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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

AVULSAS

LEVI ALBERNAZ – ANÁPOLIS-GO

Caro Editor:

Existe um candidato à presidência que está sendo apontado como favorito nas “pesquisas” pelas redações esquerdistas da grande mídia do Brasil.

Vale a pena saber a opinião daqueles que conviveram com ele bem de perto.

São todos ex-líderes do PT que conhecem bem, muito bem!, o antigo companheiro.

Veja só:

 

A ENTREVISTADEIRA

A jornalista Ana Paula Henkel, que fez sucesso no vôlei e hoje bomba na TV, ironizou a apresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcelos.

Chamou-a de “levantadora” com suas perguntas de tiete para Lula.

* * *

De fato, a entrevistadeira, levantou a bola pro ladrão do começo ao fim da “entrevista”.

Além de tentar também levantar as bolas dele.


Só faltou mesmo ela levantar a saia.

Pra mostrar a bacurinha pro seu ídolo..

“Além de ser honesto, não ter condenações e só falar a verdade, o senhor é também um homem muito lindo, meu querido presidente. Uma fofura!!!”

É SIMPLESMENTE INACREDITÁVEL !!!

A decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, de proibir campanha dos 200 anos de independência do Brasil, por considerar o verde e amarelo como cores de uma ideologia política e não da Nação, trazia junto a sugestão de fazer a comemoração do 7 de Setembro só em novembro.

O ministro voltou atrás, mas lembrou muito governadores e prefeitos que mudaram datas festivas na pandemia.

Moraes foi arrebatado pelo bom senso e recuou nessa polêmica, autorizando as comemorações do bicentenário no dia correto.

* * *

A frase “autorizando as comemorações do bicentenário no dia correto“, contida no último parágrafo resume tudo.

O cabeça-de-ovo simplesmente “autorizou” a comemoração da data magna do nosso amado Brasil.

Considerar o verde-amarelo como “cores de uma ideologia política” é de lascar.

Só faltou ele proibir o verde e o amarelo nos semáforos, ficando apenas o vermelho.

É de fudê!!!

É pra arrombar a tabaca de Xolinha!!!

Não acho que ele foi “arrebatado pelo bom senso”, como diz a nota aí de cima.

Bom senso é uma qualidade que esse déspota, esse tiranete de décima terceira categoria não possui de modo algum.

Isto já está mais do que provado e comprovado.

Ele deve conhecer um princípio militar, ensinado nos quartéis, que diz assim: “Ordem absurda não se cumpre”

Vou parar por aqui. Não quero estragar o meu domingo.

E vamos todos pras ruas no próximo dia 7 de setembro!!!

O JORNALISTEIRISMO PETRALHA DA GLOBOSTA

 

sábado, 23 de julho de 2022

Símbolos - E se proibissem a bandeira gay como propaganda eleitoral? - VOZES

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Sábado, 23 de Julho de 2022.

Gazeta do Povo - Bruna Frascolla


Semana passada, o Brasil assistiu a uma juíza eleitoral do Rio Grande do Sul dizer que, no entender dela, a bandeira do Brasil era propaganda política de “um dos lados” e por isso deveria ficar proibida no período eleitoral. Ela falou “um dos lados”, presumindo, naturalmente, a existência de dois lados: Bolsonaro contra o antibolsonarismo, seja ele o petista ou a terceira via. Bolsonaro está sempre com o verde e amarelo; o PT, com o tradicional vermelho. Dos candidatos mais badalados pela imprensa, Ciro Gomes tem usado azul e verde; Simone Tebet ainda não parece ter consolidado nenhuma identidade visual, mas ter apostado no azul e amarelo. É possível que a concorrência de Bolsonaro esteja cônscia de que as cores nacionais são uma coisa bem vista pelo grosso do eleitorado e, ao mesmo tempo, esteja vinculada a um candidato
Assim, pegam uma cor menos usada por ele – o azul – e juntam-no a uma das outras cores da bandeira. 
Quem tentou romper esse monopólio foi Moro, em seu fugacíssimo ensaio de candidatura presidencial. 
Essa tentativa foi acompanhada pelo propósito de substituir Bolsonaro na qualidade de liderança antissistema e antipetista.

No mais, quanto ao histórico da politização do verde-e-amarelo, ocorrem-me duas coisas dignas de serem lembradas. A primeira é que o uso político do verde-e-amarelo neste século provavelmente surgiu nos protestos iniciados em 2013. Estes começaram dizendo que “não é só por 20 centavos”, houve o “Não vai ter Copa” etc., mas o antipetismo o engrossou e nunca mais saiu das ruas. 

Para se distinguirem dos manifestantes de vermelho, os antipetistas foram às ruas com a camisa canarinho da seleção. Ora, a seleção de futebol no Brasil é um símbolo nacional. Essa identificação entre o nacionalismo e o antipetismo foi notada pela esquerda e, em princípio, lastimada. Influencers liberais de modess ou esquerdistas passaram a botar bandeirinhas do Brasil no Twitter a fim de desfazer esse mal-entendido.

Mas não creio que tenha colado. Afinal, a grita contra a juíza do Rio Grande do Sul veio justamente do “outro lado”.  
Parece que os primeiros manifestantes antipetistas enxergavam no petismo uma força alienígena à ideia de uma nação brasileira, e que os atuais manifestantes bolsonaristas enxergam em Bolsonaro uma resposta nacionalista a uma ameaça antinacional.

Creio que o público está correto ao intuir uma polarização entre o nacionalismo brasileiro e uma ideologia antinacional. Querem ver só?

As bandeiras de Orgulho
Pouco antes de a juíza gaúcha decidir que a bandeira nacional é propaganda eleitoral, o Supremo (Tribunal Federal) iluminara o seu prédio com as cores do arco-íris, em homenagem ao Orgulho Gay. Foi uma ação bem leve, comparada à do Tribunal Regional do Trabalho do Pará, que hasteou, junto às bandeiras do Brasil e do Pará, uma versão atualizada da bandeira do Orgulho Gay, que inclui um triângulo com as cores branca, rosa bebê, azul bebê, marrom e preto.

Segundo a Wikipédia, o nome da bandeira é “Progressive Pride”, ou Orgulho Progressista. As cores branca, rosa e azul são para incluir a bandeira trans; o marrom e o preto, para incluir as “pessoas de cor”. Mas calma, que tem mais. 

Saindo do Pará para Londres, há uma bandeira mais atualizada ainda: a “Intersex Inclusive Progressive Pride Flag”, algo como “Bandeira do Orgulho Progressista que Inclui Intersexo”. Intersexo é o novo nome de hermafrodita. Em inglês, não se diz mais “Gay Pride” (Orgulho Gay); agora é só Pride (“Orgulho”) e subentende-se a sopa de letras da vez, em vez de “gay”. De todo modo, Jordan Peterson foi na mosca e apontou que agora passou-se a celebrar o Orgulho, aquilo que até ontem, e por dois milênios, se considerava pecado capital.
A bolinha representaria os hermafroditas. A bandeira pode sofrer infinitas atualizações, à medida que se incluam anões, baixinhos, celíacos…

A Progressive Pride é de 2018, criada por certo Daniel Quasar. A sua versão ainda mais inclusiva é de 2021, criada por certo Valentino Vechietti. Essa pessoa conta à BBC que ficou muito orgulhosa quando as autoridades lhe pediram para usar a bandeira na decoração da rua.  
A imagem das ruas de Londres cobertas pela novíssima bandeira chegaram a mim por meio do youtuber britânico Paul Joseph Watson e do apresentador Matt Walsh. Neste vídeo percebemos ainda que as bandeiras do Orgulho no centro de Londres em substituição da bandeira da Grã-Bretanha. O youtuber nos conta ainda que as bandeiras do Orgulho vêm sendo hasteadas em prédios públicos britânicos.

Ao que parece, o Pará não está tão longe da Inglaterra. Nem o Rio Grande do Sul.
Veja Também:

    Por que não exploraram a ideologia do médico preso por estupro?
    Que os petistas vão à pauta que pariram

E se considerassem propaganda eleitoral essa bandeira?            Quando o STF tuitou as cores do arco-íris, não faltou quem apontasse 
a parcialidade da Corte.

E apareceu também a resposta padrão progressista: ser favorável aos direitos dos gays é a única opção política legítima, seja à esquerda ou à direita. 
Trata-se de civilização ou barbárie, e só abomináveis bolsonaristas, ou evangélicos ignorantes, estariam do lado da barbárie.                         Na verdade, a civilização manda apenas que ninguém seja assassinado; a bandeira tradicional do Orgulho Gay traz demandas bem-sucedidas que nem sempre são aceitas por nichos religiosos.                                         Nos últimos séculos, a civilização sagrara a liberdade religiosa, e os cidadãos teriam o direito de viver no espaço laico com seus próprios valores, sem que tivessem direito de os impor às religiões.                Mas o Supremo fez uma lei aí que diz que a “homofobia” (que não tem um significado preciso) deve ser tratada como o racismo.
 
Ou seja: tendo em vista a laicidade do Estado, que implica a não intrusão sobre os credos religiosos, cabia mesmo ao STF se abster de manifestações durante a celebração do Orgulho Gay. 
Ainda assim, com certeza se pode dizer que a bandeira do arco-íris está desvinculada de um partido. 
Há gays assumidos votando em todo tipo de candidato, e a esquerda, durante a maior parte de sua história, condenou a homossexualidade como “vício burguês”.
 
Quanto à bandeira do Orgulho Progressista, a coisa muda de figura. Faz jus ao nome, pois é muito mais fácil alguém aderir a ela em função de política do que de orientação sexual. 
Nenhum gay ou lésbica contrário à ideologia de gênero ou ao racialismo vai aderir àquela bandeira (é evidente que tais gays e lésbicas existem. Abigail Shrier, em seu livro sobre a moda trans, já apontou que as lésbicas estão desaparecendo nas escolas:                      - as meninas mais masculinas ouvem que são um menino preso no corpo de uma menina. 
A ideologia de gênero merece ser chamada de homofóbica, pois castra homossexuais por não se enquadrarem no estereótipo do seu sexo). Por outro lado, qualquer progressista, a despeito de sua preferência sexual, dirá que tal bandeira equivale a civilização, e só bárbaros são contra.
 
Justamente por isso, podemos imaginar o que aconteceria se algum juiz eleitoral resolvesse proibir o uso de bandeiras LGBTQUIABO durante as eleições, alegando que são propaganda. O mundo viria abaixo. Transexuais cometeriam suicídio. Gays apanhariam na rua.             Seria a enésima evidência a corroborar as estatísticas do GGB segundo as quais o Brasil é o lugar do mundo que mais mata gays.                  Artistas fariam uma performance escatológica em prol dos LGBTQUIABO. Globais de meia idade mostrariam os seios siliconados em protesto contra o patriarcado. 
Alguém iria à ONU denunciar o Brasil. Randolfe iria ao Supremo entrar com uma ação. Em meio à patacoada generalizada, uma ameaça bem tangível aos opositores: ir para a cadeia por discurso de ódio ou sei lá o quê.

Sem escarcéu semelhante
Não é nada ousado, portanto, dizermos que é muitíssimo mais tranquilo atentar contra a bandeira nacional do que contra a bandeira progressista do momento. Só os feios, sujos e mal lavados – isto é, os que estão acostumados a serem serem xingados de bolsonaristas, fascistas ou extremistas – reclamaram da presepada da juíza. Embora tenham reclamado do suposto sequestro da bandeira pelos bolsonaristas, a turma do bem não fez nada contra a decisão da juíza.

Digamos então que na elite midiática e judicial já está consolidada a operação feita nas ruas de Londres, que consistiu na substituição da bandeira nacional pela progressista.  
O pavilhão nacional não goza mais de respeitabilidade. 
O pavilhão progressista, a seu turno, goza da proteção que um objeto sacro tem numa teocracia, e essa proteção é fruto do ativismo judicial de membros não-eleitos encastelados no Estado.
 
A bem da verdade, a imagem das ruas londrinas não deve ter circulado tanto pelo mundo porque causa muito incômodo a qualquer um que não tenha sido totalmente doutrinado pela nova religião secular. Aquelas bandeiras de simbologia críptica dispostas pelo Estado só têm, no Ocidente, um exemplo parecido: o do III Reich.                                      Nem a Itália fascista chegou a tanto; sua única mudança na bandeira italiana foi a retirada da coroa sobre o brasão que ficava na listra branca. Os nazistas, sim, substituíram o pavilhão nacional (amarelo, vermelho e preto) por uma bandeira toda nova (vermelha, branca e preta) com um símbolo que eles próprios inventaram e só eles próprios entendiam. 
E mesmo assim, a combinação de cores dos nazistas não foi uma invenção deles. 
A Alemanha alternava entre os dois padrões de cores, tendo a bandeira imediatamente anterior à de Weimar disposto das mesmas cores que os nazistas. Nem os nazistas ousaram tanto.
 
Ao menos os nazistas se empenhavam em ter o apoio do seu povo. Este novo sistema totalitário é novo. Está de costas para o povo e não lhe presta contas. Em vez disso, coage. 
Talvez o precedente histórico mais próximo desse procedimento seja o comunismo, que também desdenhava do povo e era internacionalista
Mas este sempre se baseou num Estado e num Executivo forte: justamente as duas coisas atacadas pelo progressismo, que pretende passar às ONGs as atribuições do Estado e a um Judiciário militante as dos outros poderes.
Que os petistas vão à pauta [puta = O puta fica por nossa conta.] que pariram. 

Bruna Frascolla é doutora em filosofia pela UFBa e autora de "As ideias e o terror" (República AF, 2020). Colabora com a Gazeta do Povo desde 2020.

 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Quem governa esta droga? - Revista Oeste

J. R. Guzzo
 
Não há mais uma Constituição em vigor; ela é desrespeitada, caso após caso, pelo STF 
 
Brasil está sem governo. As coisas essenciais para o cidadão, como o fornecimento de luz elétrica, o Corpo de Bombeiros e a coleta do lixo continuam funcionando, graças a Deus, nos lugares em que existem — as pessoas encarregadas de executar esses serviços vão trabalhar todos os dias, sabem o que têm de fazer e fazem direito. Não parou a extração de petróleo. O metrô abre às 4 da manhã e vai até a meia-noite
O sujeito que chega à porta de um pronto-socorro tem chances reais de ser atendido. A maioria dos sinais de trânsito está alternando o verde, o vermelho e o amarelo
O país já passou a marca dos 100 milhões de totalmente vacinados contra a covid, ou de 150 milhões com pelo menos uma dose — um bom exemplo mundial. Em suma: o que interessa, mesmo, está razoavelmente de pé, e isso não é assim tão pouca coisa. (Na Venezuela, por exemplo, a produção de 3 milhões de barris diários de petróleo caiu para 1 milhão. Pontes vão desabando aos poucos e as autoridades deixam cair, porque ninguém sabe como consertar. A inflação nos últimos 12 meses foi de 2.600%. O dia a dia é uma calamidade — e lá, claramente, existe governo demais. Ou seja: ter governo, mas governo ruim, não adianta nada.)

O governo não consegue, sequer, baixar uma portaria lembrando que o cidadão tem o direito legal de não ser demitido do emprego caso se recuse a tomar vacina

O problema é que no Brasil de hoje não existe governo nenhum no alto da árvore. Quem tem a obrigação legal, política e moral de governar não está governando [foi eleito para isso]  — ou, muito pior ainda, um dos Três Poderes está impedindo ativamente os outros dois de governarem, com a ilusão de que governa tudo; no fim das contas, acaba sem governar nada, pois o que governa é apenas a desordem

Não há mais uma Constituição em vigor; ela é desrespeitada, caso após caso, pelo Supremo Tribunal Federal. Não há segurança jurídica, pois cidadãos e empresas não sabem, simplesmente, se a lei de hoje é a mesma de ontem, e se vai estar valendo amanhã. Ninguém sabe, também, se quando o Congresso aprova algum projeto é à ganha ou é à brinca. Juízes, procuradores e outros barões da Justiça, que dão a si próprios salários de R$ 80.000 por mês, ou mais, paralisam quando bem entendem a administração pública. Decisões econômicas cruciais não podem ser tomadas. A lei diz que não pode haver presos políticos no Brasil; há presos políticos no Brasil. A lei garante a liberdade de expressão; as pessoas são punidas por expressarem suas opiniões. Investigam-se, julgam-se e punem-se crimes que não existem no Código Penal Brasileiro, como o de “desinformação”, ou o de fake news. Não há mais independência de Poderes; o Congresso e o Executivo nunca sabem, nunca mesmo, se as suas decisões vão valer ou não. Se isso não é desordem, então o que é?

O Executivo, com certeza, não manda nada. Mandar como, se as suas decisões mais simples são abertamente desrespeitadas? 
O governo não consegue, sequer, baixar uma portaria lembrando que o cidadão tem o direito legal de não ser demitido do emprego caso se recuse a tomar vacina. 
É uma coisa elementar. Mas o Ministério Público “do Trabalho”, que existe para proteger os empregos, diz que a decisão não vale; o prefeito de São Paulo diz que não vai aplicar a instrução e fica tudo por isso mesmo
 
O presidente Jair Bolsonaro quis nomear, como é seu direito legal, um diretor para a Polícia Federal; o STF proibiu, mandou nomear outro e foi obedecido. A cada 5 minutos, o mesmo presidente recebe de algum dos dez ministros do Supremo um prazo de “cinco dias”, ou coisa que o valha, para “explicar” por que fez isso ou aquilo. Uma entidade pública legalmente vinculada ao governo federal, a Fundação Palmares, está proibida de demitir qualquer funcionário, por qualquer motivo que seja um caso provavelmente único no mundo. O presidente da República, de novo ele, é censurado abertamente pelas “redes sociais” qualquer YouTube ou Twitter da vida se dá o direito de proibir o homem de falar, ou de selecionar o que ele fala.
 
O governo não consegue levar uma linha de transmissão de energia elétrica para um Estado inteiro, o de Roraima, porque meia dúzia de índios e o Ministério Público não deixam. Não consegue, da mesma forma, construir uma ferrovia estratégica para o interesse público porque seu traçado passa em menos de 0,1% de uma “floresta nacional” nem executar o seu projeto de “escola sem partido”, para limpar um pouco os currículos escolares da sua carga política e ideológica de esquerda. 
A administração federal está infestada por milhares de nomeações políticas feitas nos governos de Lula e Dilma Rousseff; os beneficiados não se subordinam aos seus superiores hierárquicos, mas à orientação do PT e de seus partidos auxiliares. 
O governo foi proibido de bloquear verbas de Goiás retidas por falta de pagamento das dívidas estaduais; a mesma coisa aconteceu com a Bahia
 
Durante a covid, especialmente, o Supremo deitou e rolou em cima da Presidência — a começar pela mais extraordinária decisão de todas, a que criou 6.000 repúblicas dentro do país, ao dar às “autoridades locais” independência quase absoluta para cuidar da epidemia. (Por conta disso, até hoje, dois anos letivos depois, há prefeitos que mantêm fechadas as escolas municipais.)

Ao todo, segundo uma lista que circulou no Palácio do Planalto, os ministros tomaram, de 2019 para cá, 123 decisões diretamente contra o governo

Não há nada que o STF tenha deixado de fazer para combater o governo. Bolsonaro foi intimado a “explicar”, em tantos dias, o decreto que facilitava o porte de armas, o corte de 30% nas verbas das universidades federais e o “Programa Verde Amarelo”. Exigiram, da mesma forma, que ele “explicasse” declarações que fez a respeito do pai do advogado Felipe Santa Cruz, presidente da OAB e destaque no atual palanque da oposição, sobre a ex-presidente Dilma Rousseff e sobre o jornalista americano Glenn Greenwald. Bolsonaro foi proibido de extinguir os “conselhos federais”, dinossauros burocráticos que prosperam sem controle de ninguém em Brasília. 

A medida que transferiu a demarcação de terras indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura, um passo mínimo para enfrentar as fraudes na área, foi suspensa. Também foi cancelada a decisão de dispensar as empresas da obrigação de publicarem seus balanços em veículos de “grande circulação”. Foi anulada, igualmente, a extinção do “seguro obrigatório” para carros, o infame DPVAT. 
Enfim, são três anos inteiros da filosofia do “se é coisa do governo, então eu sou contra” — especialmente quando a “coisa do governo” é mexer em interesses materiais dos amigos do STF. Ao todo, segundo uma lista que circulou no Palácio do Planalto, os ministros tomaram, de 2019 para cá, 123 decisões diretamente contra o governo. 
Dá quase uma por semana. Faz algum sentido um negócio desses?
 
Com o Congresso, o desastre é o mesmo. Até outro dia, numa aberração que jamais será explicada, a Câmara dos Deputados do Brasil era a única Casa parlamentar do planeta a aceitar que um dos seus membros, em pleno exercício do mandato, estivesse na prisão ficou preso nove meses, aliás, por decisão pessoal de um ministro do STF. Foi um momento realmente extraordinário. O deputado não foi cassado em nenhum momento pelo plenário da Câmara. 
Recebeu todos os seus salários e vantagens. Seu suplente não assumiu. Com o mandato válido, poderia perfeitamente ter votado — mas não podia comparecer às sessões porque estava na cadeia, e não foi permitido, também, que ele votasse em esquema de xadrez-office, ou de teletornozeleira
Durante toda a sua prisão, como mostra a reportagem de capa desta edição, os 513 deputados federais da República aceitaram como coelhos assustados o ministro Alexandre de Moraes mandando chover e fazer sol; se tivesse decidido que o deputado Daniel Silveira ficaria preso pelo resto da vida, ninguém iria fazer nada. Que autoridade pode ter um Congresso desses? [os Estados Unidos estão ignorando a ordem de extradição do blogueiro Allan dos Santos e também a de prisão - não dão nenhuma explicação. Talvez a motivação seja falta de amparo legal em ambas as determinações. Desagradável será se o juiz Alexandre de Moraes determinar que o presidente informe em cinco dias as  razões do silêncio dos ianques. 
O presidente terá que informar que o tratado de extradição firmado entre o Brasil e os irmãos do Norte, só autoriza extradição, quando o extraditando cometeu atos que são tipificados como crimes em ambos os países.
 
Os atos dos quais o blogueiro bolsonarista é acusado não estão tipificados em nenhuma lei do Brasil e nos Estados Unidos são considerados exercício da liberdade de expressão, prática que tanto lá, como cá, não é considerada crime.]
 
O presidente do Senado foi obrigado pelo ministro Luís Roberto Barroso, como quem dá ordens a um subordinado, a aceitar a realização da sinistra “CPI da Covid” Esse mesmo Senado morre de medo da ideia de examinar a conduta dos ministros do STF, como é seu direito e sua obrigação legais — os senadores passam mal só de ouvir falar no assunto. A lei criando o voto “impresso”, ou com comprovante de votação, foi aprovada de forma aberta e legítima pela Câmara; foi anulada, simplesmente, pelo mesmo ministro, e votada uma segunda vez — aí, com uma decisão aprovada pelo STF. 
 
Ainda agora, a lei do pagamento das emendas parlamentares, que representa exatamente a vontade da maioria dos deputados e foi aprovada da maneira mais lícita que se possa imaginar, foi vetada pelo STF. A ministra Rosa Weber, com o apoio dos colegas, decidiu legislar diretamente em lugar dos deputados: baixou uma série de ordens a que a Câmara deve obedecer em relação à matéria aprovada. 
Não há nenhuma razão lógica, administrativa nem constitucional para isso — a nova lei, morta ao nascer, é pura e simplesmente a decisão legítima de uma Câmara dos Deputados legalmente eleita.  
Sua anulação é apenas mais uma demonstração de que o Supremo continua dando a si próprio, como faz o tempo todo, o direito de dizer se as leis aprovadas pelo Congresso Nacional valem ou não valem — e como, exatamente, elas devem ser.
 
Não interessa se a lei das emendas “do relator” é boa ou é ruimse ela foi aprovada legalmente pelo Poder Legislativo, o STF não tem nada a ver com isso. Tem apenas de aceitar, como o Executivo e o resto da nação. Mas os ministros, cada vez mais, acham que cabe a eles decidir o que é bom e o que não bom para o Brasil. 
 
Seu trabalho não é mais aplicar a Constituição, mas decidir como o país tem de se comportar, da publicação de anúncios de sociedades anônimas à venda de seguros de carro, em nome do superior bem de “todos” — isso quando não estão ocupados em decidir o que é a verdade e enfiar gente na cadeia por fake news e atos contra o seu estilo de democracia.

Os ministros têm uma capacidade praticamente ilimitada para fazer o mal, mas quase nenhum repertório para fazer o bem

A atuação do STF não é neutra. É perfeitamente inútil esconder os fatos: dos dez atuais ministros do STF, sete foram nomeados por Lula e Dilma. Como é possível pretender que, uma vez no Supremo, eles deixaram de ser quem eram e passaram a se conduzir como juristas imparciais? 
O mundo político, a mídia e a elite podem fazer de conta que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas é óbvio que tem tudo a ver; na verdade, só tem a ver. 
As decisões do STF, assim, são as decisões de um partido político de oposição e geralmente de esquerda — aliás, virou um hábito de o PT e seus satélites recorrerem ao Supremo, e ganharem, a cada derrota que sofrem em votação no plenário
E a confirmação da independência do Banco Central, aprovada em lei no Congresso? 
E a recusa do Tribunal Superior Eleitoral, um derivativo do STF, em anular a chapa Bolsonaro-Mourão? 
São, de fato, decisões que saem da “curva” do tribunal, mas e daí? 
O conjunto da sua conduta compõe uma condenação maciça aos dois outros Poderes, o Executivo e o Legislativo, ambos eleitos livremente pela população brasileira o que não tem nada a ver com as funções e os deveres constitucionais da mais alta Corte de Justiça do país.

O grande problema para o Brasil, nessa salada, é que o STF não deixa o governo nem o Congresso governarem, mas também não consegue, ele próprio, governar o que quer que seja — cria a baderna jurídica, política e administrativa na sociedade, e fica flutuando acima dela, impotente para gerir problemas da vida real e sem responsabilidade pelas ruínas que cria. Os ministros têm uma capacidade praticamente ilimitada para fazer o mal, mas quase nenhum repertório para fazer o bem; o resultado é isso que se vê aí. 

Cada vez mais, os ministros se comportam — quase sem exceções como o chefe que grita nas reuniões e acha que está impondo respeito, quando está apenas demonstrando falta de controle sobre si mesmo. É evidente, olhando com um pouco mais de atenção o que dizem nas suas decisões, que “caiu” o sistema em que se processa a atividade mental de suas excelências. Em algum lugar do circuito, um fio acabou desencapado e o resultado é o espetáculo de ministros lançando bulas de excomunhão para castigar os culpados pela “polarização entre Poderes”, a “animosidade” na população, “ataques contra agentes políticos” e uma penca de disparates do mesmo tamanho. Como assim? 

Nada disso, obviamente, é proibido por lei. Desde quando dar notícias apresentadas “de forma parcial” é um crime, um desvio moral ou uma ameaça “à democracia”? Não tem mais muita coisa a ver com sanidade; tem tudo a ver com jurista de ditadura bananeira lendo sentença de condenação contra preso político.

Governar não é isso.

Leia também “A polícia das ideias”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

 
 
 
 

 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Verde, amarelo, branco, azul anil - Nas entrelinhas

“Crise sanitária, recessão econômica, crise fiscal, desemprego em massa e sinais da volta da inflação nos preços da cesta básica. Entretanto, Bolsonaro está cada vez mais populista”

[Em nome da clareza cabe dizer: a popularidade do presidente Bolsonaro cresce cada vez mais;
E por uma questão de opção pela transparência, impõe-se destacar  que não há razões para a popularidade do capitão sofra reduções, visto que crise sanitária, recessão econômica, crise fiscal, desemprego em massa e sinais da volta da inflação, não tiveram como causa nenhuma medida presidencial, como se demonstra:
- a crise sanitária, tem causa pública e notória;
- os três itens que a seguem foram herdados dos governos anteriores, cabendo registrar que sob o governo Bolsonaro, o desemprego cresceu em torno de 10%, índice que sob uma pandemia é tolerável e a volta da inflação é consequência dos itens anteiores com a agravante de que o governo do presidente Bolsonaro tem sido forçado ao aumento de gastos - por pressão das necessidades básicas de milhões de brasileiros e do Congresso Nacional que tem obrigado a União Federal a arcar com gastos incontroláveis.]
Tivemos um inédito Dia da Independência sem desfiles militares, por causa da pandemia. O presidente Jair Bolsonaro desfilou em carro aberto, cercado de crianças, no velho Rolls-Royce presidencial, comprado pelo presidente Getúlio Vargas em 1952, em si uma atração à parte. A Esquadrilha da Fumaça, como sempre, riscou o céu de Brasília. Estamos a dois anos do Bicentenário da Independência. Quem tiver mais certezas do que dúvidas sobre o futuro estará errado. São tempos de mudanças vertiginosas em meio a grandes adversidades.

Olhando para metade do caminho percorrido, a década de 1920, houve um turbilhão de coisas que deixaram de pernas para o ar a chamada República Velha. O mundo saía da maior carnificina até então ocorrida na História, a I Guerra Mundial. Pode-se dizer que tudo o que ocorreu depois, no século passado, de alguma forma, foi marcado pelo conflito. Há 110 anos, havia uma grande inquietação cultural e artística, além da radicalização ideológica na qual se confrontaram o comunismo e o fascismo, como alternativas à social-democracia e ao liberalismo, respectivamente. A II Guerra Mundial foi quase uma consequência inevitável, cujo grande ensaio no teatro europeu foi a Guerra Civil espanhola.

No Brasil, havia uma profunda crise de identidade; as instituições republicanas, que constituíam um sistema federativo e a nossa democracia representativa, eram contestadas. Dizia-se que eram estruturas artificiais, não se coadunavam com a realidade social e cultural do país. A Semana de Arte Moderna questionaria os padrões culturais tradicionais, impostos por uma elite formada por ex-senhores de escravos e seus descendentes, propunha a busca de uma identidade nacional moderna, “digerindo” as novas correntes filosóficas e artísticas europeias para produzir uma cultura nacional autêntica. O tenentismo eclodiria com o heroísmo dos 18 do Forte Copacabana, questionando o coronelismo, as fraudes eleitorais, o sistema político. Na mesma época, surgia o Partido Comunista, formado por intelectuais e operários de origem anarquista, cristãos-novos do marxismo. Eram prenúncios de uma crise que iria desaguar na Revolução de 1930 e no Estado Novo.

Muitas incertezas
Olhando para o futuro, o que nos aguarda nos próximos dois anos? É difícil a resposta, já mergulhamos num turbilhão das incertezas. Qualquer análise precisa partir da constatação de que estamos vivendo uma crise múltipla, cuja origem difere de todas as anteriores, em razão da pandemia da covid-19: contabilizamos até ontem 126 mil óbitos e 4,137 milhões de casos desde o início da pandemia, com uma taxa de 60,5 mortos por 100 mil habitantes. Estado mais rico e mais populoso, com o melhor sistema de saúde, São Paulo registra 855.722 casos e 31.353 mortes, o que explica a profundidade da recessão econômica, com a queda na produção industrial de 17,7% no segundo trimestre, em relação a igual período de 2019. O único setor com resultado positivo foi o agronegócio, que cresceu 1,2% no trimestre passado, por causa da recuperação chinesa e do aumento do consumo de alimentos, cujos preços dispararam.

Ninguém sabe quanto tempo a pandemia permanecerá, pois há sinais de uma segunda onda na Itália e na Espanha, mas há esperança de que quatro das vacinas em desenvolvimento no mundo estejam liberadas para aplicação em massa até o final do ano: a americana, a inglesa, a russa e uma das chinesas. O Brasil corre atrás delas, mas é improvável que possamos imunizar a população em menos de um ano. Enquanto a vacina não vem, é melhor ter juízo e manter o isolamento social; porém, não é o que acontece no Brasil. O mau exemplo vem de cima. O presidente da República naturaliza a pandemia e mantém uma ocupação militar no Ministério da Saúde que entrará para os anais da nossa história sanitária, repetindo o triste papel que tiveram na epidemia de meningite, durante o regime militar.

Crise sanitária, recessão econômica, crise fiscal, desemprego em massa e sinais da volta da inflação nos preços da cesta básica. Entretanto, Bolsonaro está cada vez mais populista, para desespero da equipe econômica, que agora lida com uma anistia fiscal no valor de R$ 1 bilhão para as igrejas evangélicas, que o presidente da República quer sancionar. Ou seja, todos os contribuintes terão de pagar o calote dos pastores na Receita Federal. Na política, Bolsonaro só pensa na eleição; nos bastidores, trabalha para liquidar com a Operação Lava-Jato, moeda de troca para livrar os filhos das investigações sobre o caso Fabrício Queiroz. Com o ministro Luiz Fux na presidência do Supremo (tomará posse na quinta-feira), será muito difícil.

Pasmem! A anulação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem fez um pronunciamento nas redes sociais com pompa de estadista e cara de candidato, para emular com o de Bolsonaro em cadeia de radio e tevê, passou a ser vista com bons olhos pelos estrategistas do Palácio do Planalto. Já consideram os petistas fregueses de carteirinha e sonham com uma polarização com o petista Lula para reeleger Bolsonaro, sem risco de ter de enfrentar uma candidatura de centro no segundo turno. Até o Bicentenário da Independência, teremos dois anos emocionantes. Oremos!

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Colapso à vista: a China tem fome - Ataque Aberto

A China nunca comprou tanta comida. No Brasil, muita gente comemora o fato de que, justamente em meio à pandemia de Covid-19, quando todo mundo retraiu o consumo, os chineses elevaram sua participação nas importações do agronegócio. Se em janeiro o país comprava 33% das exportações brasileiras de carnes e grãos, chegou em julho respondendo por 39% das vendas do setor agrícola brasileiro para o exterior. Quer dizer que os chineses estão comendo mais? Paradoxalmente, não.

Ao contrário do que Pequim quer fazer parecer, os chineses não estão comprando mais porque as coisas andam bem por lá ou porque se tornaram mais comilões na quarentena. Eles estão avançando nos estoques globais de alimentos para evitar uma catástrofe dentro de suas fronteiras: a fome. Um estudo feito pela Academia de Ciências Sociais da China, divulgado em agosto, estima que o déficit de fornecimento doméstico de alimentos será de 130 milhões de toneladas até 2025. O que reforça que a profunda dependência da China quanto aos mercados produtores de grãos como os Estados Unidos, Brasil e Argentina está bem longe de ser resolvida.

Apesar de a insegurança alimentar ser um problema crônico para China, a recente voracidade dos chineses sobre os estoques de carne e grãos no Brasil e na Argentina é resultado do iminente colapso do abastecimento de alimentos no país. Enquanto diplomatas chineses fazem propaganda para mostrar como a China é bacana com o mundo – mantendo o ritmo de compra de commodities agrícolas e, em muitos casos, aumentando –, o Partido Comunista Chinês faz mil e uma piruetas para pintar com tons de solidariedade e liderança global o que, em essência, é um movimento colossal para a manutenção do regime, marcado pela instabilidade.

O ano de 2020 não começou apenas com a descoberta de que a China era nascedouro de uma pandemia que empurraria a economia global para o abismo. O país foi atingido por uma praga de gafanhotos que se alastrou por algumas das principais áreas produtivas chinesas. Somente na província de Yunan, os insetos devoraram plantações que cobriam 90 quilômetros quadrados, uma área de mais de 9 mil campos de futebol. A praga de gafanhotos veio acompanhada de uma outra infestação. 

Insetos conhecidos pelos agricultores brasileiros pelo nome de lagarta do cartucho foram detectados em quase toda a extensão da China. Apenas cinco províncias ainda estão livres dos bichos, que têm a destrutiva habilidade de devorar sem piedade lavouras inteiras. A perda de parte importante da safra chinesa está diretamente associada à elevação dos preços do milho no mercado chinês, que chegou ao nível mais alto dos últimos cinco anos.

As pragas chinesas vieram acompanhadas de uma peste suína que dizimou 180 milhões de aninais, o equivalente a 40% do rebanho, bem como de dois fenômenos climáticos superlativos: uma das maiores enchentes da história recente da China, na porção Sul do território, e secas severas no Norte. As inundações, que começaram no início de junho, continuam nas bacias dos rios Yangtzé, Huai e Amarelo, localizadas nas maiores regiões produtoras de grãos. A quebra na safra impactou diretamente no preço dos alimentos nos supermercados chineses. Em média, eles estão 10% mais caros em comparação ao mesmo período de 2019. A carne de porco, importante ingrediente da dieta chinesa, está custando 86% mais do que no ano passado.

A situação é tão séria que o presidente Xi Jinping precisou convocar a população para aderir a uma campanha contra o desperdício de alimentos. Chamada de “Prato limpo”, a ação é um esforço para evitar o racionamento de comida. E sendo fiel ao mais genuíno estilo ditatorial comunista, a TV estatal CGTN divulgou o seguinte: “Embora a China tenha colhido grãos suficiente por anos, ainda é necessário ter a consciência de uma crise de segurança alimentar. O impacto da pandemia de Covid-19 este ano soou o alarme para nós.” Nem quando precisa assumir um problema grave, Xi não abre mão de mentir.

Essa foi a segunda vez que o líder chinês falou sobre a necessidade de economizar alimentos. A primeira foi na última semana de julho, quando as enchentes sequer haviam atingido o seu pico. “Quanto mais riscos e desafios enfrentamos, mais precisamos estabilizar a agricultura e garantir a segurança dos grãos e dos principais alimentos não básicos”, disse Xi. Os números das importações chinesas no Brasil são evidentes. Eles não veem o gigante sul-americano como um parceiro comercial. O Brasil (e não falo da soja) é um grande recurso estratégico.


Transcrito do Ataque Aberto - Gazeta do Povo - Luciano Coutinho

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Seca severa em Brasília deve comprometer desfile do 7 de Setembro

A expectativa é de que ainda nesta quarta-feira (30/8) a Defesa Civil do Distrito Federal decrete estado de emergência por conta da baixa umidade

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ampliou as áreas em alerta vermelho devido à seca que assola a região central do país. Como em algumas dessas áreas será o segundo dia consecutivo de umidade abaixo dos 12%, a expectativa é de que ainda nesta quarta-feira (30/8) a Defesa Civil do Distrito Federal decrete estado de emergência nessas áreas. Segundo o Inmet, a tendência é de que a situação piore nos próximos dias, podendo, inclusive, comprometer o desfile do 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios.

Segundo a meteorologista do Inmet Ingrid Peixoto, as áreas em alerta vermelho aumentaram mais desde terça-feira (29/8), quando abrangeu a região central de Goiás, em especial as cidades de Goiânia e Luziânia, e pontos do entorno e do Distrito Federal, como o Gama.  “Hoje nosso alerta vermelho se expandiu para toda a faixa oeste, centro e noroeste de Goiás; do leste do Mato Grosso; do sul e sudeste de Tocantins; e do oeste do DF, que abrange, entre outras localidades, o Plano Piloto, Vicente Pires, Guará, Taguatinga, Ceilândia, Mangueiral”, informou Ingrid à Agência Brasil. Segundo ela, nessas localidades a umidade ficará abaixo dos 12%, podendo chegar a 8%.

De acordo com o Inmet, hoje completam 100 dias sem chuva no DF. A última chuva registrada foi no dia 22 de maio. A tendência, segundo Ingrid Peixoto, é de que a situação piore nos próximos dias e que chegue ao auge por volta do dia 15 de setembro. “Portanto, se continuar desse jeito, as atividades previstas para o desfile do 7 de Setembro podem ser comprometidas". "Historicamente, a expectativa é de que nesta data [7 de Setembro] se tenha algo em torno de 15% de umidade. Este ano, no entanto, há maiores probabilidades de esse percentual ser mais baixo por conta de uma bolha de ar bem quente que está acima da cidade”, acrescentou.
 
Defesa Civil
Tendo por base o alerta vermelho feito pelo Inmet dois dias seguidos, cabe à Defesa Civil declarar estado de emergência para a localidade em que ele foi emitido. Esse alerta é dado quando a umidade fica abaixo de 12%, situação em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a interrupção total de qualquer atividade entre as 10h e 16h, em especial aulas de educação física, entregas de correspondência e coleta de lixo. “A OMS recomenda também a suspensão de atividades que exijam aglomeração de pessoas em recintos fechados, como salas de aula e até mesmo cinemas. Ambientes refrigerados não são recomendados porque o ar-condicionado retira a umidade desses recintos, prejudicando ainda mais as pessoas que ali estão”, acrescentou a meteorologista. Também está entre as recomendações previstas para o estado de emergência a umidificação de ambientes internos, em especial hospitais e quartos frequentados por crianças e idosos.
Alertas
Em situações mais amenas, o Inmet pode decretar alertas amarelo (estado de atenção) ou laranja (estado de alerta). No primeiro caso, quando a umidade relativa do ar está entre 30% e 21%, o recomendado é que as pessoas se protejam do sol; evitem exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h; bebam mais água; e umidifiquem os ambientes. Já o alerta laranja é decretado quando a umidade varia de 20% a 12%. Nesse caso, além do que é previsto pelo alerta amarelo, é recomendado que se evite aglomerações em ambientes fechados e que se umidifique olhos e nariz com soro fisiológico. O intervalo para que se evite exercícios físicos é ampliado para o período entre 10h e 16h.

A Defesa Civil do DF disse à Agência Brasil que, caso se confirmem as expectativas anunciadas pelo Inmet, deverá decretar ainda hoje estado de emergência. De acordo com o Inmet, em uma seca dessa magnitude há também maior ocorrência de queimadas, bem como a formação de névoa seca e de redemoinhos de poeira. Também são mais comuns problemas respiratórios na população. “Estamos com um clima bastante semelhante ao do deserto, com noites frias e tardes bastante quentes. A diferença é que, no deserto, isso ocorre o ano inteiro. Lá [nos desertos], a temperatura à tarde fica em torno dos 40 graus centígrados (ºC), enquanto as madrugadas podem registrar temperaturas até mesmo abaixo de zero. Podemos dizer que, aqui nessas regiões durante o período mais seco, a situação é comparável à que ocorre no deserto”, completou Ingrid.
 
Fonte: Correio Braziliense