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domingo, 11 de junho de 2023

Promotor do Paraná descumpre 101 vezes medida protetiva concedida à ex-mulher: 'Não tenho mais vida social', diz ela - O Globo

Pâmela Dias

Quase sem esperança de voltar a viver sem medo, a servidora pública Fernanda Barbieri hoje se sente refém da morosidade da Justiça em punir o ex-marido, um promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná. As agressões físicas, verbais, patrimoniais e até sexual começaram há seis anos. 
 Desde então, a medida protetiva que a justiça lhe concedeu já foi descumprida 101 vezes por parte do ex-companheiro.  
Fernanda também se vê silenciada pelo sigilo do processo, mas resolve quebrá-lo como única forma de fazer com que alguém a ouça.

Ela adotou de vez o home office porque não pode sequer sair de casa. A mulher detalhou à Justiça uma série de violências que sofreu desde 2017. Fernanda conta que, em momentos de descontrole, Bruno Vagaes, que já atuou na área de violência doméstica, ameaçava lhe dar socos, jogou água quente nela e repetia que “poderia acordar e não ver mais a filha”.

Segundo laudos médicos judiciais, o acusado tem transtorno bipolar e sofre de alcoolismo. Procurado através de seu advogado, Marcos Ticianelli, Bruno não quis se pronunciar. — Os ataques começaram em 2017 quando a nossa filha nasceu. Demorei para denunciar porque achava que ele ia mudar. Mas a situação foi se tornando mais grave, ele bebia e colocava a vida da minha filha em risco, e eu comecei nessa missão de denunciar as violências. Hoje eu vivo vendo atualizações do processo, esperando Justiça. Não tenho mais vida social, não posso ir trabalhar, nem ficar na minha própria casa em Londrina porque ele alugou um apartamento perto — relata ela.

A importunação sexual foi em 19 de outubro de 2019. 
 Bruno foi condenado a três anos e seis meses de reclusão por ter tocado partes íntimas de Fernanda enquanto ela dirigia. 
O abuso aconteceu na frente da filha, na época com dois anos, e de um amigo dele que estava no carro.

Com medo de um fim trágico, Fernanda foi à polícia e, no fim daquele ano, pediu medida protetiva para afastar o ex-marido do lar e mantê-lo a 200 metros ao menos dela e de seus familiares. Mas uma quebra de sigilo no próprio telefone da vítima e de seus parentes revelou que Bruno tinha mandado pelo menos 49 mensagens, algumas delas com insultos.

No ano seguinte, novos avanços de sinais aconteceram, de acordo com a mulher, inclusive com ameaças. Em uma das mensagens, conta, Bruno afirmou que a faria sofrer na “modalidade sangria” no processo de guarda da filha e de divórcio, que até hoje não foi concluído.

— Chegou a me oferecer R$ 30 mil para que eu retirasse a denúncia. Ele me levou até Curitiba para mudar o depoimento, dizendo que senão eu sofreria um processo desgastante. Retirei a queixa e depois fiz outro pedido de medida protetiva, até que ele foi condenado — relata a vítima, acrescentando que o ex-companheiro continua solto.

Prisão revogada
Bruno não foi afastado de suas funções na Promotoria de Justiça em Ibiporã, no Paraná. Ele recebeu duas advertências institucionais. Em julho de 2020, o promotor teve a prisão preventiva decretada pelo crime de importunação sexual, e a pena foi elevada para quatro anos devido aos descumprimentos de medidas. 
A defesa dele pediu prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, e foi atendida. 
No período, Bruno teve direito a 30 dias de férias.

Em setembro de 2020, o MP pediu a revogação da prisão, mesmo descrevendo Bruno como “rebelde” e “indisciplinado”. A decisão partiu do argumento de que o acusado percebeu “quão censurável tem sido seu comportamento em relação à ex-mulher”.

A prisão, segundo o MPPR, seria restabelecida em caso de fatos novos. Ao todo, Fernanda alega que outras 52 violações foram cometidas, das quais duas são investigadas. Procurado, o MPPR disse que não responderia à denúncia devido ao “sigilo”, mas garantiu que acompanha o caso por intermédio da Subprocuradoria- Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos. Em nota, o escritório Alves e Faria Advocacia, que representa a vítima, disse que o agressor é Promotor de Justiça e a reprovabilidade dos fatos demanda o rigor das instituições”.

Brasil - O Globo

 


quinta-feira, 30 de junho de 2022

Pedro Guimarães também assediava homens - Ruth de Aquino [ESCLARECIMENTO]

O Globo

Não é só questão de gênero

[ESCLARECIMENTO: A bem da clareza da matéria, especialmente da manchete, informamos não ser de natureza sexual o assédio a homens referido no título da matéria, supostamente realizado pelo ex-presidente da CEF. 
Esse esclarecimento não muda a opinião do Blog Prontidão Total, contrária a qualquer tipo de assédio - reconhecemos que os homens, vale o mesmo para as mulheres,  podem e devem tentar a conquista quando atraídos, mas qualquer conquista, ou tentativa,  deve  priorizar aceitação, respeito e a reciprocidade.]

Pedro Guimarães pediu demissão da Caixa Econômica Federal mas nega todas as acusações

Toda forma de assédio faz mal à saúde e precisa ser denunciada. Os constrangimentos relatados por funcionárias da Caixa dão nojo maior em mulheres. Porque sentimos, como se fosse em nós, o bafo, o braço, a mão, o pênis. Mas há o assédio moral, que transcende gênero e vitima também os homens. Tem a ver com poder. Era o que acontecia com funcionários da Caixa.

Gravações, obtidas com exclusividade por Rodrigo Rangel, do portal de notícias Metrópoles, revelam os acessos de fúria e os termos de baixo calão do agora ex-presidente Pedro Guimarães, em reuniões de diretoria ou com subordinados. “Porra, eu acho que quem está torcendo pro Lula tem que se fuder. Tem que voltar a Caixa ser estuprada por aqueles ladrões e vocês se fuderem”.

Ameaças a quem vazasse o conteúdo da reunião. “Quem for responsável vai deixar de ser. O (fulaninho) é pau mole. Quero o CPF de todo mundo”. Revoltado com uma decisão do banco não submetida a ele, grita. “Não é aceitável! E de novo: caguei para a opinião de vocês. Porque eu é que mando! Isso aqui não é uma democracia”. “Ah, mas o vice-presidente (aprovou)... Foda-se. Manda todo mundo tomar no cu”. 

Pedro Guimarães promovia acareações quando alguém divergia de suas ordens, segundo funcionários. Ameaçava demitir, rebaixar. Isso explicaria a alta rotatividade nas chefias. Uma subordinada disse ao Metrópoles: “A gente tem 37 cargos de dirigentes e mais de 100 pessoas passaram por esses cargos desde que ele (Guimarães) chegou”. Esse deveria ser um sinal amarelo para as empresas. Quando diretores não são demitidos por discordar, não aguentam a pressão, adoecem. Ou são perseguidos e asfixiados. “Você chega no nível máximo e de repente despenca. Vira um técnico bancário”, disse a funcionária ao portal de notícias.

Murros na mesa ou em aparelho de TV com som ruim. Irritação com problemas técnicos numa apresentação dele no YouTube. Ameaças de “mandar todo mundo embora”. Exortação aos chefes para “arregaçar”. Porque gostar do chefe depõe contra, significa que é péssimo gestor. Não basta ser respeitado, precisa inspirar medo.

Engana-se quem acha que esse comportamento é só de maluco ou do Pedro Guimarães. Não é só dele. Alguns chefes se tornam assediadores quando acumulam poder. Humilham entre quatro paredes e em público. Acham todos incompetentes. Costumam ser extremamente inseguros e por isso enxergam conspirações por todo lado. 

Chefes, diretores, presidentes como Pedro Guimarães promovem ambiente tóxico. Uma competição pouco saudável. Quem quer se dar bem e ser promovido se alia ao comando, torna-se informante. Quem enfrenta e não suporta ver colegas humilhados vira alvo. Muitos decidem, portanto, silenciar e tornar-se invisíveis. Quem é assediado sente vergonha. Por isso as vítimas, mulheres e homens, pedem para não ser identificadas. O nome é fictício, com asterisco, o depoimento se faz na sombra, com silhuetas e vozes distorcidas. A vergonha é o primeiro sentimento a combater. 

O assédio sexual dá mais audiência, por ser picante. A reação é mais estridente. Normal. Com mulheres, é duplo e dói mais. O assédio moral é mais difícil de provar e, por isso, mais insidioso. Atinge a todos abaixo na hierarquia. É uma relação de poder que pode amputar a vida e a carreira de um profissional, se ele ou ela não tiver uma carreira prévia consolidada. Ou se não tiver voz, equilíbrio, autoestima e autoconfiança.

É preciso mudar a cultura empresarial, não só na teoria. Se não for em nome da ética, que seja em nome da reputação e da saúde da empresa. Se assédio sexual é crime, assédio moral também é. E os homens também são vítimas. 

Ruth de Aquino, jornalista - Coluna em O Globo


segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Fux cancela reunião com chefes de poderes. Mas era só dizer: “eu não vou”

Fux cancela reunião
O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), cancelou a reunião entre os chefes dos poderes — os presidentes da Câmara, do Senado, da República e do Supremo. E justificou dizendo que o presidente Jair Bolsonaro ao ofender os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso estava ofendendo o Supremo todo.

Só achei estranho ele dizer que "fica cancelada" a reunião. Ficaria melhor Fux afirmar: “com isso eu não vou”. Será que ele tem poder de cancelar a reunião se os outros quiserem mantê-la?  [provavelmente não tem, mas certamente ele pensa que tem e age como tal. Ainda não existe uma lei que proíba do presidente da  Câmara e/ou do Senado Federal se reunirem com o presidente da República e vice-versa.]

Essa reunião foi marcada depois que o presidente Bolsonaro foi ao Supremo conversar com Fux, em meados do mês passado. Foi aí que anunciaram essa reunião, que agora o ministro do STF "cancelou". Essa suspeição sobre as eleições não foi o presidente que levantou. Foram peritos, que tem dados de peritagem mostrando que é possível fraudar o voto, daí a proposta do comprovante do voto. Aliás, diga-se de passagem, o que está se querendo não é voto impresso, é voto digital com comprovante impresso.

O voto tem que ser como a mulher de César: acima de qualquer suspeita

Pai Mata filho em Brasília
Tragédias domésticas em época de confinamento em casa. Aconteceu muito na Itália: brigas, separações, violência – inclusive sexual. E agora a gente vê aqui no Brasil. Um menino de 7 anos em Imbé, no Rio Grande do Sul, em uma casa com duas mulheres, foi torturado e morto. Tal como aconteceu em um caso muito semelhante com o menino Rhuan aqui em Brasília.

Em Vila Velha (ES) aconteceu algo semelhante dentro de casa: o filho matou o pai médico e a mãe a facadas. Um jovem de 15 anos matou o pai com três tiros, em Valinhos (SP), em um condomínio de alta renda, supostamente para defender a mãe. Em Brasília, Ceilândia, o pai foi visitar o filho. Na casa do filho, enquanto bebiam houve um desentendimento entre pai e filho e este pegou uma arma, entraram em luta corporal, a arma disparou e o filho foi atingido, com morte imediata.

No centro de São Paulo, o pai chegou em casa e o filho adolescente estava fazendo uma festa com drogas; bateram boca e o pai matou o filho com uma chave de fenda; depois se entregou à polícia. Não sei se essa violência é uma deterioração dos valores familiares, que já vem de longe, ou se foi estimulada por essa convivência obrigatória em casa, mas serve para a gente pensar nos valores familiares nesse momento.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 1 de setembro de 2019

Dar sentido à vida - Merval Pereira

O Globo

Pessimismo no presente, mas com esperança

Para Ricupero, não haverá paz, estabilidade, retomada do desenvolvimento sem a integração progressiva dos marginalizados

“Os regimes atuais, quer o capitalismo ocidental, quer a versão estatizante chinesa, são incapazes de resolver os três maiores problemas humanos: o aquecimento global, o aumento da desigualdade, o desemprego estrutural agravado pelos robôs e a inteligência artificial”. Essa pessimista constatação faz parte do diagnóstico do embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero na Academia Brasileira de Letras, que fechou um ciclo de palestras dedicado a debater o futuro do Brasil. Durante o evento, coordenado pela escritora Rosiska Darcy de Oliveira, a questão foi analisada por diversos ângulos: o das políticas públicas, pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade; o da economia, por Edmar Bacha; o dos direitos humanos, por Antonio Cicero; o do sentimento nacional, por Cacá Diegues (os três últimos membros da ABL).

O ciclo encerrou-se com a palestra do ex-ministro Ricupero, que analisou o perigo de termos um futuro pior que o presente. Não apenas no Brasil, mas no mundo. Embora o diagnóstico seja pessimista, a conclusão é esperançosa, como veremos. Ricupero lembrou que houve outras fases de abatimento no Brasil, “mas a versão mais grave data de poucos anos atrás, de 2015/16, o instante em que começou a desfazer-se a ilusão de que o país tinha dado certo”.  As fórmulas petistas se tornaram insustentáveis, ressalta. “Algumas concorreram poderosamente para desencadear, primeiro, a crise fiscal, em seguida, o gravíssimo colapso que prostrou a economia até este momento”.

Após os sucessos do Plano Real, do crescimento do governo Lula, da conquista do grau de investimento, “a debacle da economia trouxe de volta aos brasileiros o efeito psicológico desmoralizante do fracasso”. Na visão de Ricupero, “o pouco que sobrava do prestígio das instituições políticas se viu, ao longo de três intermináveis anos, estremecido pelas revelações quase diárias de escândalos pela Lava-Jato, ela mesmo ora em vias de desmoralização devido a excessos e erros próprios, assim como à reação defensiva de setores políticos”.

A crise da democracia liberal se manifesta por todo lado, lamenta. “Cobrem já boa parte da população mundial os regimes antiliberais, anticientíficos, negadores da mudança climática, hostis às elites intelectuais, à tolerância da diversidade, ao respeito do outro em matéria sexual ou cultural”. O confronto entre o primeiro e o segundo centenário da Independência do Brasil põe em evidência o inédito da experiência corrente: a de que, em alguns aspectos importantes, nosso presente é pior que nosso passado. Além de aspectos subjetivos que nos fazem acreditar que os tempos mais amenos da modernização do Estado brasileiro e dos anos JK foram melhores que os conturbados dias de hoje, Ricupero utiliza-se de dados de um estudo da Goldman Sachs deste ano que aponta a possibilidade de o país perder meio século, com crescimento estagnado.

Para Ricupero, estamos “diante do maior desastre de desempenho coletivo de nossa História recente”. No entanto, estes 40 anos de altos e baixos coincidem com a consolidação da democracia. “Nesse período, em especial nos 20 anos entre 1995 e 2015, alcançou-se a maior redução relativa da pobreza e da indigência de nossa História”. O que nos cabe, diz Ricupero, é identificar razões para confiar que o futuro será melhor que o presente e superior aos melhores momentos do passado. No campo das ideias, lamenta-se, “os sinais não são encorajadores”, referindo-se à “versão brasileira requentada de fenômeno mundial, a seita de extrema-direita que mistura ideólogos pós-fascistas com iluminados, astrólogos, apocalípticos e lunáticos de todo o gênero”.

O padrão se reproduzirá por muito tempo, analisa, se não for rompida a polarização entre extrema-direita e PT, “com o medo empurrando os segmentos médios na direção da direita”. [na direita, está a segurança, a confiança,  rumo firme, o norte - não o do Ricupero, que é ' o que é bom a gente divulga o que é ruim esconde.] Superar o medo requer “a aliança entre o centro socialmente progressista e a esquerda democraticamente renovada”. Na sua visão, não haverá paz, estabilidade, retomada do desenvolvimento sem a integração progressiva dos marginalizados, que classifica de “novo ator”, como cidadão, produtor, consumidor e agente de cultura. “Depois desta hora do poder das trevas, impõe-se dar sentido à História, recuperar o sentimento de que a vida humana no Brasil não é absurda e insensata”.
 
Merval Pereira, jornalista - O Globo