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terça-feira, 30 de junho de 2020

Governo espera ‘recado’ de Alexandre de Moraes no TSE

Integrantes da ala jurídica do governo aguardam ansiosamente a abertura da sessão plenária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima terça-feira, 30, para avaliar se surtiram efeito os recentes acenos de pacificação feitos pelo Executivo ao Judiciário. Ministros e advogados ligados ao presidente Jair Bolsonaro acreditam que o ministro Alexandre de Moraes deve mandar “recados” ao governo ao retomar o julgamento de uma ação de investigação judicial eleitoral que pede a cassação da chapa Bolsonaro-Hamilton Mourão.

Na terça, o TSE voltará a analisar um processo em que os ex-candidatos Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) acusam o então candidato Bolsonaro de ter se beneficiado da invasão de uma página eletrônica de críticos do hoje presidente. A página originalmente se chamava “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, após a invasão foi renomeada para “Mulheres com Bolsonaro 17” e passou a publicar elogios ao capitão reformado. O julgamento deste caso foi paralisado por um pedido de vista de Alexandre de Moraes quando o placar no TSE estava em três votos a dois para reabrir a apuração contra Bolsonaro. Embora a ação tenda a ser arquivada no futuro, a iniciativa de Alexandre de Moraes de interromper o julgamento para analisar melhor o caso foi interpretada por bolsonaristas como um primeiro recado do magistrado – o de que estão em suas mãos processos que, ao final, podem complicar muito a vida do presidente.

Depois do desgaste de ministros militares junto a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar reconstruir a relação entre o governo e o Judiciário foram escalados os ministros da área jurídica, como André Mendonça (Justiça), Jorge Oliveira (Secretaria-geral) e José Levi do Amaral (Advocacia-geral da União) para conversas privadas com Moraes. Com a devolução da vista e a retomada do julgamento no TSE, bolsonaristas querem ver agora se as conversas do trio de ministros ajudaram na distensão entre o juiz e o governo federal.

Nas últimas semanas, ministros têm tentado desfazer a interpretação corrente, em boa parte estimulada pelos generais que ocupam assento no Palácio do Planalto – Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) – de que há uma conspirata em curso para enfraquecer politicamente o presidente, capitaneada pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) e por Alexandre de Moraes. Moraes havia se tornado o pivô de uma crise entre o Palácio do Planalto e o Supremo ao proferir decisões consideradas afrontosas por militares e pelo governo, como uma liminar para barrar o indicado de Bolsonaro para a chefia da Polícia Federal e a ordem para fazer buscas e quebrar sigilos de apoiadores do presidente suspeitos de atuar em um esquema de propagação de ofensas e fake news contra autoridades. [ muito provavelmente, decisões que confrontem diretamente chefes dos Poderes Executivo e Legislativo, serão proferidas de forma monocrática.
O ministro Marco Aurélio, que não se destaca pela propensão a exercer o papel de bombeiro, demonstrou - ao propor um projeto de mudança no RISTF, estabelecendo que decisões que contrariem frontalmente o Chefe de um dos outros dois Poderes, não devem ser monocráticas - o caráter constrangedor da decisão monocrática do ministro do STF contra o presidente Bolsonaro.
O ministro decano do STF também mudou um pouco o tom ao prestar explicações por escrito sobre o seu despacho que deixou a impressão de determinar eventual apreensão do telefone celular do presidente Bolsonaro - dar explicações não é do feitio do ministro decano.]

O ministro tem nas mãos a sensível investigação que mira bolsonaristas e que, sigilosa, avança sobre empresários aliados do presidente. Uma decisão específica de Alexandre de Moraes acendeu o sinal de alerta no governo: a determinação de quebra de sigilo de empresários bolsonaristas englobando o período da campanha eleitoral de 2018. A eventual descoberta de que, mais do que propagar fake news, pode ter havido financiamento ilegal na disputa que levou Bolsonaro à Presidência seria explosiva para o governo.

Política - VEJA - Laryssa Borges


domingo, 21 de junho de 2020

Gilmar Mendes ouviu do comandante do Exército o que não queria - VEJA


O ministro, porém, acabou ouvindo o que não queria. Segundo interlocutores que conversaram com o magistrado, Pujol se alinhou à interpretação da caserna de que o Judiciário tem extrapolado em suas funções. Mesmo entre os militares considerados mais “institucionais” e avessos ao mundo político, como o comandante do Exército, não foram bem assimiladas decisões de Moraes como a que vetou o nome de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. A ordem judicial que mais impressionou os fardados, no entanto, foi a decisão do STF que impediu o presidente de decidir sobre políticas relacionadas ao novo coronavírus.

Mendes explicou a Pujol cada uma das decisões e procurou desfazer a interpretação de que o Judiciário seja um opositor do Palácio do Planalto.  Procurado, o ministro nega o tom da conversa ocorrida na reunião. O comandante não respondeu ao pedido de entrevista.

VEJA - Política


domingo, 21 de maio de 2017

Delação de Joesley e irmão tem de ser anulada em razão de conluio

Reportagem da Folha prova o “entrapment” contra Temer: advogado de confiança dos irmãos recebeu aula de delação de procurador e de delegada da PF

Agora está comprovado. O presidente Michel Temer foi mesmo vítima de uma conspirata. Mais grave: agentes do Ministério Público e da Polícia Federal participaram do enredo. Um empresário gravou uma fala com o presidente da República com o objetivo de incriminá-lo. O produto dessa gravação, do ponto de vista jurídico, é imprestável, mas o sr. Rodrigo Janot o utilizou para embasar o pedido de abertura de inquérito contra Michel Temer. E, pior, o ministro Edson Fachin, do Supremo, aceitou.

Fatos que vêm à luz agora evidenciam que não é apenas a gravação que é imprestável. Também tem de ser declarada sem efeito a delação premiada dos Irmãos Batista (Joesley e Wesley — pena que não tenham se dedicado à música sertaneja…). Por quê? Houve, claramente, um conluio. Vamos ver.

Nesta sexta, publiquei neste blog um texto com o seguinte título: “Temer foi vítima de atos ilegais; democracia rejeita ‘entrapment’”. Escrevi então:

É um absurdo que tantos advogados silenciem a respeito da barbaridade que se urdiu contra Temer. Aquilo nada tem de “ação controlada”, prevista no Artigo 9º da Lei 12.850. Retardar um flagrante em benefício da prova é diferente de preparar, de forma deliberada, as circunstâncias para o cometimento de um crime.


Precisamos, isto sim, é saber se não estamos diante daquilo que, nos EUA, é chamado de “entrapment”, que é uma cilada legal. Usa-se o aparato de estado para induzir um flagrante. Por lá, é um procedimento ilegal. Por aqui, também. Assim é em todo o mundo democrático. Só as ditaduras consagram tal meio.


Caso se investigasse a investigação, chegar-se-ia ao óbvio.
Segundo a versão da carochinha, espalhada por Joesley Batista com a ajuda do MP e da PF — e na qual a maior parte da imprensa cai por uma série de motivos, que merecerão post exclusivo —, o empresário decidiu ele próprio fazer a gravação. Não teria acertado isso nem com Ministério Público nem com Polícia Federal, que só teriam entrado em cena depois.


Pois é… A Folha de S. Paulo publicou as duas reportagens mais importantes da crise em curso. Na sexta, revelou que a gravação que serviu de pretexto para Edson Fachin mandar abrir um inquérito contra o presidente Michel Temer sofreu mais de 50 intervenções. Neste sábado, a maior de todas as bombas: um advogado e homem de confiança de Joesley Batista teve “aula de delação” 15 dias antes de o empresário fazer uma gravação ilegal da conversa com o presidente Michel Temer. Os professores: um procurador da República e uma delegada da Polícia Federal.

Reproduzo trecho da reportagem:
No dia 19 de fevereiro, um domingo, às 12 horas, Anselmo Lopes, procurador da República no DF, recebeu uma ligação inesperada. Do outro lado da linha, Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da JBS, comunicou uma decisão que abalaria o país: Joesley e Wesley Batista iriam confessar seus crimes e colaborar com a Justiça.


A conversa durou só 19 minutos e eles agendaram um encontro para o dia seguinte. Na segunda-feira, Lopes e a delegada Rubia Pinheiro, que lideram a Operação Greenfield, da PF, deram uma “aula de delação”: explicaram em detalhes ao advogado, profissional da estrita confiança dos Batista, como funcionaria a colaboração premiada.


Duas semanas depois, Joesley entrou no Palácio do Jaburu dirigindo o próprio carro, com um gravador escondido no bolso, para um encontro com o presidente Michel Temer. Durante 40 minutos, arrancou diálogos constrangedores, que, ao serem revelados, deixaram o mandato de Temer por um fio.


Retomo
Eis aí. Resta evidenciado o “entrapment”, a armação, o conluio. A delação dos açougueiros-banqueiros, em condições ineditamente vantajosas, tinha uma contrapartida da pesada: produzir “provas” contra o presidente da República e contra o senador que comandava o PSDB. Sim, vieram à luz acusações contra outros políticos. Dilma e Lula não saem exatamente como heróis da narrativa. Mas não foi isso que garantiu aos Irmãos Batista a vida boa que ora gozam em Nova York. Eles só receberam o presentão porque entregaram o presidente.

Mas entregaram exatamente o quê? Nada!  A gravação não evidencia a tal anuência de Temer com a compra do silêncio de Cunha. Isso é falso. Mais: nota-se em Joesley a intenção deliberada de expor seus próprios crimes (disse depois que blefava ao falar da compra de dois juízes e um procurador), tentando fazer do outro uma espécie de cúmplice por omissão.
Um texto do jornal “O Globo”, equivocado de A a Z, resolveu expor os “sete pecados” nem seis nem oito — do presidente no caso. Todos eles estariam ligados, no fundo, à sua omissão. Teria ouvido a confissão de crimes e nada teria feito.  Com a devida vênia, trata-se apenas de uma tentativa de encontrar motivos laterais para defender a deposição do presidente, uma vez que o motivo central era falso. A coisa toda tem um pecado insanável: foi uma armação. Esperavam o quê? Que o presidente desse voz de prisão ao empresário, que chamasse a Polícia Federal? Ora, há um limite para o ridículo.

Anular delação

A delação premiada dessa corja tem de ser anulada. E é preciso apurar a responsabilidade do Ministério Público e da Polícia Federal na conspirata. Que se investigue tudo o que denunciaram. Mas os benefícios têm de ser cassados. Que paguem a pena por seus crimes.


Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA 
 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Discurso de Lula na Paraíba promete outros 40 anos de atraso em 4

Os petistas todos têm de agradecer esse momento Fênix, renascida das cinzas, aos senhores procuradores da República, em especial a Rodrigo Janot

Havia não petistas em Monteiro, no sertão da Paraíba, neste domingo, onde Lula fez uma megacomício. Já falo deles. O pretexto era visitar um trecho concluído da transposição do São Francisco. Na prática, o líder petista fazia o primeiro grande ato de campanha à Presidência da República em 2018. Abaixo, vai um vídeo com o seu discurso. Merece tarja preta.
“Ah, mas ele vai ser candidato? E se estiver condenado em segunda instância e não puder apresentar seu nome por causa da Lei da Ficha Limpa? E se estiver preso?” Obrigo-me a lhes dar uma resposta lógica: quem conta com essas possibilidades para que ele, eventualmente, não se eleja deve considerar também que, mesmo inabilitado, e mais ainda se preso, será um grande eleitor.

Agora volto aos meus “espiões”, leitores do blog que me mandaram mensagens de lá. Mesmo os adversários estavam impressionados. Com o público — muitos milhares, vindos de todos as cidades do Estado e de outras unidades da federação — e, sobretudo, com o entusiasmo, com laivos de fanatismo. De Dom Sebastião, julgava-se ver apenas o vulto. Ali, o “rei” reapareceu em carne em osso. E já que estamos falando de sebastianismo, o Antônio Conselheiro do pragmatismo empreiteiro julgava estar cumprindo uma parte da promessa: o sertão vai virar mar!

Aconteceu tudo conforme se previu aqui — e todos sabem quanta porrada tomei e tomo ainda porque antevi há muito tempo que a Lava Jato e a direita xucra estavam ressuscitando Lula. E eis aí o homem ressuscitado, não é? Para disputar a eleição ou, reitero, para ser um eleitor poderoso. Os petistas todos têm de agradecer esse momento Fênix, renascida das cinzas, aos senhores procuradores da República, em especial a Rodrigo Janot.

Ora, vejam o tempo e o propósito de sua lista, parte dela vazada numa conspirata entre procuradores e jornalistas. Ali se diz que todos são iguais, não é? O PT perdeu o seu papel de protagonista do maior assalto de que o país tem notícia aos cofres e à institucionalidade. Ora, já sintetizei aqui a questão: para amplas camadas, se todos são iguais, então Lula é melhor! Só fazia sentido descartá-lo se outros se mostrassem melhores do que ele.

A esquerda sorri em festa. Celso Rocha de Barros, colunista da Folha, que está muito longe de ser burro — além de escrever e pensar bem, segundo seus pressupostos, não os meus —, afirma em sua coluna desta segunda sobre o caixa dois: “O dinheiro pode ter entrado pelas mais variadas reentrâncias, mas sua origem é um cartel de empreiteiras que roubava dinheiro dos contribuintes”. Mas não pensem que ele prega que se enforquem todos. Isso é para a direita xucra, não para a esquerda inteligente. Ele afirma que os políticos não eram necessariamente maus. É que assim eram as coisas.

Celso sabe que, nem nas suas prefigurações mais otimistas, imaginava que o PT receberia esse presentão do Ministério Público Federal e da militância xucra antipetista. A demonização da política e dos políticos, o nivelamento por baixo, o clima de caça às bruxas, tudo isso contribuiu para devolver Lula e o PT ao jogo.

Disse o demiurgo: “Eu nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, mas sei que eles querem evitar que eu seja candidato. Eles que peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque, se eu for, é para ganhar a eleição nesse país”. E, em seguida, passou a fazer pregação contra aquela que pode ser a única, quem sabe última, chance que o Brasil tem de sair do buraco: a reforma da Previdência.   Lula quer voltar. Para fabricar mais 40 anos de atraso em 4 de governo.  E os idiotas que depredam a política, à direita, são os seus principais cabos eleitorais, embora defendam outras candidaturas.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo 



 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Desespero petista

É patética a tentativa de petistas e cúmplices de transformar as conversas gravadas pelo ex-senador Sérgio Machado em provas de que o impeachment da presidente Dilma é parte de um complô para acabar com a Operação Lava-Jato.  Não seria preciso tanto maquiavelismo, pois a própria presidente afastada e seu criador, Lula, estavam empenhados nesse objetivo. Os dois estão sendo investigados por obstrução da Justiça, ela, por denúncias de que tentou interferir nas investigações a favor de empreiteiros presos.

E há gravações em que Lula diz em alto e bom som que era o único capaz de pôr os "meninos" da Polícia Federal e do Ministério Público "nos devidos lugares" . Tanto que o presidente do Senado, Renan Calheiros, chega a sugerir na conversa gravada por Machado que a solução seria nomear Lula para o Ministério, para neutralizar Dilma, que já estava politicamente inviabilizada.

Não seria preciso, portanto, ser tão maquiavélico, bastando apoiar o governo Dilma com Lula de primeiro-ministro. E por que não foi possível essa manobra? Por que os dois foram apanhados com a boca na botija, tentando obstruir a Justiça. O que as conversas gravadas revelam é que todo o mundo político está mobilizado para, de uma maneira ou de outra, tentar controlar o juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público.

A proposta de Renan de aprovar uma lei restringindo a delação premiada aos acusados que estiverem soltos foi materializada pelo deputado petista w. d, muito próximo de Lula.  O Supremo, por óbvio, virou o alvo preferencial dos ataques, aproveitando citações laterais, ou de bravatas como as do ex-senador Delcídio do Amaral.  Tanto Romero Jucá quanto Renan se referiram de maneira genérica a "ministros do Supremo", enquanto Delcídio citou nomes, e acabou preso.

O fato é que o Supremo, com 8 dos seus 11 ministros nomeados ou por Lula ou por Dilma, tem sido a garantia institucional do processo de impeachment, o que o torna um alvo dos petistas relutantes, que precisam desmoralizá-lo para dar ares de verdade à conspiração que inventaram para justificar a perda do poder central. Diante desse quadro distorcido por interesses partidários, acabou se mostrando providencial a interferência do ministro Luís Roberto Barroso- criticado por mim na ocasião - no rito aprovado pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Embora considere que o regimento interno da Câmara lhe dava o direito de definir como a comissão do impeachment deveria funcionar, hoje entendo que, ao impor rito mais restrito, com base no processo de 1992, o STF protegeu-se da acusação, que certamente viria, de que colaborou com Cunha para impor um rito desfavorável a Dilma no julgamento na Câmara.  Teori Zavascki, por exemplo, é volta e meia acusado por petistas de ter deixado Eduardo Cunha agir livremente até que o impeachment fosse aprovado na Câmara, para só depois apeá-lo do poder.

O que Zavascki fez, no entanto, foi esperar, até onde o bom senso permitiu, que a Câmara tomasse uma atitude, para que o STF não fosse acusado de interferência em outro Poder.  É o mesmo Zavascki a quem Romero Jucá admite não ter acesso, por ser "muito fechado" Então o juiz que estaria envolvido no "golpe" é o mesmo a quem não se tem acesso?

Tudo não passa de uma desesperada tentativa de retroceder um processo que não tem mais volta, pois a presidente afastada, além dos crimes de responsabilidade específicos pelos quais está sendo julgada por uma interpretação legal restritiva, que lhe é favorável, imposta pelo próprio STF pelo procurador-geral da República, tem muitos outros crimes a serem investigados, cometidos no seu primeiro mandato.

Diversos delatores já revelaram a ação de seus ministros e assessores em busca de dinheiro desviado da Petrobras para financiamento de sua campanha. Há indicações "muito claras" nos autos do processo que trata da compra da refinaria de Pasadena de que ela tinha perfeito conhecimento do que estava acontecendo, como presidente do Conselho da estatal.

A coisa é tão sem pé nem cabeça que, ao mesmo tempo em que descobrem "provas" do golpe, revela-se que, na véspera da votação do impeachment, emissário do futuro presidente teve conversas com procuradores de Curitiba para garantir inteiro apoio à Lava-Jato. Se Temer estava chegando ao governo numa conspirata para controlar as investigações, por que faria um acordo com os investigadores dias antes de assumir?


Fonte: Merval Pereira - O Globo
 

domingo, 15 de maio de 2016

Mentiras até o último minuto

Do mesmo modo que Collor traiu os que confiaram nele, é Dilma quem trai os milhões de eleitores que acreditaram em suas promessas de prosperidade e bem-estar social

Fiel seguidora de uma ideologia que faz da mentira descarada e renitente um meio “legítimo” para atingir os fins, Dilma Rousseff manteve-se coerente até o seu afastamento temporário da presidência: continuou a agredir a inteligência dos homens de bem do país, oferecendo-lhes uma versão delinquente dos fatos, com o objetivo de passar à história como pobre vítima de uma tramoia golpista. Felizmente, tal versão só encontra guarida entre aqueles militantes sectários do lulopetismo ou os que estão desesperados ante a perspectiva de perderem sua boquinha – uma minoria insignificante. A maioria da população do país que trabalha e está cansada da malandragem retórica dos petistas quer apenas seguir adiante, deixando para trás o caos criado pelas fantasias do chefão Lula e de sua patética pupila.

No pronunciamento que fez ontem no Palácio do Planalto, Dilma tornou a invocar os 54 milhões de votos que recebeu, como se estes, por si, fossem a garantia absoluta daquilo que chama de sua “legitimidade”. Segundo a petista, Michel Temer, que assumiu a presidência interinamente, fará o “governo dos sem-voto”.

Trata-se de grosso embuste. Temer foi companheiro de chapa de Dilma nas eleições de 2010 e 2014, sendo decisivo em ambas as campanhas ao pôr em funcionamento a formidável máquina eleitoral do PMDB para obter os votos que deram a vitória à petista os mesmos votos que ela diz que são só dela. Mas Dilma foi adiante e disse que um governo Temer “não terá legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios do Brasil”. Tal conclusão, proferida por uma chefe de governo que não consegue o apoio nem de um terço do Congresso e que enfrentou manifestações de rua em razão de sua incapacidade política e administrativa, soa como escárnio.

Como se fosse uma líder democrata lutando contra uma tirania, Dilma incitou seus defensores a se mobilizarem nas ruas e insinuou que o governo Temer “pode se ver tentado a reprimir os que protestam contra ele”. Eis aí mais uma fraude típica do cardápio de artimanhas petistas. Em primeiro lugar, é dever das autoridades de segurança pública conter manifestações de rua que ferirem o direito de quem delas não participa, conforme o que prevê a lei. Em segundo lugar, um governo Temer não teria como reprimir nada, pois a manutenção da segurança pública é tarefa dos governos estaduais. Mas nada disso interessa. O que importa aos petistas, como sempre, é criar tumulto e com isso alimentar sua propaganda.

Dilma disse também que seu governo foi alvo de “incessante sabotagem” dos opositores, a quem responsabiliza pela criação de um “estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia com um único objetivo: tomar à força o que não conquistaram nas urnas”. Dilma quer fazer acreditar que a corrupção entranhada na administração pública, os dois anos de recessão, o desemprego que atinge mais de 10 milhões de trabalhadores, a alta da inflação, a perda de credibilidade internacional e o rombo nas contas públicas não são resultado de sua inépcia, mas de uma conspirata da oposição para derrubá-la.

Por fim, Dilma, a exemplo do que fizera Fernando Collor de Mello quando sofreu impeachment, em 1992, queixou-se da “dor da traição”, referindo-se, é claro, a Temer. Collor creditou seu afastamento a um “complô” dos deputados que antes o apoiavam, e não ao formidável escândalo de corrupção que protagonizou. Do mesmo modo, Dilma entende que está sendo afastada não pela série de crimes de responsabilidade que cometeue aqui nem se está falando da rombuda corrupção em seu governo e em seu partido –, mas sim porque seu vice tramou para tomar dela o poder.

No entanto, do mesmo modo que Collor traiu os que confiaram a ele a honra de ser o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois do regime militar, é Dilma quem trai os milhões de eleitores que acreditaram em suas promessas de prosperidade e bem-estar social. O impeachment, portanto, é e continuará a ser a punição adequada para quem fez da irresponsabilidade e da burla um método de governo.

 Fonte: Editorial - O Estadão

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Joaquim Levy! conspiração contra ele? apenas Levy é a pior das piores opções

A conspirata contra Levy aumenta o risco político

Não importa quem esteja na Fazenda, porque estará condenado a enfrentar dificuldades com a presidente, seu antecessor, o PT e a rebeldia interessada de partidos aliados

[o simples fato de ter sido escolhido por Dilma, indicado por Lula já o desacredita; além do mais em capacidade de negociação política consegue a proeza de ser igual e as vezes pior que a Dilmona - proeza que não é para qualquer um por mais desorientado que seja.
Faz piadas com coisas sérias e defende aumento exagerado de impostos em um país que todo ano, trabalhamos os CINCO PRIMEIROS MESES apenas para pagar impostos.
É doloroso, depressivo mesmo, ter que ainda em raras ocasiões concordar com o PT.]
 
A trama de Lula e do PT contra o ministro da Fazenda amplia a margem de risco do fragilizado e impopular governo Dilma Rousseff.  Especula-se sobre os reais objetivos do ex-presidente. Lula saiu do governo há cinco anos, mas insiste no papel de ex-presidente insatisfeito com a perda de poder. Desde o ano passado, nos primórdios da campanha de reeleição, ele manobra para indicar os responsáveis pela condução da política econômica. 

Seus argumentos variam conforme a ocasião, porém obedecem a uma sequência coerente, regular, lógica: ele escolheu e elegeu Dilma, portanto, tem o encargo de administrar e de exercer influência sobre a ungida, caso contrário ela ficaria desprotegida no centro da arena política. Há vasta literatura política sobre isso: tutela. Desde a chegada ao Planalto, ao contrário do antecessor, ela nunca delegou a condução da política econômica. 

Dilma recebeu, em 2011, uma economia subterraneamente corroída nos fundamentos, mas encoberta por uma dinâmica de múltiplos incentivos ao consumo, orçamento generoso na partilha de recursos do Tesouro e uma extraordinária carteira de investimentos subsidiados pelo Estado — da fabricação de automóveis ao projeto de construção, simultânea, de cinco refinarias de petróleo, entre outros. 

Seu governo, a partir de suas decisões, potencializou a herança deficitária. A crise fiscal que explodiu no bolso de 200 milhões de brasileiros foi fabricada por Lula e potencializada por Dilma nos últimos cinco anos. Evento insólito, revelador da centralização imposta por Dilma à condução da economia, foi o anúncio antecipado da demissão do ministro da Fazenda em plena campanha, no ano passado. O economista Guido Mantega passou o último quadrimestre de 2014 ocupando a cadeira ministerial — e apenas isso.


Dilma rebarbou Lula ao optar por Joaquim Levy. Comandou a construção de uma proposta de um necessário ajuste fiscal mas, diante das críticas do PT insuflado por Lula, deixou o ministro da Fazenda exposto, diante de um Congresso onde a maioria dos aliados disputa influência sobre o Orçamento e o crédito público. 

O movimento de Lula e do PT para derrubar o ministro da Fazenda não reflete nada além da luta capitaneada por um ex-presidente contra a própria aposentadoria e pelo papel de tutor da sucessora. Contribui, sim, para ampliar a confusão no atual cenário político e econômico, já bastante desordenado. Hoje não importa quem esteja na Fazenda, porque estará condenado a enfrentar dificuldades com a presidente, seu antecessor, o PT, e a rebeldia interessada de partidos aliados no Congresso.

A conspirata conduzida por Lula só tem um resultado previsível: mais e maiores prejuízos ao país. [por tudo isso se impõe a 'intervenção militar constitucional' com o afastamento definitivo da Dilma, a prisão de Lula e convocação de novas eleiçoes.
Ou isso ou o Brasil se desintegra.]

Fonte: Editorial - O Globo