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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Linha vermelha - O Globo

A humilhação pública a que foi submetido o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, pelo Estado de Israel, sendo repreendido no Museu do Holocausto diante de jornalistas, é exemplar da passionalidade que o tema desperta no povo judeu. E do erro grosseiro, diplomático, histórico e ideológico cometido pelo presidente Lula ao comparar uma reação excessiva de Israel ao ataque terrorista do Hamas à política de dizimação em massa levada a efeito pelos alemães contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

A única maneira de Israel voltar atrás na declaração de que Lula é persona non grata seria o Brasil pedir desculpas, e o recrudescimento da crise com a convocação do embaixador brasileiro de volta e a correspondente reprimenda ao embaixador de Israel no Brasil mostra que dificilmente teremos uma solução rápida para uma crise desnecessária.

Já que foi dito, seria preciso encontrar uma maneira que explique a frase, por meio de um comunicado, sem pedir desculpas. Mas a própria primeira-dama Janja já demonstrou como é difícil a tarefa de enrolar a língua de volta à boca. Se a ideia era criticar o governo israelense, e não o povo judeu, o improviso de Lula foi um ato falho revelador de seus sentimentos políticos.

O comentário do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, de que quem deve desculpas é Israel, e não a Lula, à Humanidade, reflete bem o estado de espírito que tomou conta do governo brasileiro depois do escandaloso episódio. 
Não se trata mais de um conselheiro, mas de um militante de uma causa, sem a devida cautela. Ao se referir ao Estado de Israel, e não ao governo de Israel, um diplomata experiente como Amorim sabe que transforma uma política de governo numa política de Estado, jogando a acusação para Israel.

O Brasil tem todo o direito, e o dever, de denunciar os abusos do governo de Israel no combate ao Hamas. Se fizer uma conta rápida, dos milhões de judeus assassinados inequivocamente para exterminar um povo, com o que está acontecendo hoje em Gaza, não é possível aceitar uma comparação tão absurda. Além do mais, o assassinato em massa, com recursos tecnológicos para se repetir em escala industrial, denota o objetivo de eliminar uma etnia.

A reação do Estado de Israel ao ataque terrorista do Hamas, justificada pela barbaridade perpetrada, deveria ter sido controlada para evitar os excessos de força claramente havidos. 
Mas não há nem mesmo genocídio, segundo a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, já passando para o campo da retórica política a qualificação que o governo brasileiro adotou em sua linguagem diplomática corriqueira, noutro deslize. Seria preciso tomar providências, de acordo com a CIJ, para evitar um ambiente político que leve ao genocídio, o que é muito grave, mas substancialmente diferente.
O presidente da República tem de ter mais conhecimento histórico, ou mais responsabilidade, cada vez que abre a boca. Ainda mais um que se pretende líder mundial e almeja papel relevante no cenário internacional, numa ação frenética em busca dos holofotes. Esse açodamento em busca do protagonismo acaba levando a armadilhas, como ser identificado pelo grupo terrorista Hamas como seu defensor, a ponto de ser elogiado numa declaração formal, prejudicando os palestinos que não têm nada a ver com terrorismo. 
 
Mistura alhos com bugalhos de maneira absurda, com consequências graves. A não ser por uma tendência ideológica contra o Estado de Israel, completamente fora da política tradicional brasileira, é inexplicável o que aconteceu.

Merval Pereira, colunista - O Globo



Brasil e Israel - O anão voltou - Alexandre Garcia

VOZES - Gazeta do Povo 

Brasil e Israel estão a um passo de rompimento de relações. 
O presidente Lula chamou de volta o embaixador do Brasil em Tel-Aviv e isso tem um significado dramático. Antes, o premiê Benjamin Netanyahu mandou dar uma reprimenda no embaixador brasileiro Frederico Meyer – e ela foi feita significativamente no Museu do Holocausto, para que o governo do Brasil saiba o que foram Hitler e o genocídio que se chamou de Holocausto. O embaixador foi informado pelo ministro do Exterior, Israel Katz, que Lula é persona non grata em Israel
Aqui, o ministro Mauro Vieira convocou o embaixador de Israel, sediado em Brasília, para uma conversa na antiga sede do Itamaraty, no Rio, onde o chanceler estava – completando o revide. O ex-chanceler Celso Amorim, que rege com Lula a política externa, chamou a reação israelense de “absurdo”, disse que Lula não vai se retratar do que disse, e radicalizou: “Quem é persona non grata é Israel”.

Tudo isso choca os brasileiros. A maioria de nós somos produto de uma cultura baseada nas religiões judaico-cristãs. A história do povo de Israel está nas nossas raízes culturais e religiosas. Judeus e árabes misturaram seus genes e suor na formação da nação brasileira. Foi um brasileiro, Oswaldo Aranha, quem, presidindo a Assembleia da ONU, pôs em votação no dia em que percebeu quórum a Resolução 181, promovendo a divisão da Palestina em um Estado árabe e outro judeu, o que ensejou, no ano seguinte, 1948, a criação do Estado de Israel, que voltou a abrigar os judeus que as perseguições dispersaram pelo mundo. O genocídio praticado pelo nazismo reforçou nos judeus a convicção de que Holocausto nunca mais. Na gigantesca manifestação do 7 de setembro de 2022, bandeiras de Israel tremulavam na Esplanada, em Brasília. No novo governo, o embaixador de Israel em Brasília não tem sido benquisto por sua amizade com o ex-presidente.

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O presidente Lula, desde que assumiu, revelou suas preferências em política externa. No primeiro mês, autorizou dois navios de guerra do Irã a aportarem no Rio de Janeiro, contrariando os Estados Unidos
No primeiro ano, tentou impor aos presidentes latino-americanos o ditador Nicolás Maduro, provocando repúdio até do esquerdista chileno Gabriel Boric. Sempre silenciou sobre as agressões às liberdades e à democracia perpetradas em Cuba, Nicarágua e Venezuela. Quando o Hamas atacou kibbutzim no sul de Israel, queimando, decapitando, violentando idosos, mulheres, crianças e bebês, em 7 de outubro, Lula repudiou o terrorismo, sem citar o Hamas como autor, e acrescentou que não pouparia esforços para evitar uma escalada do conflito – isto é, a reação de Israel. E quando apareceu morto na prisão “russa” o opositor Alexei Navalny, e o mundo ocidental responsabilizava Vladimir Putin, Lula o defendeu: “Por que essa pressa em acusar alguém?” São as preferências.

Para os israelenses, foi uma blasfêmia Lula comparar a ação de Israel em Gaza ao genocídio de Hitler contra os judeus. Lula chegou a dizer que Israel, para matar mulheres e crianças palestinas, usa o pretexto de combater o Hamas. Netanyahu afirma que Lula cruzou a linha vermelha com palavras vergonhosas e graves; banalizou o Holocausto e o direito de Israel de se defender. 

No Museu do Holocausto, o ministro Israel Katz disse ao embaixador brasileiro que as palavras de Lula foram “severamente antissemitas”. Em 2014, o porta-voz do Ministério do Exterior de Israel, Ygal Palmor, chamou o Brasil de “anão diplomático”. Contrariando a maioria dos brasileiros, o anão está de volta.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Alívio: falha a vergonhosa reabilitação de Maduro promovida pelo Brasil

Encontro na Argentina mostra que o tiranete venezuelano tem dificuldades para sair da lista dos párias e reentrar pela porta da frente da diplomacia

“Qualquer venezuelano conta como o regime se sustentou com o narcotráfico depois da queda dos preços do petróleo”, rugiu Patricia Bullrich, líder política argentina que compra brigas o tempo todo.

Patricia, do partido Proposta Republicana (PRO), integrante da frente de oposição, quer ser presidente e aproveitou a chance da vergonhosa visita de Nicolás Maduro à Argentina para agitar as águas, sugerindo ao DEA, o departamento de combate às drogas dos Estados Unidos, que aproveitasse para pedir a prisão e extradição do tiranete venezuelano. “Já que existe um pedido de captura por participação no Cartel dos Sóis”, espicaçou, referindo-se à organização de tráfico de drogas, ouro e pedras preciosas comandada por altas patentes do Exército venezuelano – no caso, o sol é o emblema que brilha nos ombros dos generais de brigada que venderam a alma e a honra.

Estar na lista de procurados e sancionados já tirou Maduro da posse do presidente Lula – ironicamente, por não poder reabastecer o avião, sob pena de punição dos Estados Unidos a empresas que o fizessem, o que faz o homem no controle das maiores reservas de petróleo do mundo não poder parar num posto de gasolina quando no exterior. Agora, passou mais um carão, inventando um “plano para agredi-lo”. 

Assustado com atitudes como a de Patricia Bullrich, Maduro amarelou.

A viagem frustrada não elimina o fato de que está em marcha uma vergonhosa operação para reabilitar Nicolás Maduro.

Os salamaleques do fracassado governo de Alberto Fernández a ditadores como o déspota venezuelano e o cubano Miguel Díaz Canel não eram tão ostensivos quando ele iniciou seu mandato, procurando manter uma imagem menos escrachada do que a dos Kirchner, beneficiados com as infames sacolas de dinheiro vivo provenientes de Caracas, e uma postura de defesa dos valores democráticos, independentemente da tendência ideológica.

Durou pouco. A esquerda está se sentindo poderosa com o novo presidente do Brasil e o novo presidente está indo mais ainda para a esquerda. Abraçar Nicolás Maduro logo na sua primeira viagem ao exterior seria o ato simbólico da reabilitação do pária. 

O abraço vai acabar acontecendo, de uma maneira ou de outra, um vexame por qualquer critério que se utilize. A conexão com o narcotráfico eleva o déspota venezuelano vários degraus acima do infelizmente habitual prontuário de total desrespeito aos direitos humanos e às instituições democráticas dos ditadores de turno. Não que esse seja desprezível: ele é acusados de crimes de lesa humanidade, com uma lista de mais de nove mil execuções extrajudiciais. 
A título de comparação: a Comissão Nacional da Verdade apurou 434 mortos pela ditadura brasileira.
 
O novo governo brasileiro poderia retomar as relações diplomáticas, de acordo com suas propostas e sua orientação ideológica, sem encontros diretos e outros gestos diretamente dirigidos aos Estados Unidos. Abraçar Maduro é, literalmente, endossar tudo o que ele representa
Numa declaração torpe, o novo presidente tentou estabelecer um paralelo entre um crime internacional com as dimensões da invasão da Ucrânia e as sanções contra o bolivariano.  
Suas palavras: “Da mesma forma que eu sou contra a ocupação territorial, como a Rússia fez à Ucrânia, sou contra muita ingerência no processo da Venezuela”.

Outro sinal de hostilidade aos Estados Unidos: os dois navios de guerra do Irã que vão aportar proximamente no Rio de Janeiro. As embarcações estão participando de uma extensa missão que as levará, pioneiramente, ao Canal do Panamá. A meta foi bem explicitada pela agência oficial de notícias: “Uma viagem histórica com o objetivo de mostrar o crescente poderio militar e naval da República Islâmica do Irã”.

Reabilitar Maduro e abrir os portos ao Irã não são sinais de política externa independente, mas de política externa histriônica, com o ridículo que tais gestos revelam: impulsos raivosos que certamente não farão a diplomacia americana perder o sono.

Fortalecer o comércio com os latino-americanos é um objetivo positivo e até a moeda comum com a Argentina, se conduzida de maneira inteligente e não autodestrutiva, poderia trazer vantagens. Se ficar na esfera do antiamericanismo infantil, pode cair na comédia, como o famoso plano made in Brazil que iria colocar o Irã fora da rota das armas nucleares.

Ninguém quer que a moeda sul-americana se inspire na posição geográfica de nosso continente e na economia mais forte da região e seja chamada de surreal.  E nem uma única pessoa coerente com os ideais de esquerda pode endossar as cortesias dirigidas a Nicolás Maduro e o que ele representa em matéria de corrupção, narcotráfico, abusos contra os direitos humanos e extensiva destruição do próprio país.

O “plano elaborado no interior da direita neofascista com o objetivo de realizar uma série de agressões contra nossa delegação” é o que em países normais se chama de manifestações oposicionistas de protesto contra a presença de uma persona extremamente non grata, mesmo que os dirigentes nacionais se desdobrem em gentilezas diante dele.

Muito bem, argentinos.

Vilma Gryzinski, colunista - Revista VEJA

 

 

domingo, 13 de março de 2022

Uma tragédia anunciada - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Em apenas 14 meses, a esquerda norte-americana conseguiu o que queria. Como tudo em que mete a mão, o caos

Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden tomou posse na Casa Branca como 46º presidente dos Estados Unidos. Mas não foi apenas o ex-vice de Barack Obama que passou a segurar as rédeas da nação mais poderosa no mundo (até quando, não sabemos…) naquele dia
A esquerda radical norte-americana, representada pelo atual Partido Democrata, também conseguiu o controle da maioria nas duas Casas legislativas do Congresso norte-americano. Joe Biden foi empacotado com o verniz da normalidade democrata moderada dos anos 1990 para, na verdade, forçar uma agenda da extrema esquerda. Para isso, foi preciso um esforço conjunto para empurrar para fora do caminho a reeleição do 45º presidente, Donald Trump, o malvadão do século que mexeu com uma geração hedonista e incapaz de enxergar ações e políticas, apenas sentimentos.
O presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos | Foto: Wikimedia Commons
O presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos -  Foto: Wikimedia Commons [trio mais conhecido no submundo da INcompetência como Trio Parada Dura.]

Durante quatro anos, de 2016 a 2020, vimos ações tirânicas, como perseguições e censura, que jamais poderíamos imaginar na América de hoje. Instituições financeiras e econômicas, culturais e de entretenimento e quase toda a mídia desempenharam vários papéis para ver o ex-presidente Donald Trump não apenas derrotado, mas também empurrado para dois processos de impeachment, para depois ser banido das redes sociais e descartado como persona non grata após o fatídico 6 de janeiro. 
Depois de meses de investigações sobre a invasão do Capitólio, nenhuma prova contra Donald Trump foi encontrada e qualquer participação do republicano no incidente foi descartada. Mesmo assim, até hoje há uma resiliência quase olímpica por parte dos democratas em associar a confusão na capital norte-americana ao ex-presidente.
 
Mas, em 20 de janeiro de 2021, não houve apenas uma troca de políticos de partidos distintos numa democracia saudável.  
Houve uma histeria quase bizarra por parte de acadêmicos renomados, grandes corporações, toda a casta de Hollywood, a mídia norte-americana, equipes esportivas profissionais, Wall Street, o Vale do Silício e um número inacreditável de jovens desmiolados que pedem a implementação do socialismo na América. Em comum? 
Todos se gabavam da derrota da “supremacia branca”, juraram que fizeram o que fizeram “para salvar a democracia”, e orgulhosos estavam em fazer parte de legiões de czares da “diversidade, equidade, inclusão e justiça social”. Ahh… a partir daquele momento, a teoria racial crítica seria incorporada para extirpar o racismo e a discriminação endêmicos. Como? Abraçando o racismo e a discriminação.

Os novos guerreiros da justiça social
Com a nova administração voltada apenas para o “bem comum” (não de todos), alguns tipos de crimes deveriam ser vistos principalmente como uma construção criada pela elite para proteger seus próprios privilégios patriarcais, suas prerrogativas opressoras e suas propriedades. Furtos em lojas, saques, baderna e bandidos nas ruas passaram a ser apenas parte da vida normal em uma cidade normal. Os novos guerreiros da justiça social também poderiam substituir a polícia, que passaria a não ter recursos nem investimentos (defund de police), porque são racistas. A maioria das políticas para abordagem policial, encarceramento ou prisão obrigatória deixaria de existir porque criminosos são “vítimas da sociedade”.

A partir de janeiro de 2021, as agendas verdes irreais dos ecochatos transformariam fundamentalmente os Estados Unidos, ao colocar um fim imediato nas “mudanças climáticas” provocadas pelo homem com o início do banimento definitivo dos combustíveis fósseis. Os amantes cegos da teoria monetária moderna nos asseguraram que imprimir dinheiro “espalharia a riqueza” e desvalorizaria as moedas de capitalistas indignos que tinham muito dinheiro. Afinal, para eles, imprimir mais dinheiro jogaria o dinheiro do rico nas mãos dos injustiçados. Inflação? Calma. Ela seria uma boa coisa à medida que aparecesse, um sinal de uma classe de consumidores robusta e recém-empoderada, a que há muito tempo é negada “equidade” pelos capitalistas egoístas.

A partir de janeiro de 2021, a fronteira seria aberta e permaneceria aberta para imigrantes ilegais. Chega de xenofobia. Chega de muros. Como cidadãos do mundo, a esquerda norte-americana acolheu 2 milhões de imigrantes que chegaram ilegalmente aos EUA sem nenhum documento ou comprovante de vacinas durante uma pandemia, enquanto membros das Forças Armadas norte-americanas foram ameaçados de expulsão se não tomassem a picada.

À medida que os radicais da extrema esquerda apavoravam toda uma nação e obrigavam os raros democratas moderados a se esconderem, toda a velha sabedoria sobre a natureza humana desapareceu. Esqueça a obviedade de que criminosos soltos prejudicam mais os pobres, e que a falta de polícia nas ruas é um pesadelo para as comunidades menos favorecidas. Descarte a ideia boba de Martin Luther King Jr. de que nosso caráter, não nossa cor, determina quem somos. E, por favor, ignore a ideia ultrapassada de que inflação corrói os salários da classe trabalhadora. Isso tudo é coisa de gente atrasada.

O retrato de um governo inepto
Mas o que está ruim sempre pode piorar. As cenas no Afeganistão, retrato de um inepto governo, visto poucas vezes dessa maneira na história norte-americana, trouxe à vida monstros maiores. Não podemos afirmar com absoluta certeza que esse pesadelo Ucrânia/Rússia não aconteceria se tivéssemos um presidente forte na Casa Branca, mas fato é que a fraqueza muitas vezes é um convite à agressão, como diria o próprio Ronald Reagan. 
E Biden não pôde escapar do fiasco no Afeganistão. Os militares afegãos treinados pelos norte-americanos nos últimos 20 anos, que sofreram milhares de baixas anteriores, evaporaram em poucas horas no cerco a Cabul, em agosto de 2021. 
O que o Afeganistão indica, no entanto, é que forças mais poderosas do que o Talibã, em lugares muito mais estratégicos, têm sinal verde para avançar, visto que a Casa Branca hoje é apenas uma administração ideológica, mas previsivelmente incompetente, com um Pentágono e comunidades de Inteligência politicamente armadas preocupados com a diversidade e políticas de gênero.

Não vou ser repetitiva aqui sobre as catastróficas políticas de Joe Biden, domésticas e internacionais, em apenas 14 meses. Há mais de um ano venho escrevendo aqui em Oeste sobre não apenas o que leio, pesquiso e estudo, mas o que testemunho in loco: os resultados das irresponsáveis políticas da esquerda radical norte-americana que são capazes de arruinar um Estado lindo e rico como a Califórnia, onde resido.

E o que os eleitores democratas descobriram após 14 meses de Biden e Harris, além da incompetência na área da segurança doméstica e internacional? Que eles desprezam a inflação tanto quanto a recessão, e temem que agora possam obter ambas. As pessoas querem gasolina mais barata, não mais cara. Elas preferem a autossuficiência energética norte-americana, e não ter de implorar a países como Venezuela e Irã para bombear mais petróleo quando a independência foi atingida nos anos anteriores.

Os democratas podem sofrer perdas históricas nas eleições de midterms em novembro.  
Esse desastre para o partido acontecerá não apenas por causa do desastre no Afeganistão, da invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin, da destruição da fronteira sul, da confusão da cadeia de suprimentos ou de seu apoio à demagoga agenda racial e de gênero. 
 A bala de prata que pode ceifar a maioria democrata em ambas as Casas legislativas e causar o aniquilamento político em novembro tem um nome odiado pelos norte-americanos, e com razão: a inflação descontrolada.

Os “novos direitos de redistribuição”
Joe Biden insiste em dizer que os preços ao consumidor estão subindo “apenas” a uma taxa anual de 7,9%, como se o maior aumento em 40 anos não fosse tão ruim assim. No entanto, a classe média sabe que a inflação é muito pior quando se trata das coisas da vida: comprar uma casa, carro, gasolina, carne, grãos, madeira ou materiais de construção. A inflação é um destruidor de oportunidades iguais de sonhos. Ela mina ricos e pobres, democratas e republicanos, conservadores e liberais (EUA). Ela une todas as tribos e ideologias contra aqueles que são nomeados como os que teriam dado à luz o polvo monstruoso cheio de tentáculos e que espreme tudo e todos. A inflação é onipresente, onipotente e humilhante. Destrói a dignidade pessoal. Ao contrário da estúpida teoria racial crítica ou das abjetas políticas de gênero, ela não pode ser evitada por um dia sequer. Você não pode ignorá-la como se faz com a irresponsável bagunça no Afeganistão ou na agora inexistente fronteira sul. A inflação ataca a todos, 24 horas por dia, sete dias por semana, em 360 graus. Sem piedade ou lente racial ou ideológica.

Biden reduziu os Estados Unidos a um mendigo de energia implorando aos sauditas e russos que bombeassem mais petróleo

Acima de pontos econômicos negativos que uma inflação sem controle pode trazer, há a esfera filosófica de uma nação que tem em sua genética a cooperação humana. A inflação como a atual nos EUA é vista como uma mina perigosa para uma sociedade civil e ordenada, desencadeando um egoísmo “cada um por si”. Os norte-americanos sabem que essa inflação é autoinduzida, não um produto de uma guerra no exterior, um terremoto ou o esgotamento dos depósitos de gás e petróleo. Biden ignorou a onda natural de compras inflacionárias de consumidores que foram desacorrentados dos lockdowns por quase dois anos sem poder gastar. Em vez disso, ele incentivou a saciar essa enorme demanda imprimindo trilhões de dólares em dinheiro falso para todos os tipos de “novos direitos de redistribuição”, projetos “verdes” irreais e programas de congressistas de estimação preocupados com uma agenda desconectada da realidade.

O governo Biden corroeu a ética do trabalho norte-americano. Isso é grave e os norte-americanos sabem disso. Manteve altas as taxas de trabalhadores fora dos postos de trabalho com cheques federais para que ficassem em casa. Cortou sem o menor debate a produção de gás e petróleo cancelando arrendamentos federais, campos petrolíferos e oleodutos, enquanto pressionava os bancos a não liberar capital para o fracking. Em apenas um ano, Biden reduziu os Estados Unidos de maior produtor de gás e petróleo da história da civilização a um mendigo de energia implorando aos sauditas e russos que bombeassem mais petróleo porque os Estados Unidos precisam, embora não extraiam para si mesmos de suas fontes.

Os norte-americanos sabem que o polvo da inflação não nasceu voluntariamente. A única dúvida é se essa administração desencadeou esse cenário por incompetência; se tudo é uma ideia neossocialista: corroer o valor da moeda para aqueles que têm dinheiro, enquanto distribuem capital para quem não tem; ou se Biden foi iludido pela “teoria monetária moderna” maluca, o ouro dos tolos que afirmam que imprimir dinheiro garante prosperidade.

Bem, então, o que as pessoas estão concluindo 14 meses depois que a esquerda radical norte-americana promoveu uma agenda de bondades para realizar seus desejos? As pesquisas revelam que os eleitores não gostam de fronteiras abertas, principalmente os latinos que estão legalmente no país. Está claro como a luz do dia que eles desaprovam a imigração ilegal tanto quanto apoiam os imigrantes legais; que os norte-americanos estão preocupados com o aumento dos índices criminais e com o aumento da circulação de drogas; e que eles não querem mais saber da palhaçada segregacionista de agendas raciais e de gênero.

No final, não importa se Biden foi iludido, é apenas mais uma criatura do establishment norte-americano ou se é diabólico como a espinha dorsal do atual Partido Democrata. Em apenas 14 meses, a esquerda conseguiu o que queria. Como tudo em que mete a mão, o caos. E as pessoas não estão apenas cansadas do que estão vendo, mas enojadas. Os norte-americanos estão apavorados que a esquerda não esteja apenas falhando, mas também destruindo o país com eles junto.

A história nos deixa adágios para a crescente raiva do povo norte-americano contra a esquerda arrogante, vil, tirânica e perigosa. O ditado norte-americano diz: What comes around, goes around, ou, no bom português, “Você colhe o que planta”.

Como diria um republicano a um brasileiro perto de eleições: Hey, Brazil, are you watching this?”

Leia também “Os negros e o Partido Republicano”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


domingo, 21 de junho de 2020

Gilmar Mendes ouviu do comandante do Exército o que não queria - VEJA


O ministro, porém, acabou ouvindo o que não queria. Segundo interlocutores que conversaram com o magistrado, Pujol se alinhou à interpretação da caserna de que o Judiciário tem extrapolado em suas funções. Mesmo entre os militares considerados mais “institucionais” e avessos ao mundo político, como o comandante do Exército, não foram bem assimiladas decisões de Moraes como a que vetou o nome de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. A ordem judicial que mais impressionou os fardados, no entanto, foi a decisão do STF que impediu o presidente de decidir sobre políticas relacionadas ao novo coronavírus.

Mendes explicou a Pujol cada uma das decisões e procurou desfazer a interpretação de que o Judiciário seja um opositor do Palácio do Planalto.  Procurado, o ministro nega o tom da conversa ocorrida na reunião. O comandante não respondeu ao pedido de entrevista.

VEJA - Política


domingo, 8 de setembro de 2019

Experiência adquirida - Merval Pereira

O Globo

O risco de atitudes hostis na ONU à posição brasileira sobre meio ambiente



Se o presidente Bolsonaro cumprir sua promessa de ir “nem que seja de maca ou cadeira de rodas” à abertura da Organização das Nações Unidas (ONU), se deparará com amplos movimentos ambientalistas em Nova York, cidade cujo prefeito, o democrata De Blasio, já o impediu de receber um prêmio por considerá-lo persona non grata.  A semana do meio-ambiente em Nova York contará com vários eventos organizados pela Prefeitura, pela ONU, e pelo Fórum Econômico Mundial, e a preservação do meio-ambiente será o assunto dos próximos dias, até abertura da sessão anual da ONU, que tradicionalmente é feita pelo discurso do presidente brasileiro.

[não há a menor possibilidade do presidente Bolsonaro ser hostilizado na Assembleia-Geral da ONU e nos seus deslocamentos em Nova York.
A ação daquele prefeito de Nova York só prosperou - projetando-o no noticiário internacional - devido a inexperiência do presidente do Brasil, que o levou a maximizar algo insignificante.
A ONU recebe com frequência autoridades que estão em menor conceito junto ao presidente do país que abriga a Sede da ONU e todos são devidamente respeitados.
O único risco de confronto é se o presidente francês desafiar o presidente Bolsonaro para um duelo - algo tipo capa e espada. Esse risco não há, já que apesar dos seus arroubos Macron saberá respeitar o estado de saúde do seu 'adversário' - operado hoje.
Cabe o registro que Macron também foi desautorizado nas suas investidas contra a SOBERANIA do Brasil, por Ângela Merkel, Donald Trump e Boris Johnson - os dois últimos detentores de poder de veto na ONU - China e Rússia outros detentores não estão muito preocupados.
O risco maior é se o presidente Bolsonaro decidir, em um dos seus rompantes, comparecer a um dos eventos ambientalistas que ocorrem na cidade americana e que são conduzidos por ambientalistas xiitas e que vão procurar hostilizar o nosso presidente e assim justificarem as polpudas doações que suas ONGs recebem.]

Bolsonaro já disse que vai falar de Amazônia e soberania, e há o temor de que tenha que enfrentar atitudes hostis devido à posição brasileira. Provavelmente, porém, os médicos não deixarão Bolsonaro, que será operado hoje, viajar, e ele será poupado de criticas de corpo presente.  O desmatamento da Amazônia não é apenas alvo dos protestos, mas também de pressões econômicas. Há um movimento global exigindo pressão dos bancos centrais para que passem a levar em consideração a mudança climática, colocando investimentos em empresas poluidoras como potencialmente arriscados. Brasil e Estados Unidos estão fora desse movimento, pois não se preocupam com o o tema, na visão dos ambientalistas.

Esse retrocesso na nossa imagem no exterior em relação à preservação da Amazônia traz prejuízos políticos e econômicos, embora tenhamos práticas que já deram certo entre nós, abandonadas justamente pelas mesmas razões que hoje fazem o governo brasileiro ser criticado.  Quando a então ministra do Meio-Ambiente Marina Silva deixou o governo Lula, em 2008, em protesto contra a revogação de diversas regras incluídas no Plano de preservação e controle do desmatamento, a tendência foi de seu crescimento pouco depois. Até 2012, no entanto, o desmatamento foi reduzido.

Sempre tivemos crescimento das ações ilegais na região amazônica. Em 1995, o desmatamento chegou a 29 mil quilômetros quadrados, e o então presidente Fernando Henrique tomou uma decisão radical. Através de medida provisória, aumentou a reserva legal de 50% para 80%, e conseguiu conter a tendência de crescimento. A partir de 2001, a alta foi retomada, e quando Lula assumiu o governo, em 2003, a então ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva, não queria só ficar “apagando fogo”.  Decidiu criar o que classifica de “plano estruturante”, montando o que muitos de seus seguidores consideram o Plano Real das florestas. Um grupo formado por representantes de 13 ministérios, coordenado pelo Gabinete Civil e sob a supervisão da ministra do Meio-Ambiente, realizou diversos seminários envolvendo setor produtivo, comunidades cientificas, comunidades locais.

O desmatamento caiu pela metade, até que em 2007 foi identificada uma tendência de alta. Reconvocado o grupo de trabalho, foram apresentadas novas medidas, mais drásticas, como o cancelamento de empréstimos, e a taxa voltou a cair. Em 2008, pressões políticas para revogar certas medidas fizeram com que Marina deixasse o governo Lula.  O Plano estava baseado em três vetores: combate às praticas ilegais, ordenação territorial e legalização fundiaria, e apoio às atividades produtivas sustentáveis, com transversalidade das politicas. Polícia Federal, Ibama, ministério da Defesa, com base em trabalho de inteligência, fizeram 25 grandes operações, como a Operação Curupira no Mato Grosso, maior responsável pelo desmatamento, que caiu no mês seguinte em mais de 80%.
Prenderam mais de 700 pessoas, muitas delas servidores de órgãos ambientais. Foram criadas 20 milhões de hectares em unidades de conservação, na frente da expansão da grilagem, em regiões da BR 63, na Terra do Meio. Várias revistas especializadas de crédito internacional falaram sobre o caso brasileiro, a primeira vez que uma politica pública, com o país crescendo, conseguiu vitórias sobre o desmatamento.

De 2003 a 2012, o plano provocou queda do desmatamento da Amazonia, mesmo com as modificações ditadas por pressões politicas a partir de 2008. Havia um sistema de fiscalização e repressão funcionando muito bem, que começou a ser desmantelado no Governo Dilma, até nos primeiros meses de Bolsonaro. Os dados do período em que o desmatamento mais caiu mostram que houve o crescimento do agronegócio.


Merval Pereira, jornalista - O Globo

sábado, 1 de dezembro de 2018

O Rio é a síntese do Brasil

O Rio não é exceção; antes, é regra.  A prisão do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em pleno exercício do cargo, reveste-se de profundo sentido simbólico.  Resume a política brasileira contemporânea, em que o Estado e suas instituições foram capturados pelo crime organizado. Ele está nos três Poderes. A Lava Jato, uma operação policial, tornou-se, por isso mesmo, estuário das esperanças nacionais. Fato inédito.

Além dos quatro últimos governadores – Garotinho, Rosinha, Sérgio Cabral e Pezão -, estão presos os três últimos presidentes da Assembleia Legislativa fluminense e todo o Tribunal de Contas do Estado (à exceção de uma ministra, nomeada ao tempo em que os outros embarcavam no camburão), além de procuradores e juízes. O Rio não é exceção; antes, é regra. Nem é a cidade mais violenta do Brasil: no ranking nacional, é a 22ª.

Mas, como cidade-síntese da nacionalidade – foi capital em suas três fases históricas (colônia, império e república) -, é um retrato do país, que tem hoje um ex-presidente (Lula) preso e os dois que o sucederam (Dilma e Temer) já na condição de réus. O presidente que, dentro de um mês, sai se empenha em conceder um indulto a amigos, políticos que incidiram no crime de corrupção – o mesmo de que é acusado -, com plena recepção do STF (que já contabilizou os seis votos necessários para aprová-lo).  A eleição de Jair Bolsonaro, um deputado que por quase três décadas integrou o chamado baixo clero da Câmara, decorre desse quadro moralmente devastado. Bolsonaro concentrou sua atuação parlamentar, sempre vista como irrelevante, quando não caricatural, na denúncia do crime e da corrupção generalizada.

Fez dessas questões, negligenciadas por todos os governos da chamada Nova República, a bandeira de sua candidatura presidencial vitoriosa. Expressou numa linguagem que alguns consideram tosca o que todos identificam na realidade mais imediata da vida. As chamadas grandes questões – na economia, na organização do Estado, no campo ideológico – perdem relevância diante do cotidiano infernal que o cidadão enfrenta. E é simples entender: para discuti-las, é preciso estar vivo. E as cidades brasileiras tornaram-se sucursais da Faixa de Gaza. Quem quer investir num lugar assim?  A partir do óbvio, consolidou-se a candidatura Bolsonaro, que, partindo de aliados simplórios, agregou apoios mais graduados e hoje transcende o seu ambiente de origem. O desafio que se impõe é o de transformar o ecossistema político brasileiro. Nada menos. E isso o torna persona non grata de todo o establishment.

Essa, na verdade, foi a promessa que o PT, na sua origem, fazia ao eleitorado. Prometia um mundo novo, livre da corrupção.
No poder, repetiu (e levou ao paroxismo) os erros que sempre denunciou, transformando-se de partido político em organização criminosa que se apoderou do Estado brasileiro”, nas palavras do ministro Celso de Melo, do STF, quando do julgamento do Mensalão. A montagem do Ministério, feita às claras – e por isso mesmo tendo suas divergências e contradições expostas ao público -, desafia o chamado presidencialismo de coalizão (ou de cooptação), ao minimizar a consulta aos partidos.
O risco é que derive para o tecnocratismo, que, ao prescindir da política, se distancia também da realidade.

Ruy Fabiano - Blog do Noblat - Revista VEJA