VOZES - Gazeta do Povo
Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Isso apenas torna mais irônico o motivo que o Vietnã alegou para proibir o novo filme da Barbie: mostra um mapa que endossa as pretensões imperialistas da China.
E é verdade. O mapa “dos nove pontos” mostra uma linha pontilhada que faz uma espécie de letra U no Mar do Sul da China, uma das zonas estratégicas onde mais se espera um futuro conflito por causa das pretensões expansionistas chinesas que avançam sobre águas territoriais de países como Vietnã, Filipinas, Malásia e Taiwan.
Curiosamente, o país que mais se opõe ao imperialismo chinês é o Vietnã, uma espécie de versão em escala menor do gigantesco vizinho: manteve o regime comunista quando em todos os outros países o sistema desmoronava e promoveu a abertura para uma economia mista — “socialista-mercado” — que permitiu um enorme crescimento econômico. Recorrer à censura de um filme anódino também é outra característica em comum com o adversário trinta vezes maior.
Em vários sentidos, o Vietnã funciona como uma “nova China”, atraindo empresas de todo o mundo com mão de obra ainda competitiva e se firmando como uma alternativa mais confiável para o fornecimento de eletrônicos, vestuário e tênis, principalmente depois que a pandemia expôs o estado extremo de sinodependência do mundo inteiro. Na pós-pandemia, o país teve um crescimento econômico de padrão chinês: 8% no ano passado e meta de 6% este ano.
O regime chinês temia o fortalecimento, em sua fronteira sul, de países apoiados pela União Soviética, com quem havia rompido desde os anos cinquenta. O Khmer Vermelho de Pol Pot tinha o apoio da China e o Vietnã comunista era um aliado soviético, recebendo grande quantidade de armamentos para bancar, primeiro, a guerra que levou à retirada americana e à queda da parte sul do país, e depois a intervenção no Camboja e a rápida conflagração com a China.
Nesse xadrez geoestratégico, os Estados Unidos penderam para o lado da China – ou pelo menos assim concluiu Deng Xiaoping na visita que fez ao país, na qual teria dito a Jimmy Carter: “A criancinha está ficando levada, está na hora de apanhar”. Em seguida, mandou invadir o Vietnã.
Apesar da surpresa e da concentração de tropas no Camboja, os vietnamitas deram uma tremenda canseira nos chineses. Um mês depois, a China decretou que os objetivos haviam sido alcançados e retirou as tropas. Detalhe fundamental: o Vietnã continuou no Camboja até a derrota total do Khmer Vermelho, um regime tão radical que levou os princípios maoístas a absurdos como expulsar toda a população das cidades. Entre 1,5 e 2 milhões de pessoas morreram de bala, machadada, fome ou exaustão no trabalho agrícola escravo. Outros filmes e séries já foram censurados no Vietnã por mostrar a ilegal linha pontilhada, inclusive o que se chamou, no Brasil, curiosamente, de Unchartered: Fora do Mapa.
É claro que não existe um propósito sinistro de apoiar a China. Ocorre que os mapas são produzidos adivinhem onde. Até os passaportes chineses têm a linha dos nove traços. A nova Barbie, protagonizada por Margot Robbie — um papel ideal, considerando-se que ela é um dos seres mais belos que já andaram pela Terra, mas não ganha prêmios de expressividade —, caiu de paraquedas cor-de-rosa nesse emaranhado geoestratégico.
Porta-aviões e jatos moderníssimos que aparecem em produções de Hollywood promovem a imagem das Forças Armadas americanas, mas agora os produtores precisam provar que não estão, pelas costas, cultivando o mercado chinês com concessões à censura.
O caso mais conhecido foi o da bandeira de Taiwan, entre outros pavilhões asiáticos, que aparecia nas costas da jaqueta de couro usada por Tom Cruise na sua volta como Maverick, em Top Gun. O escudo chegou a ser apagado, mas voltou depois que ficou claro que um heróico piloto americano não poderia ceder a exigências da censura chinesa.
Tadinha da Barbie, com tantas coisas para se preocupar em suas novas aventuras que a levam, com Ken, ao mundo real, agora precisa administrar esse outro tanto de problemas. E ainda passar pelo obrigatório “tratamento feminista” dado pela diretora Greta Gerwig.
Será que a Barbie feminista resolve o problema do Mar do Sul da China?
Vilma Gryzinski, Mundialista - Blog em VEJA
Aqui vai só um exemplo de que como foi uma tortura o tipo de confinamento imposto aos moradores de Xangai. Ou, de como a política de covid zero faz com que muita gente grande reveja a disposição de investir na China.
História contada de fonte segura: numa fábrica de mais de 5 mil funcionários aparece um caso de Covid. No mesmo dia, todos os empregados são convocados a comparecer na empresa. E todos ficam ali confinados por sete dias. Isso mesmo, todo mundo na fábrica, de chefões a operários. Passados os sete dias, e não se verificando nenhum outro caso de Covid, todos são dispensados, mas com a ordem de permanecer em casa por sete semanas.
Isso mesmo – para obrigar as pessoas a permanecer em casa, foram erguidas barricadas em boa parte da cidade, bloqueando residências e prédios comerciais. Mesmo quem se dispusesse a enfrentar os policiais, não conseguiria sair. A política de Covid zero tem sido debatida em um duplo viés. De um lado, trata-se de saber sua eficiência em combater a transmissão do vírus. Na maioria dos outros países, o lockdown, mais ou menos restrito, foi uma prática auxiliar. Funcionou como um modo de ganhar tempo na busca de medicamentos e vacinas. Encontradas as vacinas, o lockdown foi relaxado na medida em que se avançava na imunização.
Isso deu certo. Tanto que agora, com o surgimento de novas variantes, menos graves, não foi necessário impor confinamentos. As populações estão vacinadas – em boa parte.
Daí, pergunta-se: e por que a China continua fazendo lockdown tão rigoroso? Caiu em Xangai, mas partes dessa cidade e outras menores continuam sob restrição. Em Xangai, essa medida se aplica em áreas residenciais ainda sob “médio ou alto risco” de contaminação.
O que leva ao segundo ponto: essa política só é possível numa baita ditadura. E, de fato, o presidente Xi Jin Ping comanda pessoalmente o combate ao que ele chama de “vírus do diabo”. Para um materialista oficial colocar a culpa no demônio – é curioso.
Xi Jin Ping está no seu segundo mandato de cinco anos e se preparando para, neste ano, emplacar o terceiro. Isso rompe com a tradição de limitar a presidência a dois mandatos. Ele conseguirá fazer isso? É quase certo, pois o líder assumiu o comando do Partido Comunista e das Forças Armadas, e promoveu um expurgo nos quadros políticos e administrativos.
Manda e desmanda. Muito mais que os últimos presidentes. E manda também na economia que, convém registrar, é movida a capitais privados, nacionais e estrangeiros. Fazia tempo que as empresas, locais e internacionais, não sofriam tantas restrições como as aplicadas por Xi Jin Ping.
Resultado da falta de segurança, um exemplo de peso: a Apple está se preparando para retirar da China boa parte de sua produção. Pode levar iPad para o Vietnã e iPhones para a India.
É um sinal de que pouco a pouco a China vai perdendo sua condição de fábrica do mundo, paraíso das multinacionais. E para onde podem ir esses investimentos? Não para a Rússia, que era outro mercado emergente muito atraente, [será que para o capitalismo uma operação militar visando recuperar territórios é uma inconveniência??? desde que garanta a provisoriedade privada.] até a invasão da Ucrânia. Com a facilidade, agora perdida, de estar na Europa.
Os investidores precisam de um país grande, de economia medianamente desenvolvida, com organização administrativa e política. De preferência, uma democracia à ocidental, com regras seguras, garantidas em lei.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
Coluna publicada em O Globo - Economia 4 de junho de 2022
Antes de embarcar para Moscou, o presidente assinou decreto que instituiu um programa de apoio ao garimpo. No mesmo dia, recebi da região do Cripuri, que é um afluente do Tapajós, imagens de um helicóptero atacando com foguetes incendiários as instalações de um garimpo. Eram imagens que fazem lembrar napalm no Vietnã.
Isso no mesmo dia do anúncio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala. Um nome comprido para não confundir com atividade mineradora industrial. O objetivo do programa é tirar o garimpo da ilegalidade e, com isso, controlar as áreas, fiscalizar de forma transparente o meio ambiente, legalizar o comércio do ouro, prestar assistência de saúde e educação às famílias de garimpeiros. O decreto regulamenta o que ficou fora da lei de 1989, que tratou do assunto.
Ironicamente, enquanto era anunciado o decreto, no mesmo dia garimpeiros eram atacados pelo fogo vindo do céu, destruindo suas casas, máquinas e sonhos, como se o Brasil oficial estivesse em guerra contra eles. O ataque não foi sequer em área indígena, mas na região conhecida como Galdeano. Uma reedição do que aconteceu com 61 balsas queimadas no Rio Madeira, onde os garimpeiros moravam com suas famílias. Isso no dia do anúncio do programa de apoio ao garimpo, confirmando a Constituição, que no art. 174, §3º e 4º, determina favorecer a organização da atividade garimpeira em cooperativas. Ficou estranha a violenta ofensiva no mesmo dia do anúncio do programa. Seria para queimá-lo?
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
Paulo Polzonoff Jr.
Em mais um episódio dessa tragicomédia chamada “antibolsonarismo psicótico”, o Correio Braziliense anunciou com estrondo que o presidente foi a um concerto da FAB cujo repertório incluía uma peça de Richard Wagner – o compositor preferido de Hitler. A jornalista que escreveu essa pérola não hesitou em sugerir que Bolsonaro teria uma quedinha pelas ideias do Terceiro Reich só porque estava escutando Wagner.
Não quero ser cínico e, aqui, partir do pressuposto de que a jornalista e seu editor (supondo que a matéria tenha passado por uma cadeia hierárquica dentro jornal) tenham produzido e divulgado essa notícia com o intuito apenas de chamar a atenção para o veículo e, assim, gerar engajamento e publicidade. Tampouco apostaria na hipótese da maldade pura e simples.
O antibolsonarismo psicótico é, em grande medida, fruto de uma ignorância que se traveste de esperteza e, dependendo das conjunções usadas, se fantasia até de inteligência porque precisa desfilar na passarela da virtude. Isto é, nas redes sociais. Por trás dessas vestes, contudo, o que há é apenas ignorância, uma ignorância tão profunda que não se enxerga e, em não se enxergando, não sente que precisa ser superada.
Wagner era um pulha. Um ser humano abjeto. Repulsivo mesmo. Os problemas de caráter de Wagner, a julgar pelo que nos dizem os biógrafos, eram tantos e tamanhos que o antissemitismo, pecado dos pecados no mundo pós-Holocausto, era apenas mais um. No entanto, e causando uma confusão profunda em quem tem fé, Wagner era dotado de um talento musical extraordinário. Quem não se perguntar como pôde Deus dotar um homem tão vil de um talento tão nobre não é humano.
Se, pois, Wagner entrou para a história e é simbolicamente imortal, não foi por causa de seu antissemitismo. Foi por causa de sua música. Uma música intensa, sedimentada na ideia de heroísmo e que bebeu muito da mitologia germânica e escandinava. Daí, aliás, o interesse de Hitler pelo compositor. Hitler, uma mente igualmente degenerada, provavelmente era incapaz de ligar dó com si. O que o fascinava em Wagner era o apelo psicopolítico da megalomania. Hitler usou Wagner para seduzir as massas e fazer com que elas acreditassem no destino grandioso do Reich. Não que a música de Wagner tenha sido composta com essa intenção, claro.
De acordo com Alex Ross, crítico da New Yorker e autor de “Wagnerism: Art and Politics in the Shadow of Music” (Wagnerismo: arte e política à sombra da música), antes de virar trilha sonora do nazismo Wagner foi extremamente influente entre os representantes daquela que, ironia das ironias, Hitler chamava de “arte degenerada”. Cézanne, Buñuel e Thomas Mann (cujos livros queimavam nas fogueiras nazistas) eram fascinados pela obra de Wagner. Artistas contemporâneos como o escritor Philip K. Dick e o diretor Francis Ford Coppola (quem não se emociona com os helicópteros norte-americanos atacando um vilarejo no Vietnã ao som de “A Cavalgada das Valquírias”?) também foram influenciados pelo poder do wagnerismo.
A genialidade de Wagner é tamanha que muitos judeus, não sem algum tipo de conflito interno, optam por ignorar o antissemitismo do compositor, atendo-se ao que ele tem de divino. Isto é, sua música. O ator inglês Stephen Fry, ele próprio um gênio, em minha humilde opinião, tem um documentário em que fala sobre sua conturbada relação com Wagner. Fry é judeu e, ao longo de “Wagner & Me”, não esconde seu incômodo com o antissemitismo de Wagner. Mas o que fazer se a música é irresistivelmente boa?
O mais deprimente dessa história é que, por uma ignorância arrogante, ao associar Bolsonaro ao nazismo por meio de Richard Wagner a repórter acaba por usar do mesmo expediente que Hitler usou para desumanizar e, posteriormente, tentar exterminar os judeus. Ela cria um “inimigo nacional” – o bolsonarismo – que ameaça os “valores puros brasileiros” e que, por isso, precisa de alguma forma ser extirpado. Mas sabe o que é pior? O pior é fazer isso sabendo que, por mais absurda que seja a ideia, ela encontrará aplausos.
Paulo Polzonoff Jr, colunista - Gazeta do Povo - VOZES