranquilizar as pessoas. O grande ponto no caso das urnas eletrônicas é que ninguém entende muito direito como elas funcionam. Em vez de explicar, boa parte dos formadores de opinião dedica-se a debochar de quem considera que comprovante impresso seria uma garantia contra fraudes. Você já desconfiou que estava sendo traído ou roubado por alguém? Quando estamos nessa situação, pingo no i é letra. Tudo é sinal que confirma nossas suspeitas. Quem tem dúvidas sobre a urna eletrônica está assim. Os motivos da suspeita não estão sendo nem monitorados. Cria-se assim um público ideal para a captura no ciclo da Desinformação Participativa. É o que ocorreu na live de ontem, diante da reação dos formadores de opinião.

Estão todos seguindo a pauta feita pelo presidente Jair Bolsonaro, preocupados unicamente com o que ele fala ou deixa de falar. Ele é o presidente da República, tende a ser o centro das atenções. Mas não podemos esquecer dos demais 210 milhões de brasileiros. Por que questionam a urna? Quais os pontos que precisam ser esclarecidos? Muito provavelmente não são os mesmos do acupunturista de árvore.
Ocorre que, enquanto as dúvidas legítimas não são endereçadas, há uma campanha de desinformação. As pessoas não compreendem o funcionamento da urna e são ridicularizadas quando perguntam. De repente, ao ver um fenômeno que não entendem, concluirão que trata-se de fraude. E postar vídeos de suspeita de fraude em redes sociais pode gerar muito status.

A Desinformação Participativa é um ciclo que envolve políticos e seus assessores, influenciadores digitais, microinfluenciadores digitais e o cidadão comum, que está nas redes por esporte ou masoquismo. Um cidadão comum que veja algo estranho nas urnas e poste um vídeo dizendo que é fraude pode ser reconhecido socialmente por todos que admira. Ontem, um deles foi citado pelo presidente da República. Pense na sensação de reconhecimento que isso gera no grupo. Mais pessoas sentirão vontade de postar vídeos mostrando que há fraudes, mesmo que não exista fraude nenhuma. Os mal intencionados e mentirosos são uma ínfima proporção, quase sempre envolvendo políticos, seus assessores e grandes influencers, segundo o trabalho da Universidade de Washington. A gigantesca maioria é de pessoas que realmente acreditam ter visto algo concreto e importante.

Os inteligentinhos, no entanto, querem que essas pessoas todas vão pastar. A partir de hoje, você verá um esforço coordenado pedindo que o YouTube derrube a live do presidente Bolsonaro sobre urnas. Além de ser patético, é uma violação de Direitos Humanos relegar essas decisões a plataformas, conforme estipulado na 47a Assembleia do Conselho de Direitos Humanos da ONU este mês. Danem-se os Direitos Humanos se o alvo é Jair Bolsonaro? Sim. E toca mobilização da olimpíada de virtudes para derrubar o tal do vídeo. Não vai adiantar nada porque alguém sobe de novo, ele vai repetir, só aumenta a confusão em torno do tema. Esse tempo e energia poderiam ser gastos em algo útil: discutir a segurança do software de votação e esclarecer dúvidas legítimas das pessoas.

Quem diz isso não sou eu, é alguém bem mais inteligente, o professor Diego Aranha, do departamento de Ciências da Computação da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.  
Ele aposentou-se no Brasil e passou a dar aulas lá depois que questionou tecnicamente alguns pontos sobre urna eletrônica. 
Quais seriam os pontos? Ele próprio considera impossível fazer debate técnico no meio do turbilhão de desinformação e desmentidos. É preciso parar a bola.

O professor Diego Aranha é ferrenho opositor do governo Bolsonaro. Viu a live e considerou patética e grave a geração aleatória de dados para tratar de um tema tão sério. Ele fez, em 2017, vários testes e montou um site falando das vulnerabilidades do software da urna eletrônica. Nada do que ele aponta você viu ontem na live nem nas correntes de Whatsapp, mesmo naquela que cita o nome do professor e foi popularizada por uma deputada. Você só viu criação de dúvida tosca e nós merecemos mais respeito dos nossos governantes.

E não é só com os políticos que falta clima para discussão técnica, com o TSE também. 
O tribunal tem feito um trabalho incansável para desmentir ponto a ponto tudo quanto é boato lançado. São informações técnicas e verificáveis. 
No entanto, fica faltando a parte de explicar aquilo que é dúvida real da população
O que mudou desde que o próprio TSE regulamentou a impressão do voto?

Há um artigo científico, publicado em revista internacional respeitadíssima e com revisão por pares, apontando objetivamente questões técnicas de vulnerabilidade no software da eleição. Ao fugir deste debate mas engajar na rinha de sexagenários com o presidente da República, o presidente do TSE fica refém da polarização.

Vou terminar com um clichê delicioso da política. À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta. É disso que se trata o debate da urna eletrônica. Criar suspeita ou dúvida é fácil, basta mexer com nossos medos diante da bagunça institucional brasileira. O TSE tem diante de si a tarefa monumental de fazer o brasileiro acreditar em alguma instituição.

Madeleine Lacsko, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

A pandemia silenciosa que mata 5 milhões por ano

Enquanto você lê, a pandemia da covid-19 contabiliza quase 540 mil mortos e mais de 19 milhões de casos confirmados no Brasil. Por isso, uma das medidas mais importantes para frear a pandemia foi o isolamento social. Contudo, o isolamento contribuiu também para reduzir a atividade física e aumentar o sedentarismo, um comportamento que mata 5 milhões de pessoas por ano em todo o mundo.

Pesquisas revelaram uma queda global de 10% a 40% das atividades físicas e um aumento de 126 dólares por pessoa nos gastos anuais em saúde para cada hora adicional de comportamento sedentário. A prevalência de comorbidades como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão entre outras, que são agravantes para a covid-19, se acentuam com o sedentarismo.

Por essa razão, os benefícios da atividade física durante o isolamento social são muito relevantes. Fato que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a lançar novas diretrizes, enfatizando que todas as pessoas, de todas as idades e em qualquer condição física, podem ser fisicamente ativas e que todo tipo de exercício conta.

Seja como parte do trabalho, um esporte, o lazer, a dança, as brincadeiras, seja como tarefas domésticas diárias: todo movimento conta. Estudos da OMS mostraram que, além dos inúmeros benefícios para a saúde, manter-se fisicamente ativo também beneficia a economia. Estima-se que o custo em assistência médica direta, relacionado ao sedentarismo é de US$ 54 bilhões e a perda de produtividade onera a economia em US$ 14 bilhões em todo o mundo.

(...........)

O número de mortes por covid-19, sem nenhuma dúvida, é aterrorizante e nos faz, quase que sem intenção, não focarmos em outras pandemias, como a do sedentarismo. Estamos atentos às consequências da covid-19 e do longo período de isolamento social ao qual estamos sujeitos. Porém, também estamos com a atenção redobrada nas causas e nos efeitos dilacerantes que a ausência da atividade física tem causado em nossa população. Quando vamos começar a olhar também para essa letargia que assola boa parte dos brasileiros sedentários? Gente que está morrendo diariamente por doenças que poderiam ser evitadas por meio de uma rotina de exercícios.

O Brasil precisa abrir os olhos de forma urgente para este assunto, caso contrário ainda vamos enfrentar anos com a qualidade de vida cada vez mais deficitária, com os hospitais lotados e com mortes que poderiam ter sido evitadas. Esse não é o país que desejamos para nós nem para nossos filhos. Chegou o momento de darmos as mãos e nos mexermos para tratarmos hoje dos problemas do amanhã. Mas isso só será possível se vencermos essa guerra contra o sedentarismo. Essa é uma batalha em favor da vida.

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA 


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Quando ser medíocre conta votos! Dilma, escolhida candidata a presidente por ser medíocre




Honra ao demérito
Não deve ser agradável, mas tampouco parece especialmente desconfortável à presidente Dilma Rousseff ler, ver e ouvir diariamente a massa de críticas à formação de seu Ministério, cuja proeza foi conseguir unanimidade na insatisfação e na atribuição de demérito (moral e profissional) a alguns dos ministros em relação às pastas para as quais foram escolhidos. A presidente simplesmente fez as coisas ao modo que lhe pareceu o mais pragmático sob a ótica do carcomido e ineficiente presidencialismo de coalizão. 

Da obsolescência e ineficiência do método dão notícias os conflitos entre o Planalto e sua base aliada de 394 deputados no primeiro mandato. Desta vez, a partir de 1º de fevereiro serão, só na Câmara, 329 parlamentares pertencentes a 10 partidos acomodados em ministérios. Em tese, maioria de votos de sobra.  Na prática, um ministro não corresponde necessariamente à votação de uma bancada.

Ainda mais nessa situação em que o time já entra em campo reclamando da escalação e emitindo sinais de insubmissão à diretoria.  Basta ver a plataforma dos dois candidatos à presidência da Casa oriundos das principais bancadas governistas.  Ambos - Eduardo Cunha, do PMDB, e Arlindo Chinaglia, do PT - disputam o lema da "independência" em relação ao Poder Executivo.

Pois muito bem, nesse cenário seria um excelente gesto da presidente na direção da recuperação da credibilidade do governo a formação de um ministério de excelência. Bons quadros não faltam ao País nas mais diversas áreas: Esportes, Saúde, Educação, Minas e Energia, Previdência, Comunicações e assim por diante.

Com certeza absoluta teria o apoio da sociedade contra o qual o Congresso não ousaria reagir.  Ocorre, porém, que gente com notório saber, biografia e nome a zelar não aceita determinados papéis.  Um Ministério de alto nível teria de obter da presidente compromisso de autonomia para estruturar projetos, negociar com o Congresso e cuidar das respectivas execuções. 

Contrariando, muitas vezes, interesses que o grupo no poder não está disposto a contrariar. Daí a governar há 12 anos sem ter promovido reformas estruturais nem avanços que direcionem o Brasil ao futuro. A lógica meramente eleitoral e a servidão à longevidade de uma liderança - no caso, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva - afastam quaisquer expectativas de que o País deixe de patinar e passe a andar. 

A opção pela mediocridade é a regra. Não foi por outra razão que Lula escolheu Dilma Rousseff como sua sucessora. Pela certeza de que não lhe faria sombra. Ele nunca deu espaço para que florescessem novas lideranças no PT.  Embriões de líderes não faltavam. Muitos abatidos por escândalos, mas outros deixados propositadamente em segundo plano em prol do brilho de uma única estrela.

Assim é a mecânica adotada para a formação do governo do segundo mandato.  Muito criticada, mas que atende perfeitamente aos planos, que não incluem compromisso com resultados concretos e sim com a capacidade de mistificação da realidade. Como, aliás, se viu no discurso de posse da presidente. O diagnóstico de que os brasileiros esperam do governo "mais e melhor" está correto. 

Mas a receita oferecida, ao menos em termos de equipe, não condiz com o prometido. Basta observar as manifestações de ministros que tomaram posse na sexta-feira. O titular do Esporte confessou: não entende do riscado e vai "ouvir" quem entende; o da Educação prometeu "diálogo com os professores", acesso a creches, à pré-escola e mudança do currículo do ensino médio para daqui a dois anos; o da Integração Nacional anunciou mais um adiamento da conclusão da transposição das águas do rio São Francisco; e o de Comunicações acenou com "debate profundo" sobre o projeto de regulamentação da mídia.

Um resumo do prólogo que não recomenda o conjunto da obra.

Fonte: Dora Kramer, colunista do Estadão