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domingo, 31 de dezembro de 2023

O silêncio dos censores - Revista Oeste

J. R. Guzzo

O inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos só perseguiu quem o ministro Alexandre de Moraes considera de 'extrema direita'; jamais algum miliciano digital ligado à esquerda foi chamado a depor 

 
Combate à Desinformação e Defesa da Democracia (14/9/2023) | Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Já faz cinco anos que o ministro Alexandre de Moraes, com o apoio intransigente dos colegas e das polícias do pensamento que comanda, lançou um dos projetos estratégicos mais ambiciosos que o STF já teve em toda a sua história: a eliminação da mentira no território nacional.[não pode ser esquecido que o Brasil é presidido por um mentiroso obsessivo-compulsivo,  um mentiroso patológico.
Eliminar a mentira do Brasil implicaria em ter que, para dizer o mínimo, expulsar tal cidadão do território brasileiro.]
Parece louco, e é louco, mas eles já convenceram muita gente de que as redes sociais transmitem o vírus das fake news. Isso tem de acabar. 
As pessoas, segundo o seu evangelho, passarão a ouvir só a verdade se houver uma repartição do governo com o poder de controlar a internet e proibir a publicação de notícias falsas.  
Lula, o PT e a esquerda brasileira estão no mesmo barco. 
Tanto quanto Moraes, dizem que uma das piores ameaças para o Brasil dos nossos dias é o fato de que os brasileiros podem hoje falar em público aquilo que têm na cabeça — uma calamidade tecnológica tão perigosa quanto a “crise do clima”, a direita mundial e a produção de alimentos. 
É a grande ideia fixa do STF, de Lula e do consórcio que governa hoje o país: ou a gente acaba com a liberdade na internet, ou a liberdade na internet acaba com a gente.
 
Nunca houve um único minuto de honestidade de propósitos em nada disso. 
Nem o STF nem Lula jamais tiveram o mais remoto interesse em separar a verdade da mentira — além do mais, seria perfeitamente inútil se tivessem tido, levando-se em conta que uma pretensão dessas é a mesma coisa que querer regulamentar por decreto-lei o movimento de rotação da Terra. 
O que querem não é proibir a divulgação de notícias falsas nas redes sociais, ou onde for. Querem, isto sim, proibir a publicação de tudo aquilo que não querem que seja publicado
É o que as ditaduras fazem desde a invenção da linguagem escrita — chama-se a isso de censura.  
Hoje, pela primeira vez na história humana, não é mais preciso de imprensa, ou de “meios de comunicação”, para se publicar nada
Há a internet, e 8 bilhões de pessoas têm acesso livre, permanente e gratuito a ela
Uma das consequências é que não adianta mais fazer a censura de sempre — com oficial do Exército dentro da redação armado de uma caneta Pilot. 
É preciso, então, controlar o que as pessoas dizem nas redes sociais. 
Eis aí o começo, o meio e o fim do combate às fake news.

Acaba de aparecer, no Brasil, a primeira morte provocada de maneira direta e indiscutível pelo esgoto da internet — não o massacre imaginário do ministro Dino, mas a morte de um ser humano de verdade, com nome, corpo e alma

Naturalmente, como é sempre o caso com as ideias totalitárias, a censura através do “controle social das redes de comunicação” vem falsificada numa outra garrafa — a da “defesa da democracia”.  
Também como sempre, é indispensável racionar severamente a liberdade para salvar o “estado democrático de direito”.  
Da mesma forma que a religião de Cuba proíbe a liberdade de imprensa para impedir “ataques contra a democracia popular”, o consórcio Lula-STF quer proibir os “fascistas”, ou a “direita”, de se manifestarem para não perturbar o seu tipo de ordem democrática — ou seja, quer proibir que se fale contra o governo e a sua rede de protegidos, clientes e parasitas. 
O ministro Moraes, nessa obra conjunta, abriu em 2019 o seu inquérito perpétuo contra as fake news, que viria a casar em segundas núpcias, e com os mesmos propósitos, com os “atos antidemocráticos”
Lula persegue há um ano no Congresso a aprovação de uma lei de censura. 
Acaba de criar um Comitê Nacional de Cibersegurança, a ser formado por representantes de 19 órgãos federais diferentes, com a intenção de criar “mecanismos de regulação, fiscalização e controle” do universo digital.Sessão da Câmara que tentou votar o PL nº 2.630, em Brasília (DF, 2/5/2023) | Foto: Lula Marques/Agência Brasil 
 
Toda essa fraude maciça vem acompanhada de apelos à virtude, aos sentimentos humanos e ao “processo civilizatório”.  
O ministro Flávio Dino, em especial, andou falando durante certo período de intensa militância contra as Big Tech que era preciso combater a liberdade “sem limites” na internet — entre outras coisas, para acabar com o “massacre de crianças” que estaria sendo provocado pelas redes sociais. 
Foi uma pregação indignada contra as taras que sempre estiveram presentes no conteúdo de um meio de comunicação aberto para todos os que têm um telefone celular a seu dispore que são, sem dúvida, um desvio perverso no uso da liberdade de expressão
Vai daí que acaba de aparecer, no Brasil, a primeira morte provocada de maneira direta e indiscutível pelo esgoto da internet — não o massacre imaginário do ministro Dino, mas a morte de um ser humano de verdade, com nome, corpo e alma. É a jovem Jéssica Canedo, de 22 anos de idade, que se suicidou em Minas Gerais depois de ser alvo de uma bateria de mentiras cruéis num site que pratica difamação aberta e constante em relação a “celebridades”. 
E aí — o que acontece com as exigências de regulamentação?
 
A tragédia teria, obrigatoriamente, de ser um caso de mobilização imediata para um governo e um STF que se dizem tão horrorizados com a selvageria das redes sociais. 
Não está em plena operação no tribunal supremo da Justiça brasileira um inquérito para cuidar dessas coisas, com poderes de repressão ilimitados e acima da lei? 
Não há um Ministério da Justiça obcecado em combater a mentira na internet? 
Não há uma Polícia Federal (“que eu comando”, como diz Flávio Dino), um Ministério Publico com 4 mil procuradores e o resto da máquina do Estado? 
Não há um presidente da República que não para de falar no assunto? Há tudo isso, mas até agora todos eles estão no mais absoluto silêncio sobre o que aconteceu. 
É muito compreensível. 
O rastro dos responsáveis pelo site que causou o suicídio da moça leva diretamente para dentro do Palácio do Planalto. 
A campanha eleitoral de Lula no ano passado pagou por seus serviços tinham a função de produzir “conteúdos” diários em favor de sua candidatura. 
Mais: a mulher do presidente, Janja, tem ligações com um dos envolvidos, que foi convidado por ela para subir no carro de som que comemorava na Avenida Paulista o anúncio dos resultados da eleição pelo TSE.

Hoje fui à posse do novo ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, com quem atuei no Conselho Nacional de Justiça pic.twitter.com/tQUnR6VGhN— Flávio Dino ???????? (@FlavioDino) March 22, 2017

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania e a ministra das “Mulheres” falaram do caso uma vez — e depois não deram mais um pio.   
Os dois, é claro, usaram a morte de Jéssica para denunciar as mentiras que levaram à sua morte e para exigir, mais uma vez, o controle oficial sobre as redes sociais
Não está claro por que falaram sozinhos; é possível que não soubessem direito o que estavam falando, e que tenham ficado quietos depois que souberam. 
Mas o que ficou evidente no episódio foi a contrafação que envolve toda essa campanha para regulamentar as redes sociais. 
Ninguém, no consórcio Lula-STF, tem qualquer intenção de servir ao bem comum ou de proteger as pessoas do mau uso da internet — se tivessem, teriam tomado alguma medida, por mínima que fosse, em relação ao suicídio da jovem. Não fizeram nada. Nunca fazem. 
O inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos, em cinco anos inteiros, só perseguiu quem o ministro Alexandre de Moraes considera de “extrema direita”; em nenhum caso, jamais, algum miliciano digital ligado à esquerda foi chamado a depor.  
Os operadores do site que prestou serviços a Lula podem dormir em paz.

É um fenômeno. O Brasil, de acordo com o STF, é o único país do planeta em que só a direita é capaz de dizer mentiras.  

A esquerda, em compensação, só diz a verdade
Nada disso tem alguma coisa a ver com a prestação de justiça, a defesa da Constituição, a verdade ou a mentira. 
Tem tudo a ver, unicamente, com a necessidade de calar a voz de quem não está de acordo.Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, e Alexandre de Moraes, presidente do TSE, durante cerimônia de posse do diretor-geral da PF, na sede da corporação, em Brasília (DF, 10/1/2023) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Leia também “Fratura exposta no Supremo”

 

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 7 de julho de 2023

Vendilhões eleitos - Sílvio Lopes

        Há os chamados direitos inalienáveis do homem, ditados pelo próprio Criador. São eles: direito à vida, à liberdade e o de cada um buscar a sua própria felicidade. Quanto aos dois primeiros, prova-nos o exemplo de nações que alcançaram graus elevados de desenvolvimento econômico e padrões de vida superiores, cabe ao Estado sustentar e dar garantias.

Isso posto, ao ambiente social e cultural é concebido forjar e desenvolver as condições indispensáveis para levar a nação ao nível geral de prosperidade e bonança. A busca da felicidade, no entanto, não é tarefa do Estado nem sua função garantidora, mas objetivo de cada um de nós, no exercício do chamado "livre arbítrio".  
Já os pré-requisitos para o desenvolvimento integral da nação poderiam ser condensados em: 
1) Amor ao trabalho; 
2) Hábito da poupança e 
3) Virtude da honestidade. 
Combinados, esses são os fatores, por exemplo, que tornaram os Estados Unidos na grande potência econômica que todos conhecemos um dia (sua decadência hoje, palpável, é reflexo da relativização desses valores, que não é propósito aqui destacar).
 
No Brasil de hoje, o que nos contempla? Dos valores inalienáveis da Criação( vida, liberdade e busca da felicidade), as duas primeiras o Estado sequer nos garante -  mesmo sendo sua obrigação. 
E como buscar a felicidade, se realizar na vida mesmo tendo amor ao trabalho, o hábito (embora ainda insuficiente) da poupança num país onde a virtude da honestidade passa longe do caráter de nossas lideranças?  
Onde o curriculum vitae recheado de titulação é preterido à extensa folha corrida policial na escolha de nossos líderes?  
Do líder maior da nação, inclusive? 
Um país em que, a exemplo de Judas Iscariotes, que entregou Jesus por 30 moedas de prata, seus representantes no parlamento "entregam" de bandeja os destinos da nação a uma quadrilha disposta a desgraçar seu povo e condená-lo à miséria, desonra, escravidão e desesperança?

Ter paciência é ser sábio, se por isso entendemos "o saber a hora de agir, jamais esperar acontecer"; se, no entanto, continuarmos "acomodados", ou seja, " deixando a vida nos levar" (como reza a velha canção), aí sim iremos de fato mergulhar direto e sem rodeios no calabouço da destruição ética e moral da sociedade, e onde (aí sim), haverá sangue, choro e ranger de dentes. A hora é agora. Antes que seja tarde. Acordemos.

*       O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Governo sem virtude - Ponto Critico

VIRTUDES ESSENCIAIS

Gostem ou não da filósofa Ayn Rand, o fato é que é impossível não reconhecer a importância das SETE VIRTUDES ESSENCIAIS apontadas pelo OBJETIVISMO, como bem descreve o pensador Roberto Rachewsky no seu livro -O GREGO, O FRADE & A HEROÍNA-.

RACIONALIDADE

A primeira VIRTUDE é a RACIONALIDADE, ou o reconhecimento de que a RAZÃO é a nossa única FONTE DE CONHECIMENTO, nossa única ferramenta para julgar o que a REALIDADE e a LÓGICA nos apresentam e nosso único guia para a AÇÃO. Não querer enxergar a realidade, é não querer aprender, saber e conhecer o que a -realidade e a lógica- nos oferecem para termos uma vida melhor, próspera e pacífica.

VIRTUDES

2- HONESTIDADE - ato de não falsear a realidade, nem para si mesmo, nem para os outros. A MENTIRA prejudica a mente. Manter o foco nas coisas da realidade se torna impossível quando temos que preencher nossa mente com falsidades.

3- INTEGRIDADE - agir de acordo com os princípios que entendemos serem verdadeiros e corretos.

4- INDEPENDÊNCIA - usar a própria mente para lidar com a realidade e/ou manter nossa vida de forma autônoma, ou seja, por nosso próprio esforço, sem depender do sacrifício de ninguém. Não aceitar dogmas.

5- PRODUTIVIDADE- manter materialmente nossa vida por meio da geração de valor, possível apenas com a aplicação da nossa mente e das nossas virtudes para transformar em bens aquilo que a natureza nos oferece.

6- JUSTIÇA- dar a cada um o que MERECE.

7- ORGULHO - autorreconhecimento de que se está, a cada dia, moralmente melhor. Atenção: não confundir orgulho com arrogância ou soberba.

INSTITUIÇÕES E ORGANISMOS PÚBLICOS

Pois, olhando com alguma atenção praticamente todos aqueles que estão à frente das inúmeras INSTITUIÇÕES, ou ORGANISMOS PÚBLICOS, ideologicamente adeptos incondicionais do modelo SOCIALISTA, o que mais falta são as VIRTUDES ESSENCIAIS apontadas pelo OBJETIVISMO
Falta, por exemplo, a RACIONALIDADE, a INTEGRIDADE, a PRODUTIVIDADE e a JUSTIÇA.
E no tocante ao ORGULHO, este sentimento se manifesta e cresce quanto maior a DESTRUIÇÃO de tudo que se oferece como melhor para o povo brasileiro. 

 Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires

 

domingo, 23 de outubro de 2022

STF e TSE destroem honestidade da eleição e impõem censura demente - O Estado de S. Paulo

O STF e a sua polícia eleitoral, o TSE, destruíram a honestidade da eleição presidencial

 O Supremo Tribunal Federal e a sua polícia eleitoral, o TSE, destruíram por completo a honestidade da eleição presidencial a ser decidida no dia 30 de outubro;  
- estão favorecendo, agora de forma aberta, um dos candidatos, o ex-presidente Lula. Para isso, violaram as leis brasileiras, expropriaram o horário de propaganda eleitoral para entregar ao seu escolhido o tempo que cabe legalmente ao adversário e, pior do que tudo, deram a si próprios poderes de censor que são absolutamente proibidos pela Constituição Federala eles ou a qualquer autoridade do Brasil. 
É o ataque mais ruinoso à democracia que o País já sofreu desde a proclamação do AI-5, em 1968.  
Mais: a censura que impuseram à imprensa, e a todos os 215 milhões de cidadãos brasileiros, não tem precedentes, nem nos piores momentos da ditadura, em matéria de brutalidade, arrogância e estupidez.
 
 O TSE, sem o mínimo fiapo de lei que lhe permita fazer isso, saiu de suas funções legais como fiscal das regras do horário eleitoral e passou a mandar em tudo – agora dá ordens, 24 horas por dia e a respeito de qualquer assunto, à imprensa, aos jornalistas e, no fim das contas, a qualquer brasileiro que queira abrir a boca para dizer alguma coisa contra Lula, nas redes sociais ou onde for. 
É proibido dizer, por exemplo, que ele foi condenado pela Justiça por corrupção passiva e lavagem de dinheiroou que nunca foi absolvido de nada. [conclusão apresentada com todas as letras pelo ex-ministro do STF, decano da corte, Marco Aurélio.]  
Pior ainda, os ministros criaram a censura prévia – uma violação rasteira do princípio segundo o qual só se pode punir um erro depois que ele foi cometido. 
 
O resultado é que se chegou neste fim de campanha à seguinte demência: os jornalistas estão proibidos de dizer o que ainda não disseram. 
 É isso mesmo: “até o dia 31 de outubro”, há profissionais e órgãos de imprensa que não podem escrever ou falar. 
O TSE não está punindo uma “notícia falsa”, ou algum crime de calúnia, de difamação ou de injúria; 
ao suprimir previamente o direito de palavra, está punindo delitos que não foram praticados.  
Em que lugar da Constituição se permite uma coisa dessas?
 
A dupla STF-TSE não está ferindo direitos de jornalistas ou veículos; está eliminando o direito que a população tem de ser informada.  
Nem se importa, aliás, em esconder isso. Uma ministra declarou em voto aberto que qualquer censura é “inadmissível” – mas que, em caráter “excepcional”, ela estava se negando a cumprir a lei. “Excepcional?” O que pode haver de excepcional, ou de perigoso, numa eleição democrática que, segundo os próprios STF e TSE, tem sistemas de votação e de apuração perfeitos – a possibilidade de que o adversário ganhe? É isso que estão dizendo.
 
[convenhamos que a ministra não demonstrou empolgação em restabelecer, no caso em votação, a censura. Mas, também não votou contra nem se absteve = concordou, com a censura prévia.]  
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo 
 

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Juízes, verdades e democracia - Gazeta do Povo

Luís Ernesto Lacombe

Estaríamos certamente no caminho do desenvolvimento e do progresso, estaríamos certamente avançando, e não ensaiando passos para trás, se houvesse magia capaz de transformar hipocrisia em honestidade, mentira deslavada em verdade cristalina. 
No mundo real, esse de fingimentos e falta de vergonha na cara, infelizmente, ouve-se, como se suprema fosse, a voz dos que não têm razão. Não há leis, não há regras que os conduzam pelo caminho correto, único.  
Eles não querem saber de aprendizado, já sabem de tudo, tratam críticas legítimas como ataques, destratam, mas ai de quem lhes apontar o dedo.

“Nazista”, “genocida”, Bolsonaro é tudo isso, é responsável por um “desgoverno”. E é burro também. Luís Roberto Barroso disse que o presidente da República tem “limitações cognitivas e baixa civilidade...” Com base em quê? Em falas do tipo: “Estão esticando a corda”, “eu faço o que o povo quer”; “tá na hora de o Brasil dar um novo grito de independência”? São esses os atos antidemocráticos de Bolsonaro? Que inquérito abusivo ele abriu? Que veículos de comunicação censurou? Quem o presidente mandou prender? Barroso fala em tanques na Praça dos Três Poderes, numa “minguada” manifestação de 7 de setembro... Minguado parece ser o raciocínio do ministro. Cegueira e surdez seletivas. 

Foi Bolsonaro quem soltou corruptos, chefe de facção criminosa? 
É ele quem alimenta, todo dia, a terrível insegurança jurídica? Não! Isso é obra do STF, de Barroso e colegas seus.
Posso dizer que tem limitações cognitivas quem considera João de Deus um ser transcendental, e Cesare Battisti, terrorista condenado por quatro assassinatos na Itália, um santo? 
Posso dizer que tem dificuldades no processamento de informações, que tem problemas mentais como falta de atenção, raciocínio e memória, quem considera Lula um defensor da democracia e Dilma, vítima de um golpe?

Foram Barroso e colegas seus que interferiram no processo legislativo de avaliação de medidas que dariam mais segurança ao nosso sistema eleitoral, e jogando contra elas... 
Agora, o plano é banir do Brasil o Telegram, uma rede “sem leis”, ou seja, sem instrumentos de censura. Se o Telegram for mesmo banido, o Brasil se juntará a países que já tomaram essa atitude: China, Cuba, Irã... Não é exatamente o “clube da democracia”.

Veja Também:Sigiloso ou não sigiloso?

Leis e leões

Vírus do faz de conta

Barroso disse: “Na minha casa só entra quem eu quero!” Esqueceram de avisar ao hacker que passeou pelo sistema do TSE por sete meses em 2018...  
E a casa será em breve do ministro Edson Fachin, futuro presidente da Justiça Eleitoral, essa jabuticaba que nos leva R$ 10 bilhões por ano, quase R$ 28 milhões por dia, com ou sem eleições. 
Fachin nem estreou ainda e já disse que a corte terá pela frente “ameaças ruidosas do populismo autoritário”. 
E não estaríamos sujeitos a falas assim, se a verdade tivesse mais autoridade, se nossos ministros confirmassem a definição que Olavo de Carvalho dava para inteligência: a capacidade de perceber a verdade... De qualquer maneira, pergunto: de que adianta ter inteligência se ela é usada para o mal?
 
Luis Ernesto Lacombe, colunista - VOZES   - Gazeta do Povo

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Quantas pessoas estão morrendo ‘de covid’ e quantas estão morrendo ‘com covid’? O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Existe uma diferença fundamental entre uma coisa e a outra

Números de mortes relacionadas como consequência da covid são um enigma

Os números de mortes relacionadas pelas autoridades como consequência da covid, que avançam neste momento para além de onde estavam seis meses atrás, são um enigma. Ajudam, com toda a certeza, a reproduzir pânico, insegurança e angústia
Deixam uma mensagem de terror: as coisas nunca estiveram piores, e se você tinha alguma esperança de que melhorassem pode desistir, pois nada está melhorando. Isso tudo aí continuará igual por um tempo indefinido, e de preferência para sempre. Mas não se sabe, com um nível razoável de lógica comum e de mero bom senso, o que esses números querem realmente dizer. Ninguém está fazendo o menor esforço para descobrir.

Não se trata de nenhuma complicação de matemática das curvas, ou de alta cirurgia de cérebro. É algo que qualquer professor de ginásio poderia perfeitamente estar tratando em suas aulas, se estivesse dando alguma aula após dois anos de pandemia. É apenas o seguinte: quantas pessoas, nessas listas diárias de mortos, estão morrendo “de covid” e quantas estão morrendo “com covid”? 
Existe uma diferença fundamental entre uma coisa e a outra — e essa diferença não está sendo apresentada ao público com um mínimo de honestidade, ou sequer de inteligência elementar. É assim de propósito? 
É resultado da desordem que tem marcado os números da covid desde o primeiro caso? São as duas coisas ao mesmo tempo? 
 
O fato é que a população está sendo ativamente desinformada. Deve continuar assim. Hoje em dia tudo o que não se conforma exatamente aos “protocolos” vigentes sobre como pensar a respeito da doença é imediatamente denunciado como “negacionismo”.
É claro que os dados exatos revelariam outra realidade. Se o paciente que pegou covid entra no hospital com um enfarte, tem uma parada cardíaca e morre, a sua morte se deve ao que: à covid ou à parada cardíaca? E, se além do vírus, ele tem um câncer de fígado, disfunções renais extremas ou pneumonia dupla, razões pelas quais, aliás, foi levado ao hospital? Qual é a causa real da sua morte?  
Muitas dessas mortes, ou um número literalmente incalculável, são atestadas pelas autoridades e reportadas pela mídia como resultado “da covid”; é óbvio que isso distorce completamente o que de fato está acontecendo.
 
O número de infectados com certeza subiu enormemente, considerando-se os números do passado recente — é inevitável, em consequência, que tenha aumentado o número de doentes graves internados nos hospitais com covid, com os seus outros problemas de saúde
 Na imensa maioria dos casos, quem pega a covid simplesmente se cura, sem precisar ir sequer ao pronto-socorro
Mas os que começam a passar realmente mal por causa de suas doenças (chamam a isso de “comorbidades”) vão para o hospital, como iriam tendo ou não tendo covid — e ali os que não têm recuperação morrem. Vão direto para a “lista” do dia seguinte.
 
O público está sendo enganado — no mínimo, nessa história toda, há a obrigação, por parte de quem informa, de separar uma coisa da outra. Isso simplesmente não está sendo feito. É muito simples. Todos os dias as autoridades da área da saúde, as prefeituras e os Estados divulgam os seus números — mesmo porque, na sua incompetência estatística sem limites, o Ministério da Saúde jamais conseguiu, desde o primeiro morto dois anos atrás, entregar uma única cifra decente sobre o que está acontecendo. Ninguém tem a mais remota ideia, do ponto de vista técnico, da seriedade das informações que passam — e ninguém tenta investigar qualquer uma delas, nunca. 
Os jornalistas apenas regurgitam, exatamente como engoliram, os números enviados pelas “autoridades locais”. Não é aritmética. Não é “ciência”. Não é jornalismo.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo
 
 

domingo, 1 de agosto de 2021

Urna Eletrônica - Gazeta do Povo

Entenda por que Bolsonaro está ganhando de goleada o debate da urna eletrônica

Formadores de opinião, políticos e o próprio TSE colocaram-se como reféns do processo de Desinformação Participativa.

Madeleine Lacsko - Matéria de 30 julho 2021

Reflexões sobre princípios e cidadania

Eu não sei se você confia na urna eletrônica ou não, mas tanto faz para o artigo. Aqui falamos de confiança e desinformação, a relação entre as duas. 
Vi nas redes sociais diversos inteligentinhos dando por encerrada a discussão com aquela live de ontem, que mais parecia episódio de Hermes e Renato. 
Nos próximos dias, você comprovará exatamente o oposto, o assunto está mais vivo ainda. 

urna eletrônica voto impresso PEC

Gritaria e confusão marcam o debate público sobre urna eletrônica.| Foto: TSE/Divulgação

Não existe uma única discussão sobre urna eletrônica e confiabilidade das eleições, há duas discussões muito diferentes. A primeira e mais antiga é a discussão técnica sobre eventuais falhas, objetiva e movida por fatos. A mais popular, no entanto, é a discussão politizada em que fatos não importam. Cria-se a dúvida sobre a honestidade do outro lado e ponto final, nada de certezas.

Nas redes sociais, quem desaprova o presidente Jair Bolsonaro está soltando foguetes com a live de ontem. Crêem ser a prova cabal da mentira que ele conta sobre fraudes em eleições. Já os fãs do presidente podem até não ter gostado da falsa promessa de apresentar provas, mas acham os questionamentos pertinentes. Nada disso é discussão técnica e, por isso, o presidente ganha o debate.

Jair Bolsonaro tem uma vantagem discursiva objetiva: ele não precisa provar nada, só criar dúvidas sobre o que o outro lado apresenta. [já que o projeto defendido por Bolsonaro busca apenas dotar a votação eletrônica de meios palpáveis para garantir que não houve fraude.]   O outro lado, por sua vez, tem de apresentar explicações que não deixem brecha para questionamento, algo impossível. Questionamos até as verdades, é natural do ser humano duvidar até da própria fé.

O debate público sobre urnas eletrônicas tem colocado no mesmo balaio os dois tipos de discussão, a técnica e a política. Quem perde com isso? A verdade e o eleitor. Há técnicos sérios e reconhecidos que questionam a segurança das urnas, mas o questionamento deles não é nem parecido com o que mostra o presidente da República. O jogo chama-se "Desinformação Participativa", que expliquei com desenhos numa newsletter há alguns meses.

Quem criou este conceito foi a professora Kate Starbird, da Universidade de Washington. Ela leciona "Design e Engenharia Centrados no Ser Humano". A explicação dela é o monitoramento da acusação de fraude eleitoral feita por Donald Trump. Ela coleta dados das redes e analisa reações até entender como cidadãos comuns e adultos realmente acham que estão ameaçados a ponto de invadir o Capitólio. Assim como ocorre na questão das vacinas, o julgamento moral sobre o grupo impede que qualquer coisa seja tratada de forma clara e objetiva. Quem é a favor da vacinação tende a ver o grupo antivacina como monolítico, radical e movido a teorias conspiratórias. Não é verdade.

A maioria gigantesca tem questionamentos e medos muito humanos e pertinentes, como demonstra um levantamento do Departamento de Psicologia Comportamental da Universidade de Virginia. Ocorre que estas pessoas são ridicularizadas por questionar, mesmo com pontos muito objetivos e pertinentes. Imediatamente são carimbadas pelos inteligentinhos como antivacinas terraplanistas fanáticos.

O professor de Psicologia da NYU Jay Van Bavel acredita que quase a totalidade das confusões turbinadas pelas redes sociais é causada por um fenômeno chamado Realismo Ingênuo. Achamos que avaliamos os fatos de maneira objetiva e racional, o que é cientificamente impossível na espécie humana. Quando nos deparamos com alguém que conclui de maneira diferente, imediatamente pensamos que é burro, louco ou mal intencionado. Vale para vacina e urna eletrônica.

Esse fenômeno cria uma discussão surrealista sobre qualquer tema importante. A maioria das pessoas julga que sua opinião sobre segurança das urnas e possibilidade de fraude eleitoral é objetiva. Nunca é. O que somos e sentimos está presente em todas as análises que fazemos, por isso existe o método científico, pela nossa consciência de que todos temos inúmeros vieses. Quando juntamos assuntos tão importantes à dinâmica de redes, começa uma discussão que não tem relação com o tema. É um campeonato de virtude moral, em que um grupo precisa desqualificar de forma agressiva tudo o que pareça vindo do adversário. Bolsonaro falou "A" das urnas? Então preciso provar que é "B". A questão é se o que ele falou coincide com as dúvidas dos cidadãos ou não.

Durante a live do presidente ontem, o TSE foi divulgando informações que rebatiam ponto a ponto o que Bolsonaro dizia. O site do tribunal parece inteiramente dedicado a desmentir os boatos sobre urnas eletrônicas. É óbvio que deve ser feito e é parte importante do trabalho, mas não é a principal. Enquanto se debate um mundo de boatos, as questões legítimas dos cidadãos ficam sem resposta.  O processo de combate a campanhas de desinformação é complexo e tem base em confiança. Como confiar em alguém que debocha dos seus medos e dúvidas em vez de responder? Como confiar em alguém que iguala seus questionamentos legítimos a teorias conspiratórias de grupos radicais?

É evidente que a desinformação só piora as coisas e a responsabilidade disso é de quem cria esse debate político tóxico e emocional. Mas não é entrando nessa pauta e ignorando os questionamentos da maioria das pessoas que a questão será resolvida.O jornalismo está rendido à lógica das redes sociais e a comunicação institucional no Brasil vai pelo mesmo caminho. É ultraje de um lado, justiçamento do outro e os fatos que se danem. Hoje, os bravos guerreiros da virtude e da verdade falam da postura mentirosa do presidente, que prometeu provas e não mostrou. Também ridicularizam o acupunturista de árvores que seria fonte das dúvidas. Mas ninguém nem sabe quais são as dúvidas, anseios e medos das pessoas reais.

Sem avaliar - com pesquisas quantitativas, qualitativas e monitoramento de redes - quais são as dúvidas e medos predominantes sobre um tema, não é possível esclarecer e tranquilizar as pessoas. O grande ponto no caso das urnas eletrônicas é que ninguém entende muito direito como elas funcionam. Em vez de explicar, boa parte dos formadores de opinião dedica-se a debochar de quem considera que comprovante impresso seria uma garantia contra fraudes. Você já desconfiou que estava sendo traído ou roubado por alguém? Quando estamos nessa situação, pingo no i é letra. Tudo é sinal que confirma nossas suspeitas. Quem tem dúvidas sobre a urna eletrônica está assim. Os motivos da suspeita não estão sendo nem monitorados. Cria-se assim um público ideal para a captura no ciclo da Desinformação Participativa. É o que ocorreu na live de ontem, diante da reação dos formadores de opinião.

Estão todos seguindo a pauta feita pelo presidente Jair Bolsonaro, preocupados unicamente com o que ele fala ou deixa de falar. Ele é o presidente da República, tende a ser o centro das atenções. Mas não podemos esquecer dos demais 210 milhões de brasileiros. Por que questionam a urna? Quais os pontos que precisam ser esclarecidos? Muito provavelmente não são os mesmos do acupunturista de árvore.
Ocorre que, enquanto as dúvidas legítimas não são endereçadas, há uma campanha de desinformação. As pessoas não compreendem o funcionamento da urna e são ridicularizadas quando perguntam. De repente, ao ver um fenômeno que não entendem, concluirão que trata-se de fraude. E postar vídeos de suspeita de fraude em redes sociais pode gerar muito status.

A Desinformação Participativa é um ciclo que envolve políticos e seus assessores, influenciadores digitais, microinfluenciadores digitais e o cidadão comum, que está nas redes por esporte ou masoquismo. Um cidadão comum que veja algo estranho nas urnas e poste um vídeo dizendo que é fraude pode ser reconhecido socialmente por todos que admira. Ontem, um deles foi citado pelo presidente da República. Pense na sensação de reconhecimento que isso gera no grupo. Mais pessoas sentirão vontade de postar vídeos mostrando que há fraudes, mesmo que não exista fraude nenhuma. Os mal intencionados e mentirosos são uma ínfima proporção, quase sempre envolvendo políticos, seus assessores e grandes influencers, segundo o trabalho da Universidade de Washington. A gigantesca maioria é de pessoas que realmente acreditam ter visto algo concreto e importante.

Os inteligentinhos, no entanto, querem que essas pessoas todas vão pastar. A partir de hoje, você verá um esforço coordenado pedindo que o YouTube derrube a live do presidente Bolsonaro sobre urnas. Além de ser patético, é uma violação de Direitos Humanos relegar essas decisões a plataformas, conforme estipulado na 47a Assembleia do Conselho de Direitos Humanos da ONU este mês. Danem-se os Direitos Humanos se o alvo é Jair Bolsonaro? Sim. E toca mobilização da olimpíada de virtudes para derrubar o tal do vídeo. Não vai adiantar nada porque alguém sobe de novo, ele vai repetir, só aumenta a confusão em torno do tema. Esse tempo e energia poderiam ser gastos em algo útil: discutir a segurança do software de votação e esclarecer dúvidas legítimas das pessoas.

Quem diz isso não sou eu, é alguém bem mais inteligente, o professor Diego Aranha, do departamento de Ciências da Computação da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.  
Ele aposentou-se no Brasil e passou a dar aulas lá depois que questionou tecnicamente alguns pontos sobre urna eletrônica. 
Quais seriam os pontos? Ele próprio considera impossível fazer debate técnico no meio do turbilhão de desinformação e desmentidos. É preciso parar a bola.

O professor Diego Aranha é ferrenho opositor do governo Bolsonaro. Viu a live e considerou patética e grave a geração aleatória de dados para tratar de um tema tão sério. Ele fez, em 2017, vários testes e montou um site falando das vulnerabilidades do software da urna eletrônica. Nada do que ele aponta você viu ontem na live nem nas correntes de Whatsapp, mesmo naquela que cita o nome do professor e foi popularizada por uma deputada. Você só viu criação de dúvida tosca e nós merecemos mais respeito dos nossos governantes.

E não é só com os políticos que falta clima para discussão técnica, com o TSE também. 
O tribunal tem feito um trabalho incansável para desmentir ponto a ponto tudo quanto é boato lançado. São informações técnicas e verificáveis. 
No entanto, fica faltando a parte de explicar aquilo que é dúvida real da população
O que mudou desde que o próprio TSE regulamentou a impressão do voto?

Há um artigo científico, publicado em revista internacional respeitadíssima e com revisão por pares, apontando objetivamente questões técnicas de vulnerabilidade no software da eleição. Ao fugir deste debate mas engajar na rinha de sexagenários com o presidente da República, o presidente do TSE fica refém da polarização.

Vou terminar com um clichê delicioso da política. À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta. É disso que se trata o debate da urna eletrônica. Criar suspeita ou dúvida é fácil, basta mexer com nossos medos diante da bagunça institucional brasileira. O TSE tem diante de si a tarefa monumental de fazer o brasileiro acreditar em alguma instituição.

Madeleine Lacsko, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 20 de julho de 2021

VIRTUDE PESSOAL E VIRTUDE INSTITUCIONAL - Percival Puggina

Li "O homem medíocre", de José Ingenieros, pela primeira vez, em 1999 quando topei com ele na biblioteca de meu pai, que falecera dois anos antes. Era uma edição argentina de 1917. Um capítulo do livro, em especial, chamou-me a atenção por parecer escrito para aquela realidade. Ele tratava da diferença entre a mera honestidade e a virtude, bem como da falsa honestidade daqueles que a exibem como troféu. “Em todos os tempos, a ditadura dos medíocres é inimiga do homem virtuoso. Prefere o honesto e o exibe como exemplo. Mas há nisso um erro ou mentira que cabe apontar. Honestidade não é virtude, ainda que não seja vício. A virtude se eleva sobre a moral corrente, implica uma certa aristocracia do coração, própria do talento moral. O virtuoso se empenha em busca da perfeição. O honesto, ao contrário, é passivo”.

"Não há diferença entre o covarde que modera suas ações por medo do castigo e o cobiçoso que age em busca da recompensa", afirma o filósofo portenho enquanto sentencia sobre o homem medíocre: "Ele teme a opinião pública porque ela é a medida de todas as coisas, senhora de seus atos".

Quantos existem, de uns e de outros, na vida social! Estão nas empresas disputando postos, nas salas de aula ansiando pelos favores dos mestres, na vida pública buscando aplauso e voto. Súditos da maioria, apontam seu dedo cobiçoso ou covarde sempre que vislumbram, nos demais, algo que possa ser apontado como falha ou falta. Cada sucesso por essa via é um passo na direção do que denominam vitória e um recuo em relação à verdadeira virtude. Continua Ingenieros: "A sociedade proclama: 'Não faças mal e serás honesto'. Mas o talento moral tem outras exigências: 'Persegue a perfeição e serás virtuoso'. A honestidade está ao alcance de todos; a virtude é uma escolha de poucos. O homem honesto suporta o jugo a que o prendem seus cúmplices; o virtuoso se eleva sobre eles com um golpe de asa". São palavras que queimam a palha da mediocridade e incendeiam a alma dos que buscam a virtude porque é nela, e não na simples honestidade, que se medem os valores da aristocracia moral.

É preciso distinguir a virtude que se alcança por adesão voluntária a um determinado bem, da virtude intrínseca a modelos institucionais que inibem a conduta não virtuosa. A fidelidade será, sempre, um produto da vontade humana. O pérfido só renunciará a perfídia quando ela se mostrar inconveniente. O venal pode trocar de camiseta, mas só não terá preço se não houver negócio a ser feito. É por esse motivo que quando o STF proclamou a constitucionalidade da Lei da Ficha Lima, eu disse que estávamos trocando de fichas, mas não estávamos acabando com a sujeira que, logo iria encardir outras tantas.

Por quê? Porque essa lei assume como verdadeiro que a corrupção tem apenas causas intrínsecas aos indivíduos, mas isso é falso. Ela tem, principalmente, causas de natureza institucional. E, mesmo no plano das individualidades, só teremos pessoas virtuosas em maior número quando a virtude for socialmente reconhecida como um bem a ser buscado e quando as famílias, as escolas públicas e os meios de comunicação compreenderem a relação existente entre o desvario das condutas instalado na vida pública e o estrago que vêm fazendo na formação da consciência moral e na vida privada.

Não há virtude onde não há uma robusta adesão da vontade ao bem. E isso não acontece por acaso. A busca da virtude exige grande empenho.

Contudo, a democracia (governo de todos), não é necessariamente aristocracia (governo dos melhores). E será sempre tão sensível à demagogia quanto a aristocracia é sensível à oligarquia. Portanto, numa ordem democrática, como tanto a desejamos, é necessário estabelecer instituições que, na melhor hipótese, induzam os agentes políticos a comportamentos virtuosos ou, com expectativas mais modestas, inibam as condutas viciosas.

Ora, o modelo político brasileiro parece ter sido costurado para compor guarda-roupa de cabaré.

Não há como frear a corrupção que se nutre de um modelo institucional que a favorece tão eficientemente, seja na ponta das oportunidades, seja na ponta da impunidade cada vez mais escorada por leis de proteção.  Não estou falando de leis que a combatam, mas de um modelo político que a desestimule. Como? Libertando a administração pública dos arreios partidários, por exemplo. Ao entregar para o aparelhamento partidário a imensa máquina da administração (que a mais elementar prudência aconselharia afastar das ambições eleitorais), o Brasil amarra cachorro com linguiça e dá operosidades e dimensões de serraria industrial ao velho e solitário "toco". "É politicamente inviável fazer isso no Brasil", estará pensando o leitor destas linhas em coro com a grande maioria dos que, entre nós, exercitam poder político. Eu sei, eu sei. Não sou ingênuo. Está tudo errado, mas não se mexe. As coisas são assim, por aqui.

Do mesmo modo como a fusão do Governo (necessariamente partidário e transitório) com a Administração (necessariamente técnica e neutra porque permanente no tempo) cria problemas e distorções de conduta, a fusão do Governo com o Estado (que, por ser de todos, não pode ter partido) faz coisa ainda pior no plano da política interna e externa. Desde a proclamação da República, os governantes tratam de aparelhar o Estado e exercer influência sobre suas estruturas.

Todos os cidadãos, toda a mídia, todos os prefeitos, todos os governadores, todos os vereadores e deputados estaduais sabem que se produziu uma brutal concentração de poder e de recursos na União e na capital da República. Tal concentração é incompatível com a própria forma federativa de Estado, que, entre nós, virou um arremedo de si mesma. É grave. Gravíssimo. Mas tem coisa ainda pior na falência da Federação. Onde se reconheça que o Princípio da Subsidiaridade é irmão gêmeo da Liberdade, sabe-se, simetricamente, que a centralização de poder é irmã gêmea do totalitarismo. E, como ele, inimiga figadal da democracia. Mas eu sei: é politicamente inviável, no Brasil, retomar a boa forma federativa valorizando o poder local. Vai-se pelo viés oposto. Centraliza-se tudo, dos exames vestibulares aos recursos públicos. Depois, se descentraliza em conta-gotas, nas doses suficientes para gerar relações de dependência e submissão.

Em nosso sistema de governo, o presidente da República, uma vez eleito, deve buscar maioria parlamentar constituindo um arco de alianças formado por partidos minoritários. Com efeito, face à quantidade de legendas que disputam os pleitos parlamentares (há mais de duas dezenas de partidos representados na Câmara dos Deputados), todas as bancadas resultam minoritárias. Não existe maioria natural. E não havendo maioria natural, a "base" precisa ser adquirida pelo governo mediante um largo estoque de moedas de troca - entre outras, as mais valorizadas: cargos, liberação e pagamento de emendas parlamentares, verbas para nebulosas organizações não-governamentais, concessões de emissoras de rádio e televisão e dispensas de licitação. Os desdobramentos dessas operações acabam, mais cedo ou mais tarde, nas páginas policiais.

Em Brasília se decidem, como consequência, todos os contratos, todos os favores, todas as leis e todas as exceções às leis instituídas, atraindo corruptos e corruptores como pote de mel atrai abelhaResumindo: enquanto não enfrentarmos os vícios do sistema político e as deformações morais administradas em doses crescentes à sociedade, estaremos a uma distância da virtude que há de fazer o maligno esfregar as mãos em puro contentamento.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site  mel atrai abelha, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quarta-feira, 6 de março de 2019

A questão militar no atual governo

Será bom ou ruim para as Forças Armadas emprestarem seu prestígio e terem tamanha simbiose com o governo de Jair Bolsonaro?

Os comandantes militares, principalmente do Exército, viram o crescimento do então candidato Jair Bolsonaro como uma oportunidade de tratar uma velha questão mal resolvida com a sociedade brasileira. O general Villas Bôas soltou suas notas nos momentos certos para deixar claro o seu lado no tempo em que o país ainda estava no processo decisório. Urnas fechadas, o desembarque no novo governo foi natural e coerente. Mas uma nova questão começou: será bom ou ruim para as Forças Armadas tamanha simbiose?
O governo Bolsonaro é resultado de uma mistura eclética. Há o ultraconservadorismo dos costumes, que não tem necessariamente correspondência com os valores da instituição, nem é conveniente estar ligado à imagem das Forças. Até porque é um conservadorismo farisaico, que gosta de proclamar-se, mas não viver sob aqueles ditames. Que relação tem alguém que diz, como Bolsonaro, que usava o auxílio-moradia para “comer gente” com a defesa da família tradicional? [a inteligência da colunista deixa claro sua intenção de criticar, negativamente, um comentário que Bolsonaro fez e que não foi, e nunca será, suficiente para por em dúvida o caráter genuíno do conservadorismo do nosso presidente;
'comer gente', especialmente do sexo oposto, é algo perfeitamente aceitável, dificil é quando o 'comer gente' ocorre entre os sexos opostos ou a maldita 'diversidade' prevalece.] A  interferência da religião em decisões de Estado também não tem conexão com os valores laicos das Forças Armadas. Nelas, integrantes de várias denominações convivem.
Os militares estão sendo vistos como panaceia para qualquer tipo de impasse. Neste momento, quadros da reserva estão povoando todas as áreas. Generais muito bem qualificados foram nomeados para ministérios e têm tido bom desempenho, a ponto de virarem um dos poucos elos de concordância entre eleitores que estiveram em lados opostos. Foi, por exemplo, com alívio que o país viu os militares liderando as negociações na tensão da fronteira com a Venezuela. Assim, respeitou-se a tradicional posição brasileira de rejeitar o papel de ser linha auxiliar dos Estados Unidos na região.
A guerrilha digital do bolsonarismo continua atacando os que manifestam qualquer divergência em relação ao governo. Seus líderes, inclusive os filhos do presidente, não entenderam o básico sobre o que é governar. Não lançam pontes, aprofundam as divisões. Não diluem desentendimentos, cultivam rancores. Não cedem, querem a eliminação dos que divergem. O episódio do ataque a Lula, protagonizado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, no momento em que o ex-presidente vivia dor profunda, é uma demonstração do problema. [o falecimento do neto do Lula, como toda morte, especialmente de uma criança inocente, merece todo pesar e respeito do POVO BRASILEIRO;
inaceitável, revoltante, é que o presidiário tente usar a dor do avô para fins políticos - com certeza a ilustra articulista lembra do comercio que o condenado petista promoveu durante o enterro de sua esposa.
Outro erro é o segredo que as autoridades, com a conivência da Imprensa, faz em torno de quem pagou as despesas da ida do presidiário ao velório?]
Essa cultura do conflito não faz bem à imagem das Forças Armadas, que precisam ser vistas como instituições de todo o país, e não de uma facção política e ideológica.

Há também os casos de corrupção que começaram precocemente a aparecer no novo governo. Movimentações bancárias suspeitas e candidaturas-laranja. Tudo próximo ao centro do novo governo. Isso constrange qualquer sócio do poder que defenda com sinceridade o combate à corrupção. As Forças Armadas passaram os últimos 30 anos ressentidas com a interpretação dos fatos políticos ocorridos durante a ditadura. Em seus quartéis e escolas, em conversas internas e algumas declarações públicas, manifestavam a convicção de que não tomaram o poder, foram chamadas em momento de risco. Ficaram ofendidas com a Comissão da Verdade. E nunca condenaram a tortura. [a comissão da INverdade ofende qualquer brasileiro consciente - produziu tantas mentiras que seus resultados foram cuidadosamente esquecidos;
sem procuração para falar em nome das FF AA, lembramos que não houve tortura no Brasil, ocorreram raros episódios (maximizados em quantidade e alcance por parte da Imprensa) do uso de interrogatórios enérgicos realizados por absoluta necessidade de natureza operacional das forças de segurança.

A foto ao lado, mostra o quanto são mentirosas a versão de tortura;
a cara da ex-presidente escarrada, Dilma Rousseff não combina com a de alguém que declarou ter sofrido mais de 20 dias de intensa tortura.]  
 
 
 
 
 
 
[Esta foto, oficial, consta do processo, mostra Dilma sendo interrogada, após ter passado 22 dias presa, sendo torturada, levando cacete de todo o tipo e de todas as formas.
Caso seja verdade se percebe que o excesso de cacete fez muito bem à ex-presidente.]
 
 
Quando a campanha de Bolsonaro começou a decolar, os seus apoiadores dentro das Forças Armadas foram deixando claro de que lado estavam. Parecia ser a oportunidade de recontar a história e mostrar as qualificações dos seus quadros. O capitão reformado havia saído mal do Exército, depois de atos de indisciplina, mas tinha feito sua carreira política defendendo os ex-colegas de farda. [Bolsonaro foi absolvido pela instância máxima da Justiça Militar - STM - de todas as acusações apresentadas na época em que era oficial da ativa do Exército de Caxias.] Bolsonaro  prometeu de público ao então comandante do Exército, general Villas Bôas, que jamais revelaria o que os dois conversaram. Mas se pode imaginar.
Esta simbiose com o governo Bolsonaro é o movimento mais arriscado feito nos últimos tempos pelas Forças Armadas. Elas estão emprestando seu prestígio a um governo cheio de controvérsias e conflituoso. Já são mais de 100 militares no primeiro e segundo escalões, como informou o “Estado de S.Paulo”. Na área do meio ambiente, depois da demissão de 27 superintendentes regionais, fala-se em nomear apenas militares. Eles estão orgulhosos exercendo o poder nas áreas sob seu comando. [os militares possuem competência, honestidade, disciplina, lealdade  e qualificação para ocupação dos cargos que estão exercendo e não há nenhuma acusação de corrupção contra nenhum dos militares que exercem cargos no governo Bolsonaro.] sobre nenhum militar nenhuma O risco é virarem bucha de canhão nas guerras que interessam apenas ao bolsonarismo.
 
Miriam Leitão - O Globo