Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Ex-governadores vão ao Supremo para obter pensões vitalícias
O milagre das pensões do andar de cima - Elio Gaspari
Os ‘vulneráveis’ do andar de cima
O regime jurídico da Previdência brasileira tem uma singularidade.Quando ele avança num direito do andar de baixo, sempre em nome da
modernidade, ele vira fumaça.
Quando a moralidade pega o andar de cima,
aos poucos a prebenda é restabelecida.
Até 2020, sete ex-governadores do Paraná recebiam pensões vitalícias de
R$ 30 mil mensais. Em agosto, o plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) considerou inconstitucional a concessão do benefício. Em novembro,
os ex-governadores recorreram, mas em fevereiro de 2021, a ministra
Cármen Lúcia, relatando o recurso na Segunda Turma do STF, negou-lhes
provimento.
Seu colega Gilmar Mendes pediu vista. Em abril passado
Gilmar votou, divergindo:“Não há cruzada moral que justifique, à luz das garantias
constitucionais, a abrupta supressão dos benefícios recebidos de boa-fé
durante décadas por pessoas idosas, sem condições de reinserção no
mercado de trabalho.”
Foi acompanhado pelos ministros Ricardo Lewandowski e Kassio Nunes Marques. Bingo, a pensão renasceu.
Três ex-governadores da Paraíba e quatro viúvas também querem as
pensões de volta. (Uma delas, desembargadora, com vencimentos superiores
a R$ 50 mil, veio a desistir.)
Um levantamento de 2014 mostrou que, à época, 157 ex-governadores ou
suas viúvas recebiam pensões de até R$ 26,5 mil. Sabe-se lá quantos
seriam hoje. O precedente do Paraná levou o ex-governador Roberto Requião a pedir o
restabelecimento de sua pensão de R$ 43 mil mensais. Ele governou o
Paraná por 13 anos e, em março, comemorou seu 82º aniversário. No mesmo
barco, como mostrou Murilo Rodrigues Alves, entrou o ex-governador João
Elísio Ferraz de Campos, que governou o estado por dez meses.
Assim é a vida. O Supremo Tribunal Federal decide que as pensões
vitalícias de ex-governadores são inconstitucionais e o mesmo tribunal
decide quesão constitucionais.
Com sua decisão, o STF fez um milagre
para litigantes do andar de cima.
As pensões do acidente de 1958 Em junho de 1958, caiu nas cercanias do aeroporto de Curitiba o avião em que viajavam o ex-presidente Nereu Ramos, o então governador de Santa Catarina, Jorge Lacerda, e um deputado. Todos catarinenses, emocionaram o estado, e a Assembleia Legislativa votou uma pensão vitalícia para as três viúvas. Como se fosse um gás, ela se expandiu.
Em 1991, a situação era a seguinte, nas palavras do então governador Vilson Kleinubing (1944-1998): “A pensão passou a cobrir todas as viúvas de todos os deputados, mesmo aqueles que tivessem exercido o mandato apenas por um dia, de todos os desembargadores e juízes, inclusive os substitutos, todos os procuradores e conselheiros de Tribunal de Contas. A pensão tornou-se também cumulativa. Assim, se um cidadão foi funcionário público, elegeu-se deputado estadual, depois federal e terminou a carreira no Tribunal de Contas, a viúva recebia as quatro pensões.
Se a viúva morresse deixando filhos homens menores e filhas solteiras, a pensão sobrevivia até a maioridade ou o casamento.
Assim, deram-se inúmeros casos de senhoras que jamais casaram no civil. Em 1991, o valor destas pensões era quase equivalente ao orçamento da universidade do estado.”
As pensões de Adam Smith brasileiro O andar de cima cuida de si há séculos. Torturando os fatos, chega-se a dizer que José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu (1756-1835), foi o Adam Smith brasileiro, num sacrilégio contra a memória do economista inglês. Smith lecionava na Universidade de Glasgow e, ao trocar de emprego, devolveu aos alunos o que eles haviam pagado pelo curso que não daria.
O Smith brasileiro era um defensor da liberdade de comércio, mas estudou em Coimbra com dinheiro da Viúva.
De volta ao Brasil, arrumou um emprego público e aposentou-se aos 50 anos.
Arrumou outro emprego público, manteve a aposentadoria e tornou-se o primeiro professor de “Ciência Econômica”.
Preservou a aposentadoria, mais os vencimentos do outro emprego e nunca deu uma aula.
Virou senador e visconde, publicou seu livro “Observações sobre o Commercio Franco no Brazil” pela Imprensa Régia e trabalhou como censor. Ele ainda estava vivo quando suas filhas pediram à Coroa pensões vitalícias(não se sabe se foram concedidas). Cairu amarrava sua mula na sombra, mas, em 1823, defendia a concessão da cidadania para os negros libertos e condenava a proteção aos contrabandistas de escravizados. Perdeu.
(...)
O espinho de GDias O general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, tornou-se um espinho no pé do governo. Noves fora o fato de ter recebido mais de dez alertas da Abin antes das invasões do dia 8 de janeiro, fica difícil entender por que ele achou que a situação era normal se, às 8h12m do dia 6, sentindo cheiro de queimado, retransmitiu à agência uma mensagem do grupo Patriotas, que dizia o seguinte:
“Vamos atuar em 3 frentes”. 1ª frente: acampar em frente às distribuidoras nas cidades (não tem combustível, ninguém trabalha).
2ª frente: fechar a entrada dos 3 Poderes em Brasília: Executivo, Legislativo e Judiciário (quem puder ir para Brasília, vá!).
3ª frente: quem estiver em lugares afastados, fiquem nos quartéis!”.
Vale lembrar que às 8h15m o diretor da Abin, Saulo Cunha, respondeu a GDias: “Ao que tudo indica, são bravatas.”
Às 18h19m, um grupo anunciava: “Festa da Selma nesse fim de semana no Plano Alto !!! Sem hora pra terminar Bora !!!”.
Cunha argumentava que não haviam chegado ônibus fretados a Brasília.
À CPI, GDias disse que nas mensagens dos dias 2 a 7 “não havia informações relevantes”.
Até 9h43m do dia 7, a PM de Brasília havia monitorado a chegada de 18 ônibus, com cerca de 600 pessoas.
Às 18h17m, os ônibus eram 74 e haviam trazido 5.500 pessoas.
Garota de 21 anos clamou por ajuda à família em áudio enviado antes de
ser presa; advogado diz que tentará provar inocência de Mary Helen para
evitar pena de morte. Conheça mais sobre a jovem
O medo e a incerteza cercam a vida de três brasileiros que desembarcaram na Tailândia há pouco mais de uma semana e foram flagrados pelas autoridades locais com 15,5 quilos de cocaína
no aeroporto. No país asiático,o tráfico internacional de drogas é
passível de condenações à prisão perpétua ou mesmo à pena de morte.O
caso ganhou repercussão graças à voz de Mary Helen Coelho da Silva, de
21 anos, que, ainda antes da prisão, conseguiu pedir ajuda à família, em
desespero, implorando para que pudesse responder pelo crime no Brasil. A
situação deles, no entanto, não inspira otimismo, conforme
especialistas ouvidos pelo GLOBO. A solicitação dela é vista como
impossível até pela defesa. Na melhor das hipóteses, Mary Helen, por
exemplo, teria que esperar todo o processo ser concluído em trânsito em
julgado, para que fosse tentado algum recurso diplomático de
repatriamento, o que também é visto como muito complexo por
criminalistas especializados no assunto. [NÃO HÁ O QUE ALIVIAR; os brasileiros cometeram um crime grave - só aqui no Brasil, a terra da impunidade, a terra em que até criminosos com sentenças condenatórias confirmadas em várias instâncias, são descondenados - não são inocentados, porém ganham a liberdade e todos os direitos como se inocentes fossem - e tem que ser punidos com a pena imputada ao delito no país no qual foram flagrados e presos.
A gravidade do crime é tamanha que não tem sentido se cogitar da não aplicação da pena estabelecida.
Aliás, a conduta severa e implacável da Indonésia, Tailândia e outros países, deveria ser adotada no Brasil seguida do acréscimo de pena para os viciados em drogas - são os chamados 'usuários' que sustentam o tráfico - sem usuários = sem demanda = sem tráfico.
O
advogado catarinense Telêmaco Marrace de Oliveira será o representante
da defesa de Mary Helen no Brasil. Daqui, ele pretende auxiliar os
advogados tailandeses que assumiram o caso com o envio de documentos e
dossiê que possivelmente ajudem a provar a inocência da brasileira. Ele,
que possui experiência em casos como esse envolvendo brasileiros ao
redor do planeta, diz que foi contactado nesta terça-feira pela manhã
por advogadas de Pouso Alegre (MG), cidade da jovem detida na Tailândia.
—
Ela até mandou um áudio pedindo para responder no Brasil,mas
infelizmente isso é impossível. A expectativa da defesa, a priori,
porque ainda não me contactei com o advogado tailandês, é de provar a
inocência dela. Ela não sabia que essa droga estava na mala, e essa
história precisará ser contada minuciosamente. Vão criar esse benefício
da dúvida. Muitos são absolvidos lá nessa dúvida e é perfeitamente
possível. Eu acredito que a Mary Helen é uma vítima, uma "mula", como os
traficantes chamam, que carregava algo que não sabia — afirma o
advogado, que confirma que pode levar anos até que o processo seja
concluído em trânsito em julgado. [como não sabia? transportar uma grande quantidade de drogas (quinze quilos)sem saber? é dificil de acreditar! e como explicar o súbito interesse da brasileira - trabalhando em Pouso Alegre em uma atividade que não está entre as que mais propiciam meios para turismo internacional - para fazer turismo no país asiático. É bom que o doutor Telêmaco tenha presente que ele não está no Brasil, onde a impunidade é a regra.]
Para o advogado, Mary Helen foi vítima da prática de "angel fishing",
quando jovens são atraídas e cooptadas para participar de esquemas de
tráfico internacional de drogas, mesmo sem saber. — Existe nesse
ramo a figura do angel fishing: o cara que está na balada, cria todo um
esquema, coopta essas meninas para levar para fora do país através de
Tinder, Instagram... é a velha história da namoradinha e do príncipe
encantado. Até a mala da menina muitas vezes eles preparam e prometem
levar para conhecer outro país. A possibilidade de que isso tenha
acontecido é muito grande. Mas é algo a priori. Ainda vou me inteirar
dos autos e vamos desenrolando.
'Transferência pouco provável para o Brasil'
A
presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB de Minas
Gerais, Lorena Bastianetto, explica que a Lei da Migração, de 2017,
prevê que brasileiros condenados no exterior possam cumprir a pena no
Brasil, caso haja um acordo diplomático. No entanto, como há a
possibilidade de que eles sejam condenados a penas altas ou até à morte,
a diferença entre a aplicação das penas — no Brasil a punição máxima é
de 40 anos de reclusão [tempo que não será cumprido - o caso do casal Nardoni, da Suzane Von Richtoffen, entre outros, fundamentam o nosso entendimento; se for muito azarado o indivíduo fica preso entre 25 a 30 anos.]— muito provavelmente brecaria qualquer aceno
positivo por parte dos tailandeses.
— A regra geral diz que,
quando você comete um crime em um país estrangeiro, não há a
possibilidade de que o julgamento ou o cumprimento de pena sejam feitos
no país de nacionalidade ou residência da pessoa. Se você cometeu um
crime no exterior, esse país estrangeiro tem a jurisdição sobre ele,
competência para julgá-lo — afirma Lorena. — Nós temos na Lei da
Migração algumas exceções a esse princípio da territorialidade. O artigo
103 trata da possibilidade de um brasileiro condenado no exterior, em
trânsito em julgado, de cumprir a pena aqui no Brasil. É um instinto
humanitário, porque você coloca esse condenado perto da sua família, num
local onde ele fala a língua dele, e que lhe é familiar. Mas para que
essa transferência seja possível, de acordo com a lei, seria necessário
ou um tratado entre Brasil e Tailândia estabelecendo essa possibilidade,
o que nós não temos, ou uma promessa de reciprocidade de que um
tailandês teria o mesmo direito quando condenado aqui no país. Acredito
que seja pouco provável essa transferência, justamente por conta das
diferenciações na punibilidade.
A rota para a prisão
Especialista sobre o tema, Lorena afirma que, por conta da
superlotação carcerária na Tailândia, e também por conta de uma pressão
humanitária, o país vem reformando algumas leis referentes ao tráfico de
drogas e tornando-as mais brandas. [no tocante ao tráfico de drogas a Tailândia tem a solução para a superlotação = pena de morte.Punição que já é aplicada.] O tipo e a quantidade de drogas
encontradas com os brasileiros e a possibilidade do enquadramento de
mais de um crime, no entanto, complicam a situação deles. Ela explica
que no país asiático existem diferentes níveis de punição dependendo da
substância; eles levavam cocaína, que pertence ao segundo grupo
considerado mais grave.
— A Tailândia tem medidas restritivas
severas em relação ao combate tanto ao uso quanto à venda de drogas. Nos
últimos tempos, desde 2017, no entanto, têm sido feitas algumas
reformas nessas leis, e são mais de 20 que tratam sobre substâncias
psicotrópicas e narcóticos que foram reformadas, no sentido de torná-las
mais brandas. Isso porque existe um congestionamento de população
carcerária na Tailândia, que é o país com a maior população carcerária
da Ásia — acrescenta. — Mas na lei tailandesa, existem categorizações
das substâncias que são sujeitas de punibilidade. A categoria 1, que é a
mais grave, inclui heroína, metanfetamina, entre outras. Nela, você tem
somente as penas gravíssimas, de morte, prisão perpétua. A categoria
que Mary Helen se enquadra é uma abaixo dessa, a categoria 2, que inclui
a cocaína.O problema é que ela pode sofrer acumulações com outros
crimes, como crime de conspiração, porque estava atuando com outras
pessoas, e pela própria quantidade da droga,que evidencia que não era
transportada para consumo próprio.
Perdão real A advogada também citou uma possibilidade tão curiosa quanto ainda mais remota. Segundo ela, o rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, em todo aniversário, concede anistia a alguns presos estrangeiros que acabaram condenados a penas máximas. Por muita sorte, esse também poderia ser um caminho.— No ano passado, ele perdoou
três pessoas por cometimento de crime de tráfico internacional de
pessoas. Ou seja, ele concede indultos por ocasião da celebração do
aniversário dele. Portanto, pode existir uma esperança também de que no
aniversário de 70 anos ele conceda algum tipo de indulto ou perdão a
presos estrangeiros. 'Caso quase impossível' Quem também se mostra pouco otimista quanto às possibilidades de Mary Helen e os outros dois brasileiros é o advogado e professor de direito penal da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Raizman. Ele cita que já até houve um precedente de extradição entre os dois países, mas que não corresponde a este.
— O Brasil e a Tailândia não possuem tratado
de extradição. É certo que, pelo princípio da reciprocidade, a Tailândia
já extraditou um cidadão estrangeiro para ser submetido à Justiça
brasileira por crime cometido no Brasil contra cidadão brasileiro. Nesse
precedente, a Tailândia só entregou a pessoa sem abrir mão da sua
soberania, pois o crime não tinha ocorrido no seu território — conta.
— Porém no caso sob análise a situação é diferente: o crime foi
cometido no espaço onde a Tailândia exerce a sua soberania e por esse
motivo não acredito que a Tailândia esteja disposta a ceder parte da sua
soberania em favor do Brasil. Isso sem contar com que as penas na
Tailândia, de morte, não são admitidas no Brasil.
(...)
— Eu, como
presidente da comissão, posso fazer um contato com o Itamaraty para
tentar ajudar, mas ainda não o fiz. Mas a gente pode auxiliar num
contato de diplomacia, e é importante também dizer que existe diplomacia
entre Brasil e Tailândia. As relações começaram em 1959, então temos
mais de 62 anos de diplomacia, com visitas oficiais de ministros de
relações exteriores de um país ao outro, então é possível que haja
auxílio da OAB, até para que a porque a pena de morte no direito
internacional é rechaçada, combatida por nós internacionalistas. Por
mais grave que seja o crime, a comunidade internacional luta contra a
pena de morte, que é capital, perpétua, não ressocializa, não dá qualquer
chance de recuperação porque você paga com a vida. [em compensação garante que o condenado não cometerá novos crimes - muitas vezes tirando a vida de pessoas inocentes.Em muitos crimes, incluindo, sem limitar, o tráfico de drogas, PROVADA A CULPA a pena tem que ser severa,implacável.] É de todo o meu
interesse ajudar a embaixada nessas tratativas.
(...)
Autodefinida
nas redes sociais como "a dona da razão", e dona também de um
temperamento forte, Mary Helen sempre procurou, em suas publicações,
exaltar a força da mulher e a independência em relação aos homens. A
força, no entanto, talvez já estivesse lhe faltando, mesmo tão nova. A
página evidencia que ela vinha passando por dificuldades. Nos posts, é
possível ver vários registros da presença dela em festas raves, assim
como exaltando o uso de drogas, como num post onde "pede" um caminhão de
MD-MA (variante do ecstasy) ao Papai Noel de Natal, além de outros onde
aparece fumando maconha.
Há dez dias, embarcou para Curitiba (PR) para encontrar um
rapaz que havia recém conhecido nas redes sociais, como conta a família.
Sem qualquer tipo de aviso, foi com ele rumo à Tailândia, onde acabou
pega pela polícia. Boa parte da droga apreendida estava em sua bolsa.
No
perfil da jovem, agora, também é possível notar ataques de outros
internautas. Vários chegam a comemorar a prisão da menina de 21 anos e a
possibilidade de que ela seja morta. São mais de 450 comentários apenas
na última foto postada por ela, uma imagem genérica de uma mulher
segurando uma bolsa de grife em frente ao mar. "Achou que era o Brasil e
se ferrou, irá conhecer o inferno mais cedo", comentou um homem que se
identifica como Matheus Henrique. "Cadeira elétrica", ironizou outro
identificado como Carlos Alberto Andrade.
Arthur Leal, jornalista - O Globo - MATÉRIA COMPLETA
Se aparece uma notícia boa, os integrantes da tribo infiltram alguma ressalva desanimadora depois do ‘mas’ precedido pela vírgula
A ofensiva contra o presidente que se instalara no Palácio do Planalto
em 1º de janeiro de 2019 não respeitou sequer a trégua de praxe, fixada
em cem dias. Assim que foi divulgada a queda sofrida pelo Produto
Interno Bruto no primeiro trimestre, o segundo foi sitiado pela tribo
dos profetas agourentos. Entre o início de abril e o fim de junho,
previram 999 em cada mil sumidades da economia espalhadas pela imprensa,
ocorreria outro baque — e o Brasil mergulharia no pântano da “recessão
técnica”.
Nenhum dos especialistas explicou direito o que era aquilo, mas os textos em economês castiço deixaram claro que era coisa grave. E todos debitaram na conta de Jair Bolsonaroo desastre em gestação nos 13 anos de desgoverno do PT e parido em 2015 por Dilma Rousseff. Confrontados com o crescimento de 0,4%, jornalistas sérios se renderiam aos fatos. Os adivinhos de picadeiro não ficaram sequer ruborizados com o naufrágio das previsões. Trataram de imediatamente erguer com manchetes malandras um monumento à tapeação. INVESTIMENTO EMPURRA PIB, MAS RECUPERAÇÃO SEGUE LENTA, desconversou aFolha.
PIB CRESCE 0,4% E SURPREENDE, MAS RETOMADA É LENTA, concordou o Estadão.
No blog que mantinha no site da Veja, registrei no dia seguinte a aparição de uma nova aberração jornalística: o vigarista da adversativa. Cada vez mais prolífica nas redações da imprensa velha, a espécie segue uma receita singela:quando aparece uma boa notícia que ameace melhorar a imagem do governo Bolsonaro e a vida do leitor, deve-se anabolizar uma informação secundária ruim, conferir-lhe o mesmo peso da que merece ocupar sozinha a manchete e, sempre depois de um “mas” precedido pela vírgula, infiltrar a ressalva que proíbe alegrar-se com o fato animador. (Em artigos e declarações entre aspas, a ordem se inverte: a mentira antecede a vírgula e só depois do “mas” a verdade emerge. Um exemplo: “Sou a favor da Lava Jato, mas acho que ocorreram exageros e irregularidades que comprometem a operação”. O palavrório identifica devotos da seita que sempre rezou pelo estancamento da sangria. Outro exemplo: “Reconheço que o PT errou, mas é preciso valorizar o legado social e econômico de Lula e Dilma”.A lenga-lenga pós-vírgula desnuda mais um comparsa da cavalgadura incapaz de dizer coisa com coisa e do corrupto juramentadoque, ao contrário de Getúlio Vargas na carta-testamento, saiu da História para entrar na vida bandida.)
Se o presidente da República reaparecer sorrindo depois de um período de profunda depressão, exemplifiquei no artigo no blog, nossos campeões assim resumiriam o acontecimento: BOLSONARO PARECE ANIMADO, MAS LONGE DO ESTADO DE EUFORIA.
Não havia exagerado, constatei num domingo de 2020 ao topar com a primeira página da Folha: SOB BOLSONARO, CRIME CAI E EMPREGO CRESCE, MAS ÁREA SOCIAL PIORA”.
Quem efetivamente acredita que a área social melhora se a criminalidade aumentae a taxa de emprego diminui é uma besta quadrada sem chances de sobreviver como jornalista profissional, certo? Errado.
No caso do autor da manchete, trata-se de um sócio fundador do clube dos vigaristas da adversativa.
Visto de perto, é mais um torturador da verdade disposto a tudo para impedir a divulgação de notícias que prejudiquem a luta contra a permanência no cargo de um governante eleito em 2018 pelo voto popular. Mas todos os integrantes da espécie capricham na pose de veteranos da guerra travada desde o berçário em defesa da democracia, da liberdade, da ética, da moral, dos bons costumes e do Lula Livre.
Nesta primeira semana de junho, os craques do estelionato informativo se viram subitamente sob o cerco de ótimas notícias, nenhuma delas antecipadas pelas editorias de economia. No primeiro trimestre, o PIB brasileiro cresceu 1,2% em relação ao anterior (contra 0,6% da China e 0,4% da União Europeia). Instituições sérias revisaram prontamente seus cálculos e agora preveem que a taxa anual subirá para 5,5% em 2021.
A bolsa de valores registrou uma alta sem precedentes, a cotação do dólar enfim caiu e foram criados em abril 121 mil empregos com carteira assinada. Atarantada com o excesso de notícias favoráveis ao seu Grande Satã, a tropa do quanto pior, melhor confinou os fatos restantes em espaços mofinos para concentrar-se o crescimento do PIB. Paralelamente, houve uma inovação estilística. Para introduzir ressalvas pilantras, os especialistas em tapeação só usavam “mas” (certamente por ser menor e bem mais familiar aos brasileiros que “contudo”, “porém”, “todavia” e demais irmãs). Era muito “mas” para uma página só, deve ter advertido algum soldado da desinformação.
E ocorreu a alguém sugerir que o ponto e vírgula fosse promovido a conjunção adversativa. PUXADO POR EXPORTAÇÕES, CRESCIMENTO SUPEROU PROJEÇÕES DO MERCADO; CONSUMO DAS FAMÍLIAS FICOU ESTAGNADO, avisou o Estadãona edição de 2 de junho, no subtítulo da manchete dedicada ao salto do PIB.
A novidade estreou na Folha naquele mesmo dia, no subtítulo da manchete do caderno Mercado: PIB CRESCE 1,2%, ACIMA DO ESPERADO; SETORES QUE MAIS EMPREGAM, NO ENTANTO, AINDA PATINAM. Na manchete da edição, o jornal manteve a adversativa oficial: PIB SOBE E VOLTA AO PRÉ-COVID, MAS GANHO NÃO CHEGA A POBRES, berraram vogais e consoantes grávidas de ressentimento. A turma decerto achou pouco e engrossou o calibre. ECONOMIA VAI BEM; POVO MIÚDO VAI MAL, alertou o título do artigo de outro vidente decepcionado. A opção preferencial por notícias ruins, péssimas, desoladoras e apavorantes chegou ao clímax na página 4, no pé da coluna Painel.
Ali foi reproduzida a interrogação que anda atormentando Eduardo Moreira, uma mistura de economista doidão e adestrador de cavalos que escoiceia fatos com medonha ferocidade: “Com milhões em insegurança alimentar e desemprego em alta, pergunto a quem comemora: você come PIB?”.Não se deve perder tempo com quem prefere o crescimento das multidões dependentes da cesta básica ao crescimento do PIB. Mas respondo: a menos que tenha sido adestrada por Moreira, qualquer mula sabe que quanto mais musculoso é o PIB de um país maior é o número de habitantes que conseguem comida.
Para os vigaristas da adversativa, 2020 é o ano que não deveria ter terminado.Eles fizeram o possível para matar de medo quem não morresse de covid-19.Ouviram nitidamente o som de milhares de tambores e clarins quando o primeiro coronavírus pousou no Brasil, quando a crise econômica se agravou ou quando o impeachment do presidente da República pareceu a alguns minutos de distância. Em 2021, a vacinação começou, a pandemia vai recuando, a esperança foi resgatada.
Péssimas notícias para carrascos de informações animadoras.
Se as coisas continuarem melhorando, vão todos acabar afundados na mais cava depressão.