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sexta-feira, 22 de março de 2019

Líder do PCC, Marcola, será transferido para a Papuda, em Brasília

Ele será trazido a capital pela PF e ficará no presídio federal da Fazenda Papuda. Esquema de segurança no entorno do presídio é reforçado 

O Ministério da Justiça decidiu transferir Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, para o presídio federal da Fazenda Papuda, em Brasília, nesta sexta-feira (22/3). Ele é apontado pelas autoridades como líder do Primeiro Comando Capital (PCC). Marcola está se deslocando de Porto Velho em um jato da Polícia Federal. A previsão de chegada em Brasília é às 13h.

A transferência de traficantes que lideram a organização criminosa ocorre por conta do esquema de rodízio adotado pelo governo. A intenção é impedir que os chefes das facções deem ordens para que sejam realizados ataques por quem está do lado de fora das prisões. Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que o deslocamento dos presos foi feito pela Força Aérea Brasileira. E que policiais federais e do Depen, além de batedores e helicóptero da Polícia Rodoviária Federal integram o esquema de segurança. Além disso, a Força Nacional de Segurança Pública reforçará a proteção do perímetro das áreas que contornam a Penitenciária Federal de Brasília.
 
No mesmo dia em que a transferência de Marcola para o DF é anunciada, a Polícia Civil e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fazem uma operação que prende integrantes de facções criminosas acusadas de atuar dentro do presídio, em Brasília.   
 
Certificado de Batismo de um dos presos do PCC (foto: Divicom/Divulgação)
 
 
Primeira operação
A primeira operação coordenada pela Seopi, secretaria criada na atual gestão do Ministério da Justiça, ocorreu no dia 13 de fevereiro. A operação integrada entre o Governo Federal e o Governo do Estado de São Paulo, resultou na inclusão de 22 presos no Sistema Penitenciário Federal. Na ocasião, os líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), custodiados em São Paulo, foram transferidos com a escolta do Depen e da Polícia Militar de São Paulo para penitenciárias federais.

Correio Braziliense

LEIA TAMBÉM:  PCDF prende integrantes do PCC que buscam dominar presídios no DF

Por meio da 5ª Vara Criminal de Brasília, a Operação Continuum expediu sete mandados de prisão preventiva

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Moro e Doria pagam pra ver

“A ‘convivência pacífica’ entre polícia e bandido nos presídio estava possibilitando, frequentes ameaças a promotores e juízes por homicidas confessos, em audiências e julgamentos


O ministro da Justiça, Sergio Moro, e o governador de São Paulo, João Doria, pagaram para ver a reação do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país, ao transferir Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e mais 21 chefões do tráfico de drogas das penitenciárias estaduais de Presidente Venceslau e de Presidente Bernardes, no interior do estado, para os presídios federais de Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília (DF), recém-inaugurado na Papuda. Não existe superlotação nem registro de fugas nesses presídios.

Efetivamente, essa é a primeira ação disruptiva de Moro nos presídios, em comum acordo com o governador João Doria, que alfinetou os antecessores ao dizer que esse tipo de medida já poderia ter sido tomada. Segundo o governo paulista, Marcola e seus comparsas estavam planejando uma fuga do presídio, em razão das propostas de endurecimento de penas e do regime carcerário.  A decisão é muito emblemática por causa da crise ocorrida no Ceará, após a transferência dos chefões do crime organizado dos presídios daquele estado para presídios federais — há mais dois: um em Campo Grande (MS) e outro em Catanduvas (PR) —, que são reservados para presos de alta periculosidade e líderes de facções criminosas.

A transferência da alçada estadual para a federal muda o status quo do tráfico de drogas em São Paulo, porque haverá uma desconexão entre os líderes históricos da PCC e toda a poderosa rede de tráfico de drogas, inclusive para o exterior, existente no estado. Além disso, põe fim à “convivência pacífica” entre polícia e bandido nos presídios, que estava possibilitando, inclusive, frequentes ameaças a promotores e juízes criminais de primeira instância por homicidas confessos, em audiências e julgamentos.

Plano de fuga
Segundo relatório dos serviços de inteligência da Secretaria de Segurança de São Paulo, os chefões do tráfico estavam preparando uma fuga espetacular, com utilização de aeronaves, veículos blindados, armamento pesado e homens treinados na Bolívia, inclusive estrangeiros, o que foi determinante para a transferência de Marcola e mais 15 chefões. Outros sete foram transferidos porque comandavam as conexões do PCC em 18 estados e outros países, conforme operação realizada no ano passado. Como houve retaliações do tráfico de drogas às medidas anteriormente tomadas pelo governo paulista para isolar os chefões nos presídios de segurança máxima estaduais, a segurança dos presídios federais para os quais estão sendo transferidos também foi reforçada.

A avaliação das autoridades paulistas é de que o PCC não tentará repetir em São Paulo o que houve no Ceará, porque foram pegos de surpresa, estão sem comunicação com os demais integrantes da organização e também enfrentam disputas com outras facções no Rio de Janeiro, no Norte e no Nordeste, não podendo, por isso, se enfraquecer em São Paulo, num confronto direto com as forças de segurança. Ou seja, Moro e Doria apostaram no enfrentamento da maior e mais poderosa facção do tráfico organizado como passo inicial da política de combate à violência e à criminalidade, sem se deixar intimidar por ameaças.

Ordem unida
De volta a Brasília, a primeira tarefa de Jair Bolsonaro no Congresso será restabelecer a ordem na sua tropa de choque. Além do “barata voa” na bancada de deputados federais, que não se entende, o filho caçula do presidente da República, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, resolveu desmentir publicamente o secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que disse, em entrevista, ter conversado três vezes com seu pai sobre o caso da candidata laranja do PSL em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão, que recebeu R$ 400 mil da legenda sem fazer campanha.
Aparentemente, Bolsonaro deu aval ao filho, mas a turma do deixa-disso tenta pôr panos quentes e trata o assunto como coisa banal na política. Não é: trata-se do filho do presidente da República desautorizando publicamente um ministro com assento no Palácio do Planalto. Bolsonaro endossou o filho nas redes sociais e mandou investigar Bebianno.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Os intocáveis de Moro contra os Al Capones

A partir de 1º de janeiro, quando Jair Bolsonaro subir a rampa do Palácio do Planalto, Brasília ganhará ares de Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Não apenas a Chicago que sedia a universidade de tradição liberal onde estudou Paulo Guedes, designado para ser ministro da Economia. Também a Chicago de Eliot Ness, que em 1929 montou uma equipe de agentes com variadas habilidades e com reputação acima de qualquer suspeita, conhecidos como Intocáveis, para melar os negócios ilícitos de gângsteres como Al Capone e, claro, para jogá-los atrás das grades. Na segunda-feira, dia 26, Sérgio Moro anunciou que seu Ministério da Justiça terá uma Secretaria de Operações Policiais Integradas, que ficará a cargo de Rosalvo Franco, delegado aposentado da Polícia Federal, com o intuito de realizar ações conjuntas com as polícias dos estados. Os Al Capones que ele terá de identificar e caçar são os típicos personagens do crime organizado brasileiro, em suas mais diversas vertentes: chefes do tráfico, salafrários atuantes na lavagem de dinheiro e na evasão de divisas, políticos corruptos e empresários corruptores, entre outros. “Hoje, nós temos muitos grupos criminosos que transcendem as fronteiras estaduais, e essa ação precisa, muitas vezes, de coordenação em nível nacional”, disse Sérgio Moro.

Franco, o Eliot Ness de Moro, foi Superintendente da Polícia Federal no Paraná. Lá, atuou diretamente com o ex-juiz na Lava Jato. Foi o responsável pela operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Lula. Passou por diversas funções na PF durante seus 33 anos de atividade policial e já estava auxiliando Moro na sua equipe de transição. Até agora, essa tem sido uma constante nas indicações do futuro ministro da Justiça: seus Intocáveis são policiais federais com quem trabalhou na Lava Jato, em Curitiba. A confiança é essencial para criar a blindagem necessária nas operações contra o crime organizado. Um dos desafios será transpor essa confiança para a relação com as polícias civis e militares dos estados, por vezes coniventes com os comandantes do crime.

Moro quer garantir a Franco carta-branca e autoridade para atuar no comando de operações, mesmo quando envolver as polícias de cada Estado. A seu comando, atuarão juntas a Polícia Federal, a Força Nacional, a Polícia Rodoviária Federal, quando necessário, e as polícias estaduais Civil e Militar. A nova área cuidará da logística dessas operações conjuntas.  A inspiração de Moro para apostar em forças-tarefas veio da própria Operação Lava Jato, que começou em Curitiba, mas ultrapassou divisas estaduais e fronteiras internacionais, e que envolveu o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal, que passaram a atuar de forma associada. De acordo com dados da PF, a Lava Jato já expediu mais de 200 mandados de prisão preventiva e temporária, bloqueou mais de R$ 2,4 bilhões e repatriou mais de R$ 700 milhões. Estão na cadeia empresários como Marcelo Odebrecht, políticos como o ex-presidente Lula, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Antônio Palocci e servidores do alto escalão da Petrobras como Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.

Eficiência comprovada
Um dos nomes que também teve projeção na Lava Jato e que vai integrar a nova estrutura do Ministério da Justiça é o delegado da PF Fabiano Bordignon. Ele chefiará o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), considerado por Franco estratégico, já que algumas ordens e diretrizes para o cometimento de crimes partem dos presídios federais, onde estão os bandidos mais perigosos do País. O grupo pretende cortar esse mal pela raiz, diminuindo a comunicação dos detentos com o mundo exterior. Em 2006, por exemplo, São Paulo parou diante de ataques orquestrados pelo PCC de dentro dos presídios. Bordignon tem experiência nesse sentido, pois dirigiu o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR).

Outro delegado da confiança de Moro será Maurício Valeixo, que ocupará o cargo de diretor da Polícia Federal. O policial estava na Superintendência da PF no Paraná, onde substituiu o próprio Rosalvo Franco. Antes, passou pelas diretorias de Investigação e Combate ao Crime Organizado, de Repressão às Drogas, de Inteligência Policial e de Gestão de Pessoal. Foi ele quem coordenou a prisão de Lula em abril.

(...) 


Se bem organizada, uma força-tarefa traz inúmeras vantagens para a investigação policial. Ela cria o ambiente que permite às corporações entender as funções e as capacidades das outras instituições no combate a determinado tipo de crime. Enquanto as polícias de nível estadual têm meios para responder imediatamente à ocorrência de crimes, muitas vezes falta a elas, por exemplo, os recursos investigativos de agentes federais. Esse é o primeiro passo para criar uma relação estratégica, coordenada e colaborativa entre as agências. Tão logo uma força-tarefa completa essa fase inicial, seus integrantes passam a discutir como responder ao desafio que lhes foi imposto.


Uma força-tarefa, portanto, é como uma caixa de ferramentas: ela reúne em um mesmo lugar tudo o que você precisa, quando precisa. No ambicioso plano de Moro, dali sairá o martelo que vai fincar os pregos do caixão do crime organizado no Brasil. Não será uma missão fácil. Além dos criminosos de colarinho branco, bandidos poderosos como Fernandinho Beira-Mar e Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, zombam diariamente da sociedade, dando as cartas apesar de presos. Fazem como Al Capone em Chicago. Antes da chegada de Eliot Ness.

MATÉRIA COMPLETA, em IstoÉ


sábado, 30 de abril de 2016

Marcola quer fazer botox

A nova tática do PCC: usar um exército de médicos cuja missão é obter autorização para que os líderes da facção possam fazer saídas temporárias da cadeia — momento nobre para uma fuga. 

Marcola, o líder, aproveitou o embalo para pedir uma esticadinha no rosto

Com poucas chances de escaparem dos presídios de segurança máxima onde estão confinados no interior de São Paulo, os líderes do PCC têm investido em um novo método para deixar a prisão pela porta da frente. A facção criminosa chega a gastar até 600 000 reais por mês contratando médicos particulares que visitam a cúpula do bando na cadeia e depois solicitam sua saída temporária para a realização de exames médicos e outros procedimentos. Só a penitenciária II de Presidente Venceslau - que abriga o líder máximo da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola - registrou 558 atendimentos médicos particulares no ano passado. Quando o presídio nega autorização para os exames, o exército de advogados a soldo da facção recorre à Justiça. Em Presidente Venceslau, em 106 casos os pacientes conseguiram deixar o presídio para atendimento fora dos muros.


 CATORZE ANOS NA PRISÃO: Marcola, do PCC, desde quando foi preso (1999, à esq.) até o registro mais recente, de 2013 (à dir.)(L.C. Leite/AE, José Bispo dos Santos Jr, Jonne Roriz/VEJA)

Mudar de ares, ainda que por algumas horas, não é um privilégio pequeno para os chefes do PCC - muitos deles submetidos ao severo Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que prevê 22 horas por dia na solitária e banho de sol separado dos demais presos. Mas o Ministério Público suspeita que haja outros objetivos por trás das saídas médicas. "Esses momentos aumentam a possibilidade de fuga e facilitam a comunicação com o mundo exterior, algo vital para que as lideranças encarceradas repassem ordens aos seus comandados", afirma o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que estuda a facção há uma década.

Em outubro do ano passado, a polícia barrou uma tentativa de resgate que o Ministério Público acredita estar diretamente ligada a essa nova tática. Ao invadirem uma chácara em Bauru onde se escondiam dez integrantes do bando, policiais encontraram jalecos e estetoscópios. Segundo os investigadores, o plano dos criminosos era usar o equipamento como disfarce para resgatar um integrante do PCC que seria atendido em um hospital da região.

Nem sempre a tática de conseguir marcar exames fora do presídio dá certo. Marcola, por exemplo, teve um pedido para fazer uma ressonância magnética no joelho negado pela Justiça - a administração penitenciária conseguiu provar que ele jogava bola com seus comandados todo dia e, portanto, não deveria estar tão mal assim. No momento, o número 1 do PCC aguarda decisão da Justiça para fazer - acredite, leitor - aplicações de Botox. Nesse caso, porém, tudo sugere que a solicitação só tem o propósito de satisfazer a vaidade do chefe da facção, já que a aplicação da substância é um procedimento simples e, se autorizada, pode ser feita na cadeia. No ano passado, Marcola fez dez consultas na prisão com médicos particulares - um deles, dermatologista. Mas o recordista em atendimentos é outro líder do PCC, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue. Um dos internos submetidos ao temido RDD, ele recebeu no ano passado nada menos que 44 atendimentos de profissionais de diversas áreas, incluindo dermatologistas e dentistas.

A facção sofreu alguns duros golpes nos últimos anos. Em 2013, o Ministério Público conseguiu mapear toda a estrutura de comando da organização e apresentou à Justiça a maior denúncia já feita contra o bando. Em seguida, dezessete integrantes da cúpula foram enviados para o RDD. Apesar disso, o PCC continua a se expandir. Em 2006, ele estava concentrado em São Paulo e tinha presença em alguns poucos outros estados, como o Paraná. Hoje, está espalhado por todo o território brasileiro. "Só no Estado de São Paulo, eles estão presentes em nove de cada dez presídios e possuem ascendência sobre 198 000 presos", calcula o promotor Gakiya.

No exterior, além de aumentar sua presença em países produtores de maconha e cocaína como Paraguai e Bolívia, a facção agora possui células na Argentina, no México, no Peru e na Colômbia. Nos últimos anos, a menina dos olhos do grupo passou a ser o chamado "Projeto Princesinha", que consiste no desenvolvimento de uma rota própria para levar a droga para Portugal. O Ministério Público já apreendeu planilhas de contabilidade do grupo em que aparece o registro do lucro com a venda para o continente europeu. O volume de droga ainda é pequeno, contado às dezenas de quilos, mas o potencial é enorme. O PCC pode não fazer mais tanto barulho como há dez anos, quando perpetrou uma onda de ataques que aterrorizou São Paulo, mas continua vivo e ativo. E seus líderes, como se vê, esbanjam saúde.

Fonte: Revista VEJA

 

terça-feira, 1 de março de 2016

O PCC, o PT e as eleições: uma organização trafica drogas; a outra, as dificuldades e sonhos dos brasileiros



Executivos da Andrade Gutierrez afirmaram, em delação premiada, que a empreiteira pagou ilegalmente dívidas da campanha de Dilma Rousseff em 2010.
Segundo a confissão, celebrou-se um contrato fictício com a agência Pepper — que trabalhava para a candidatura —, e, por esse expediente, mais de R$ 5 milhões foram parar nos cofres da companheirada

A metáfora e a comparação são matéria prima essencial da literatura. Ou, mais amplamente, do texto narrativo. Se o autor quer deixar ainda claro ao leitor a natureza daquilo que diz ou revela, costuma recorrer a tais expedientes. Eles abrem a percepção de quem lê. Farei isso agora. Pensem no PCC, a mais famosa organização criminosa do Brasil, embora, eu desconfio, possa não ser a maior e esteja longe de ser a mais rica.

Imaginem agora que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, o chefão da organização, decida que chegou a hora de participar ativamente da política. Todos conhecem as fontes de financiamento do PCC: tráfico de drogas, roubo de carga, transporte público alternativo etc.

Agora pegue-se esse dinheiro de origem criminosa para financiar candidaturas. Atenção: vou introduzir na narrativa o que chamarei de “chave para o dilema ético”. Não! Marcola não quer candidatos bandidos. Acredita que o PCC deva eleger apenas freiras dos pés descalços, beatos que defendem os direitos humanos, homens e mulheres acima de qualquer suspeita.
Pergunta-se: essa eleição está ou não está contaminada?

Agora voltemos ao dia. Executivos da Andrade Gutierrez confessaram, em delação premiada, que a empreiteira pagou ilegalmente dívidas da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Segundo a confissão, celebrou-se um contrato fictício com a agência Pepper — que trabalhava para a candidatura —, e, por esse expediente, mais de R$ 5 milhões foram parar nos cofres da companheirada. Notem: mesmíssimo método do mensalão!

Notas para compor o quadro: 1) a Andrade Gutierrez é a principal acionista da Oi, aquela que pôs a antena perto do sítio que Lula diz ter ganhado “de presente” de um sindicalista. E a Oi é a sucedânea da Telemar, aquela que se tornou sócia de Lulinha na Gamecorp. 2) Em 2010, a campanha de Dilma foi comandada pelo trio Antonio Palocci, José Eduardo Dutra (já morto) e José Eduardo Cardozo, o novo Advogado-Geral da União. Sigamos na comparação que instrui moralmente.

Venham cá: faz assim tanta diferença se quem financia as campanhas eleitorais é o PCC ou um partido especializado em arrecadar dinheiro ilegal junto a empresas que operam serviços públicos? Digam-me: as freirinhas que fossem eleitas com dinheiro do PCC seriam diferentes de Dilma, que teve a campanha financiada por dinheiro ilegal amealhado pelo PT? Vocês acham o quê?

E, ora vejam, esse dinheiro de campanha é apenas expressão mínima de um método, não? A Andrade Gutierrez fez um acordo de delação premida com multa de R$ 1 bilhão. Os executivos delatores relataram irregularidades nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte, na usina nuclear de Angra 3, na Petrobras e em três estádios da Copa do Mundo: Arena Amazonas, Maracanã e Mané Garrincha, em Brasília.

Do ponto de vista eleitoral, nada mais pode ser feito no que diz respeito àqueles R$ 5 milhões. Não é possível cassar um mandato de Dilma que já expirou. No caso das demais obras, o sobrepreço e o pagamento de propina se deram também no curso do primeiro e do segundo mandatos de Dilma.

A interpretação obtusa do Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição tem permitido que o dispositivo constitucional se torne um valhacouto. Lá está escrito:
“§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”

O texto integra a Constituição de 1988. A reeleição foi aprovada no país em 1997. É evidente que o que vai acima não dá ao governante de turno o direito de delinquir à vontade, bastando, para que fique impune por pelo menos mais quatro anos, que consiga se reeleger. Essa interpretação é uma piada grotesca. Até porque o indivíduo pode, como fez Dilma, cometer crimes com o intuito de se reeleger mesmo. Ou a pedalada fiscal não foi precisamente isso?

Mas voltemos
Mas volto ao ponto, caras e caros! Trata-se de saber se um país pode ou não pode ser governado por uma organização criminosa, que se move nas sombras para arrecadar dinheiro, usando para isso os instrumentos da ameaça e da chantagem.

Se pode, fiquemos à espera das freirinhas de Marcola. Já que, segundo este particular ponto de vista, não há mesmo diferença entre PCC e PT. Um trafica drogas. O outro trafica as dificuldades e os sonhos do povo brasileiro.

Fonte:  Blog do Reinaldo Azevedo