Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
A
realidade é que Alexandre de Moraes e seus colegas não tiveram, em
nenhum momento, a menor objeção dos militares para tomar qualquer medida
que tomaram
Ditaduras, uma vez que são impostas a algum país, não costumam ser
biodegradáveis, nem passíveis de reciclagem.
Não se tornam mais suaves,
racionais ou justas com o passar do tempo, nem se transformam em outro
material.
Nunca recuam, nem cedem um milímetro do poder que tomaram, nem
ficam mais inofensivas. Jamais abrem mão da sua violência — ao
contrário, a repressão, as punições e a eliminação dos direitos
individuais e das liberdades públicas só se tornam piores.
É inútil ser
tolerante, ou compreensivo, ou “pragmático” com elas, na esperança de
satisfazer os ditadores; eles não se satisfazem nunca.
São ditaduras,
unicamente isso, e a cada dia de vida que ganham ficam com mais cara,
corpo e alma de ditadura. É o caso do Brasil de hoje, obviamente.
Alexandre de Moraes e as Forças Armadas - Foto: Montagem Revista
Oeste/Shutterstock/José Cruz/Agência Brasil
Deixaram, cerca de quatro anos atrás, que o Supremo Tribunal Federal começasse a violar abertamente a Constituição e o restante da legislação em vigor no Brasil, num projeto para entregar o controle do país aos ministros e às forças que os apoiam. Hoje a ditadura está operando com todas as turbinas ligadas, e raramente passa um período de 24 horas sem que seus operadores deixem de aprofundar o estado de exceção que criaram. É um golpe de estado em câmara lenta, sem tanques na rua e com golpistas que usam toga de juiz em vez de farda de general — mas é golpe do mesmo jeito. O fato é que a ditadura ganhou, e amanhã vai estar mais destrutiva do que é hoje.
A última prova material, objetiva e indiscutível de que o Brasil vive numa ditadura do Poder Judiciário é a cassação, por parte do ministro Alexandre de Moraes, do direito de palavra da deputada federal Bia Kicis nas redes sociais; também foi punido o seu colega Júnio Amaral, e ambos se juntam à deputada Carla Zambelli, que está silenciada desde o dia 1º de novembro.
É, como tantas outras, uma decisão absolutamente ilegal.
O STF simplesmente não pode proibir um deputado federal de manifestar a sua opinião; nem o STF e nem ninguém.
A Constituição diz, em português claríssimo e compreensível até para um analfabeto, que os parlamentares brasileiros têm o direito de levar ao públicoquaisquer opiniões — e esse quaisquer quer dizer todas,sem exceção de nenhuma, para que jamais haja nenhuma dúvida a respeito, nem justificativas para a violação do que foi escrito.
Não se trata de um acaso. Essa palavra foi colocada de propósito no texto da Constituição, justamente para impedir que alguém pudesse fazer o que o ministro Moraes está fazendo: alegar algum motivo de “interesse superior” para confiscar de um deputado federal brasileiro o direito de exercer plenamente o mandato que lhe foi conferido pelos eleitores — mais de 200.000 cidadãos de Brasília, no caso específico de Bia Kicis. Não interessa o que a deputada disse, e menos ainda se o que disse está certo ou errado. A única coisa que deveria valer é a regra escrita na Constituição: ela não pode ser impedida de falar o que quiser. Essa regra não vale mais nada no Brasil de hoje.
Já não existe há bom tempo, por parte de Alexandre de Moraes e de qualquer dos seus colegas, nem mesmo alguma tentativa remota de disfarçar a ilegalidade dos atos que praticam. Disfarce para quê?
Uma ditadura, depois que se estabelece, não precisa disfarçar mais nada; faz, no caso brasileiro, uma encenação de que age em defesa da “democracia”, mas na prática toma as decisões que quer e não dá satisfação a ninguém. No episódio com Bia Kicis, não foi dado nem mesmo um motivo para a punição — a deputada foi expulsa das redes, e ponto final. No caso de Carla Zambelli, o ministro decidiu que ela tinha“o nítido propósito” de romper “com o Estado Democrático de Direito”.Que disparate é esse?
Como uma autoridade pode determinar qual é o “propósito” de alguém ao dizer isso ou aquilo?
Que lei o autoriza a fazer esse tipo de adivinhação — que ainda por cima, como no caso de Bia Kicis, anula um mandamento constitucional?
Moraes fala, também, numa “Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação”. Que diabo vem a ser isso?
O órgão, com um desses nomes que encantam ditadores de Cuba à Coreia do Norte, não tem existência legal; foi inventado por Moraes e não poderia, assim, ser acionado para nada.
Mas é usado como mais uma polícia do STF, para caçar mensagens “suspeitas” nas redes e aplicar multas de R$ 150.000 por hora.
Naturalmente, como Moraes vem fazendo desde que a ditadura começou a ser implantada no Brasil, nenhuma das punições obedeceu a processo legal — uma aberração que só existe em países onde o sistema judicial funciona no estilo do falecido ditador Idi Amin, ou de alguma outra republiqueta africana controlada por gângsters.
Assassinos, traficantes de droga e estupradores têm direito a todas as regras estabelecidas em lei quando são acusados de algum crime;os deputados perseguidos pelo STF não têm. São punidos por decisão pessoal de Moraes, sem processo nenhum, sem advogados, sem direito sequer de ser informados do que fizeram. Se isso não é uma ditadura, então o que é?
A discussão a esse respeito, em todo o caso, já ficou para trás — o que importa é a realidade que existe hoje, e essa realidade mostra que a ditadura do judiciário não apenas está aí, mas conta com imensos apoios nas forças que têm influência prática no Brasil.
Não poderia ter aparecido, na verdade, se não tivesse tido esse apoio desde os seus primeiros passos; não faz sentido acreditar que seja uma iniciativa individual, isolada e exclusiva de Moraes e do STF. O regime de exceção que manda hoje no Brasil só existe, objetivamente, porque há muita gente querendo que ele exista.
A principal fonte de sua força na vida real, até agora, vem da aprovação silenciosa que recebe das Forças Armadas — a única instituição que tem meios materiais efetivos para deter a ação dos ministros. Os comandantes militares não fizeram, e nem era preciso que fizessem, um manifesto a favor do golpe em fatias que levou o país à situação em que se encontra neste momento. Obviamente, não assinaram um documento dizendo: “Nós, comandantes das três armas, fechamos um acordo com os ministros do STF para impor ao Brasil uma ditadura do Poder Judiciário”.Para que isso?
Bastou que ficassem olhando sem fazer nada enquanto o regime de leis e a Constituição eram destruídos dia após dia pelas decisões do STF.
A realidade, comprovada pelos fatos e acima de qualquer dúvida permitida pela lógica comum, é que Alexandre de Moraes e seus colegas não tiveram, em nenhum momento, a menor objeção dos militares para tomar qualquer medida que tomaram.
Os ministros do STF agiram, desde a sua primeira agressão ao sistema legal — a proibição para o presidente da República nomear o diretor de sua escolha para a Polícia Federal —, com a certeza de que ninguém iria se opor a nada do que fizessem.
De lá para cá não pararam mais. Eliminaram a lei,aprovada legitimamente pelo Congresso Nacional, que estabelecia o cumprimento de pena de prisão para os réus criminais condenados em segunda instância — o que, simplesmente, tirou o ex-presidente Lula da cadeia.
Anularam as ações penais existentes contra ele, incluindo sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro — o que o livrou da ficha suja e permitiu a sua candidatura à Presidência nas últimas eleições. Acabaram com praticamente todas as condenações da Operação Lava Jato — o único momento, em todos os 500 anos de história do Brasil, em que a justiça mandou para a cadeia condenados por corrupção de primeira grandeza. Montaram, em seguida, a eleição mais viciada que o país já teve — num dos seus melhores momentos, proibiram o presidente de exibir em sua campanha eleitoral as manifestações públicas e legais do último Sete de Setembro. Em outra ocasião extrema, o ministro Luís Roberto Barroso, o jurista do “Perdeu, mané”, disse que “eleição não se ganha, se toma”; acharam que estava sendo um homem espirituoso.
Os membros da corte suprema punem cidadãos, e parlamentares, por crimes que não existem no Código Penal e em nenhuma lei brasileira. Bloquearam, sem qualquer vestígio de procedimento legal, as pessoas de se manifestarem nas redes sociais. “Desmonetizaram” quem entrou em sua lista negra. Censuraram a imprensa. Acabaram com o direito ao sigilo. Não permitem até hoje que os advogados tenham acesso aos autos nos processos de que seus clientes são vítimas.
Cassaram o direito de palavra das deputadas. Acabam de prender um empresário por exercer o direito de convocar uma manifestação pública — no caso, de caçadores e de colecionadores de armas, atividades perfeitamente legítimas neste país. Em nenhum momento, nem no passado e nem agora, as Forças Armadas disseram uma sílaba a respeito de qualquer dessas violações da lei.
Em nenhum momento, nem no passado e nem agora, as Forças Armadas disseram uma sílaba a respeito de qualquer dessas violações da lei
Exército, Marinha e Aeronáutica se comportam hoje, para todos os efeitos práticos, como uma repartição pública sem maior significado. Estão basicamente preocupados com os seus soldos, aposentadorias, benefícios — incluindo os R$ 500 milhões pagos por ano a familiares, a título de pensão. Não ajudam em nada, com os seus tanques de guerra, mísseis de longo alcance ou caças a jato, a segurança do cidadão brasileiro — cada vez mais destruída pelo crime e pelos criminosos.
Não defendem o território nacional de nenhuma invasão estrangeira, pois até uma criança com 10 anos de idade sabe perfeitamente bem que nenhum país vai invadir o Brasil.[aqui cabe lembrar que o presidente francês e o norte-americano, manifestaram interesse em internacionalizar a nossa AMAZÔNIA = o que na prática, equivale a transformar aquela parte do território soberano do Brasil em "terra de ninguém".]
Não conseguem, nem mesmo, a autorização para comprar um lote de 100 novos tanques — o PT não deixa. [a intenção evidente do perda total =pt, é transformar nossas FF AA em milícia, para ser usada na plenitude na transformação do Brasil em um 'venezuelão'.]
Também não estão exercendo, com atos concretos, a sua obrigação legal de fazer cumprir a Constituição — ou então acham que nenhum dos fatos expostos acima pode ser descrito como violação constitucional, da ordem e do Estado de Direito.
Não têm lideranças. Não parecem interessados em assumir responsabilidades maiores ou diferentes das que já têm;
- talvez nem consigam fazer isso no mundo de hoje, mesmo que quisessem.
A verdade, de qualquer forma, é que os militares não manifestaram nenhuma oposição às ações do STF — e os ministros vêm se sentindo livres, há quatro anos, para fazer tudo o que têm feito.
O outro grande braço que dá força ao STF, e que tem sido essencial para sustentar a sua ditadura, é a classe política brasileira — não toda, é claro, mas a maioria necessária para manter o Congresso Nacional numa postura de submissão absoluta ao Supremo.
Um Congresso que se coloca de quatro diante deles — o que mais os ministros poderiam querer?
A maior parte dos senadores e deputados apoia histericamente o STF; pedem a punição de colegas com mandato, canonizaram o ministro Moraes como o “salvador” da democracia no Brasil e querem, pela proposta de um dos mais notórios chefes da facção do Senado que reúne refugiados do Código Penal, dar mais poderes ao tribunal e legalizar suas agressões à Constituição.
Os dois presidentes são o pior de tudo. O do Senado é um militante aberto do golpe — recusa-se, sem nenhum apoio legal, a permitir que os senadores discutam a conduta do Supremo, e com isso tira de funcionamento o único mecanismo constitucional que poderia controlar a sua conduta.
O presidente da Câmara entrará na história pela realização de algo provavelmente jamais ocorrido em qualquer parlamento do mundo — aceitou sem dar um pio a prisão por nove meses de um deputado federal em pleno exercício do seu mandato.
O deputado não tinha cometido nenhum crime inafiançável e nem foi preso em flagrante, as únicas hipóteses que permitem a prisão de um parlamentar — o que Alexandre de Moraes e o STF fizeram com ele foi possivelmente a sua ilegalidade mais indiscutível e escandalosa.
E daí? A maioria do Congresso ficou a favor da punição ao colega; é a favor de qualquer coisa que o STF decide.
Se o ministro Moraes, um dia desses, mandar fuzilar o deputado, ou qualquer outra pessoa, a ordem vai ser cumprida.
Ele não terá a menor dificuldade de achar na Polícia Federal, ou no Exército, ou em alguma das 27 PMs, o pelotão de fuzilamento; o deputado Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, mais os componentes da mesa, iriam comparecer à execução e bater palmas no final.
É uma sorte para todos, realmente, que o ministro Moraes não esteja querendo fuzilar ninguém,ao menos tanto quanto se saiba, porque não precisa fazer isso. A ditadura do judiciário já ganhou. Tem todo o apoio necessário para ficar de pé e para continuar prosperando.
Decisões monocráticas tomadas por critérios discutíveis tornam o STF vulnerável aos inimigos
No
papel de guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem tido
muito trabalho no governo Bolsonaro. O mínimo que se pode dizer a respeito do
atual ocupante do Planalto é que ele testa com reiterada frequência os freios e
contrapesos da democracia. Talvez a agitação destes tempos explique por que a
Corte venha cometendo — também com reiterada frequência — excessos ao tomar
decisões, geralmente monocráticas, que ampliam a tensão com os demais poderes,
em especial o Executivo.
O
papel da Corte, não custa lembrar, não é corrigir erros do presidente. É fazer
cumprir a Constituição. Toda vez que age movido por conveniência ou
oportunidade, mesmo que com a melhor das intenções, o STF se desgasta — e isso
é péssimo para a instituição e para a democracia. O ativismo judicial só
prejudica a Corte. “Com a politização do Supremo, corre-se o risco de não haver
judicialização da política, e sim a politização da Justiça”, diz o advogado
Gustavo Binenbojm. “E quem tem tudo a perder é a Justiça.”
Exemplo
recente é a revogação, pelo ministro Edson Fachin, da eliminação de tarifas
sobre importação de armas, decidida pelo Ministério da Economia. Fachin entrou
em terreno do Executivo, a que cabe, segundo a lei, deliberar sobre o assunto.Outro exagero foi a determinação do ministro Ricardo Lewandowski para que o
governo fixe data para o início da vacinação contra a Covid-19,quando nem
sequer existe uma vacina aprovada. [Lewandowski, Fachin, Carmem Lúcia, Moraes, são acometidos, com frequência, do mal do absolutismo, que afligiu Luis XIV quando decretou: 'o Estado sou eu'.
Exemplo dos dois citados no parágrafo acompanham as citações. Carmen Lúcia se tornou o Estado quando proibiu Temer, presidente da República, de nomear um ministro de estudo. Moraes quando assumiu,em uma única canetada, poderes de 'delegado de polícia' , 'promotor de justiça', juiz de primeiro grau e ministro do STF. Investigou, prendeu, denunciou, condenou... .
Óbvio que não foram citados todos os ministros cultores do absolutismo e os feitos dos citados não esgotam os exemplos.]
Claro
que o STF deve ajudar no controle da temperatura da crise política. Mas precisa
se preservar como instância máxima do Judiciário. Divergências fazem parte do
jogo, mas a Corte não pode recuar um milímetro na aplicação da Carta. Mesmo
quando ela é explícita, como na vedação à reeleição dos presidentes das Casas
do Congresso na mesma legislatura, pode haver espaço para controvérsia. O
problema surge quando a raiz da controvérsia é apenas a animosidade em relação
a Bolsonaro.
É
verdade que o teste institucional, promovido com frequência pelo presidente e
por seu entorno, enseja motivo para reação. Mas não é correto passar ao largo
das instituições, como fez o então presidente da Corte, Dias Toffoli, nomeando
o ministro Alexandre de Moraes para conduzir um inquérito sobre desinformação
sem envolver o Ministério Público. O inquérito em si — assim como o seguinte,
sobre as manifestações antidemocráticas — se revelou necessário pelas
descobertas que fez. Mas ficou a mancha no STF.
[matéria excelente, oportuna; peca apenas quando, por mera coincidência, julga acertada decisões de ministros que tem potencial para aporrinhar o presidente Bolsonaro.]
Mais
do que nunca, é o momento de a Corte ser criteriosa, sem ser omissa. Um exemplo
positivo foi a inquirição da ministra Cármen Lúcia sobre a atuação da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) em ajuda à defesa de Flávio Bolsonaro, o Zero
Um, no inquérito das rachadinhas. É numa hora de desafio às instituições que o
STF precisa se proteger para cumprir a missão prioritária de zelar pela
Constituição. Não pode exagerar, sob pena de sofrer desgastes desnecessários.
A indústria ilegal da desinformação é um fenômeno sobre o qual não há jurisprudência
A determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), de bloquear páginas de bolsonaristas em redes sociais
provocou um bom debate. Desta vez não se trata de uma daquelas batalhas
estéreis entre claques que se ofendem e não se escutam. Estamos em meio a
uma discussão que mobiliza conceitos sérios, com fundamento ético e
legal, sobre os limites da Justiça e os alcances da liberdade de cada
um. Há argumentos legítimos e inteligentes de um lado e de outro. A hora
pede reflexão. Mais do que embarcar no Fla-Flu jurídico, devemo-nos
dedicar a entender com calma o que está em jogo.
Comecemos pela pergunta incômoda: a autoridade judicial pode, no âmbito
de um inquérito (no caso, o Inquérito 4.781, mais conhecido como o
“inquérito das fake news”), [pedimos vênia ao articulista para usar a 'alcunha' = inquérito do "fim do mundo" - seja pelo que representa contra a democracia, seja pela forma 'esquisita' como qual foi instalado, seja pelo absurdo de um só personagem ser investigador, promotor, denunciador, julgador e, pasmem, instância revisora máxima - sem esquecer outros pontos que são brilhantemente apontados pelo autor da matéria.]impedir preventivamente a manifestação das
pessoas investigadas?
Pode o juiz impor a mordaça a um cidadão cujos
atos ainda não foram julgados?
Os que respondem “sim”a essa pergunta argumentam que os trâmites da
Justiça e das investigações policiais normalmente restringem direitos
fundamentais. Nada de novo sob o sol, portanto. Na terça-feira, em
webinar no site Poder 360, ninguém menos que o presidente do Supremo,
Dias Toffoli, seguiu essa linha de raciocínio. Lembrando que até mesmo o
direito de ir e vir pode ser suspenso pela autoridade judicial no curso
de uma investigação (é o que acontece quando o suspeito vai para a
cadeia, em regime de prisão preventiva, mesmo antes de seu suposto crime
ter sido julgado pela Justiça),Toffoli sustentou a tese de que a
supressão preventiva de páginas de pessoas investigadas nas redes
sociais constitui um expediente análogo, igualmente aceitável e
legítimo, além de legal.
O argumento, bem construído, soa ainda mais convincente quando
observamos que aqueles que tiveram suas contas derrubadas nas redes não
foram cassados em sua liberdade de expressão, pois seguem se
manifestando com alta estridência em outros canais – apenas aquelas
contas específicas, nas quais foram identificadas condutas e postagens
suspeitas, foram bloqueadas. Além disso, o bloqueio das contas desses
bolsonaristas seria indispensável para o bom curso das investigações.
Por tudo isso, o argumento procede. Há, porém, outro ponto de vista. Quando perguntados se um juiz teria
poderes para impor a mordaça a um cidadão cujos atos ainda não tivessem
sido julgados, não são poucos os que respondem “não”. Nesse grupo não
figuram apenas os sabujos do presidente da República, empenhados em
rebaixar a União ao papel de despachante de blogueiros fascistas. Nesse
grupo estão também aqueles que não apoiam em nada o governo e se
preocupam com precedentes que, no bojo do inquérito das fake news,
venham a enfraquecer no futuro o respeito à liberdade de expressão.
Estes (os que prezam a democracia) consideram que um inquérito policial
não deveria ter a prerrogativa de atropelar o livre curso do debate
público. Admitem, por certo, que todos devem ser responsabilizados
(julgados e punidos) pelos abusos que cometerem no uso da liberdade, mas
não aceitam a supressão preventiva de um milímetro que seja dessa
liberdade.
É fato que hoje estamos falando de um inquérito que apura o
comportamento de milícias virtuais abjetas, que disseminam o ódio, o
preconceito, o fanatismo e a desinformação mais delirante, atentando
diariamente contra os mais preciosos alicerces da República e da
democracia. As contas bloqueadas, todo mundo sabe, reúnem um festival de
ultrajes e baixezas inomináveis, com pregações contra os direitos
fundamentais e as liberdades democráticas. Portanto, para um democrata, é
confortável dar de ombros a uma ação da Justiça que limite, ao menos um
pouco, as violências virtuais perpetradas por esses terroristas do
simbólico. Mas o que acontecerá se, amanhã, outro inquérito, com outras
motivações, vier a interditar páginas que não primem pela mesma vileza?
A
cargo de quem ficaria o critério de arbitrar sobre o que deve e o que
não deve ser proibido?
A muitos democratas preocupa a hipótese de que o inquérito das fake news
hoje abrigue um componente de censura que venha a produzir estragos
amanhã. Para estes, não dá para apoiar o bloqueio das páginas desta vez
só porque nos enoja o conteúdo bloqueado. E se gostássemos desse
conteúdo, qual seria a nossa reação? Será mesmo essencial, para o êxito
das investigações, que essas páginas sejam suprimidas das plataformas
sociais?
Os dilemas implicados aí nada têm de corriqueiros. São dilemas
ameaçadores e desconhecidos – a indústria ilegal da desinformação, cujos
estragos estão apenas começando a se mostrar, é um fenômeno recente,
sobre o qual não há jurisprudência em nenhum lugar do mundo. No Brasil é
ainda pior, porque aqui o Poder Executivo age como um gabinete do ódio
contra as liberdades. Diante disso, a responsabilidade que pesa sobre o
STF é quase sobre-humana. Que nossos ministros saibam honrar a melhor
tradição da Suprema Corte, de consolidação das liberdades e
fortalecimento da democracia, e trilhem o melhor caminho. [Destacamos que a classificação quase sobre-humana, ainda que sem o quase, não credencia os integrantes da Suprema Corte a terem a pretensão de que são supremos.]
Eugênio Bucci, jornalista e professor - O Estado de S. Paulo
O presidente, agora, investe contra os indígenas e ameaça liberar as suas terras demarcadas aos garimpeiros, escudado na hipócrita alegação de que elas “inviabilizam o País” e ameaçam a soberania nacional
Está em andamento no Brasil um dos mais graves atentados humanitários da história das Américas desde no início de sua colonização. O agressor tem nome, sobrenome, apelido, patente militar e cargo de mandatário: Jair Messias Bolsonaro, o “Mito”, capitão reformado do Exército e presidente da República. A vítima é a população indígena, composta hoje por aproximadamente novecentas mil pessoas distribuídas em trezentas e cinco etnias que falam duzentos e setenta e quatro idiomas. Nunca a situação desse povo foi tão dramática! Nunca foi tão trágica! Nunca os indígenas estiveram numa condição tão arriscada de se verem fisicamente dispersados e, em decorrência disso, inevitavelmente marginalizados — senão mortos de fome, despejados de suas terras em que cultivam o que comem. Motivo: Bolsonaro os enxerga feito uma ameaça à segurança nacional, e, aqui, vale indagar: novecentas mil pessoas estariam colocando em risco a segurança e a soberania de mais de duzentos e dez milhões de habitantes? A hipótese é hipócrita, mentirosa e criminosa.
[nada contra os índios, para começar eles já estavam aqui quando os portugueses chegaram. Só que o privilégio concedidos aos índios não tem o menor sentido e suscita várias perguntas de dificil resposta justificadora: - para que tanta terra para os índios? tem reservas indígenas com 50.000 hectares para uma dúzia de índios. - o que os índios vão fazer de útil, de produtivo com essas terras? tanto na exploração do potencial agropecuário quanto na exploração de minerais. O índio é o maior latifundiário do Brasil. E, existe ameaça a segurança nacional, tanto pela possibilidade legal dos índios se arvorarem em nações independentes e colocarem os estrangeiros dentro das terras, quanto pela localização geográfica - estratégica tanto por facilitar o acesso por fronteiras como permitir controle sobre rodovias.] O olhar do “Mito”cresce, mesmo, é nas terras, e sua estratégia é de guerrilha: asfixiar os indígenas territorialmente a partir de decretos revendo, impedindo e cancelando demarcações de terras, e nelas permitir que garimpeiros, reis do gado e grileiros façam a festa. Na próxima semana, ameaça o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o governo apresentará um projeto de regulamentação desses territórios. [qual o receio, a crítica antecipada ao projeto que o governo vai apresentada e que para virar lei tem que ser aprovado pelo Congresso? medo de que a exposição de motivos prove que o presidente Bolsonaro está certo?] Na ideologia totalitária do capitão reformado, explicitada em sua fala desconectada da realidade, as terras indígenas demarcadas, equivalentes a 14% do nosso solo (que o presidente julga ser solo unicamente dele), “inviabilizam o País”. [como é comum entre ex-militares - exceto pelos 'lamarcas', ou 'melancias' que ainda hoje estão nas fileiras das FF AA, felizmente poucos - há orgulho de ser militar da reserva, reformado, ex-militar. Tanto que Bolsonaro tem orgulho de ser capitão do Exército Brasileiro - ainda que muitos enfatizem o reformado - e também de ser Presidente da República Federativa do Brasil.]
(...)
PÉROLAS DE BOLSONAROAs investidas do capitão reformado contra a população indígena “Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios” Abril de 1998
“Não tem terra indígena onde não tem minerais. Ouro, estanho e magnésio [o presidente esqueceu o 'nióbio' e outros minerais caríssimos.] estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra para índio” Abril de 2015
“Eu já briguei com o ex-ministro da Justiça Jarbas Passarinho. Briguei em um crime de lesa-Pátria que ele cometeu ao demarcar a reserva ianomâmi. Criminoso” Abril de 2017
“Se eu assumir a Presidência do Brasil não terá mais um milímetro para terra indígena” Fevereiro de 2018