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terça-feira, 24 de julho de 2018

Penitenciária de Brasília [futura residência de Lula] para impedir plano de facção, será ocupada sem término das instalações

Decisão foi tomada após a descoberta de planos para sequestros de diretores de presídios, agentes e juízes

O governo decidiu inaugurar a quinta penitenciária federal de segurança máxima, em Brasília, colocando apenas um dos quatro blocos em funcionamento para isolar lideranças da facção criminosa PCC. A decisão foi tomada após a descoberta de planos para sequestros de diretores de presídios federais, agentes e juízes, segundo fontes com acesso às informações de inteligência do Sistema Penitenciário Federal.

As lideranças da facção criminosa, que teriam elaborado os planos de sequestro no presídio federal de Porto Velho (RO), serão transferidas de outras unidades do sistema carcerário federal e colocados em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que tem regras mais rígidas para os detentos. O governo quer inaugurar o presídio com operação parcial de 25% da capacidade. Outras três unidades federais funcionam em Mossoró (RN), Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS).

Com urgência em isolar os presos envolvidos, mas sem dinheiro para colocar o presídio de Brasília em operação de forma integral, o governo apressa a inauguração de uma das quatro vivências, como são chamados os blocos das unidades federais. Em cada vivência, há quatro alas com 52 celas individuais. Cada penitenciária federal tem 208 celas.

Ao menos três presos do PCC, envolvidos nos planos de sequestro, já estão com transferência marcada para Brasília. Eles serão colocados no RDD, porque nesse regime o detento não sai nem para o banho de sol coletivo. Há apenas um pequeno corredor com acesso à luz natural nas celas do RDD dos presídios federais de segurança máxima. Apesar da pressa, não há data definida para a inauguração parcial do presídio. O governo federal aguarda o “habite-se”, que está em fase final de tramitação junto às autoridades do Distrito Federal.

A construção da quinta penitenciária federal, promessa ainda do governo Lula, foi finalizada no ano passado. O governo Temer prometeu inaugurar a unidade no fim de 2017 e, depois, em março passado. Mas recuou porque não tem agentes em número suficiente para colocar o estabelecimento em atividade. A nomeação de 140 servidores para o Sistema Penitenciário Federal vem sendo retardada pelo Ministério do Planejamento. Diante disso, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Segurança Pública, que administra as prisões federais, decidiu transferir agentes das outras unidades para garantir o funcionamento da cadeia em Brasília.

Em nota, o Depen confirmou que a quinta penitenciária será inaugurada, num primeiro momento, com o funcionamento de uma vivência e foco no Regime Disciplinar Diferenciado. Quanto às informações sobre os presos do PCC que serão trazidos, em virtude de planos de sequestrar autoridades, o órgão respondeu que "não comenta assuntos de cunho operacional ou de inteligência por questões de segurança".



terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Líder do PCC, Marcola é condenado a 30 anos de prisão

Nova sentença da Justiça contra ele é baseada na Operação Ethos, que descobriu como a facção cooptava advogados para formar um 'núcleo jurídico'

O líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, recebeu nesta quarta-feira, 21, mais uma condenação da Justiça. A nova sentença se deu no âmbito da Operação Ethos, que mostrou que o PCC havia montado um núcleo jurídico para atuar em seu favor. Marcola e Cleber Marcelino Dias dos Santos, o Clebinho, apontado como integrante da Sintonia Final Geral, a cúpula da facção, foram condenados, cada um, a penas de 30 anos de prisão por integrar e liderar organização criminosa armada, além de cometerem o crime de corrupção ativa.

Marcola está preso na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Ele passou um ano em Regime Disciplina Diferenciado (RDD), o mais rígido regime de cumprimento de pena, justamente em razão das acusações feitas contra ele a partir das investigações da Ethos feitas pela Polícia Civil de Presidente Venceslau.

Tanto ele quanto quanto Clebinho deverão aguardar presos o trâmite de recursos. “As circunstâncias judiciais foram desfavoráveis aos réus que integraram organização criminosa notoriamente perigosa, que faz uso intenso de armas, causando pânico em todo o país, fazendo do narcotráfico sua fonte de renda, além de roubos com emprego de armamento pesado”, escreveu na sentença o juiz da 1ª Vara de Presidente Venceslau, Gabriel Medeiros.
“(Eles) estenderam tentáculos para o seio do Poder Público, agredindo valores substanciosos e caríssimos a toda sociedade brasileira, adentrando em organismos e entidades vocacionadas para a proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana. Não se trata de juízo abstrato, mas sim algo que permeia os noticiários da mídia nacional há anos, além do que amparado pelas provas colacionadas”, acrescentou o magistrado.


As penas dos condenados foram aumentadas por eles terem cooptado um integrante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Luiz Carlos dos Santos, para atuar em favor do PCC. A investigação apontou que Santos, condenado a 16 anos, dois meses e cinco dias de prisão em junho de 2017, recebia uma mesada de 5.000 reais da facção criminosa. O objetivo da relação com o conselheiro do Condepe era plantar denúncias de violação de direitos humanos, desestabilizando a segurança e o sistema penitenciário paulista.

A facção, segundo os investigadores, teria o intuito de capturar a área de proteção aos direitos humanos, cooptando advogados para formar a “célula R” da organização criminosa. “Esta célula tinha a função de comandar um esquema de pagamentos de propinas a agentes públicos ou integrantes do Condepe”, acusou o Ministério Público.

O processo contra mais de 30 pessoas, entre advogados e detentos, foi desmembrado. Anteriormente, 17 pessoas já haviam sido condenadas. Na ação contra Marcola, a Justiça também considerou culpado Paulo Roberto Penha e absolveu o réu Márcio Domingos Ramos.

Leia também: PCC S/A: a gestão empresarial do crime organizado

 

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Facção paulista planeja represália contra policiais

Novo documento da Polícia Civil, obtido por ÉPOCA, revela que o Primeiro Comando da Capital ordenou ataques a policiais em São Paulo. A determinação foi dada por um preso a membros de fora da cadeia 

 Ônibus queimado pelo PCC em São Paulo, em 2006 (Foto: Valéria Gonçalves/Estadão Conteúdo)

Um novo documento da Polícia Civil de São Paulo, datado de domingo (15), alerta para um possível ataque a policiais no estado. Segundo a denúncia captada pelo Centro de Comunicações e Operações (Cepol), um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) preso em Riolândia, a 572 quilômetros da capital, ordenou a criminosos de fora da cadeia que vigiassem “residências de policiais com o intuito de observar a rotina dos mesmos, para que possam futuramente assassiná-los”. O informe diz ainda que os criminosos já estão com alguns endereços das possíveis vítimas e portam armas de fogo.

ÉPOCA apurou que, dos quatro endereços listados no documento, pelo menos dois são residências de policiais – todas localizadas na Zona Leste de São Paulo, próximas à casa de um dos sujeitos designados para cumprir a ordem da facção. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil de São José do Rio Preto está investigando a denúncia, recebida no último domingo. Segundo a Secretaria de Segurança, mais detalhes não serão passados para não atrapalhar o trabalho policial.
 Documento da Polícia Civil revela que PCC planeja ataques a policiais (Foto: Divulgação)

No último sábado (14), ÉPOCA divulgou outro alerta da Polícia Civil. O Centro de Inteligência de Araraquara, no interior paulista, repassou um relatório dizendo que: “Comunicado entre os membros do PCC dão (sic) conta de que armas de fogo foram distribuídas aos integrantes da facção para possíveis ataques. Consta que, no próximo dia 17 de janeiro, o comando do PCC irá ordenar aos executores o tipo de ataque e o local onde cada um terá que agir”. Procurado para comentar o relatório, o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) de São Paulo confirmou que o documento saiu de Araraquara – a penitenciária local já foi um reduto de forte influência da facção, hospedou Marcola e outros líderes do PCC.


Afastamento
Em resposta à divulgação, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou que vai afastar o investigador responsável pelo informe emitido na semana passada pela Polícia de Araraquara. Durante evento no Palácio dos Bandeirantes na manhã da segunda-feira (16), ele disse não saber o nome do investigador, mas garantiu que será trocado. “O policial demonstrou não ter aptidão para trabalhar com inteligência policial. (...) Por isso, vai sair.” Segundo Filho, o alerta está “errado”. “Quem emitiu aquele alerta é alguém que não sabe trabalhar com inteligência. Inteligência não trabalha com alerta, trabalha com informação que precisa depurar”, disse. Filho afirmou ainda que a polícia checou a informação e concluiu ser falsa.


Os dois documentos obtidos por ÉPOCA se referem a tentativas de represália da organização criminosa contra os órgãos de segurança.  A tensão no sistema prisional de São Paulo aumentou desde a transferência de 14 integrantes da facção para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do presídio de Presidente Bernardes, considerado o mais rigoroso de São Paulo. Nesse regime, cada preso passa 22 horas do dia isolado numa cela de 6 metros quadrados, sem acesso a jornais, televisão ou rádio. Tem direito a banho de sol só de duas horas, sempre sozinho, e visitas de parentes uma vez por semana, sem nenhum contato físico. Não há visita íntima.

Em maio de 2006, a transferência de presos da cúpula do PCC disparou uma das maiores ondas de violência que São Paulo já teve. Na ocasião, a polícia removeu os criminosos depois de descobrir os planos da facção de promover uma megarrebelião nos presídios. Uma série de ataques, orquestrados pelo PCC, parou São Paulo. Seus membros se rebelaram em presídios, incendiaram ônibus e alvejaram delegacias. Entre os dias 12 e 21 de maio, 564 pessoas foram assassinadas – 505 civis e 59 agentes públicos. Boa parte dos homicídios tinha sinais de execução sumária. Não foram esclarecidos pela Justiça. A matança só parou quando o governo se sentou à mesa para negociar com os bandidos dentro do presídio.

Leia também:  >> Polícia teme retaliação de facções em São Paulo

 

sábado, 14 de janeiro de 2017

Polícia teme retaliação de facção em prisões de São Paulo

Um documento obtido por ÉPOCA revela que facção planeja ataques no estado. Pela primeira vez, chefes foram colocados simultaneamente em cárcere duro 

Até o mês passado, a cúpula da maior facção criminosa do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), repetia uma rigorosa rotina de exercícios físicos dentro da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Com equipamentos improvisados com cabos de vassoura e garrafas PET cheias de água, os chefes do PCC fortaleciam o bíceps na prisão de segurança máxima que concentrava, até então, todo o  comando da organização. 

Marco Willians Camacho, o Marcola, considerado o cabeça do bando, ia além: turbinava os efeitos da musculação com whey protein, a proteína do soro do leite que, em academias de verdade, ajuda os marombeiros a ganhar massa. Para relaxar, o grupo terminava o banho de sol com uma partida de futebol.


Esses encontros descontraídos foram interrompidos em 14 de dezembro. Pela primeira vez, numa mesma decisão, todos os 14 integrantes do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram enviados para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do presídio da vizinha Presidente Bernardes, considerado o mais rigoroso de São Paulo. A transferência dos presos, somada à guerra nacional entre facções deflagrada em outubro, colocou as autoridades da segurança pública de São Paulo em alerta. Policiais civis de Araraquara, no interior paulista, repassaram um relatório às delegacias seccionais do estado com um alerta. 


ALERTA
Na foto, o presídio de Presidente Bernardes, para onde foi transferida, em regime de isolamento, a cúpula da facção (Foto: João Bittar / Folhapress)
 

Segundo o documento, obtido por ÉPOCA, “comunicado entre os membros do PCC dão (sic) conta de que armas de fogo foram distribuídas aos integrantes da facção para possíveis ataques. Consta que, no próximo dia 17 de janeiro, o comando do PCC irá ordenar aos executores o tipo de ataque e o local onde cada um terá que agir”. Procurado para comentar o relatório, o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) de São Paulo confirmou que o documento saiu de Araraquara – a penitenciária local já foi um reduto de forte influência da facção, hospedou Marcola e outros líderes do PCC. Apesar de reconhecer a circulação do documento, o Dipol não quis comentá-lo.

A mudança dos presos para o regime mais restrito foi solicitada pela Polícia Civil de Presidente Venceslau, com aval do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual. O pedido de transferência foi fundamentado pela Operação Ethos, realizada em novembro, que investigou uma rede de advogados, acusados de transmitirem ordens do PCC para fora da prisão. Ao julgar o pedido, o Tribunal de Justiça determinou que os 14 chefes do PCC fiquem até o dia 11 de fevereiro no RDD. Falta ainda o TJ decidir se acatará outra solicitação: a transferência da cúpula da facção para presídios federais, mais uma forma de desestabilizar a organização.

No mundo do crime, a transferência foi vista como um novo pedido de prisão. No RDD do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, cada preso passa 22 horas do dia isolado numa cela de 6 metros quadrados, sem acesso a jornais, televisão ou rádio. Tem direito a banho de sol só  de duas horas, sempre sozinho, e visitas de parentes uma vez por semana, sem nenhum contato físico. Esses encontros ocorrem nos parlatórios, separados por grades, vidros e telas. A comunicação é por interfone, como nos filmes policiais americanos. Não há visita íntima.

Foi a remoção de alguns chefes do PCC para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau que desencadeou uma das maiores ondas de violência em São Paulo em maio de 2006. Na ocasião, a polícia transferiu os criminosos depois de descobrir os planos da facção de promover uma megarrebelião nos presídios. Ao ser conduzido para depoimento no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Marcola ameaçou as autoridades. “Não vai ficar barato”, disse. Minutos depois, iniciaram-se ataques orquestrados pela organização que pararam São Paulo. Seus membros se rebelaram em presídios, incendiaram ônibus e alvejaram delegacias. Entre os dias 12 e 21 de maio, 564 pessoas foram assassinadas 505 civis e 59 agentes públicos. Boa parte dos homicídios tinha sinais de execução sumária. Não foram esclarecidos pela Justiça. A matança só parou quando o governo se sentou à mesa para negociar com os bandidos, dentro do presídio.

Além da tensão desencadeada pelo isolamento inédito da cúpula, a segurança pública de São Paulo precisa lidar agora com os desdobramentos da briga nacional entre facções. Em setembro, a cúpula do PCC enviou uma carta, escrita à mão, aos demais integrantes do bando para declarar guerra à facção carioca Comando Vermelho (CV), sua ex-aliada e hoje maior concorrente. Desde outubro, o racha dizimou mais de uma centena de detentos nos presídios no Norte do Brasil. Na tentativa de evitar uma chacina parecida em São Paulo, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do estado transferiu para cadeias neutras 71 presos pertencentes a três facções: CV, Família do Norte (FDN) e Okaid. Ao comentar os massacres no Norte, o secretário da SAP, Lourival Gomes, reconheceu que São Paulo não está livre de motins.

>> Massacres nos presídios revelam a guerra dos facínoras que comandam o crime

 >> O crime está em guerra: as maiores facções brasileiras romperam

Fonte: Revista Época

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Quem é Garrote, o ‘xerife’ da rebelião em presídio de Manaus

O ‘xerife’ do massacre em Manaus

Apontado pela PF como um bandido violento, Márcio Ramalho Diogo, o Garrote, aparece numa selfie feita pelos criminosos festejando a matança de 60 presos

A Polícia Federal já sabe quem foi um dos principais líderes do massacre que resultou na morte de pelo menos 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e outras quatro na unidade Puraquequara, no último domingo, em Manaus. E foi justamente uma selfie tirada pra festejar a matança que ajudou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF no Amazonas. Nela, Márcio Ramalho Diogo, de 34 anos, conhecido como Garrote, aparece de boné vermelho, ao fundo, em meio a vários comparsas armados com escopetas, pistolas e facões. Garrote era um dos ‘xerifes’ (homem de confiança) de José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, um dos líderes da FDN. Dentro da cadeia, já era ele quem ficava responsável por aplicar as penas aos detentos que variavam de lesões graves à morte.
Garrote quando ainda estava foragido, braço-armado das operações mais complexas da FDN no Rio Amazonas (Reprodução)

Quando desencadeou a Operação La Muralla, uma das maiores ações de combate ao tráfico de drogas já feitas no Brasil, em novembro de 2015, a DRE adotou como estratégia tentar desmantelar a comunicação do primeiro e do segundo escalões da Família do Norte (FDN) com as ruas e, principalmente, com a massa carcerária. Dezenove integrantes da facção que domina a rota amazônica do contrabando de arma e droga foram para presídios federais. Outros 40 ficaram no chamado Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) dentro do próprio Estado. Para os investigadores, a medida deu certo e representou um baque na estrutura financeira e logística da quadrilha.

O prazo de um ano como castigo no RDD, no entanto, acabou. E alguns desses criminosos estão de volta ao convívio. Consequentemente, as decisões e as ordens são tomadas com mais agilidade. “Logo que ele saiu do RDD foi comandar a chacina”, diz o delegado federal Rafael Caldeira.


Com nove anotações em sua ficha criminal, Garrote é relatado pela PF como “um homem reconhecido no mundo do crime pela extrema violência e crueldade com que atua”. Durante muito tempo atuou como braço-armado no transporte de grandes cargas que passavam pelo Rio Amazonas. Em 2013, chegou a trocar tiros durante um cerco feito por agentes da própria PF, que resultou na sua captura e na morte de um comparsa. E mesmo preso continuou ditando regras numa nova função: a de distribuição de drogas por Manaus.

Em depoimentos à PF na época, Garrote negou qualquer relação com integrantes da Família do Norte. No entanto, a selfie em meio aos criminosos que protagonizaram a maior barbárie das cadeias brasileiras não deixa dúvida de seu papel de ‘xerife da matança’.

Fonte: Revista VEJA

 

 

sábado, 30 de abril de 2016

Marcola quer fazer botox

A nova tática do PCC: usar um exército de médicos cuja missão é obter autorização para que os líderes da facção possam fazer saídas temporárias da cadeia — momento nobre para uma fuga. 

Marcola, o líder, aproveitou o embalo para pedir uma esticadinha no rosto

Com poucas chances de escaparem dos presídios de segurança máxima onde estão confinados no interior de São Paulo, os líderes do PCC têm investido em um novo método para deixar a prisão pela porta da frente. A facção criminosa chega a gastar até 600 000 reais por mês contratando médicos particulares que visitam a cúpula do bando na cadeia e depois solicitam sua saída temporária para a realização de exames médicos e outros procedimentos. Só a penitenciária II de Presidente Venceslau - que abriga o líder máximo da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola - registrou 558 atendimentos médicos particulares no ano passado. Quando o presídio nega autorização para os exames, o exército de advogados a soldo da facção recorre à Justiça. Em Presidente Venceslau, em 106 casos os pacientes conseguiram deixar o presídio para atendimento fora dos muros.


 CATORZE ANOS NA PRISÃO: Marcola, do PCC, desde quando foi preso (1999, à esq.) até o registro mais recente, de 2013 (à dir.)(L.C. Leite/AE, José Bispo dos Santos Jr, Jonne Roriz/VEJA)

Mudar de ares, ainda que por algumas horas, não é um privilégio pequeno para os chefes do PCC - muitos deles submetidos ao severo Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que prevê 22 horas por dia na solitária e banho de sol separado dos demais presos. Mas o Ministério Público suspeita que haja outros objetivos por trás das saídas médicas. "Esses momentos aumentam a possibilidade de fuga e facilitam a comunicação com o mundo exterior, algo vital para que as lideranças encarceradas repassem ordens aos seus comandados", afirma o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que estuda a facção há uma década.

Em outubro do ano passado, a polícia barrou uma tentativa de resgate que o Ministério Público acredita estar diretamente ligada a essa nova tática. Ao invadirem uma chácara em Bauru onde se escondiam dez integrantes do bando, policiais encontraram jalecos e estetoscópios. Segundo os investigadores, o plano dos criminosos era usar o equipamento como disfarce para resgatar um integrante do PCC que seria atendido em um hospital da região.

Nem sempre a tática de conseguir marcar exames fora do presídio dá certo. Marcola, por exemplo, teve um pedido para fazer uma ressonância magnética no joelho negado pela Justiça - a administração penitenciária conseguiu provar que ele jogava bola com seus comandados todo dia e, portanto, não deveria estar tão mal assim. No momento, o número 1 do PCC aguarda decisão da Justiça para fazer - acredite, leitor - aplicações de Botox. Nesse caso, porém, tudo sugere que a solicitação só tem o propósito de satisfazer a vaidade do chefe da facção, já que a aplicação da substância é um procedimento simples e, se autorizada, pode ser feita na cadeia. No ano passado, Marcola fez dez consultas na prisão com médicos particulares - um deles, dermatologista. Mas o recordista em atendimentos é outro líder do PCC, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue. Um dos internos submetidos ao temido RDD, ele recebeu no ano passado nada menos que 44 atendimentos de profissionais de diversas áreas, incluindo dermatologistas e dentistas.

A facção sofreu alguns duros golpes nos últimos anos. Em 2013, o Ministério Público conseguiu mapear toda a estrutura de comando da organização e apresentou à Justiça a maior denúncia já feita contra o bando. Em seguida, dezessete integrantes da cúpula foram enviados para o RDD. Apesar disso, o PCC continua a se expandir. Em 2006, ele estava concentrado em São Paulo e tinha presença em alguns poucos outros estados, como o Paraná. Hoje, está espalhado por todo o território brasileiro. "Só no Estado de São Paulo, eles estão presentes em nove de cada dez presídios e possuem ascendência sobre 198 000 presos", calcula o promotor Gakiya.

No exterior, além de aumentar sua presença em países produtores de maconha e cocaína como Paraguai e Bolívia, a facção agora possui células na Argentina, no México, no Peru e na Colômbia. Nos últimos anos, a menina dos olhos do grupo passou a ser o chamado "Projeto Princesinha", que consiste no desenvolvimento de uma rota própria para levar a droga para Portugal. O Ministério Público já apreendeu planilhas de contabilidade do grupo em que aparece o registro do lucro com a venda para o continente europeu. O volume de droga ainda é pequeno, contado às dezenas de quilos, mas o potencial é enorme. O PCC pode não fazer mais tanto barulho como há dez anos, quando perpetrou uma onda de ataques que aterrorizou São Paulo, mas continua vivo e ativo. E seus líderes, como se vê, esbanjam saúde.

Fonte: Revista VEJA