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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Campanha de Bolsonaro vai para cima de Moraes por gesto [de degola] no TSE

Um vídeo do ministro que comandava a sessão do TSE nesta terça virou munição para os apoiadores do presidente

Um vídeo do ministro Alexandre de Moraes, que comandava a sessão do TSE nesta terça, virou munição e tem sido compartilhado freneticamente por bolsonaristas incluindo integrantes da campanha do presidente — nesta quarta.

Nas imagens, Moraes faz um gesto com a mão no pescoço que remete ao ato de degolar alguém. Como o gesto do ministro ocorreu no momento em que o tribunal julgava uma ação contra Bolsonaro por uso do Palácio da Alvorada na campanha, vetado pelo TSE, os bolsonaristas estão usando as imagens para mostrar uma suposta parcialidade de Moraes.  “A ‘isenção’ do presidente do TSE. Alexandre de Moraes faz gesto de degolar a ministra Maria Cláudia Bucchianeri que votou contra a proibição do PR Bolsonaro fazer lives em sua residência oficial (Alvorada). Veja o gesto, DEGOLAR (MATAR) a ministra. AM tudo faz em favor da candidatura de Lula e tudo contra a de Bolsonaro. DIVULGUEM AO MÁXIMO”, diz uma mensagem que está sendo transmitida no WhatsApp.

Em tempo, o gesto do ministro, segundo fontes do TSE, não teve relação com o julgamento. Foi uma brincadeira de Moraes com um assessor que estava no plenário e demorou para trazer uma informação que ele havia pedido.

Confira o gesto aos 40 segundos - duração total do vídeo = apenas 58 segundos

 Radar - Coluna na Revista VEJA

 

 

sábado, 11 de julho de 2020

Michelle Bolsonaro e filhas testam negativo para Covid-19

Anúncio feito por rede social: "agradeço as orações" 


A primeira-dama Michelle Bolsonaro Isac Nóbrega/PR 

Michelle Bolsonaro anunciou na manhã deste sábado, 11, que ela e suas duas filhas testaram negativo para a Covid-19. Assim como todos que estiveram ao lado de Jair Bolsonaro, a primeira-dama se submeteu ao teste para saber seu status. “Minhas filhas e eu testamos negativo para Covid-19. Agradeço as orações”, escreveu no Instagram. Após indisposição e febre, o presidente realizou o teste que confirmou ter contaminado o vírus. Segundo a secretaria de comunicação, o quadro de Bolsonaro “evolui bem, sem intercorrências”.

+ A história de superação de Agustin Fernandez, o confidente e melhor amigo de Michelle Bolsonaro

O presidente tem despachado do Palácio da Alvorada, de onde faz reuniões por videoconferências com ministros.



VEJA  - Blog Gente




quinta-feira, 5 de março de 2020

Não cresce - J. R.Guzzo


O Estado de S. Paulo

O crescimento da economia do Brasil em 2019 foi uma droga, mas não adianta querer provar que a ‘política econômica’ do governo está errada; é justamente o oposto

Vamos combinar, desde logo, uma coisa simples, para não perder tempo com conversa difícil e sem recheio: o crescimento da economia do Brasil em 2019 foi uma droga. Deu 1% (fica bobo dizer que foi 1,1%) e com um número desses não adianta discutir, nem dizer “veja bem”. É ruim. Para um país que precisa crescer como o Brasil, é muito ruim. É verdade que o PIB da Itália não cresceu nem esse miserável 1% em 2019, e o da Alemanha menos ainda. Mas o brasileiro não vive na Itália, nem na Alemanha, e nem no resto do mundo desenvolvido que não cresceu. Vive aqui mesmoe é aqui que a sua vida tem de melhorar, porque ela não pode ficar parada onde está. É o contrário do que acontece nos países ricos, onde ficar no mesmo lugar não é nenhuma vergonha. Ficar parado, no Brasil, só não é pior do que andar para trás.


Há muita pouca dúvida sobre o que o 1% de crescimento em 2019 ensina: é indispensável melhorar isso, mas não adianta nada sair correndo feito um louco por aí para querer provar, na base de conversa de mesa redonda em televisão, que a “política econômica” do governo está errada. Pior: que é preciso, para resolver a estagnação, fazer tudo ao contrário do que está sendo feito. É justamente o oposto. A única esperança está na possibilidade de continuar, acelerar e aprofundar ao máximo tudo aquilo que a política econômica está lutando para fazer. 

Bolsonaro vai com humorista para a porta do Palácio da Alvorada


O Brasil não cresce porque é um carro que está com o motor fundido há muitos anos. Ou entra na oficina, como entrou há um ano atrás, e começa a ser consertado direito, com tempo, as ferramentas certas e mecânicos que sabem o que estão fazendo, ou vai continuar essa lástima que é – onde milhões de pessoas trabalham, dão na chave de partida todo santo dia e o carro não pega. Como se diz em economês e em mercadês, esse 1% já estava “contratado”: com o Brasil na situação que havia em janeiro de 2019, o resultado em dezembro não poderia mesmo ser outro.

Falam, agora, em “frustração”. Frustração para quem? Só se for para os economistas que no fim de 2018 previam crescimento de “2% ou 2,5%” para o ano passado – uma bela mixaria, aliás – erraram e agora vem a público reclamar do “liberalismo”. O que o Brasil precisa não é de palpites. É das reformas profundas que resiste tanto em fazer. Enquanto elas não vierem e começarem a gerar efeitos, a economia continuará parada.

J. R. Guzzo - O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Bolsonaro recua e diz que chance de recriação do Ministério da Segurança é 'zero' - O Globo

Marcelo Ninio, especial para O GLOBO

Depois de afirmar que estudava mudança, presidente volta atrás e diz, ao desembarcar na Índia, que 'em time que está ganhando não se mexe'

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, ao chegar à Índia, que está descartada a possibilidade de recriar a pasta da Segurança Pública, que ele próprio havia levantado na quinta-feira. A medida implicaria no desmembramento do Ministério da Justiça, comandado por Sergio Moro, mas Bolsonaro afirmou que a chance “é zero”.
A divisão está descartada. Essa questão de alguns secretários estarem querendo a divisão, alguns podem estar bem intencionados, outros podem estar querendo enfraquecer o governo. Não existe qualquer atrito entre eu e o Moro, eu e o Guedes, ou qualquer outro ministro. A chance de dividir no momento é zero. Não sei amanhã, na política as coisas mudam — afirmou.

 


Presidente Jair Bolsonaro desembarca na Índia Foto: PRAKASH SINGH / AFP
Presidente Jair Bolsonaro desembarca na Índia Foto: PRAKASH SINGH / AFP


Para o presidente, que desembarcou em Nova Delhi nesta sexta por volta de 16h (7h30 de Brasília), “o governo está unido” e não há motivos para mudanças no momento.
— O Brasil está indo muito bem, na segurança pública os números demonstram que estamos no caminho certo. A minha máxima é: time que está ganhando não se mexe — disse o presidente, afirmando que não precisou conversar com Moro para esclarecer a questão: — O governo está unido, sem problema. não preciso falar com o Moro, nos entendemos muito bem. Estou até preocupado com a maneira cordial e amistosa com que nos entendemos. Ele tem o seu perfil, os outros ministros têm os seus próprios.

A possibilidade de que o ministério da Segurança Pública seja recriado por Bolsonaro, conforme ele mesmo afirmou na quinta-feira que pode ocorrer, instalou novo conflito na relação dele com o ministro Moro. Aliados do ex-juiz sabem que, se a medida de separar as áreas da pasta for adiante, ele pode deixar a Esplanada dos Ministérios.  É comum receber demanda de toda a sociedade. E ontem eles (secretários) pediram para mim a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança. Isso é estudado. Estudado com o Moro. Lógico que o Moro deve ser contra, mas é estudado com os demais ministros. O Rodrigo Maia é favorável à criação da Segurança. Acredito que a Comissão de Segurança Pública (da Câmara), como trabalhou ano passado, também seja favorável. Temos que ver como se comporta esse setor da sociedade para melhor decidir — disse o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada na quinta-feira.

O desfecho para a divergência mais recente deve ocorrer só depois da próxima terça-feira, quando Bolsonaro desembarca em Brasília após uma viagem oficial de seis dias à Índia. Ao longo do último ano, no entanto, outras derrotas sofridas por Moro já o deixaram irritado e, até agora, não o levaram a abandonar o cargo. [agora  cabe perguntar: 
- como fica a situação da turma do 'quanto pior, melhor' que, mais uma vez, é driblada pelo presidente Bolsonaro? 
- e a credibilidade do corregedor-geral dos 3 Poderes, o autonomeado Rodrigo Maia, que criticou Bolsonaro e reforçou a 'barriga' que o presidente passou par a imprensa?]

O Globo - Marcelo Ninio, especial



terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Presidente Jair Bolsonaro tem alta em Brasília - VEJA

Por Agência Brasil

Presidente passou a noite em observação após sofrer uma queda na noite de segunda no Palácio da Alvorada

O presidente Jair Bolsonaro deixou na manhã desta terça-feira, 24, o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, onde passou a noite em observação após sofrer uma queda na noite de ontem no Palácio da Alvorada.


De acordo com nota emitida pelo Palácio do Planalto, o presidente foi atendido pela equipe médica da Presidência da República e levado ao Hospital das Forças Armadas. Foi submetido ao exame de tomografia computadorizada do crânio, que não detectou alterações, e passou a noite bem.

VEJA - Agência Brasil



quarta-feira, 21 de agosto de 2019

#SanatórioGeral: Candidato à canonização - Augusto Nunes - Veja

Blog do Augusto Nunes - Veja 

Lula informa que está na gaiola há 500 dias por defender o Estado Democrático de Direito



“Está à mostra que a operação Lava Jato usou abusivamente a Polícia Federal, o Ministério Público, a Receita Federal, e também que é necessário que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal afirmem definitivamente a lei de abuso de autoridade, assegurem que o sigilo que protege os dados do cidadão só seja afastado mediante autorização judicial, garantam a presunção da inocência, o vigor do contraditório da ampla defesa e que a apuração das fake news vá até o fim para desvendar todas as fraudes, tal como exige o Estado Democrático de Direito”. 

(Lula, em carta encomendada a algum devoto capaz de juntar sujeito e predicado, comunicando que os oito processos que lhe pesam no lombo foram inventados por inimigos do Estado Democrático de Direito)


Dilma Rousseff e o mistério da mala

Era bem pior, mas meio mundo ainda finge que não sabia

Blog do Augusto Nunes - Augusto Nunes, jornalista - Veja

sábado, 13 de julho de 2019

Bolsonaro extrai um dente, cancela agenda e terá de falar pouco por 3 dias

Presidente não irá mais a compromisso em Florianópolis (SC) na segunda-feira 15

[O  quanto as pessoas são maldosas; tem algumas sugerindo que ele extraia uns 3 ou 4 dentes.

Não entendo a razão de tanta maldade]

O presidente Jair Bolsonaro extraiu um dente na tarde desta sexta-feira, 12. O procedimento foi feito no departamento médico do Palácio do Planalto. Em seguida, ele foi para o Palácio da Alvorada, onde cumprimentou e tirou fotos com simpatizantes. “Após extrair um dente voltei mais cedo para o Alvorada. Bom final de semana a todos”, escreveu no Facebook.

A recomendação é que o presidente passe os próximos três dias sem falar muito. Ele cancelou a agenda que teria em Florianópolis (SC) para a entrega de ônibus escolares, que ocorreria na próxima segunda, 15, no Hangar da Base Aérea da cidade.

Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, vai substituí-lo no evento. Os assessores negam que o cancelamento tenha ocorrido por causa da extração do dente. Mais cedo, após cumprir compromissos oficiais, Bolsonaro almoçou no restaurante do Planalto com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Ele também tirou fotos com servidores que estavam no local.

Veja - Estadão 

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Permanência de Marcola em presídio de Brasília vira queda de braço política

Virou uma queda de braço a polêmica sobre a permanência de Marcos Camacho, o Marcola, no presídio federal de Brasília. Em reunião com a bancada de deputados e senadores do DF, na última sexta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi categórico: não vai voltar atrás. Acha que os temores de aumento da violência na capital do país são infundados. Recuar agora significaria um enquadramento às críticas do governador Ibaneis Rocha (MDB), que reclamou da transferência do criminoso apontado como líder do PCC, com condenações que somam mais de 300 anos. 

O problema não é dentro do presídio, onde há condições de mantê-lo em situação de isolamento, mas nos arredores da Papuda. Policiais civis experientes avaliam que, com a chegada de Marcola a Brasília, toda uma estrutura do crime organizado se instalará na capital do país. Advogados, familiares, comparsas e bandidos que se mantêm na facção criminosa atuam onde o líder cumpre pena. Com certeza, o trabalho da equipe de segurança pública do DF vai aumentar. E muito. [comentando: ótimo que o trabalho aumente - quando a Polícia trabalha o número de prisões aumenta;
a PM e PC não devem aceitar que o Ibaneis,  que por falta de competência está aumentando a INsegurança Pública no DF, use as deficiências daquelas corporações (com destaque para a falta de efetivo) para justificar sua incompetência.
A Saúde também piora a cada dia.
O trânsito idem.
A Educação que deu um alento com o inicio da 'militarização das escolas', agora voltou a zero, já que a militarização encalhou.]
 
Bem do lado do presidente
Parece provocação. Em meio ao debate sobre a instalação do líder do PCC Marcos Camacho, o Marcola, no presídio federal de Brasília, criminosos explodiram caixas eletrônicos no Hotel Golden Tulip, ao lado do Palácio da Alvorada. Policiais civis suspeitam de participação de integrantes de facções criminosas. Sinal de que não falta ousadia a bandidos. [coisa antiga e sabida: faltou polícia a bandidagem aumenta - o efetivo policial do DF, civil e militar, é inferior ao dos anos 90.]

CB.Poder - Correio Braziliense


 

domingo, 24 de fevereiro de 2019

O espectro do populismo

São cada vez mais evidentes os sinais de que Bolsonaro, como governante, toma suas decisões estimulado pela perspectiva do aplauso fácil e imediato 

O “bolsonarismo” é, por enquanto, apenas uma caricatura mal-ajambrada de movimento populista, desses que de tempos em tempos assombram o Brasil, mas isso não significa que o País possa tranquilizar-se. Ao contrário: a esclerose precoce do governo de Jair Bolsonaro parece ter despertado no presidente o demagogo que ele sempre foi e que se encontrava apenas anestesiado em razão de conveniências políticas. Caso isso se confirme, a recuperação do País, repleta de obstáculos, será seriamente prejudicada, com consequências graves para a solvência do Estado e para a retomada do desenvolvimento. Nem é preciso enfatizar o perigo que um cenário desses representa para a estabilidade do País e mesmo para a ordem social. 

São cada vez mais evidentes os sinais de que Bolsonaro, como governante, toma suas decisões não por razões de Estado ou como parte de alguma estratégia política de longo prazo, e sim estimulado pela perspectiva do aplauso fácil e imediato, este que brota de suas fanáticas hostes nas redes sociais – meio de comunicação caótico e irresponsável que Bolsonaro escolheu para se dirigir à sociedade, a título de estabelecer uma “relação direta entre o eleitor e seus representantes”, como disse em seu discurso ao ser diplomado como presidente. Desse modo, Bolsonaro equipara os atos de governo a tuítes tolos e a “memes” engraçadinhos. Nem é preciso mencionar os riscos institucionais que essa prática acarreta – basta lembrar a recente confusão criada pelo presidente e por um de seus filhos no Twitter a respeito de um dos ministros de Bolsonaro, demitido como consequência do imbróglio.

[questão de se acostumar com o poder e usar em beneficio do Brasil e da neutralização dos inimigos da Pátria Amada, Brasil.

Apesar de alguns espasmos, o capitão tem a situação sob controle.

Com o vício de rotular tudo, os que apoiam o Brasil e, por extensão, o nosso presidente Bolsonaro, são chamados de fanáticos, integrantes de hostes fanáticas.

O uso do Twitter não chega a ser condenável - desde que usado com parcimônia, é uma insubstituível forma de comunicação direta entre o presidente do Brasil e seus eleitores (óbvio que o D.O.U não pode ser aposentando);

mais urgente, necessário, é conter seus filhos - e determinar que os filhos - enquanto filhos - procuram o pai em casa,  nas dependências familiares e privativas do Palácio da Alvorada e, na condição de parlamentares seguindo o protocolo utilizado pelos demais deputados e senadores.]


Para os propósitos de Bolsonaro, no entanto, as redes sociais são o meio ideal para confundir a opinião pública, criando uma realidade paralela na qual a gritante falta de traquejo do presidente para o exercício de tão importante cargo seja convertida em qualidade de “homem simples”. Nesse mundo bolsonarista, a falta de um programa claro de governo, em que haja firme compromisso com o progresso consistente e sadio do País, é compensada pela espetacularização das decisões do presidente e de seus ministros. Foi com esse espírito demagógico, por exemplo, que Bolsonaro anunciou recentemente nas redes sociais uma devassa no Ministério da Educação. 

“Daremos início à Lava Jato da Educação!”, exclamou o presidente no Twitter, para compreensível delírio dos bolsonaristas mais animados, que acham que todos os problemas do País se resumem à corrupção. A ninguém, contudo, é dado o direito de surpreender-se. Em 1999, este jornal publicou uma entrevista com Bolsonaro na qual o então deputado federal declarou sua admiração por Hugo Chávez, então recém-eleito presidente da Venezuela, dizendo que “gostaria muito que sua filosofia chegasse ao Brasil”. Chávez conquistara o poder denunciando a hegemonia das oligarquias políticas, a degradação dos partidos, a corrupção desenfreada e a falência das instituições – e sobre essas bases ideológicas construiu uma ditadura populista tão sólida que sobreviveu a ele.

Não se pretende, com esse paralelo, sugerir que Bolsonaro possa reencarnar Chávez, [para começar apontamos um dos pontos de maior importância que separam o nosso presidente do fundador do bolivarianismo deturpado = Bolsonaro jamais compactuará com a maldita esquerda e os 'ismos' mais próximos daquela maldita opção.] mas é importante observar que o presidente brasileiro se elegeu com um discurso semelhante ao do falecido caudilho venezuelano e apresenta a mesma preocupante falta de compromisso com as liberdades democráticas. Seu histórico de defesa da ditadura militar e de supressão de direitos em nome de uma certa “ordem” fala por si, mas é preciso acrescentar ainda o fato de que Bolsonaro pretende resumir seu governo a uma luta do “bem” contra o “mal” – situação que inviabiliza a democracia. Foi assim que, recentemente – pelo Twitter, é claro –, Bolsonaro avisou que haverá “dificuldade” para “tentar consertar tudo isso”, pois “o sistema não desistirá”. Esse “sistema”, presume-se, engloba todos aqueles que discordam de Bolsonaro.

Assim, contando ainda com formidável concentração de poder político, econômico e cultural, resultado de uma vitória eleitoral acachapante e da ausência de uma oposição digna do nome, Bolsonaro e seu entorno parecem ter decidido acelerar sua marcha populista – receita certa para o desastre. [o indicador mais seguro que o governo do presidente Bolsonaro está no rumo certo é a inexistência de oposição (a esquálida que se propõe a ser oposição, tem como principal bandeira libertar um presidiário).

Quando um governo é ruim, está sem rumo, despreparado,  o mais fácil é ser oposição e é na existência de tal tipo de governo que a oposição cresce e, decididamente, este não é o caso do Brasil.

Quando o governo está certo não há oposição = não há ao que se opor.]

Editorial - O Estado de S. Paulo


 

 

sábado, 19 de janeiro de 2019

República da farda e toga

República Corporativa do Brasil impõe desafio ao governo Bolsonaro

“Você aceitaria a retirada de algum direito?”, pergunta candidamente o novo comandante do Exército, general Edson Pujol. O questionamento do general resume o poderoso lobby desencadeado por servidores públicos civis e militares contra a inclusão das corporações na reforma da Previdência. Acabar com os privilégios nas aposentadorias desses servidores, como Jair Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes prometeram durante a campanha, é o maior desafio do novo governo para aprovar a reforma, o carro-chefe da equipe econômica. Nas últimas décadas, a disparidade entre o valor das aposentadorias no setor privado regidas pelo INSS e as da república fardada e togada, é um escândalo federal, principal responsável pelo rombo total de R$ 218 bilhões previsto para este ano no Orçamento
[vamos explicar mais uma vez o que todos já sabem:
- aposentado do setor privado, pelo INSS, sua contribuição máxima é sobre o teto = atualmente quase R$ 6.000,00 - mesmo que o cidadão ganhe R$ 20.000,00 contribui apenas sobre quase R$ 6.000,00 = justo que receba de aposentadoria o valor máximo sobre o qual contribuiu; 

- o aposentado do setor público, contribui sobre tudo que ganha, ganhando R$ 2000, contribui sobre os dois mil reais; ganhando R$ 30.000, contributo sobre os trinta mil = é justo que ele receba aposentadoria de valor igual ao da sua contribuição.
 
Se o governo Bolsonaro pegar firme no combate as fraudes:
- tanto as que geram pagamentos indevido de beneficios, tais como: auxílio doença, auxilio invalidez, pensão e outros; e,
- sobre a sonegação = o patrão desconta o INSS do empregado mas não repassa ao INSS.
Reduzirá substancioalmente o déficit da Previdência.
Temer fez uma operação ponto fino, com duração de pouco mais de um ano, e flagrou mais de 61% de beneficios pagos indevidamente;
mas, o Janot atrapalhou, e a operação foi interrompida e não chegou a combater a sonegação.]
 
Só para cobrir o déficit bilionário dos militares, o governo gastará, em 2019, R$ 113,6 mil para pagar cada um dos 381 mil inativos e pensionistas. Enquanto isso os 27,7 milhões de brasileiros aposentados pelo INSS custarão apenas R$ 7,9 mil por pessoa, 14 vezes menos do que um militar.Apesar disso, na proposta de reforma já enviada ao Congresso por Michel Temer, que o novo governo agora quer reapresentar, os cortes de benefícios estão concentrados apenas nos aposentados pelo INSS, obrigados a trabalhar por mais tempo para ganhar menos. A aposentadoria dos militares, que vão para a reserva com salário integral, ficou de fora do projeto original e, se depender deles, assim deve continuar, como deixaram claro todos os ministros requisitados nas Forças Armadas, um terço do total.
Capitão reformado do Exército aos 33 anos, Bolsonaro tornou-se o principal líder sindical dos militares no Parlamento nas últimas três décadas. De que lado ficará agora: dos seus colegas de farda ou da equipe de Paulo Guedes, cujo principal objetivo é o equilíbrio fiscal? Vimos recentemente também o poder dos marajás do Judiciário, que arrancaram um aumento de 16% no momento em que a nova ordem prega o corte de despesas. Além das aposentadorias integrais, as corporações incorporam nos salários todos os penduricalhos previstos em seus regimentos internos, o que torna comuns vencimentos entre R$ 50 mil e R$ 100 mil num país em que o salário mínimo mal chega a R$ 1.000.
Ainda nesta semana, tivemos um bom exemplo disso: Bolsonaro embolsou da Câmara um auxílio-mudança de R$ 33,7 mil para mudar do seu apartamento funcional, em Brasília, para o Palácio da Alvorada, em Brasília. Com o Carnaval chegando, a República Corporativa do Brasil pede passagem.
 
Ricardo Kotscho - Folha de S. Paulo
 
 

domingo, 25 de novembro de 2018

Vazio desde Dilma, Palácio da Alvorada deve abrigar família de Bolsonaro

Vazio desde a saída de Dilma Rousseff, o palácio de 7,3 mil metros quadrados projetado para ser residência oficial do Executivo deve abrigar a família de Jair Bolsonaro em Brasília 

Um novo governo, ao mesmo tempo em que mexe na dinâmica do poder, também altera as estruturas da cidade. E não só na Esplanada dos Ministérios e nos prédios oficiais, que serão remanejados e, alguns, possivelmente esvaziados. Em 2019, Brasília se tornará casa da família do presidente eleito Jair Bolsonaro e dos ministros e superministros nomeados pelo futuro chefe do Executivo.

No caso de Bolsonaro, o destino não será nem Granja do Torto nem Ceilândia, como brincou esta semana o deputado federal ao apontar a região administrativa como um possível lar. A mudança para o Palácio da Alvorada com a família é praticamente certa, apesar de, na semana passada, a futura primeira-dama, Michelle, ter manifestado interesse em uma casa “menor possível”, para ser “mais confortável” para a caçula, Laura, de oito anos. A outra filha da primeira-dama, Larissa, de 16 anos, também virá para a capital.

Às margens do Lago Paranoá, a residência oficial da Presidência da República escolhida tem 7,3 mil metros quadrados de área construída. São três andares, com oito quartos, sendo quatro suítes. O espaço tem também capela e heliporto, além de cinema, sala de jogos, sala da música, piscina e até um centro médico. A outra opção, na Granja do Torto, tem mil metros quadrados, fora o resto do espaço com piscina, churrasqueira, córrego, sauna e mata nativa. Será usada aos fins de semana ou em eventos específicos. Apesar de menor, como Michelle disse que gostaria, a segunda fica mais afastada do Palácio do Planalto (14,6 km), onde trabalha o presidente, e dos pontos centrais da cidade, o que pesou na decisão pelo Alvorada. O casal pode mudar de ideia até janeiro ou mesmo depois, como Michel Temer, que se mudou para o Alvorada, mas depois preferiu voltar à residência oficial de vice-presidente, o Palácio do Jaburu — reservado, a partir do ano que vem, para o general Hamilton Mourão.
 
Colégio
O casal também ainda não decidiu oficialmente onde Laura e Larissa vão estudar. No Rio de Janeiro, Laura frequenta uma escola particular na Barra da Tijuca, bairro nobre da cidade, onde a família mora. Em Brasília, o mais provável, segundo pessoas próximas, é que seja matriculada no mesmo colégio do filho de Michel Temer, Michelzinho, a Escola das Nações, no Lago Sul. Uma das mais caras da capital, com mensalidades que podem chegar a mais de R$ 4 mil, é conhecida por receber filhos de políticos, magistrados, diplomatas e outras autoridades, que são alfabetizados em português e em inglês.


O outro filho de Bolsonaro, Jair Renan Bolsonaro, de 20 anos, não deve se mudar com a família para a capital. De acordo com algumas fontes, vai continuar morando em Resende (RJ) com a mãe, Ana Cristina, e o marido dela, para terminar o curso de direito na faculdade Estácio de Sá, no Rio. 

Igreja
Outro local pendente de decisão é a igreja que será frequentada por Michelle, evangélica praticante. No Rio, ela frequenta a Igreja Batista, mas, em Brasília, pessoas ligadas ao presidente eleito afirmam que o mais provável é que ela procure a Sara Nossa Terra, do bispo Robson Rodovalho, muito presente na campanha presidencial e amigo de boa parte dos políticos ligados a Bolsonaro — o pastor celebrou o casamento de Onyx Lorenzoni, na última quinta-feira. “Michelle é muito ligada à igreja. Ele é católico, mas passou a frequentar por conta dela, que é bem religiosa. É muito provável que escolha a igreja Sara Nossa Terra”, acredita uma pessoa próxima.


Os superministros do governo, Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia), também estudam se mudar para Brasília. Ainda não bateram o martelo, mas a opção é mais viável do que ficar na ponte aérea. Uma fonte ligada ao governo de transição afirma que Moro já diz estar decidido a morar na capital a partir de janeiro, até pela importância de estar no centro do poder. Deve trazer a família.

Guedes, por outro lado, não garantiu a mudança. “Pode ser que ele opte por ficar em Brasília nos primeiros meses, mas depois vai voltar a viver na ponte aérea. Como o mercado financeiro está muito concentrado no Rio e em São Paulo, isso é possível. Terá uma base aqui, mas já não costuma ficar na  cidade nos fins de semana. Em geral, vem na terça e vai embora na quinta”, explica a mesma fonte. Atualmente, Guedes mora no Rio. Uma pessoa da equipe de transição garante que ele teria dito que decidiu se mudar para Brasília, mas o economista ainda não confirmou a mudança. “Não sei se ele vem com a família”, diz.


Correio Braziliense

 

sábado, 24 de novembro de 2018

O contraste entre os dois mundos de Michelle

Enquanto a realidade do poder aguarda a futura primeira-dama, seus familiares mantêm uma vida humilde num casebre a 500 metros de uma boca de fumo situada na precária Ceilândia, cidade a 26 quilômetros do centro da capital federal onde ela nasceu 

Na quarta-feira 21, a futura primeira-dama do Brasil, Michelle, mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro, conheceu o suntuoso palácio em que poderá se instalar a partir do dia 1º de janeiro. Durante pouco mais de uma hora, foi conduzida pela atual primeira-dama, Marcela Temer, pelas salas e corredores dos sete mil metros quadrados do Palácio da Alvorada, construção de três andares em mármore e concreto concebida por Oscar Niemeyer no final da década de 1950. A 26 quilômetros dali, seu pai, Vicente de Paulo, seguia sua rotina de motorista de ônibus aposentado, ao lado da atual mulher e madrasta de Michele, Maísa Torres, na casa em que moram numa quadra da Ceilândia Norte, periferia do Distrito Federal.

Ali, Vicente e Maísa tocam seu pequeno negócio, uma serigrafia que imprime camisetas para a Igreja Adventista da qual fazem parte, e que Michele também frequentava quando vivia em Brasília. A situação de vulnerabilidade é incontestável, principalmente em se tratando da família da mulher do futuro presidente do Brasil. Há uma boca de fumo instalada a 500 metros da porta, no final da rua. O casal admite preocupação. “Falta polícia para tirar esses criminosos daqui. A gente já pediu, mas não foi atendido”, revela a madrasta de Michelle Bolsonaro, a quem ela chama de “segunda mãe”.

Era ali, em outra casa próxima na mesma região de Ceilândia, que Michelle vivia antes de conhecer, se casar com Jair Bolsonaro e se mudar para o Rio de Janeiro, onde os dois vivem atualmente. Em tudo, o ambiente, a região, os hábitos, a realidade é diametralmente oposta da que Michelle encontrará quando retornar definitivamente a Brasília para viver. Seja no Alvorada ou mesmo na Granja do Torto, caso opte por se acomodar lá. O cômodo reservado para ela no Alvorada foi decorado com sofás do renomado designer italiano Tobia Scarpa e tapetes persas. Já a casa de Vicente, seu pai, e Maísa, a madrasta, exibe no beco em frente um lixo acumulado, o que confere ao lugar um aspecto de abandono. O acesso ao local é feito por um asfalto maltratado pelas chuvas. Recentemente, nos arredores, houve uma tentativa de estupro. Por isso, eles não descuidam da segurança, com grades que ocupam do chão até o teto.

Foi nessa condição precária que a próxima primeira-dama do País viveu sua infância e adolescência. Na residência de portões pretos, Michelle costumava se reunir com os irmãos e passar oras a fio, brincando, conversando e falando dos seus sonhos. Antes das eleições, a futura primeira-dama e o marido deputado federal eram visitas constantes. Momentos em que os gostos do casal se dividiam. Michelle apreciava o frango ao molho que Maísa prepara. Bolsonaro preferia o frito. Agora, eles mesmos aconselham ao casal que mantenham uma certa distância. Apesar de estarem claramente expostos, não desejam sair dali. Querem seguir tendo a necessária privacidade para manter o que consideram uma virtude cristã: a simplicidade.

Foi através das grades pretas que a “segunda mãe” de Michelle conversou com a reportagem de ISTOÉ, na quarta-feira 21, na mesma tarde em que a primeira-dama conhecia o palácio em que poderá morar. Naquele momento, ela trabalhava na serigrafia que funciona nos fundos da casa. O principal cliente é a Igreja Adventista próxima, onde juntos Michelle e família professavam sua fé. Maísa é tão próxima da futura primeira-dama que ela foi a primeira pessoa a quem Michelle recorreu após o atentado à faca sofrido por Bolsonaro. Era por meio dela que o restante dos familiares recebia informações sobre o estado de saúde do então candidato a presidente. No início um pouco arredia, Maísa disse num primeiro momento que não gostaria de dar entrevista para evitar “exposição”. Aos poucos, foi se soltando. Segundo ela, apesar de a vizinhança saber da relação com o futuro presidente do País, eles tentam manter a discrição para não atrair os forasteiros. E, claro, por uma questão de segurança. “Somos guardados pelos nossos vizinhos. Aqui, se alguém vem procurar pela família da Michelle, ninguém informa onde fica”, afirmou Maísa.

Simplesmente Jair
Casada há 33 anos com o ex-motorista de ônibus e pai de Michelle, ela reside na mesma casa há 31 anos. Depois que o filho mais novo, Diego, de 30 anos, casou, seu Paulo, como é chamado carinhosamente pelos amigos de quadra, dividiu o lote. Assim, parte do imóvel foi inicialmente ocupada pela família do filho. Hoje, esse compartimento está alugado para um casal. Os R$ 600 que Paulo e Maísa recebem dos inquilinos somam-se ao dinheiro angariado das encomendas da serigrafia e se constituem em uma das três rendas do casal Torres, que também conta com a aposentadoria de Paulo.



Sempre que podia, o casal hoje palaciano percorria os 26km que separam a Câmara dos Deputados de Ceilândia para almoçar com o pai e a madrasta da primeira-dama. Segundo Maísa, Bolsonaro parecia de casa. Bolsonaro conheceu Michelle na Câmara. Ela era secretária da liderança do PP, partido ao qual o hoje presidente eleito era filiado à época. A primeira e única exigência feita pelo ex-capitão foi a de que, após atravessar as grades pretas do portão da casa, não queria ser tratado como deputado e nem candidato a presidente. Simplesmente Jair.

Mesmo com as visitas constantes à família da mulher, Bolsonaro ainda via um distanciamento entre ele e sogro, que o enxergava com desconfiança, mesmo após assumir o compromisso matrimonial com a filha. Coisa de pai-coruja. Seu Vicente de Paulo ainda conserva o aspecto sisudo e fechado de outrora. Mas, recentemente, abriu a guarda de vez para o genro, com quem mantém uma sincera amizade – a ponto de ser chamado pelo apelido de Paulo Negão, que é como Bolsonaro costuma tratá-lo. Maísa destaca que o casal presidencial é harmônico. Segundo ela, a filha chega a ser até mais brincalhona. “Agora ela está mais reservada. Um dia vocês a verão como é de verdade”, revela.

O casal possui dois filhos: Diego e Eduardo Torres. Além de ser fotógrafo de casamento e cinegrafista, Dudu, como é conhecido, ganha a vida como motorista do aplicativo Uber. Mas também parece ter adquirido a vocação de Bolsonaro. Nas últimas eleições foi candidato a deputado distrital pelo PRP. Não foi eleito, mas teve 2,5 mil votos. Ao explicar o motivo da derrota, foi categórico: “Deveria ter apostado nas redes sociais. Não pude fazer campanha porque estava trabalhando”.

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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Temer busca ponte com Toffoli, que assumirá STF

Depois do desgaste no relacionamento com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o presidente Michel Temer começou a se aproximar do ministro Dias Toffoli, que assumirá a Corte em setembro de 2018. As conversas entre os dois provocaram desconfianças e estocadas do outro lado da Praça dos Três Poderes.

Sob o argumento de estar preocupado com a harmonia entre o Executivo e o Judiciário, Temer perguntou a interlocutores, nos últimos dias, se achavam que ele também deveria procurar outros ministros do Supremo e foi incentivado a seguir esse caminho. Advogado constitucionalista, o presidente mantém amizade no tribunal com Gilmar Mendes – que chegou a redigir o esboço de uma proposta para instituir o semipresidencialismo no Brasil – e com Alexandre de Moraes, ex-titular da Justiça.  O mais recente diálogo com Toffoli ocorreu em 19 de novembro, no Palácio da Alvorada. Temer já havia manifestado há tempos a intenção de chamá-lo para um café, mas preferiu esperar a “poeira baixar” depois que a Corte julgou processos delicados, como o pedido para afastar o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no caso JBS.

A reunião foi vista no Supremo como uma tentativa de Temer de estreitar laços com o futuro presidente do tribunal, mas incomodou alguns magistrados, para quem o diálogo institucional deveria ser feito com Cármen. No Alvorada, o peemedebista chegou a discorrer sobre a recuperação dos indicadores econômicos e perspectivas para 2018.
“Sempre tive uma boa relação com ele”, afirmou Toffoli. “Foi um bate-papo muito cordial. Perguntei, por exemplo, como foi o encontro dele com Trump”, completou o ministro, referindo-se ao jantar ocorrido em Nova York, em setembro, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Na prática, Temer começou a se afastar de Cármen em maio, depois que vieram à tona as delações do empresário Joesley Batista e de outros executivos da J&F, no âmbito da Lava Jato. A portas fechadas, auxiliares do presidente dizem que, naquele momento, ficou evidente o desejo dela de ser uma espécie de “salvadora da Pátria”. 

‘Solução’. Na avaliação do Palácio do Planalto, Cármen atuou com o objetivo de aparecer como “solução de consenso” para a crise política. [a ministra não consegue nem  'tocar' o Supremo, teve a ousadia de acalentar sonhos de presidir o Brasil.]  Aliados de Temer não têm dúvidas de que a magistrada fez articulações para ser indicada, em caso de eleição indireta no Congresso, como o nome que assumiria o comando do País até 2018, se ele não resistisse às denúncias de corrupção. Desde essa época, a relação entre os dois ficou estremecida e hoje é distante e protocolar.

Quando os depoimentos da JBS foram revelados, Cármen afirmou que o Brasil sobreviveria às delações e rebateu rumores de que poderia ser candidata à cadeira de Temer. Em conversas reservadas, assegurou que essas especulações não faziam o mínimo sentido.  “Estou no lugar que eu tenho a obrigação constitucional de estar e estarei com muito gosto”, disse ela, na ocasião. 

Não é de hoje, porém, que o Planalto carimba atitudes de Cármen como estratégia de marketing. Exemplos citados na sede do governo são justamente as visitas que ela fez a presídios, após várias rebeliões. O diagnóstico foi de que houve ali muitos holofotes para pouco resultado concreto, uma percepção também compartilhada por integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), presidido pela magistrada.

No ano passado, em reunião dos chefes dos três Poderes para discutir o espinhoso tema da segurança, o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, hoje no Supremo, fez um comentário que irritou Cármen. “No Brasil, a gente prende muito e prende mal”, constatou Moraes. A presidente do STF discordou de forma enfática e muitos dos presentes tiveram a impressão de que ela queria todas as atenções.  Na lista de críticas que saem do Planalto em direção à Corte, pelo menos uma se refere ao voto de desempate que Cármen deu no julgamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), considerado muito confuso.  Alvo da Lava Jato, Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões para Joesley. Na sessão que conferiu ao Congresso o poder de reverter medidas cautelares impostas a deputados e senadores, a ministra foi a responsável pelo voto decisivo, abrindo caminho para o Senado devolver o mandato de Aécio.

Gestão. A nove meses do fim da gestão de Cármen à frente do STF, cresce no governo a expectativa sobre a administração de Toffoli. O magistrado possui um dos gabinetes mais ágeis da Corte, com um acervo de 2,2 mil processos. O de Marco Aurélio Mello, por exemplo, reúne 7,3 mil casos.  Toffoli acumula experiência nos três Poderes, o que pode, na visão do Planalto, ajudar a diminuir atritos em um ano eleitoral. Antes de vestir a toga, ele foi advogado do PT e do ex-ministro José Dirceu, além de assessor da liderança do partido na Câmara, quando Temer era presidente da Casa. No governo Lula, atuou como subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e advogado-geral da União. Há tempos, porém, se distanciou do PT e faz dobradinhas com Gilmar Mendes.

O Supremo aguarda, agora, a devolução do pedido de vista de Toffoli sobre a limitação do foro privilegiado. Logo após o encontro com Temer, no Alvorada, o ministro solicitou mais tempo para analisar o assunto, que tem grande impacto sobre o mundo político.  Se o foro for reduzido, parte expressiva de processos contra parlamentares, em tramitação no STF, migrará para a primeira instância, que costuma ser mais célere. Há maioria na Corte para limitar essa prerrogativa apenas a crimes relacionados aos mandatos, e cometidos no exercício do cargo, mas o debate foi interrompido por Toffoli, que só deve liberar a ação por volta de março. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.





sexta-feira, 10 de junho de 2016

O mimimi de Dilma



O dedo acusador de Dilma volta-se contra tudo e todos.


Quem já passou pela experiência de encolher seu padrão de vida, apertar o cinto, mudar-se para imóvel menor, em bairro pior, vender o carro novo para comprar um usado, entenderá bem o que vou escrever. Nos últimos dias tenho conversado com muita gente vivendo concretamente essas experiências. 

Muitos deles eram jovens com bons postos de trabalho, colhidos pela tesoura determinada pela recessão. Profissionais bem sucedidos em diversas áreas, assumiram a direção de seus carros e se tornaram motoristas do Uber, por exemplo. Tenho ouvido suas histórias e seu esforço de adaptação a uma nova realidade. Tenho lhes conferido, principalmente pelas histórias de vida, a desejada nota cinco que os credencia a continuar no serviço. É nota dada ao cidadão, ao chefe de família, ao estudante bolsista no exterior, que precisou retornar porque o programa secou. Era um programa para crescer até a eleição e minguar depois, sabe como é. 

O mandato presidencial de Dilma tinha que ser "legitimamente conquistado".  Pois eis que a tesoura, uma outra tesoura, acabou atingindo a própria presidente. Ela foi afastada segundo o rito constitucional e aguarda o julgamento do Senado. Enquanto isso, salário integral, curte as comodidades do Palácio da Alvorada, com um séquito de fazer inveja à qualquer família real europeia. No entanto, para a Dilma, ela está nas masmorras de uma espécie de Coliseu, onde aguarda algumas semanas pela decisão final. Naquele dia precisará que mais de 27 entre os 81 senadores ergam o polegar e a restituam à vida antiga, que tão mal levava o Brasil e tanto bem lhe fazia viver.

Tivesse fé, Dilma deveria subir de joelhos as escadarias da Penha. Deveria lavar o átrio da Igreja de Nosso Senhor do Bom Fim. Foi-lhe dado o privilégio de presidir a república e ela fez mau uso dessa ventura conduzindo o país a uma situação que se torna desnecessária descrever porque seria falar sobre a vida de cada um. No entanto, em vez de agradecer e penitenciar-se, Dilma reclama. Reclama de tudo, como se estivesse nas masmorras do Coliseu Romano.

Reclama de não ter jato da FAB à disposição para viajar quando e para onde bem entenda. Reclama da reduzida equipe. Reclama do cartão de alimentação. E no entanto, de uma ponta a outra, a lista de suas efetivas disponibilidades é feita de privilégios! São regalias negadas aos trabalhadores. E ainda mais recusadas aos milhões de brasileiros desempregados por sua incompetente condução da política econômica. A estes, desempregados pela corrupção, desempregados pelos gastos durante o estelionato eleitoral de 2014 e pelo dinheiro despejado no totalitarismo dos camaradas bolivarianos, ela não dedica uma única palavra.


O dedo acusador de Dilma volta-se contra tudo e todos. Só não encontra o rumo do próprio peito.

Fonte: http://puggina.org