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sexta-feira, 14 de julho de 2023

Congresso da UNE - Barroso insulta a inteligência do brasileiro e ataca metade do país - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Gazeta do Povo - VOZES

Na quarta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso foi de mangas arregaçadas, sem paletó, à abertura do 59.º Congresso da UNE, que é controlada pelo Partido Comunista do Brasil e seus afins.  
Estavam lá, também, o ministro da Justiça e a presidente do PT
Barroso fez um discurso que foi o assunto desta quinta em Brasília. 
Um discurso em que, ironicamente, ele disse que “só ditadura tem censura, tem presos políticos”. 
Pois na madrugada do mesmo dia foi encontrado desacordado, no chão da cela na Academia de Polícia, onde está preso, o coronel Naime, que era o comandante de Operações da PM em Brasília voltou quando soube dos acontecimentos de 8 de janeiro, assumiu o comando, foi ferido, atuou na proteção dos palácios, mas quando ele chegou já era tarde, e ele está preso há 50 dias sem saber o porquê; [em nossa opinião, ele  cometeu o crime de estar de folga, no dia 8 de janeiro.] há quem diga que foi por causa de uma denúncia da ex-mulher dele, dizendo que ele iria fugir, ou coisa parecida. Então, foi mantido preso.  
Naime foi levado para o hospital, havia um armário em cima dele. Mas o ministro Barroso diz que não temos presos políticos.
 
Também na quinta, na Comissão de Segurança Pública do Senado, ouviu-se o depoimento de Gabriela Ritter, filha de um preso político e presidente da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro. Ela representa o pessoal que está preso e indiciado. 
Naquela sessão, o líder da oposição, senador Rogério Marinho, disse que estão todos indiciados e viraram réus sem individualização da acusação, e que ele está esperando que a OAB tome providências. O restante da fala do ministro Barroso, que vai ser presidente do Supremo ainda neste ano, também repercutiu por lá. Barroso disse o seguinte para os estudantes – repito, de manga arregaçada e sem paletó: “Nós derrotamos a censura. Nós derrotamos a tortura. Nós derrotamos o bolsonarismo, para permitir a democracia, a manifestação livre de todas as pessoas”.
 
Parece que ele está com problema de memória atual e memória do passado. Ele tinha 17 anos quando Ernesto Geisel acabou com a censura, em 1975. Eu lembro disso porque cobri o fato para o Jornal do Brasil, que era o principal jornal do país.  
Depois, em seguida, acabou o AI-5, em 1978; Barroso tinha 20 anos, devia lembrar que ainda estava no governo Geisel, mas talvez ele não lembre. E também não lembra dos dias de hoje, porque ele fala em permitir a “manifestação livre de todas as pessoas”
O líder da oposição no Senado, ao se referir a isso, disse que nós estamos vivendo, sim, um tempo de relativização da democracia, da inviolabilidade de mandatos, da Constituição, dos direitos humanos, da ordem jurídica e dos valores, porque cancelam as pessoas que ousam desafiar isso.

Mas talvez o mais importante de tudo seja a manifestação do presidente do Senado, que é o homem que pode pautar pedidos como o que a oposição está preparando agora, de impeachment do ministro Barroso. Rodrigo Pacheco, referindo-se à fala de Barroso no congresso da UNE, afirmou que ele deveria refletir um pouco sobre o que disse, porque foi “inadequado”, “inoportuno” e “infeliz”. Uau!  

O ministro Barroso, tentando corrigir o que havia dito, explicou que respeita os 58 milhões de eleitores de Bolsonaro e que, ao falar sobre “derrotar o bolsonarismo”, ele quis se referir ao “extremismo golpista”. Quer dizer, piorou a situação. Ele está afirmando – sem expressar, mas está afirmando – que bolsonarismo é sinônimo de extremismo golpista. Ficou pior a emenda que o soneto. Isso foi algo muito importante.

Governadores respondem a Lula e dizem que escolas cívico-militares continuam
Outro evento importante do dia nos deu uma alegria enorme. Foi a manifestação dos governadores, dizendo que em seus estados não vão acabar com as escolas cívico-militares de jeito nenhum. 
Vai entrar pessoal da PM, pessoal do Corpo de Bombeiros – que, aliás, já está nessas escolas; não precisa muito, dois ou três já bastam. Porque com a disciplina e com a ordem, acabou o traficante na porta da escola, a escola está limpinha, não está depredada, não tem violência e, o melhor de tudo, a disciplina, que é a base para qualquer atividade humana ter êxito, está aumentando a produtividade e o aproveitamento dos alunos em todas as matérias.

Talvez essa decisão do governo federal, de acabar com o programa das escolas cívico-militares, tenha estimulado e despertado ainda mais a importância da disciplina, da ordem, do ensino de valores, da formação de cidadania nas escolas, coisas que deveriam ter origem na família, mas que a escola deve complementar.

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Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


sábado, 11 de dezembro de 2021

Câmara acelera afago a PMs, mas desiste de tirar poder de governadores - Folha de S. Paulo

Projeto da Lei Orgânica da corporação teve regime de urgência aprovado e deve ser votado no início do próximo ano

Em busca de consenso em torno do projeto da Lei Orgânica da Polícia Militar em tramitação na Câmara dos Deputados, o relator da proposta, deputado Capitão Augusto (PL-SP), afirma que vai retirar do texto trechos que reduzem o poder de governadores sobre as tropas.Na quarta-feira (8), a Casa aprovou um requerimento de urgência para permitir que o projeto seja votado a qualquer momento no plenário. Porém, diante das polêmicas que envolvem a proposta, a apreciação deve ocorrer apenas em fevereiro de 2022, segundo estimativa do próprio relator.

O projeto foi enviado pelo Executivo ainda em 2001, mas ficou parado por quase 20 anos, até que em 2018 voltou a tramitar, após pressão da Frente Parlamentar da Segurança Pública. Desde então, tornou-se uma das principais bandeiras de PMs que compõem a base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nenhum relatório oficial foi protocolado, mas uma das adaptações feitas pelo Capitão Augusto na última versão preliminar previa que a escolha dos comandantes-gerais da PM e do Corpo de Bombeiros seria feita a partir de uma lista tríplice elaborada pelos próprios oficiais, com mandato de dois anos.

Hoje, esta escolha é feita pelo governador, sem lista e sem mandato. Para organizações como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a mudança enfraqueceria o controle do governador sobre as corporações militares estaduais, uma vez que hoje os chefes dos Executivos locais têm liberdade para definir os comandantes.

Capitão Augusto argumenta que a intenção era evitar o uso político das forças de segurança pública, mas garante que essa possibilidade será excluída do texto. "A  questão é que não estávamos querendo o uso político da instituição. A gente queria uma polícia que trabalhasse para a sociedade, e não fosse usada para campanhas, mas, como foi divulgado, foi distorcido que a gente queria tirar a autonomia do governador, resolvi tirar por completo", disse o deputado.

"O projeto é muito mais que isso. Então, não consta mais no projeto nem lista tríplice nem mandato para o comandante-geral, infelizmente", afirmou Capitão Augusto. Outro ponto de preocupação entre os especialistas são as medidas de fortalecimento da Justiça Militar, como a criação de Tribunais de Justiça Militar em estados com efetivo superior a 20 mil integrantes e a manutenção de sua competência para o julgamento de crimes militares praticados contra civis, inclusive os de violência doméstica.[crimes militares DEVEM ser julgados pela Justiça Militar e, por óbvio, seguindo os preceitos do Código Penal Militar e do Código de Processo Penal Militar.] "Todos os relatórios da ONU, os relatórios especiais, falam que está na hora de acabar com a Justiça Militar, que tem de se garantir a investigação mais imparcial desses casos, mas o projeto é, de alguma forma, superconservador e fortalece o controle deles [militares]", critica Isabel Figueiredo, membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ainda pela última versão do projeto, as funções exercidas por policiais militares e bombeiros militares passariam a ser consideradas "atividades jurídicas e típicas de Estado".  De acordo com Figueiredo, a medida pode permitir que a categoria tenha salários acima do teto da administração pública e resultar em impactos orçamentários para os estados.  "O teto do funcionalismo no estado é o salário do governador, com exceção das carreiras jurídicas. Quando você coloca a PM como carreira jurídica, você consegue furar o teto do governador", disse ela. "Então, e aí considerando que a estrutura salarial da polícia é uma estrutura piramidal, você acaba tendo um enorme impacto orçamentário", afirmou Figueiredo.

A proposta também cria uma nova categoria de oficiais, a de "oficiais generais", compostas por tenente-general, major-general e brigadeiro-general.[entendemos que a carreira militar da PM deve se encerrar no posto de coronel. O posto de oficial general deve continuar privativo das Forças Armadas - as polícias militares são Forças Auxiliares das Forças Armadas.]

Hoje, só há generais nas Forças Armadas, e a medida é vista como uma aproximação exagerada com o modelo estrutural das instituições nacionais. Essa ideia não é unânime nem entre os PMs, principalmente entre os praças, que são favoráveis à diminuição das patentes das polícias.Apesar disso, o relator disse que se trata apenas de uma questão para "fins protocolares" que será mantida no texto.

"É só uma questão de prestígio para a instituição, prestígio dentro do Brasil e prestígio internacional. Um comandante nosso [de São Paulo] vai a um evento, que talvez seja uma das maiores instituições militares do mundo, e não pode ter direito à fala porque ele é considerado coronel, e não é general. A intenção é somente valorizar a função", afirmou. O projeto padroniza as regras para ingresso nas corporações militares e exige o nível superior como um dos pré-requisitos.

Para os oficiais da Polícia Militar, será preciso apresentar diploma de conclusão de graduação em Direito. Além disso, 20% das vagas deverão ser reservadas para pessoas do sexo feminino. A proposta também afrouxa as regras e permite que um indiciado em inquérito policial ou réu em processo judicial ou administrativo possa ingressar na PM. Capitão Augusto afirmou que essa medida é necessária para cumprir o princípio constitucional da presunção de inocência.

Atualmente, as atividades dos militares estaduais no Brasil são regidas por um Decreto-Lei criado em 1969, há 52 anos. Defensores da Lei Orgânica afirmam que ela é necessária para tornar as corporações mais dinâmicas e atualizadas. Para os críticos, porém, ele atende apenas aos interesses dos militares."Do jeito que o projeto está, está muito corporativo no mau sentido, pensando só nos interesses do oficialato. A gente perde uma oportunidade de modernizar mesmo essas instituições, de arejar minimamente essas polícias", disse Figueiredo.

O relator afirmou que o projeto é resultado de audiências públicas e sugestões de entidades ligadas à segurança pública, mas garante que o texto está "em aberto" e deve sofrer mais alterações antes de ser votado no ano que vem.

Cotidiano - Folha de S. Paulo 

 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Quem governa esta droga? - Revista Oeste

J. R. Guzzo
 
Não há mais uma Constituição em vigor; ela é desrespeitada, caso após caso, pelo STF 
 
Brasil está sem governo. As coisas essenciais para o cidadão, como o fornecimento de luz elétrica, o Corpo de Bombeiros e a coleta do lixo continuam funcionando, graças a Deus, nos lugares em que existem — as pessoas encarregadas de executar esses serviços vão trabalhar todos os dias, sabem o que têm de fazer e fazem direito. Não parou a extração de petróleo. O metrô abre às 4 da manhã e vai até a meia-noite
O sujeito que chega à porta de um pronto-socorro tem chances reais de ser atendido. A maioria dos sinais de trânsito está alternando o verde, o vermelho e o amarelo
O país já passou a marca dos 100 milhões de totalmente vacinados contra a covid, ou de 150 milhões com pelo menos uma dose — um bom exemplo mundial. Em suma: o que interessa, mesmo, está razoavelmente de pé, e isso não é assim tão pouca coisa. (Na Venezuela, por exemplo, a produção de 3 milhões de barris diários de petróleo caiu para 1 milhão. Pontes vão desabando aos poucos e as autoridades deixam cair, porque ninguém sabe como consertar. A inflação nos últimos 12 meses foi de 2.600%. O dia a dia é uma calamidade — e lá, claramente, existe governo demais. Ou seja: ter governo, mas governo ruim, não adianta nada.)

O governo não consegue, sequer, baixar uma portaria lembrando que o cidadão tem o direito legal de não ser demitido do emprego caso se recuse a tomar vacina

O problema é que no Brasil de hoje não existe governo nenhum no alto da árvore. Quem tem a obrigação legal, política e moral de governar não está governando [foi eleito para isso]  — ou, muito pior ainda, um dos Três Poderes está impedindo ativamente os outros dois de governarem, com a ilusão de que governa tudo; no fim das contas, acaba sem governar nada, pois o que governa é apenas a desordem

Não há mais uma Constituição em vigor; ela é desrespeitada, caso após caso, pelo Supremo Tribunal Federal. Não há segurança jurídica, pois cidadãos e empresas não sabem, simplesmente, se a lei de hoje é a mesma de ontem, e se vai estar valendo amanhã. Ninguém sabe, também, se quando o Congresso aprova algum projeto é à ganha ou é à brinca. Juízes, procuradores e outros barões da Justiça, que dão a si próprios salários de R$ 80.000 por mês, ou mais, paralisam quando bem entendem a administração pública. Decisões econômicas cruciais não podem ser tomadas. A lei diz que não pode haver presos políticos no Brasil; há presos políticos no Brasil. A lei garante a liberdade de expressão; as pessoas são punidas por expressarem suas opiniões. Investigam-se, julgam-se e punem-se crimes que não existem no Código Penal Brasileiro, como o de “desinformação”, ou o de fake news. Não há mais independência de Poderes; o Congresso e o Executivo nunca sabem, nunca mesmo, se as suas decisões vão valer ou não. Se isso não é desordem, então o que é?

O Executivo, com certeza, não manda nada. Mandar como, se as suas decisões mais simples são abertamente desrespeitadas? 
O governo não consegue, sequer, baixar uma portaria lembrando que o cidadão tem o direito legal de não ser demitido do emprego caso se recuse a tomar vacina. 
É uma coisa elementar. Mas o Ministério Público “do Trabalho”, que existe para proteger os empregos, diz que a decisão não vale; o prefeito de São Paulo diz que não vai aplicar a instrução e fica tudo por isso mesmo
 
O presidente Jair Bolsonaro quis nomear, como é seu direito legal, um diretor para a Polícia Federal; o STF proibiu, mandou nomear outro e foi obedecido. A cada 5 minutos, o mesmo presidente recebe de algum dos dez ministros do Supremo um prazo de “cinco dias”, ou coisa que o valha, para “explicar” por que fez isso ou aquilo. Uma entidade pública legalmente vinculada ao governo federal, a Fundação Palmares, está proibida de demitir qualquer funcionário, por qualquer motivo que seja um caso provavelmente único no mundo. O presidente da República, de novo ele, é censurado abertamente pelas “redes sociais” qualquer YouTube ou Twitter da vida se dá o direito de proibir o homem de falar, ou de selecionar o que ele fala.
 
O governo não consegue levar uma linha de transmissão de energia elétrica para um Estado inteiro, o de Roraima, porque meia dúzia de índios e o Ministério Público não deixam. Não consegue, da mesma forma, construir uma ferrovia estratégica para o interesse público porque seu traçado passa em menos de 0,1% de uma “floresta nacional” nem executar o seu projeto de “escola sem partido”, para limpar um pouco os currículos escolares da sua carga política e ideológica de esquerda. 
A administração federal está infestada por milhares de nomeações políticas feitas nos governos de Lula e Dilma Rousseff; os beneficiados não se subordinam aos seus superiores hierárquicos, mas à orientação do PT e de seus partidos auxiliares. 
O governo foi proibido de bloquear verbas de Goiás retidas por falta de pagamento das dívidas estaduais; a mesma coisa aconteceu com a Bahia
 
Durante a covid, especialmente, o Supremo deitou e rolou em cima da Presidência — a começar pela mais extraordinária decisão de todas, a que criou 6.000 repúblicas dentro do país, ao dar às “autoridades locais” independência quase absoluta para cuidar da epidemia. (Por conta disso, até hoje, dois anos letivos depois, há prefeitos que mantêm fechadas as escolas municipais.)

Ao todo, segundo uma lista que circulou no Palácio do Planalto, os ministros tomaram, de 2019 para cá, 123 decisões diretamente contra o governo

Não há nada que o STF tenha deixado de fazer para combater o governo. Bolsonaro foi intimado a “explicar”, em tantos dias, o decreto que facilitava o porte de armas, o corte de 30% nas verbas das universidades federais e o “Programa Verde Amarelo”. Exigiram, da mesma forma, que ele “explicasse” declarações que fez a respeito do pai do advogado Felipe Santa Cruz, presidente da OAB e destaque no atual palanque da oposição, sobre a ex-presidente Dilma Rousseff e sobre o jornalista americano Glenn Greenwald. Bolsonaro foi proibido de extinguir os “conselhos federais”, dinossauros burocráticos que prosperam sem controle de ninguém em Brasília. 

A medida que transferiu a demarcação de terras indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura, um passo mínimo para enfrentar as fraudes na área, foi suspensa. Também foi cancelada a decisão de dispensar as empresas da obrigação de publicarem seus balanços em veículos de “grande circulação”. Foi anulada, igualmente, a extinção do “seguro obrigatório” para carros, o infame DPVAT. 
Enfim, são três anos inteiros da filosofia do “se é coisa do governo, então eu sou contra” — especialmente quando a “coisa do governo” é mexer em interesses materiais dos amigos do STF. Ao todo, segundo uma lista que circulou no Palácio do Planalto, os ministros tomaram, de 2019 para cá, 123 decisões diretamente contra o governo. 
Dá quase uma por semana. Faz algum sentido um negócio desses?
 
Com o Congresso, o desastre é o mesmo. Até outro dia, numa aberração que jamais será explicada, a Câmara dos Deputados do Brasil era a única Casa parlamentar do planeta a aceitar que um dos seus membros, em pleno exercício do mandato, estivesse na prisão ficou preso nove meses, aliás, por decisão pessoal de um ministro do STF. Foi um momento realmente extraordinário. O deputado não foi cassado em nenhum momento pelo plenário da Câmara. 
Recebeu todos os seus salários e vantagens. Seu suplente não assumiu. Com o mandato válido, poderia perfeitamente ter votado — mas não podia comparecer às sessões porque estava na cadeia, e não foi permitido, também, que ele votasse em esquema de xadrez-office, ou de teletornozeleira
Durante toda a sua prisão, como mostra a reportagem de capa desta edição, os 513 deputados federais da República aceitaram como coelhos assustados o ministro Alexandre de Moraes mandando chover e fazer sol; se tivesse decidido que o deputado Daniel Silveira ficaria preso pelo resto da vida, ninguém iria fazer nada. Que autoridade pode ter um Congresso desses? [os Estados Unidos estão ignorando a ordem de extradição do blogueiro Allan dos Santos e também a de prisão - não dão nenhuma explicação. Talvez a motivação seja falta de amparo legal em ambas as determinações. Desagradável será se o juiz Alexandre de Moraes determinar que o presidente informe em cinco dias as  razões do silêncio dos ianques. 
O presidente terá que informar que o tratado de extradição firmado entre o Brasil e os irmãos do Norte, só autoriza extradição, quando o extraditando cometeu atos que são tipificados como crimes em ambos os países.
 
Os atos dos quais o blogueiro bolsonarista é acusado não estão tipificados em nenhuma lei do Brasil e nos Estados Unidos são considerados exercício da liberdade de expressão, prática que tanto lá, como cá, não é considerada crime.]
 
O presidente do Senado foi obrigado pelo ministro Luís Roberto Barroso, como quem dá ordens a um subordinado, a aceitar a realização da sinistra “CPI da Covid” Esse mesmo Senado morre de medo da ideia de examinar a conduta dos ministros do STF, como é seu direito e sua obrigação legais — os senadores passam mal só de ouvir falar no assunto. A lei criando o voto “impresso”, ou com comprovante de votação, foi aprovada de forma aberta e legítima pela Câmara; foi anulada, simplesmente, pelo mesmo ministro, e votada uma segunda vez — aí, com uma decisão aprovada pelo STF. 
 
Ainda agora, a lei do pagamento das emendas parlamentares, que representa exatamente a vontade da maioria dos deputados e foi aprovada da maneira mais lícita que se possa imaginar, foi vetada pelo STF. A ministra Rosa Weber, com o apoio dos colegas, decidiu legislar diretamente em lugar dos deputados: baixou uma série de ordens a que a Câmara deve obedecer em relação à matéria aprovada. 
Não há nenhuma razão lógica, administrativa nem constitucional para isso — a nova lei, morta ao nascer, é pura e simplesmente a decisão legítima de uma Câmara dos Deputados legalmente eleita.  
Sua anulação é apenas mais uma demonstração de que o Supremo continua dando a si próprio, como faz o tempo todo, o direito de dizer se as leis aprovadas pelo Congresso Nacional valem ou não valem — e como, exatamente, elas devem ser.
 
Não interessa se a lei das emendas “do relator” é boa ou é ruimse ela foi aprovada legalmente pelo Poder Legislativo, o STF não tem nada a ver com isso. Tem apenas de aceitar, como o Executivo e o resto da nação. Mas os ministros, cada vez mais, acham que cabe a eles decidir o que é bom e o que não bom para o Brasil. 
 
Seu trabalho não é mais aplicar a Constituição, mas decidir como o país tem de se comportar, da publicação de anúncios de sociedades anônimas à venda de seguros de carro, em nome do superior bem de “todos” — isso quando não estão ocupados em decidir o que é a verdade e enfiar gente na cadeia por fake news e atos contra o seu estilo de democracia.

Os ministros têm uma capacidade praticamente ilimitada para fazer o mal, mas quase nenhum repertório para fazer o bem

A atuação do STF não é neutra. É perfeitamente inútil esconder os fatos: dos dez atuais ministros do STF, sete foram nomeados por Lula e Dilma. Como é possível pretender que, uma vez no Supremo, eles deixaram de ser quem eram e passaram a se conduzir como juristas imparciais? 
O mundo político, a mídia e a elite podem fazer de conta que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas é óbvio que tem tudo a ver; na verdade, só tem a ver. 
As decisões do STF, assim, são as decisões de um partido político de oposição e geralmente de esquerda — aliás, virou um hábito de o PT e seus satélites recorrerem ao Supremo, e ganharem, a cada derrota que sofrem em votação no plenário
E a confirmação da independência do Banco Central, aprovada em lei no Congresso? 
E a recusa do Tribunal Superior Eleitoral, um derivativo do STF, em anular a chapa Bolsonaro-Mourão? 
São, de fato, decisões que saem da “curva” do tribunal, mas e daí? 
O conjunto da sua conduta compõe uma condenação maciça aos dois outros Poderes, o Executivo e o Legislativo, ambos eleitos livremente pela população brasileira o que não tem nada a ver com as funções e os deveres constitucionais da mais alta Corte de Justiça do país.

O grande problema para o Brasil, nessa salada, é que o STF não deixa o governo nem o Congresso governarem, mas também não consegue, ele próprio, governar o que quer que seja — cria a baderna jurídica, política e administrativa na sociedade, e fica flutuando acima dela, impotente para gerir problemas da vida real e sem responsabilidade pelas ruínas que cria. Os ministros têm uma capacidade praticamente ilimitada para fazer o mal, mas quase nenhum repertório para fazer o bem; o resultado é isso que se vê aí. 

Cada vez mais, os ministros se comportam — quase sem exceções como o chefe que grita nas reuniões e acha que está impondo respeito, quando está apenas demonstrando falta de controle sobre si mesmo. É evidente, olhando com um pouco mais de atenção o que dizem nas suas decisões, que “caiu” o sistema em que se processa a atividade mental de suas excelências. Em algum lugar do circuito, um fio acabou desencapado e o resultado é o espetáculo de ministros lançando bulas de excomunhão para castigar os culpados pela “polarização entre Poderes”, a “animosidade” na população, “ataques contra agentes políticos” e uma penca de disparates do mesmo tamanho. Como assim? 

Nada disso, obviamente, é proibido por lei. Desde quando dar notícias apresentadas “de forma parcial” é um crime, um desvio moral ou uma ameaça “à democracia”? Não tem mais muita coisa a ver com sanidade; tem tudo a ver com jurista de ditadura bananeira lendo sentença de condenação contra preso político.

Governar não é isso.

Leia também “A polícia das ideias”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

 
 
 
 

 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

MG: Jovem confessa ter enterrado a mãe ainda viva no quintal de casa - GO: Mãe e filho são executados dentro de casa

MG: Jovem confessa ter enterrado a mãe ainda viva no quintal de casa

Mulher de 57 anos estava desaparecida desde março em Igarapé, na Grande BH; indícios confirmam tese de que ela foi enterrada viva 
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu nessa quinta-feira (20/5) um rapaz de 23 anos suspeito de matar e enterrar a própria mãe em Igarapé, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo foi encontrado pelos agentes no quintal da residência dela, situada no Bairro Jequitibá. Segundo a corporação, o filho da vítima confessou o crime. Há indícios de que a senhora tenha sido enterrada viva.

O corpo da pensionista Ronalda dos Passos de Morais foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros próximo a um pé de abacate. De acordo com a polícia, ela estava desaparecida desde 14 de março. Familiares da mulher chegaram a contratar detetives particulares para desvendar o desaparecimento dela.

Conforme a PCMG, o filho da vítima teria confessado o assassinato durante uma consulta com o psicólogo. Um irmão dele relatou aos agentes que o jovem sofre de transtornos psiquiátricos, é usuário de drogas e mantinha uma relação conturbada com Ronalda, permeada por agressões. Conduzido à delegacia, o suspeito já foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça. Ele deve responder por homicídio e ocultação de cadáver.

Mãe e filho são executados a tiros em casa, no Jardim Ingá (GO)

Segundo a polícia militar, a mãe morreu no local, e o filho foi socorrido, mas morreu na UPA

 Uma mulher de 46 anos e seu filho, 20, foram encontrados mortos, no Jardim Ingá, no município de Luziânia (GO), Entorno do Distrito Federal. De acordo com a Polícia Militar do Goiás (PMGO), as duas vítimas foram baleadas na noite desta quinta-feira (20/5). A Central de Operações da Polícia Militar (Copom) foi acionada por volta das 17h41. As viaturas se deslocaram até o local onde, possivelmente, teriam duas vítimas de arma de fogo, sendo mãe e filho.

De acordo com a corporação, no local, a equipe se deparou com corpo da mãe, identificado como Maria, no chão, em frente ao portão da residência. Ela foi atingida com dois disparos na cabeça. Já o filho, identificado como Thelmysson, também atingido por disparos, chegou a ser socorrido e oi encaminhado para a unidade de pronto atendimento (UPA) do Jardim Ingá, por populares que estavam no local. A equipe policial tomou conhecimento que o jovem socorrido morreu.

No local, os policiais descobriram, através de moradores da região, que um veículo de cor branca foi até a residência horas antes. Um homem, desceu do carro e foi em direção a Maria disparando os tiros. De acordo com informações dos populares, após atingir a mãe, o autor entrou na residência e atirou em Thelmysson. O autor saiu da residência entrou no veículo e tomou rumo desconhecido. A PMGO fez diligências nas proximidades, com o intuito de encontrar o autor do crime. Até a publicação desta matéria ninguém foi preso.

Correio Braziliense


domingo, 8 de março de 2020

Homenagem à mulher - Dia Internacional da Mulher: conheça a primeira mulher a se tornar bombeira no DF

Primeira mulher a ingressar no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal lembra a trajetória de superação e sucesso na corporação. 

Tenente-coronel Helen Ramalho de Oliveira também foi a primeira subcomandante de área e participou ativamente na luta pela igualdade de funções 

A persistência, a coragem e o planejamento são artifícios para quem deseja decolar e se superar na carreira profissional. Aos 17 anos, Helen Ramalho de Oliveira se via nesse contexto. Focada e objetiva, o sonho dela era ajudar na renda da família. A aprovação no concurso público do Corpo de Bombeiros, em 1992, veio como um milagre. Helen seria a primeira mulher a ingressar na corporação no Distrito Federal. 





"Inspiro-me em mim mesma. Todos os dias eu me olho no espelho e me desafio a ser uma pessoa melhor. Não para mostrar para os outros, mas para me superar" (foto: Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)

De família humilde, a ex-moradora de Brazlândia, hoje com 44 anos, se dedicou aos estudos durante a juventude para tentar aprovação em concursos públicos. “À época, ainda não tinha nada em mente sobre a profissão que eu queria seguir, mas precisava ajudar na renda de casa e garantir um emprego”, conta. 

Helen chegou a ser aprovada no concurso da Câmara dos Deputados, mas abriu mão da vaga após receber uma ligação na mesma data de aniversário do chefe do Corpo de Bombeiros, em 5 de novembro de 1992. A notícia era de que ela tinha passado no concurso da corporação. “Eram apenas três vagas para a primeira turma de mulheres. Quando fiz a prova, havia tantas meninas estudiosas, que cheguei a duvidar da minha capacidade. Seria um desafio pela frente, mas não pensei duas vezes em tomar posse”, relembra. 

Para ela, seguir carreira como militar era algo distante, mas havia paixão. “A gente sempre admira um bombeiro, mas eu nunca tive contato. A cidade em que eu morava mal passava uma viatura.” Das três vagas disponíveis para o sexo feminino, apenas Helen garantiu a classificação. Contudo, trabalhando em um local propriamente masculino, as dificuldades para se adequar ao ambiente começaram a surgir. “A gestão do quartel entendia que, se eu entrasse sozinha, provavelmente não conseguiria suportar as pressões. Era difícil, mas, depois de um tempo, outras duas mulheres entraram na turma. Eram 42 pessoas, sendo que 39 eram homens, e muitos deles não entendiam o porquê de estarmos ali. Teve um instrutor que chegou a falar: 'Vim dar aula porque eu tenho a missão de fazer as meninas desistirem'”, lembra.

CarreiraOs impasses, no entanto, não a fizeram desistir. Além de ser a primeira mulher a ingressar no Corpo de Bombeiros do DF, ela também foi a primeira mulher a ser subcomandante de área. Dentro da corporação, Helen começou a carreira como instrutora no sistema de ensino. Em 1998, coordenou a primeira companhia independente feminina. “Estar nesse cargo foi motivo de orgulho. Lá, eu tive a oportunidade de dar a devida atenção às mulheres, porque os homens não sabiam lidar com essa questão. Por exemplo, quando alguma militar engravidava, eles não tinham noção do que fazer, se a dispensava ou se a mandava para casa. Então, todos esses impasses foram solucionados e conseguimos instituir a conduta de respeito para com a mulher”, afirmou.

Ainda nessa função, um dos feitos que a tenente considera mais importante foi a luta pela igualdade de funções. “Conseguimos corrigir uma injustiça. Os soldados, por exemplo, poderiam chegar à patente de capitão. Por outro lado, a mulher soldada só alcançava até a função de subtenente. Acabamos com isso e permitimos que as mulheres pudessem cumprir as mesmas missões”, contou.

Mesmo após ter passado por vários setores na corporação, a tenente-coronel se encontrou no ramo da perícia em incêndios. “Depois do curso, comecei a entender como começa o fogo. E isso foi de extrema importância, porque a partir daí trabalhamos melhor na prevenção e no estabelecimento de técnicas e equipamentos melhores”, explica. 

Nos quartéis, Helen não passa despercebida. É cumprimentada, admirada e respeitada por todos em sua volta. “Todos os militares têm orgulho de ter uma comandante chefe que é uma pessoa perfeita, dedicada, inteligente e sabe o que faz”, elogia o amigo e capitão Wilson Souza, 53.

 “Inspiro-me em mim mesma. Todos os dias eu me olho no espelho e me desafio a ser uma pessoa melhor. Não para mostrar para os outros, mas para me superar. Daqui a quatro anos, quando eu me aposentar, vou guardar cada instrução que dei para as turmas, cada atividade, simulado e palestra. São recordações inesquecíveis”, diz a tenente-coronel. 

Mãe
Uma interrupção na carreira por um tempo. O motivo não poderia ter sido melhor: a chegada dos filhos. Helen é mãe de quatro crianças: Thais Ramalho, 11, os gêmeos Miguel e Marcos, 9, e Flávio, 7. “Foi uma loucura. Ser mãe de primeira viagem não é fácil. Quando engravidei do Flávio, me bateu aquele medo e angústia de ter quatro bebês em casa”, recorda.

Segundo ela, a experiência da maternidade só reforçou a necessidade de ser mais cautelosa no ambiente profissional. “Todas as vezes que saio de casa para uma missão, eu os beijo, sem saber se vou ter condições de voltar. Tenho muita esperança em Deus, que se acontecer algo de ruim comigo, eles estarão bem”. A rotina, no entanto, é árdua. Helen tem de se desdobrar para conseguir lidar com a casa, com os filhos e com a profissão. “Aqui em casa tem de ser organizado como um quartel. Tenho preocupação com o tipo de adulto que eles serão. Então, os ensino a arrumar o quarto e a bagunça. Apesar de tudo, eu sou uma pessoa feliz, e meus filhos me fazem feliz”, completou.

Correio Braziliense

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

‘Ele matou como se ela fosse bicho’, diz testemunha que viu moradora de rua ser morta em Niterói após pedir R$ 1

O Globo -  Rafael Nascimento de Souza

‘Ele matou como se ela fosse bicho’, diz testemunha que viu moradora de rua ser morta em Niterói após pedir R$ 1

Advogada de comerciante, que atirou na mulher, garante, no entanto, que ele reagiu a tentativa de assalto 

Era pouco depois das 5h20 quando a moradora em situação de rua Zilda Henrique dos Santos Leandro, de 31 anos, conhecida pelos populares como Neia, foi assassinada na rua Barão de Amazonas esquina com rua Marquês de Caxias, no Centro de Niterói. De acordo com a polícia, Neia abordou o comerciante Aderbal Ramos de Castro, que passava pelo local, pedindo R$ 1. Aderbal não gostou do pedido e matou a mulher. Uma testemunha que viu o crime contou que Castro “matou a mulher friamente e foi embora como se nada tivesse acontecido”. O crime aconteceu no último dia 16 e o suspeito pelo homicídio foi detido ontem. A advogada do comerciante, no entanto, garante que ele reagiu a uma tentativa de assalto.
Eu chegava para trabalhar e vi quando ela parou perto dele e pediu um dinheiro. Quando eu virei, eu só vi ele pegando a arma e disparando contra ela. Em seguida, foi embora como se nada tivesse acontecido. Ele matou a Neia com a maior naturalidade e como se ela fosse um bicho — conta o funcionário de uma lanchonete próxima, que chegava para trabalhar no momento da abordagem.
 

Imagem de câmera de segurança mostra o momento em que Aderbal saca a arma e atira em Zilda Leandro Foto: Reprodução
Autor dos disparos foi preso.
A advogada Daniela Lopes, que faz a defesa de Aderbal Ramos, afirmou, no entanto, que o cliente reagiu a um assalto e que ele tentava defender um dinheiro que estava dentro de uma bolsa que ele carregava. No entanto, a mulher não quis informar a quantidade levada na bolsa.
— Não importa se foi R$ 1 ou não. O que importa era o que estava dentro da bolsa. Sobre o valor que estava na bolsa, não importa. Ele apenas se defendeu de um assalto — garante a defensora.
A advogada tentou desqualificar as imagens que mostram o assassinato de Zilda Henrique dos Santos Leandro.
— As imagens não conseguem pegar todo o entorno da rua e não dá para ver quantas pessoas que estavam ali. O que sabemos é que varias pessoas chegaram até ele para tentar pedir dinheiro. Ele, que é comerciante do local, foi surpreendido por essas pessoas. Como ele já tinha sido vítima de assalto antes e a pessoa já chegou gritando com outras pessoas, ele receoso e de impulso reagiu para não ser assaltado.
' Perguntado sobre o porte de arma, a advogada disse que “Aderbal tem, sim, porte de arma ela é legalizada e tudo direito”. Entretanto, a Polícia Civil afirmou que o homem não tinha autorização para portar arma. 

Delegado diz que versão de assalto é 'fantasiosa'
— Apuramos que ela estava nas ruas pedindo esmola. Ela chegou perto dele, abordou, ele recusou e caminhou por mais alguns passos. Ela foi acompanhando a certa distância e insistindo nesse sentido. Ele de súbito sacou o revólver, deu dois tiros nela e seguiu seu caminho como nada tivesse acontecido — explicou o investigador.
— É fantasiosa a história que ela estava com outras pessoas para tentar assaltá-lo. É só ver as imagens — disse. 

A Polícia Civil afirma que o homem tinha autorização para ter uma arma de fogo em casa. No entanto, ele não poderia andar com ela nas ruas.
Ele tinha posse de armas, autorização para ter a arma dentro de casa e não sair. Nesse dia ele, mesmo, disse que decidiu levar a arma para o trabalho para se proteger, já que estava com medo de ser assaltado. Ele disse que tinha essa arma para se proteger — contou Bruno Reis.

Morador do local, de acordo com a Polícia Civil, o homem fazia o trajeto a pé todos os dias.
— Chegamos até ele com utilizando o sistema de câmeras da Prefeitura de Niterói. Refizemos o trajeto dele e conseguimos identificá-lo. Foi tudo muito próximo do local. Ele mora e trabalha ali naquele entorno do Centro — afirmou o delegado. 

Irmã diz que Zilda queria R$ 1 para comprar pão
Na manhã desta quarta-feira uma irmã de Zilda esteve na porta da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e aos prantos pediu justiça pela morte de Zilda. Segundo a mulher, Aderbal Ramos de Castro já havia agredido outros moradores de rua antes do assassinato de Zilda.
— Ela chegou nele para pedir R$ 1 para comprar um pão. Após isso, ele falou que era para a minha irmã sair porque se não ele daria um tiro na minha irmã. Ela disse que era para ele dar o tiro então. Ele foi pegou arma e atirou na minha irmã — disse a mulher, que pediu anonimato. 

A irmã de Zilda disse que ela vendia doces  na rua, em alguns momentos, para se sustentar.
— Por conta de R$ 1 ele tirou a vida da minha irmã. Eu não me conformo com o que esse homem fez com a minha irmã. Ele não pode ficar impune. Ele tem que pagar pelo que ele fez — disse a mulher. 

Socorro negado
Segundo Miguel Ângelo Pessanha, uma outra moradora em situação de rua, amiga de Neia, ainda tentou pedir ajuda aos motoristas que passavam pelo local. Entretanto, ninguém parou.

— A menina que andava com ela começou a gritar e pedir ajuda. Logo depois, o Corpo de Bombeiros chegou, mas acho que ela já estava morta. Não se mexia mais — lembrou o homem que trabalha no local há três meses. 

Funcionários de comércios próximo onde Neia foi morta contam que era comum a moradora em situação de rua passar pela região. Segundo essas pessoas, a vítima nunca abordava de forma violenta pedestres e motoristas.
— Eu escutei um tiro e foi muito alto. Quando olhamos na janela tinha uma menina caída e a outra ajudando. (A Neia) virou pra um lado e pro outro e ninguém parou (para ajudar). Quinze minutos depois o Samu chegou — disse o educador físico Paulo Menezes, 34, que mora na rua onde o crime aconteceu.
Menezes lembra que, geralmente, alguns moradores de rua ficam na região. No entanto, eles não abordam agressivamente os pedestres.
— Eles são super educados, não mexem com ninguém. Muitos nem contribuição pedem. Eu que, geralmente, desço e ajudo com alguma coisa — afirma.
(...)
 
Ponto de prostituição
Segundo quem mora e trabalha no entorno da Rua Barão do Amazonas, a noite o local é ponto de prostituição. Quem vive no local relata que é comum ter brigas e até pessoas esfaqueadas pedindo ajuda na localidade. Nesta manhã, alguns carros da PM e da Guarda Municipal de Niterói foram vistos passando na via.

Depois de ser alvejada, Neia ainda chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para o Hospital estadual Azevedo Lima, no Fonseca, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. 
Em O Globo - MATÉRIA COMPLETA
 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Homem invade catedral durante missa, mata quatro pessoas e tira própria vida

Outras quatro pessoas ficaram feridas, de acordo com Corpo de Bombeiros


[logo alguns jornais, um deles da capital do estado de São Paulo, vão tentar responsabilizar Bolsonaro e exigir que ele preste esclarecimentos - LEMBRETE: os fatos ocorreram hoje e a excrescência chamada 'estatuto de desarmamento' está em plena vigência.

Assim, não adianta os fanáticos que não se conformam que serão governados, gostem ou não, por BOLSONARO, eleito pelo povo e já diplomado pelo TSE, o futuro presidente do Brasil, tentarem acusar Bolsonaro.]

Homem invadiu a Catedral Metropolitana de Campinas (SP) durante a missa e atirou contra os presentes, na tarde desta terça-feira, 11. Ele matou quatro pessoas, feriu outras quatro e depois tirou a própria vida. Conforme o Corpo de Bombeiros de Campinas-SP, o suspeito teria entrado na Catedral munido de uma pistola e um revólver calibre 38 atirando nos fiéis presentes. Quatro pessoas ficaram feridas durante o tiroteio e outras quatro vieram a óbito. Após o ocorrido, o homem se suicidou em frente ao altar. A Polícia investiga as motivações do crime. Essas são informações do portal O Globo.

Os mortos ainda não foram identificados. Por volta das 13h20min desta terça-feira, 11, equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros foram enviados ao local.

O entorno da Catedral está isolado Câmeras de monitoramento da CinCamp registraram a ação na localidade. Uma idosa de 65 anos foi levada ferida na região da cervical ao Hospital Mário Gatti e uma mulher de 40 anos foi levada ao Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp). Segundo o Samu, a terceira vítima está em estado estável, mas não se sabe ainda para qual unidade hospitalar foi encaminhada. As informações são do portal G1 de Campinas. A catedral fica na região central de Campinas, e houve corre-corre na hora do ataque, principalmente na Rua 13 de Maio, uma das mais movimentadas do comércio local.  

Na hora do ataque, a polícia estava mobilizada para um roubo a banco no centro. Várias viaturas foram da polícia cercaram a região.   Em nota, a Arquidiocese de Campinas informou que a catedral segue fechada e que motivação do crime ainda é desconhecida. "Assim que dispusermos de mais informações, as disponibilizaremos. Contamos com as orações de todos neste momento de profunda dor." 

A gerente de uma loja de alianças que fica perto da catedral ouviu o barulho dos disparos e se assustou. "Ouvimos muitos tiros, mais de 20. Ouvi, mas não estava entendendo. Só fui entender quando as pessoas entraram correndo e gritando dentro da loja", disse Patrícia Silvério, de 40 anos. "Vi um senhor, todo ensanguentado, correndo, até que uma ambulância o segurou." Segundo ela, várias lojas das redondezas fecharam as portas e uma faixa amarela faz o isolamento do local.  

Pedro Rodrigues estava dentro da Catedral e viu quando o atirador entrou na igreja e fez os disparos. "Era hora do almoço e fazia uns 5 minutos que a missa tinha acabado. Ele chegou com a arma em punho e saiu atirando. Sempre pensei que a igreja era um lugar seguro", disse Rodrigues.


Portal O Povo