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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

CPMI do 8 de janeiro: um relatório previsível e longe da realidade - Alexandre Garcia

 Gazeta do Povo - VOZES
 

Hoje a CPMI deve votar o relatório da relatora que foi divulgado ontem. 
Ela está propondo o indiciamento de 61 pessoas, principalmente aquelas as quais já tinha decidido que seriam indiciadas desde o primeiro dia. Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, os generais que acompanham Bolsonaro, inclusive o comandante do exército, comandante da Marinha, general Heleno, general Braga Neto, general Ramos, o ajudante de ordens, Mauro Cid
Ela pôs o nome do governador de Brasília, mas não pode.  
Quem pode fazer uma CPI investigando o governador de Brasília é o legislativo do Distrito Federal, não o legislativo federal. Mas, enfim, são 61.
 
Não há surpresa. 
 
Tem um relatório paralelo dos senadores Izalci Lucas, do Distrito Federal, que sugere o indiciamento também do general-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Gonçalves Dias e do ministro da Justiça, Flávio Dino. 
Falando em Flávio Dino, ele ontem suspendeu a ação da Força Nacional lá na Vila Renascer, em São Félix do Xingu, que já provocou a morte de um produtor rural. 
Felizmente vai dar tempo para se pensar em como tirar produtores rurais com uma ampla produção de agricultura familiar, como mostraram ontem numa feira, no Dia da Agricultura, e que lá estão há 30 anos assentados pelo Incra, dentro de uma reserva indígena. O que fazer? Precisa solucionar isso. 


ONU e o Hamas

A ONU, então, examinando a proposta do Brasil, lembra muito Garrincha, quando recebeu ordens do técnico sobre que ele deveria fazer com seus companheiros para invadir a área russa. O Garrincha perguntou, "mas já avisaram os russos?". 
Aí a ONU está dizendo que o Hamas tem que entregar imediatamente, e de forma incondicional, os reféns civis, que devem receber tratamento de direito internacional. Será que já perguntaram ao Hamas?  
O Hamas tem esses reféns como troféu de guerra e como defesa. É uma trincheira, é uma barreira que o Hamas quer usar. Jamais o Hamas vai atender a ONU. Aliás, o terrorismo nunca deu bola para a ONU.  
Aliás, a gente se pergunta qual é a força que a ONU tem com toda essa burocracia
Será que a ONU não sabe que o terror só ouve a linguagem da força? Imagina alguém que toca fogo em soldado, que decapita bebê, que mata civis indefesos, que já estão no chão, encolhidos. Vão fazer o quê? 
Vão atender a ONU e devolver os quase 200 reféns? 
E Lula está pedindo ao Irã. O Irã, aquele com o qual Lula incomodou os Estados Unidos, deixando duas belonaves do Irã ficarem no Rio de Janeiro. 
E o Irã e a Turquia, para fazer cessar fogo, é tudo que o Hamas deseja. Também é muito ingênuo. O Hamas vai lá, ataca Israel, aplica selvageria contra Israel, e na hora que Israel vai reagir diz "não, cessar fogo". 

É incrível, é quase inacreditável que a gente tenha proposto uma coisa dessas. Mas, enfim, são as coisas do mundo de hoje em que há muita propaganda. A primeira vítima numa guerra é a verdade. E as pessoas, as autoridades continuam agindo como se fôssemos todos uns jumentos sem cérebro

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Falta combinar com os americanos - Alon Feuerwerker

Análise Política

O título faz evidentemente referência ao célebre diálogo entre Garrincha e o treinador Vicente Feola antes do jogo contra a URSS na Copa de 1958. O técnico explicava, em detalhes, como seria o jogo, e daí o Mané (com maiúscula) disse que o roteiro era muito bom, mas questionou se Feola já tinha combinado com os russos.

A diplomacia brasileira parece empenhada num jogo aparentemente inteligente: aproximar-se dos Estados Unidos no delicado tema da guerra da Ucrânia para, em troca, manter o essencial da liberdade de movimentos entre o Brasil e seu principal parceiro econômico, a China.

Isso implica algum sofrimento nas relações com a Rússia, mas Luiz Inácio Lula da Silva e o Itamaraty parecem ter avaliado como positiva a relação custo-benefício. Não se faz mesmo omelete sem quebrar ovos.

Entretanto, quando a esperteza é muita sempre pode virar bicho e comer o dono, e daí a malícia brasileira correr o risco de esbarrar num obstáculo: o alinhamento dos EUA e seus aliados do Norte global contra a Rússia é apenas estação intermediária na projeção da guerra principal deles contra a China.

Guerra que por enquanto se dá principalmente no campo econômico, com todo tipo de sanções, mas ensaia transbordar para outras esferas.   A aproximação entre Brasil e Estados Unidos anda facilitada pela semelhança da agenda sócio-comportamental-ambiental dos dois governos e pelo apoio, informal mas consistente, da administração Joe Biden a Luiz Inácio Lula da Silva na eleição do ano passado.

O ambiente amistoso e o amplo consenso programático na visita do brasileiro à Casa Branca não deixaram dúvidas.
Vivemos agora tempos muito diferentes de quando a então presidente Dilma Rousseff soube que tinha sido espionada pela administração Barack Obama, de quem Biden era vice. 
Disputando a reeleição, Dilma houve por bem cancelar uma prestigiosa “visita de estado” aos americanos.



[Foto que mostra o quanto foi amistoso e aconchegante o clima da viagem presidencial aos Estados Unidos.]

 Eram também tempos em que a digital estadunidense apareceu na Operação Lava-Jato. O que acirrou, compreensivelmente, o antiamericanismo dentro do Partido dos Trabalhadores. Mas nada resiste à passagem do tempo e aos interesses. E agora o cenário mudou. O problema para o Brasil é o buraco estar mais embaixo
A disputa entre a unipolaridade e a multipolaridade não leva jeito de atenuar.
Será interessante acompanhar a evolução desse desfile, para ver como a nova linha se encaixa no enquadramento brasileiro aos Brics.  
Que aliás estão em fase de ampliação. Na composição atual, o Brasil é o único do grupo a mostrar simpatia pela tríade EUA-OTAN-UE no tema ucraniano.

O Itamaraty desencadeou uma de suas habituais operações “votamos nisso na ONU, mas não era bem nisso que queríamos votar”. Esforça-se para justificar um certo neo-atlantismo pelo viés da tradicional busca brasileira por soluções pacíficas e negociadas para os conflitos. Os fatos, sempre teimosos, trarão o resultado.

E há sempre a possibilidade de os diversos interlocutores chegarem à conclusão de que o Brasil tem relevância apenas relativa em escala planetária, que a movimentação brasileira se deve a um apetite de protagonismo não sustentado materialmente. E que, portanto, talvez não valha a pena arrumar confusão conosco.

Quem sabe seja uma solução.

 Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

AGORA, ATÉ A LIBERDADE É INCONSTITUCIONAL - Gilberto Simões Pires

SALVO-CONDUTO
Na última segunda-feira, 01/11, tão logo foi tornada pública a PORTARIA baixada pelo governo, PROIBINDO os empregadores de exigirem o CERTIFICADO DE VACINAÇÃO de seus funcionários, boa parte daqueles que participam dos diversos grupos de - WhatsApp -  dos quais integro passou a festejar o ato como se fosse um SALVO-CONDUTO, do tipo que preserva o direito fundamental da LIBERDADE INDIVIDUAL.

ESTRAGA PRAZER
Pois, enquanto brotavam mensagens de apoio irrestrito à PORTARIA, sem a menor intenção de ser um - ESTRAGA PRAZER- postei uma mensagem dizendo que face à escancarada MÁ VONTADE que reina solta no nosso empobrecido Brasil, a vida do SALVO-CONDUTO tinha tudo para ser breve
Muito provavelmente, a considerar as costumeiras decisões dos ministros do STF, não faltariam aqueles que, por dever - OPOSICIONISTA de ofício, viriam a considerar como INCONSTITUCIONAL a excelente e correta PORTARIA.

BINGO!
BINGO!
Bem antes que a tinta da caneta utilizada para assinar a portaria secasse, vários - ESPECIALISTAS [em NADA... APENAS, A MAIOR PARTE DELES, possui uma atração quase sexual por microfones e câmeras... atração aumenta pelo jeton recebido pelas mentiras que expelem] - já estavam em campo - fardados - com as conhecidas vestimentas sempre muito utilizadas pelos socialistas/comunistas - para declarar que o ATO DE LIBERDADE baixado pelo governo pelas mãos de seu ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, é INCONSTITUCIONAL. Como tal a mesma contraria diferentes decisões e orientações da Justiça do Trabalho, dando ênfase ao entendimento de que "a saúde e segurança da coletividade se sobrepõem à do indivíduo".

CARTILHA SOCIALISTA AO INVÉS DA CARTA MAGNA
Como a LIBERDADE está minguando a olhos e mentes vistas por todos os cantos do nosso empobrecido Brasil, esta postura adotada constantemente pelos - contrários - a tudo que é proposto pelo atual governo nada tem de SURPREENDENTE. Ao contrário, quanto menos LIBERDADE INDIVIDUAL, mais esta turma - do mal - se fortalece. Mais ainda porque conta com a obediência irrestrita do STF, que tudo decide de acordo com o que está escrito na CARTILHA SOCIALISTA, e não como manda a CARTA MAGNA.

A LIBERDADE É INCONSTITUCIONAL
Ora, para que fique bem claro, quem considera a PORTARIA (SALVO-CONDUTO) como INCONSTITUCIONAL, está declarando - alto e bom som - que a LIBERDADE é INCONSTITUCIONAL. E o pior é que, face às decisões que vem sendo tomadas pelo STF, não há como aplicar a máxima do jogador Garrincha, que certa vez perguntou ao técnico da Seleção: - O senhor já combinou com o russos? 
 
PONTO CRÍTICO - Gilberto Simões Pires 

[comentando: além das jabuticabas,outras coisas só ocorrem no Brasil. Alguns exemplos: certos juízes se sentem totalmente à vontade para adotarem medidas que violam mandamentos constitucionais, especialmente quando tais medidas são necessárias para impedir que  apoiadores do presidente Bolsonaro, pratiquem atos permitidos pela Constituição; 
- o argumento de preservar o 'estado democrático de direito' é usado por muitos juízes para  agredir direitos concedidos pelo mesmo Estado aos apoiadores do presidente Bolsonaro, vitimados pelo ato injusto; 
- praticar atos antidemocráticos, contra os mesmos apoiadores, a pretexto de preservar a Democracia é costume frequente;
Sobre as vacinas apenas destacamos, de forma recorrente, que grande parte dos amigos e colaboradores do Blog Prontidão Total são ANTIGOS e por isso se beneficiaram no século passado e ainda se beneficiam das vacinas.
ATUALIZANDO: Eu mesmo, tomei a primeira e segunda dose da CoronaVac - era a disponível na época - e semana passada recebi a dose de reforço - Pfizer - e, em todas as ocasiões, não fui acometido por nenhum inconveniente. Circunstância que prevalece em todos os vacinados - com ou sem a terceira dose.
Assim, em caráter pessoal, sou pelo SE VACINE!
Quanto adotar o passaporte vacinal, impor restrições aos não vacinados, são tantos argumentos para cada lado, que para não ficar 'em cima do muro', expresso uma posição PESSOAL: 'o meu direito vai até onde começa o direito  do outro'.]

 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Falta combinar com os russos

“O folclore futebolístico tem tudo a ver com a situação da Venezuela. A ofensiva de Trump e  Bolsonaro esbarrou na aliança de Maduro com o presidente russo Vladimir Putin


Na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, o técnico Vicente Feola, em preleção antológica, explicou, na prancheta, a tática para derrotar a seleção da antiga União Soviética: 
 Nilton Santos lançaria a bola da esquerda do meio de campo para a direita do ataque, nos pés de Garrincha, que driblaria três adversários e cruzaria para Mazola cabecear na grande área. Com ingenuidade ou ironia, não se sabe, o anjo das pernas tortas perguntou: “Seu Feola, o senhor combinou com os russos?”

O folclore futebolístico tem tudo a ver com a situação atual da Venezuela. A ofensiva diplomática protagonizada pelo presidente norte-americano Donald Trump e pelo presidente Jair Bolsonaro contra Nicolás Maduro, que denunciou a autoproclamação do líder do Legislativo, Juan Guaidó, como presidente interino do país, como um “golpe de Estado”, esbarrou na resistência do ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, ao lado da cúpula militar das Forças Armadas do seu país. Mas também na aliança de Maduro com o presidente russo Vladimir Putin, liderando uma coalizão de oito países, o que transformou a Venezuela no epicentro de uma disputa semelhante àquela que ocorre entre potências mundiais no Oriente Médio.

Além da Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia, China e Irã apoiam o regime chavista, enquanto Guaidó é reconhecido como presidente interino pelos seguintes países: Estados Unidos, Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Reino Unido. A União Europeia assumiu uma posição intermediária: a defesa da realização de eleições livres na Venezuela. A crise prossegue sob muita tensão, a qualquer momento pode haver emprego da força por parte dos militares contra a oposição, com o fechamento da Assembleia Nacional e prisão de Guaidó, além de outros líderes oposicionistas. Fala-se em divisão nas Forças Armadas, mas o pronunciamento sinaliza apoio da cúpula militar ao regime. [existe cúpula com tropas e cúpula apenas com o cargo e título e o comando de uma mesa.]

O presidente Nicolás Maduro, na verdade, é um fantoche da cúpula militar, que controla a maior parte do governo e praticamente todas as empresas estatais. Como o regime não tem mais nenhuma sustentação política da sociedade e a Assembleia Nacional tem mais respaldo popular do que o governo, vive-se uma situação de dualidade de poderes, que pode ter desdobramento trágico, porque o governo perdeu controle da economia, mas não o poder de coerção sobre a sociedade. A repressão política na Venezuela é muito violenta, protagonizada pela Guarda Nacional e pela milícia bolivariana armada, a tropa de choque de Maduro.

Intervenção
Os Estados Unidos solicitaram uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para tratar do assunto, logo após o presidente Donald Trump falar que examina todas as possibilidades de intervenção na crise venezuelana, inclusive militar. Maduro ontem mandou fechar a embaixada dos EUA em Caracas e vai expulsar os diplomatas, o que aumenta a escalada de tensão. Não foi à toa que o presidente em exercício Hamilton Mourão, ontem, descartou a participação do Brasil em qualquer intervenção militar. O envolvimento do Brasil na crise venezuelana é uma ruptura com a tradição do Itamaraty, que costuma operar nos bastidores para saídas negociadas durante as crises nos países vizinhos. Ontem, porém, o Itamaraty anunciou que somente o chanceler Ernesto Araujo falará sobre o tema. O ministro defende o alinhamento automático com Trump e outros falcões da política internacional.

O apoio aberto da Rússia ao regime de Maduro, com quem tem intensa cooperação militar, não deve ser subestimado, embora a situação geopolítica da Venezuela seja completamente diferente da situação, por exemplo, da Síria, onde Putin conseguiu garantir a sobrevivência do regime de Bashar al-Assad, o ditador sírio que se recusou a deixar o poder e os ex-presidente Bush e Obama tentaram derrubar. Hoje, os Estados Unidos estão se retirando da Síria e os russos continua por lá, com sua base naval. Na Venezuela, não existe base militar da Rússia, apenas blindados e aviões de caça de fabricação russa.

Em termos militares, o Brasil tem as Forças Armadas mais numerosas da região, contando com 366 mil militares da Força Aérea, Marinha e Exército. A Venezuela fica um pouco atrás, com 365 mil efetivos. [o que conta é o efetivo realmente operacional e na Venezuela não alcança sequer 150.000 militares. A situação de extrema penúria da Venezuela, com repercussão na capacidade militar, faz com que suas forças armadas apesar de dotadas de bom armamento tem pouca capacidade para ações que exijam apoio logístico, o que reduz em muito sua capacidade ofensiva, tornando-as praticamente só defensivas e mesmo assim para combates de curta duração.] O México (267 mil) e a Colômbia (265 mil) seguem de perto; depois, vêm Argentina (79 mil), Peru (78 mil), Chile (67 mil), República Dominicana (58 mil), Equador (41 mil), Bolívia (34 mil), El Salvador (24 mil), Uruguai (22 mil), Guatemala (18 mil), Paraguai (16 mil) e Honduras (15 mil militares).

 Proporcionalmente, porém, a Venezuela fica no primeiro lugar da lista, com 118 militares por 100 mil habitantes. O Uruguai, fica em segundo, com 65. O Brasil tem apenas 18 militares por cada 100 mil habitantes. Trocando em miúdos, ninguém com juízo apostaria numa guerra com a Venezuela, nem Maduro está em condições de uma iniciativa dessa ordem, mesmo em relação à Guiana. Aí, sim, daria pretexto para uma intervenção militar dos Estados Unidos.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB


 

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Lula finge ter esquecido a viagem a pé para Curitiba

O ex-presidente só aceita ser condenado se for pilhado em flagrante fazendo o que faz desde o primeiro dia no Planalto

“Provem uma corrupção minha e eu irei a pé para ser preso”, jactou-se Lula mais de uma vez até descobrir que um fora-da-lei não está acima da lei, mesmo que tenha sido presidente da República. Se tivesse algum compromisso com o que diz, sobretudo em discursos depois do almoço, o único deus da seita da estrela vermelha estaria treinando há muito tempo, e duramente, para honrar a palavra empenhada. Para quem mora em São Bernardo, Curitiba não é logo ali.

Em vez disso, Lula come como um faquir que acabou de encerrar o jejum, bebe o que lhe aparece pela proa, dribla exercícios físicos com a habilidade de um Garrincha e só caminha de um lado para outro nos palcos em que continua a ampliar o vasto acervo de pérolas do besteirol. Nesta quarta-feira, por exemplo, recitou a seguinte declaração: “Se tiver uma decisão que não seja a minha absolvição, quero dizer que não vale a pena ser honesto neste país”.

O frase é endereçada a juízes que julgam sem medo de poderosos patifes, procuradores que procuram fazer Justiça, delegados que acordam pecadores com batidas na porta às seis da manhã e investigadores que investigam. O Evangelho segundo Lula ensina que, até agora, o chefão do maior esquema corrupto desde o Dia da Criação é tão inocente quanto um bebê ainda no ventre da mãe. Caso descubra que a Lava Jato decidiu que honestidade é crime, aí sim a alma viva mais pura do planeta fará o que meio mundo sabe que faz.

Se for condenado, portanto, estará à vontade para ser presenteado por bilionários amigos com uma fazenda em Atibaia, um prédio de dez andares no Guarujá, o reajuste do preço das palestras que não valem um tostão mas lhe rendiam R$ 400 mil por hora antes que a Lava Jato afugentasse a freguesia, um aumento de 15% para 80% na comissão paga ao corretor de negociatas na África e a renovação de contratos que livrem da falência o sobrinho necessitado e o Ronaldinho da informática.

Só depois de retomar publicamente as atividades de camelô de empreiteira e despachante de larápios internacionais é que Lula admitirá a possibilidade de reconhecer que, pensando bem, é mesmo um tremendo caso de polícia a implorar por temporadas na cadeia.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Combinar com os russos


Diz a lenda que, pouco antes do jogo Brasil x URSS pela Copa do Mundo de 1958, na Suécia, Vicente Feola, o treinador brasileiro, reuniu seus jogadores no vestiário e traçou a estratégia que, com a bola de pé em pé pelo nosso ataque no meio da defesa russa, levaria ao primeiro gol do Brasil. Não tinha erro — a jogada era mortal. De repente, Garrincha perguntou a Feola: "Mas o senhor já combinou com os russos?".

Desde então, estabeleceu-se que, antes de qualquer decisão importante, não importa o assunto, é bom primeiro combinar com os russos. Mesmo assim, é raro o dia em que alguém por aqui não se dê mal justamente por isto – por não ter combinado com os russos.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu pelo afastamento do senador Renan Calheiros da presidência do Senado e, horas depois, teve o desprazer de ver sua medida derrubada pelo plenário do STF. Ele não combinou com os russos — digo, seus colegas. 


Na sequência, o presidente Michel Temer nomeou o tucano Antonio Imbassahy para a Secretaria de Governo, no lugar do solerte Geddel Vieira Lima, e teve de recuar os alfes ao ver sua decisão mal recebida pelo grupo político que o apoia. Não foi surpresa – Temer nunca se lembra de combinar com os russos.

A expressão é boa, mas a história de Garrincha não aconteceu e ele nunca disse a frase. Para meu livro "Estrela Solitária", sobre a vida do jogador, conversei com quatro pessoas presentes naquele vestiário em 1958: o preparador físico Paulo Amaral e os jogadores Bellini, Didi e Nilton Santos. Todos me disseram que Garrincha sequer foi chamado a ouvir a preleção — porque não adiantava, só fazia o que lhe dava na cabeça.

O que não quer dizer que, na vida real, não se deva combinar com os russos. A menos, claro, que você seja o Garrincha.


Por:  Ruy Castro - Folha de S. Paulo


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Os craques e os pernas de pau

O PT, atônito, joga para a arquibancada. Quer usar as reservas, propõe a criação de novas faixas para o Imposto de Renda

Em 1958, véspera do jogo Brasil e Rússia, o técnico chamou Garrincha e lhe disse: “Vamos ganhar com uma jogada sua. Pegue a bola e drible o seu marcador. Quando vier o outro zagueiro, você o dribla também. Depois, vá à linha de fundo e cruze para o Vavá fazer o gol”. Garrincha, que ouvira a “estratégia” calado, indagou: “Mas, professor, você já combinou isso com os russos?”

A história é oportuna quando ministros e políticos governistas estão repetindo, como papagaios, o mantra “crescimento econômico”. A ladainha começou quando o ex-presidente Lula vociferou: “Dilma, você precisa liberar o crédito, fazer a roda da economia girar e dar boas notícias”. O problema do “mais créditos” é que o endividamento das famílias brasileiras já é o maior dos últimos dez anos. Para quase 40% dos brasileiros, a meta principal em 2016 é pagar dívidas, antes da casa própria, de trocar o carro ou encontrar um grande amor.

Difícil, também, é rodar a economia e dar boas notícias. Em 2015, o PIB pode ter encolhido até 4%, o desequilíbrio fiscal ficou próximo de R$ 120 bilhões, e o país foi rebaixado por duas agências de risco. A inflação anual foi de 10,67%, o desemprego chegou a 9%, e o dólar beira os R$ 4. Compõem o cenário a grave crise política e a popularidade da presidente em frangalhos. Sem falar dos processos de impeachment, no Congresso, e das contas de sua campanha no Tribunal Superior Eleitoral.

O atual ministro da Fazenda é Nelson Barbosa, o mentor da malfadada “nova matriz econômica” que associada ao vale-tudo eleitoral — levou a economia brasileira a esse desastre. Para complicar, Barbosa está envolvido no caso das “pedaladas” e pode ser condenado no TCU.

Tão ou mais enrolada está a cúpula do Legislativo. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tenta livrar-se da cassação, enquanto o do Senado, Renan Calheiros, responde a vários processos no STF e teve o sigilo bancário quebrado no fim de 2015. O presidente do TCU, Aroldo Cedraz, é também investigado na Lava-Jato.

Qual a credibilidade que oferece um país em que ninguém sabe dizer exatamente quanto tempo o ministro da Fazenda, a presidente da República e os titulares da Câmara, do Senado e do TCU permanecerão nos seus cargos? Os fatos e as expectativas — que afetam o comportamento da economia — são totalmente desfavoráveis. Para completar, em 2016 teremos eleições municipais, o que torna ainda mais difícil a contenção de despesas e a aprovação pelo Congresso de medidas impopulares. Neste cenário de incertezas, só um louco irá investir no Brasil. E, se o fizer, o preço será alto.

O PT, atônito, joga para a arquibancada. Quer usar as reservas, propõe a criação de novas faixas para o Imposto de Renda, impostos sobre lucros e dividendos, a elevação da tributação sobre heranças e doações, a volta da CPMF e a criação de impostos sobre grandes fortunas, jatinhos, helicópteros etc. Não vai ganhar o jogo, mas o discurso agrada à torcida. Como dizia Antônio Ermírio de Moraes, “a arte do PT é pedir dinheiro aos ricos, pedir voto aos pobres e mentir para ambos”. Certa ou errada a frase, o partido volta a propor medidas que alardeia desde a fundação, mas que, curiosamente, jamais implementou nos 13 anos em que está no poder.

Para agradar aos empresários, o PT sugere ao governo reativar o Conselho de Desenvolvimento Econômico, vender” aos bancos de parte do que a União tem a receber, salvar as empresas corruptas envolvidas na Lava-Jato da inidoneidade (por meio de uma vergonhosa medida provisória), permitir a repatriação de recursos, legalizar os jogos de azar e obter empréstimos na China para lançar um “novo PACo”, ainda que deva bilhões da versão anterior.

Contrariando o PT e toda a sua base de apoio, Dilma promete manter o ajuste fiscal, o combate à inflação, os cortes nas despesas obrigatórias e a fixação de idade mínima para a Previdência. Mas será que a presidente irá bater de frente com PT, CUT, UNE e MST, a tropa chapa-branca já convocada para ir às ruas contra o impeachment? Só o tempo dirá, pois o que Dilma fala não se escreve.

A verdade é que, neste momento, falar em crescimento econômico é como a família de um enfermo, há um ano na UTI, cogitar a sua participação como atleta na próxima Olimpíada. Nem combinando com os russos.

No futebol, em 1958, o Brasil venceu a Rússia por 2 a 0. Garrincha deu um show, e Vavá fez os dois gols. A diferença é que naquela época tínhamos um time de craques. Hoje, na política e na administração pública, são muitos os “pernas de pau”. Ou seriam “caras de pau”? [o ilustre articulista esqueceu de mencionar que hoje também no futebol, com raras exceções que em sua maior parte se venderam ao exterior, só temos pernas de pau.]

Transcrito de: O Globo - Gil Castello Branco é economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Abertas
gil@contasabertas.org.br