Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Maracanã. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Maracanã. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Brincando de apartheid

Assim como o bom velhinho, a lenda do ex-operário que enfrentou as elites movimenta um mercado gigantesco 

Sérgio Cabral chegou para depor ao juiz Marcelo Bretas com uma biografia de Nelson Mandela nas mãos. Estratégia corretíssima. Está mais que provado que o Brasil ama delinquente fantasiado de coitado. Mandela morreu durante o julgamento do mensalão. Antes mesmo de ser enterrado já tinha virado alter ego de mensaleiro preso. Se ele aguentou a cadeia, nós também aguentaremos – bradava a bandidagem companheira. E assim surgiu uma dinastia de mandelas carnavalescos, que terá seu apogeu com a prisão de Lula.

Quando a Justiça deixar de fricote e puser o filho do Brasil na cadeia, se sucederá o espetáculo mais folclórico já visto na pátria do folclore. A Marquês de Sapucaí parecerá um corredor de escritório em dia de feriado perto do que se verá no país. Nada de revolta, insurreição ou multidões em polvorosa – porque o brasileiro é distraído, mas nem tanto. Vida normal. O que explodirá é o carnaval da lenda – um tsunami abstrato, simbólico, covarde, que já mobiliza um batalhão de defensores da ética de butique.


Nesse conto de fadas altamente lucrativo para um pedação do Brasil (cada vez maior), Lula será o Mandela brasileiro – e poderá até ser esquecido na prisão, porque na realidade ninguém está nem aí para ele. As obras completas da ladroagem do messias foram esfregadas na cara do país, e a relação da população com a alma mais honesta virou uma espécie de síndrome do Papai Noel: há os que querem acreditar, os que fingem acreditar e os que querem que os outros acreditem. Lenda é lenda.

E assim como o bom velhinho natalino, a lenda do ex-­operário que enfrentou as elites movimenta um mercado gigantesco – no caso, de altruísmo contrabandeado e bondade de aluguel. É como um conto de Natal pornô: vai tudo muito bem, até que você é obrigado a tirar as crianças da sala quando o herói da pobreza fica milionário com o dinheiro do povo. Aumenta o som do “Jingle bell” (também serve algum hino canastrão da MPB) e segue o baile, que se fantasiar de progressista revolucionário está dando um vidão para muita gente. Viva o Lula. Dane-se o Lula.

A planilha da propina na Odebrecht revelou uma série de desembolsos para as reformas do sítio que não é do Lula, totalizando R$ 700 mil em menos de duas semanas – por uma coincidência atroz, exatamente as duas últimas do governo Lula. Sergio Moro já sabe das contas de propina abertas na Espanha pela Engevix para Lula e Dirceu. E por aí vai. Ou foi. São só duas novidades de uma epopeia caudalosa (o maior assalto governamental já perpetrado na história da democracia), mais do que suficiente para prender o grande líder por várias encarnações. Mas Luiz Inácio está soltinho da Silva – graças à lenda.

>> Mais colunas de Guilherme Fiuza

Ele, Dilma workalcoolic e grande elenco bandoleiro. Janot, que protegeu a gangue se fingindo de justiceiro, conspirou com o laranja bilionário do PT às sombras do STF e nem investigado é. Assim como o padre pedófilo, valeu-se da autoridade de guardião da virtude para montar a operação mais obscura envolvendo a Presidência da República desde a ruptura institucional dos militares. Um procurador blindado até hoje por essa mesma lenda progressista que lhe permitiu agir ao arrepio das instituições (leiam suas denúncias no original), exatamente como faziam as autoridades nos anos de chumbo.

E aí você dá de cara com a notícia de um aeroporto-fantasma em Moçambique, construído pela Odebrecht com dinheiro do BNDES – enfim, o mesmo DNA, a mesma tecnologia, o mesmo know-how de rapinagem que o governo do PT, apenas o governo do PT, como nunca antes do governo do PT alguém ousou fazer. Porque ninguém jamais teve a ditadura da lenda, a mágica de ser governo e coitado ao mesmo tempo. Um habeas corpus vitalício.

Essa praga de transformar qualquer disparate na internet em escândalo hediondo contra os direitos humanos e as minorias S.A. uma histeria fashion que não ajuda em nada as causas verdadeiras – é a disputa por esse legado hipócrita. Lula irá em cana fingindo ler os ensinamentos do companheiro Mandela, e os mandelas de carnaval continuarão à solta cafetinando a boa-fé.  A não ser que a plateia passe a vaiar o teatrinho. E mostre ao Cabral que nem um Maracanã repleto de diamantes é tão fraudulento quanto brincar de apartheid.


Ricardo Fiuza - Revista Época

terça-feira, 11 de julho de 2017

Goleada vergonhosa - [Vasco acabou... caminha para descer mais uma vez para a Série B, depois a C, a D ...]

No sábado, cheguei feliz a São Januário. Tem tempo que não frequento os jogos, por vários motivos, como a violência. Fiquei emocionado por voltar. Mas infelizmente não foi assim durante e muito menos no fim da partida. Já no primeiro tempo verifiquei alguns focos de briga entre “torcedores” do Vasco. Não entendo brigar num jogo de futebol, muito menos entre si. O jogo corria daquele jeito que vocês viram. Feio, truncado, futebol pequeno, combinando com o Rio atual.

E no apito final, com o resultado de 1x0 para o Flamengo, o que era ruim, claro; normal pra um clássico, mas não uma tragédia pro time limitado que temos. Mas perdemos de goleada em civilidade com esse episódio. A “torcida” selvagem, doente, jogava bombas no campo e nos policiais, brigavam entre si, espancavam, crianças choravam ao lado dos pais, mulheres desmaiando. A polícia revidava ou se defendia, e o caos estava instalado em São Januário e nas ruas ao redor.

A punição tem que ser pro clube, mas também pra esses bandidos torcedores. Que muitas vezes são os de sempre. Que revista é essa que deixa entrar com bomba? O que passa na cabeça de um idiota desse que diz amar o Vasco? Porrada não ganha jogo. Bomba não tira presidente. Não acredito nesse argumento de que o clássico tinha que ser feito em outro lugar. É claro que o Maracanã é o lugar pra um jogo desse nível. Mas lá também teria confusão, sempre teve, só que com mais gente. Isso acontece desde que me entendo por gente e não há punição severa. 

Ocorreria no Maracanã, Engenhão. São Januário se tornou um lugar hostil. O que tem que mudar não é só o lugar da partida, e sim o comportamento dessa gente. Tem que banir dos estádios esses marginais. Para o Vasco, que vinha fazendo uma campanha razoável, fica essa mancha. Perdemos nossa casa no Brasileiro. Triste Vasco! Que São Januário nos proteja. O santo. Não o estádio. 

Fonte: Marcos Veras - O Globo





sexta-feira, 26 de maio de 2017

As finanças do Flamengo: mesmo minado pelo passado, o milagre econômico continua

Eduardo Bandeira de Mello é cobrado por títulos, mas nunca pôde gastar a riqueza que gerou. O jogo começou a virar em 2016 – e tudo indica que continuará a melhorar 

"O Flamengo tem a justa fama de clube mau pagador. Não tem transparência. Não tem qualidade na governança. Chega a ser irresponsável no papel de contribuinte. [...] Não vamos descansar enquanto não conseguirmos equacionar esse passivo que não é só financeiro. É ético. É moral." 




Eis um trecho do discurso de posse de Eduardo Bandeira de Mello, no distante 12 de dezembro de 2012, perante dezenas de conselheiros e da constrangida  antecessora  Patrícia Amorim. Relembrar a ocasião parece chover no molhado. Em quatro anos, o cartola recuperou as finanças do clube. Mais do que isso, colou em sua gestão um selo raro no futebol brasileiro: o da boa administração. Com justiça. E sob pressão. Por parecer tão rico, o time ganhou a obrigação de ser campeão – coisa que, de fato, fez pouco. Ainda mais agora, eliminado na fase de grupos da Libertadores, o coro aumenta. E os títulos, Flamengo?

[A eliminação precoce    na Libertadores atrapalhou bastante. 
Felizmente, o Flamengo tem em 2017 várias competições e conseguirá diminuir a falta do título da Libertadores.
Matheus Sávio conseguiu aliviar um pouco o sentimento de culpa e merece uma outra chance.
Agora quem precisa sair do Flamengo, com urgência urgentíssima é o Rafael Vaz. Só atrapalha.
Precisa ser doado urgentemente, o importante para o Flamengo é que Rafael Vaz vá embora.]

A direção rubro-negra comanda um clube que, por causa das perversas administrações anteriores, não opera com capacidade plena. O faturamento, sim, explodiu em quatro anos. Foi de R$ 273 milhões em 2013 para R$ 469 milhões em 2016, um crescimento de 72% (guarde esse percentual). Isso aconteceu muito em função da reformulação moral que Bandeira citou em seu discurso de posse. A cena de um gigante do futebol sendo assumido por um time de executivos de grandes empresas ajudou a dobrar a receita do departamento comercial, triplicar a renda com bilheterias e sócios-torcedores, além do contrato de direitos de transmissão, que foi junto. Tudo dobrou, nestes quatro anos, e aí está a razão para a imagem de riqueza que colou e não desgruda do Flamengo de 2017.

O que pouca gente reparou é que, apesar de as receitas terem aumentado bruscamente, a maior parte disso foi usada para pagar dívidas, não para elevar despesas. O quesito que melhor indica a qualidade de um time de futebol, no aspecto financeiro, é o gasto com remunerações. Aqui contam salários, direitos de imagem e direitos de arena. A equipe de 2013 custava R$ 124 milhões. Quatro anos depois, a de 2016 demandou R$ 155 milhões. Repare que as remunerações subiram 25% enquanto o faturamento aumentou em 72%. A diferença entre um percentual e outro é explicada pelas dívidas. A maior parte do incremento de arrecadação foi parar não no Flamengo de 2016, mas nos times de 2012, 2011, 2010... Aqueles que entraram em campo, por vezes foram campeões, mas não receberam tudo o que os cartolas da época prometeram que pagariam.

O endividamento dá o tom sobre o milagre econômico que Bandeira realizou nestes quatro anos. Em 2012, o clube devia R$ 726 milhões na praça. O problema foi reduzido ano a ano graças aos superávits – o saldo entre receitas e despesas operacionais. As dívidas fiscais foram alongadas em 2015, depois que o governo federal instituiu o Profut e permitiu aos times de futebol parcelar seus débitos em até 20 anos, com descontos em multas, juros e encargos. A gestão conseguiu manter em pé o acordo do Ato Trabalhistao único entre os grandes do Rio de Janeiro que não foi excluído nesse meio-tempo. 

Trata-se de uma fila de ex-funcionários a quem o clube deve. Os dirigentes pagam todo mês alguma quantia, e os credores vão recebendo até que a fila acabe. As reduções dessas duas dívidas, fiscal e trabalhista, fizeram com que o Flamengo devesse R$ 470 milhões em 2016.

A boa reputação financeira faz torcedores e imprensa acreditar que os problemas financeiros acabaram na Gávea. Não acabaram. Embora gere muita receita, a direção de Bandeira não gera receita suficiente para arcar com as despesas e ainda com as dívidas de curto prazo. O passado ainda pesa sobre os ombros dos dirigentes rubro-negros. E o clube gira com empréstimos bancários. De 2013 para a frente, o time tomou R$ 50 milhões com instituições financeiras em praticamente todas as temporadas. Só em 2016 o montante de novos empréstimos caiu para R$ 36 milhões. A dívida bancária ainda é grande. Em dezembro de 2016, o clube tinha um débito de R$ 112 milhões com bancos, uma dívida problemática porque acompanha juros agressivos e gera uma despesa financeira considerável – mais uma que tira do futebol. Não havia outra saída.

A comparação com o Palmeiras, outro novo-rico do futebol brasileiro, é inevitável. As dívidas palmeirenses foram aliviadas por um caminho diferente. Paulo Nobre, bilionário e presidente, injetou R$ 200 milhões pessoais e sanou o endividamento alviverde. Isso, somado ao patrocínio de Leila Pereira e à estabilidade financeira que o Allianz Parque proporcionou, fez com que os paulistas subissem a folha salarial de R$ 97 milhões em 2013 para R$ 198 milhões em 2016. Como o Flamengo teve de tomar outro caminho para reduzir e alongar suas dívidas, a folha rubro-negra subiu de R$ 124 milhões para os R$ 155 milhões já mencionados parágrafos atrás. Na realidade, o Flamengo só chegou ao "segundo lugar" em gastos com remunerações em 2016, seguido de perto por Cruzeiro e São Paulo, times que estão próximos da casa dos R$ 150 milhões. Em 2015, já com a reputação de ricaço, o time era apenas o sétimo da lista.

Nada disso tira do departamento de futebol flamenguista, comandado pelo executivo Rodrigo Caetano, a obrigação de conseguir resultados. A queda na primeira fase da Libertadores em 2017 é certamente decepcionante. A eliminação precoce na Copa do Brasil de 2016 diante do Fortaleza também foi um vexame, mesmo com o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro. O Flamengo já tem porte financeiro (não só em receitas, mas em gastos) para peitar qualquer grande equipe sul-americana. Falta eficiência no investimento. Mas os resultados abaixo da expectativa precisam ser digeridos com sobriedade. Em primeiro lugar porque eles não desmerecem, de jeito nenhum, os significativos avanços feitos pela gestão de Bandeira nos campos administrativo, jurídico e financeiro. E, depois, porque talvez a expectativa seja exagerada por um punhado de motivos. O clube é festejado publicamente pela gestão, marcado pela riqueza, mas na realidade não pôde gastar tudo o que arrecadou com o presente porque tem uma herança desgraçada.

A perspectiva para 2017 é mais uma vez positiva, apesar do fracasso na Libertadores. O orçamento feito no término de 2016 é o único no país a prever um superávit superior a R$ 50 milhões – um dinheiro que tende a ser consumido mais por dívidas do que por investimentos. De novo. E há reviravoltas. A transferência de Vinicius Júnior para o Real Madrid deve render cerca de R$ 100 milhões limpos, já descontados impostos e comissões, um dinheiro inesperado e sem precedentes. O clube não tem bom histórico como vendedor de jogadores. Talvez seja a primeira ocasião em que Bandeira poderá pôr as mãos numa fortuna e usar a maior parte dela para investir, seja em atletas, seja em infraestrutura, em vez de vê-la parar nos bolsos de credores. 

Ainda que o imbróglio com o Maracanã esteja longe de ser resolvido com Odebrecht e governo do Rio, problema que sacrificará rendas flamenguistas com bilheterias e sócios-torcedores, o dirigente chega enfim ao ano em que poderá gastar. 

A probabilidade de títulos está aumentando, Flamengo.

>> Especial: As análises individuais das finanças de 18 clubes

 

quarta-feira, 29 de março de 2017

Após delação que levou à prisão de conselheiros, ex-presidente de Tribunal deixa o país



Jonas Lopes, que comandou o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, já prestava depoimentos fora do Estado 

O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Jonas Lopes deixou o Brasil na segunda-feira (27) com autorização do Ministério Público Federal. A família de Lopes viajou antes. Logo após os relatos de ameaças, o Ministério Público Federal passou a colher seus depoimentos fora do Rio de Janeiro. As ameaças a sua família começaram quando vazaram nomes sobre quem Lopes delatara em seu acordo de colaboração. As informações de Lopes foram essenciais para a deflagração da Operação Quinta do Ouro nesta quarta-feira (29), autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Lopes e outros conselheiros são acusados de receber dinheiro para aprovar editais de licitação, entre eles do estádio do Maracanã.


Fonte: Época


 

 

sábado, 29 de outubro de 2016

Bandidos corintianos (alguns ingênuos chamam de "torcedores") precisam continuar presos

Violência nos estádios precisa de resposta exemplar

Episódios de brigas entre torcedores, um fenômeno mundial, ganham proporção alarmante no Brasil. Prisão de corintianos precisa marcar uma mudança de protocolo no combate a badernas

A prisão de um grupo de torcedores do Corinthians que agrediram policiais fluminenses, na partida entre o Flamengo e o time paulista, foi uma resposta à altura da gravidade das cenas de violência promovidas pelos baderneiros. A polícia, que os prendeu num arrastão logo após o jogo, e a Justiça, que os recolheu preventivamente à cadeia, para evitar que as agressões entrassem no rol de tantos casos semelhantes que se espalham pelos estádios brasileiros, e que terminam em impunidade, não podiam mesmo deixar passar sem tais providências um episódio que chocou o país, pelo barbarismo das imagens captadas por câmeras de TV. [os marginais corintianos precisam ser punidos com rigor; não pode se repetir a impunidade dos assassinos corintianos que em um gesto de imensa covardia assassinaram impunemente um torcedor boliviano.]

Até aqui o poder público do Rio reagiu positivamente, impondo um exemplar protocolo de punição aos arruaceiros, mas resta esperar para ver a extensão das providências que decorrerão daqui para frente. Os estádios brasileiros têm sido palco, em suas arquibancadas e nos entornos externos, de crescentes manifestações de violência entre torcedores. Poucos dias após os conflitos no Maracanã, um homem morreu ao ser, de acordo com testemunhas, agredido por seguranças no Mineirão, durante uma partida entre Cruzeiro e Grêmio. Pelas escaladas dessas manifestações de bestialismo, credite-se à Providência o fato de outras mortes não terem ainda ocorrido nas arquibancadas.

O fenômeno da violência não é restrito ao futebol. Agora mesmo, no Rio, Flamengo e Vasco disputam as finais do campeonato estadual de basquete para ginásios vazios, pela impossibilidade de se juntar num mesmo ambiente torcedores dos dois clubes, sem que o encontro derive para agressões mútuas. Mas, nos estádios, a situação vem ganhando características alarmantes — e, nesse particular, o Brasil não está sozinho. Brigas entre torcedores são comuns em diversos países. 

A diferença do Brasil em relação a outras praças é que, por aqui, o fenômeno ainda não é atacado, de forma eficiente, em suas causas. É certo que a adoção do Estatuto do Torcedor, com punições aos clubes, tem contribuído para conter ações de violência. Mas a punição exemplar a torcedores baderneiros ainda perde para a leniência no âmbito da Justiça. 

Mesmo os clubes, a despeito do Estatuto, têm grande parcela de responsabilidade no acirramento de ânimos, ao compactuarem — quando não estimulam — com a existência de torcidas organizadas, que em geral estão na fonte dos conflitos. Muitas são centros de banditismo. A juíza que decretou a prisão dos corintianos, por exemplo, viu-se no centro de uma série de ameaças, numa ação sem dúvida orquestrada à maneira de quadrilhas de criminosos. 

A punição dos corintianos tem duas pontas. Numa, fica o temor de que seja mera ação pontual, cujos efeitos se exaurem quando a repercussão do episódio sair do radar da opinião pública. Na outra, a que deveria prevalecer, a prisão pode marcar uma ruptura na leniência com que clubes e poder público costumam reagir, com a implantação de um novo protocolo de reação contra a baderna.

Fonte: O Globo - Editorial


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Lula fez o diabo para escapar do encontro que Moro acaba de marcar



Se tentar esconder a verdade com as maluquices que anda dizendo, o réu da Lava Jato encurtará a distância entre São Bernardo e a República de Curitiba

“Não há no planeta Terra ninguém mais indignado do que eu”, disse Lula ao receber a notícia de que fora transformado em réu da Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro. A frase superlativa não surpreendeu o magistrado que comanda a devassa do maior esquema corrupto da história. Ele soube desde sempre com quem estaria lidando, confirma a ressalva incluída no texto que formalizou a aceitação da denúncia do Ministério Público Federal: “… entre os acusados, encontra-se ex-Presidente da República, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie”.

“Celeuma” é pouco para definir o que Lula anda dizendo desde que a distância entre São Bernardo do Campo e a República de Curitiba encurtou dramaticamente. Graças sobretudo à discurseira em resposta aos procuradores federais, ficou claro que há notáveis diferenças entre as reações verbais provocados pelo medo de cadeia ─ cujo sintoma inaugural é a perda da noção do ridículo ─ e as produzidas pelo medo da morte política, escancarado pela perda do que resta do sentimento da vergonha.

Para sobreviver ao escândalo descoberto em 2004, por exemplo, Lula primeiro afirmou que fora traído por amigos jamais identificados, depois jurou que o Mensalão nunca existiu. Sem acreditar numa só palavra do que dizia, avisou que, tão logo deixasse a Presidência, trataria de desvendar pessoalmente a conspiração da elite golpista que tentou derrubar, com a fabricação de roubalheiras imaginárias, o governo que só pensava no povo. 

Haja sem-vergonhice.  Essa retórica do cinismo deu lugar ao discurso de quem cruzou a fronteira do ridículo, avisa o palavrório despejado pelo palanque ambulante um dia depois da denúncia dos procuradores da Lava Jato. Mais grave ainda, Lula agora acredita no besteirol que improvisa sob salvas de palmas das plateias amestradas. “Acho que só ganha de mim aqui no Brasil Jesus Cristo”, disse o Mestre a seus discípulos no Sermão do Segundo Calvário. Ele ainda enxerga no espelho o campeão de popularidade aposentado pela vaia no Maracanã na abertura do Pan-2007.

Lula ultrapassou de novo a fronteira do ridículo ao explicar que “a profissão mais honesta é a do político, porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua e pedir voto”. Para o comandante do Petrolão, portanto, a mais honesta das profissões é exercida por ladrões tão insolentes que pedem votos às vítimas do assalto.  

Garantida a camisa-de-força, a alma viva mais pura do mundo consolidou a candidatura a orador das turmas do hospício com a sopa de letras concebida para provar que só diz a verdade.  “A gente pode mentir pra vocês, a gente pode mentir pra mulher da gente, a gente pode mentir pro presidente do partido, a gente pode mentir pra um companheiro, mas a gente não pode mentir nem pra Deus e nem pra gente mesmo”. Resumo da ópera do desvario: só Deus e Lula sabem a verdade que o mitômano sem cura esconde do resto do mundo. No dia do depoimento à Lava Jato, fará o possível para ocultá-la de Sérgio Moro.
Caso tente escapar da Lava Jato pela trilha desmatada por frases sem pé nem cabeça como as reproduzidas acima, poderá antecipar o acerto de contas com a Justiça. E cumprir mais cedo a promessa de percorrer a pé o caminho da cadeia.

Fonte: Blog do Augusto Nunes


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Tristeza no Maracanã: meninas perdem da Suécia nos pênaltis e estão fora da disputa pelo ouro



Torcida reconhece o esforço e aplaude a seleção brasileira, que agora vai tentar o bronze do futebol feminino
Após novo empate em 0 a 0, seleção perde nos pênaltis e agora disputará o bronze. Torcida reconhece o esforço das atletas com aplausos após a decepção



Marta durante partida contra a Suécia, na semifinal do futebol feminino no estádio do Maracanã (Bruno Kelly/Reuters)

A seleção brasileira feminina de futebol não teve um retorno feliz ao Maracanã. Nove anos depois de conquistar o título do Pan de 2007 no templo do futebol nacional, a equipe não conseguiu furar a retranca da Suécia nesta terça-feira e deu adeus ao sonho do inédito ouro olímpico com derrota nos pênaltis, após empate por 0 a 0, em 120 minutos. 

Apesar da decepção, a torcida, exemplar ao longo de toda a partida, aplaudiu as atletas brasileiras na saída do gramado. Sob o forte calor do início de tarde no Rio e diante de mais de 60.000 torcedores, o Brasil jogou bem, com Marta participativa e Formiga ovacionada por sua disposição, mas, assim como nas quartas de final contra a Austrália, não conseguiu balançar as redes. Desta vez, a goleira Bárbara não salvou e Cristiane e Andressinha erraram suas cobranças de pênalti. Agora, a seleção feminina, xodó da torcida na Rio-2016, tentará a conquista da medalha de bronze contra o perdedor da semifinal entre Alemanha e Canadá, marcado para às 16h (de Brasília), no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

Sem Cristiane, a maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos com 14 gols, que se recupera de estiramento na coxa e só entrou na prorrogação, o Brasil teve dificuldade para entrar na área sueca durante os 90 minutos. A equipe europeia, dirigida por Pia Sundhage, técnica bicampeã olímpica dirigindo a seleção americana, entrou mordida. Na primeira fase, havia sido goleada por 5 a 1, com show de Marta, no Engenhão.

A Suécia, porém, vinha embalada depois de eliminar, nos pênaltis, os Estados Unidos, depois de um empate sem gols em que só se defendeu. Na ocasião, a controversa goleira Hope Solo disse que as suecas foram “covardes”, algo que parece não ter afetado a estratégia da equipe. A Suécia teve a primeira boa chance, com Lotta Schelin, destaque do time na partida da primeira fase. A camisa 8 recebeu lançamento longo e dominou no peito, mas chutou por cima na saída da goleira Bárbara.

Retranca – A partir daí, a primeira etapa foi um massacre brasileiro. Bem aberta pela direita, onde a cobertura do estádio fazia sombra, Marta estava mais ativa que nas outras partidas. Com todo o talento de sua perna esquerda, deu dribles secos nas suecas e criou as melhores chances, mas estava imprecisa nos cruzamentos. Ainda assim, os primeiros gritos de “olê, olê, olá, Marta, Marta” no Maracanã não demoraram nem 15 minutos a aparecer.

Mas apesar de ter total controle da posse de bole e de ter finalizado 15 vezes, a seleção não deu grande trabalho à goleira Hedvig Lindahl. Débinha, em chute de fora da área, e Beatriz, de cabeça, tiveram as melhores chances. Marta e Tamires, as mais criativas do time, também chegaram perto com cruzamentos que quase tomaram a direção do gol. O time sueco limitou-se a defender. No entanto, terminou a primeira etapa sem nenhuma falta cometida, contra quatro do Brasil.

No intervalo, o técnico Vadão colocou o time ainda mais à frente, com a meia Andressinha na vaga da volante Thaisa. A centroavante Bia, com características bem parecidas à de Cristiane (forte, habilidosa e canhota), dava trabalho à zaga sueca e chegou a finalizar para fora, após bela jogada individual.

Percebendo a dificuldade do Brasil na partida, a torcida fez sua parte, aumentando o volume do estádio.  Formiga, uma gigante em campo aos 38 anos, teve seu nome cantado, assim como Marta e Cristiane, que seguia no banco. A Suécia levou muito perigo aos 26 minutos, em cobrança de falta que atravessou a área de Bárbara. O Brasil respondeu com sua estrela: Marta deu linda arrancada pela direita, enfileirou zagueiras, mas bateu fraco para defesa de Lindahl.

O Brasil seguiu pressionando, mas a Suécia, com todas as 11 atletas na linha defesa, dava poucas chances. Andressinha arriscou dois chutes de fora da área, por cima do gol, e já nos acréscimos Formiga cabeceou nas mãos de Lindhal, para frustração da torcida, mas o bandeira já assinalava impedimento. O tempo normal terminou com 28 finalizações do Brasil e três da Suécia.


Drama Na prorrogação, Vadão atendeu os pedidos da torcida e mandou Cristiane a campo. A Suécia, enfim, se soltou e ao menos viu de perto os olhos verdes da goleira Bárbara, mas as zagueiras Mônica e Rafaelle afastaram o perigo com firmeza. Perseguida pela lateral Elin Rubensson, que levou uma infinidade de dribles, mas não deu nenhum pontapé, Marta sumiu um pouco do jogo na prorrogação.

O medo de errar e levar um contra-ataque, além do evidente cansaço, parecia atrapalhar o ataque da seleção brasileira. Schellin, única atleta sueca perigosa nas duas partidas contra o Brasil, teve chance justamente em contragolpe, mas chutou mal depois de invadir a área – e gelar o Maracanã. A três minutos do fim, Marta teve a bola do jogo nos pés. Em cobrança de falta da intermediária, teve seu nome cantado por todo o estádio, mas bateu fraco, nas mãos da goleira sueca que aproveitou para ganhar tempo.

Pênaltis – As capitãs Marta e Schelin marcaram com categoria nas primeiras cobranças. Na segunda, Cristiane bateu forte, cruzado, mas Lindahl fez bela defesa. Kosovare Asllani, então, sentiu a pressão do Maracanã pulsando e parou nas mãos de Bárbara. Andressa Alves e Caroline Serger mantiveram a igualdade, assim como Rafaelle e Nilla Fischer. Andressinha, de 21 anos, teve a responsabilidade da quinta cobrança e bateu nas mãos da goleira sueca. Lisa Dahklevist, então, marcou o gol da vitória. O Maracanã, com justiça, aplaudiu as brasileiras, que deram uma lição de força de vontade ao longo da competição.

Fonte: Revista VEJA