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domingo, 24 de janeiro de 2016

Uma servidora pública de Campina Grande - A teoria da ‘bosta seca’ ameaça a Lava-Jato

A médica Adriana Melo tem 45 anos e trabalha há 16 no setor de medicina fetal do Isea, a principal maternidade pública de Campina Grande. Entre outubro e novembro do ano passado, compartilhou a angústia de duas pacientes grávidas de bebês que nasceriam com microcefalia. A ela a medicina deve o estabelecimento da relação entre o vírus zika e a má formação do cérebro de milhares de crianças. Não é pouca coisa, nem foi fácil. 

Desde agosto, médicos do Nordeste quebravam a cabeça para saber o que estava acontecendo, e a rede pública de Pernambuco alertou para a suspeita da conexão entre o vírus e a anomalia nos bebês. Adriana Melo suspeitou que se estava diante de um novo padrão de microcefalia: “Eu nunca tinha visto casos de destruição do cérebro dos fetos com tamanha virulência”. 

Havia uma pista: todas as pacientes tiveram manchas vermelhas na pele e coceiras durante as primeiras semanas da gravidez. Quando a doutora Adriana começou sua caminhada, havia no mundo apenas a suspeita da relação entre casos de microcefalia e o zika. O vírus se tornara epidêmico na Polinésia em 2014. No Brasil, sabia-se apenas que o número de bebês que nasciam com essa anomalia vinha aumentando, sobretudo no Nordeste. O zika era visto ainda como uma modalidade branda de dengue. 

O governo da Paraíba custeou a viagem das duas mulheres para serem examinadas em São Paulo, e em novembro, por iniciativa de Adriana Melo, a Fiocruz recebeu material colhido nas pacientes. Em poucos dias, bateu o martelo. Duas semanas depois, o Ministério da Saúde decretou uma emergência sanitária. Haviam-se passado três meses desde o aparecimento das primeiras suspeitas. 

O sistema de vigilância epidemiológica nacional dormiu no ponto. Nada de novo. Quando Oswaldo Cruz, baseado em pesquisas americanas feitas em Cuba, quis combater a febre amarela atacando o Aedes aegypti, a burocracia da Saúde e alguns marqueses da medicina duvidaram dele. A febre era coisa do clima, logo, culpa do Padre Eterno. No caso da doutora Adriana Melo sucedia algo semelhante. Ela dizia algo novo, o zika tinha relação com casos de microcefalia, portanto o problema estaria no maldito do mosquito, nada a ver com a alimentação da mãe ou até mesmo com consumo de drogas. 

Apesar da tonitruância da decretação de emergência (sem que se saiba o que isso significa na vida real), o Ministério da Saúde procura tranquilizar a população: nem todas as mulheres que tiveram zika terão bebês microcéfalos, assim como nem todos os Aedes aegypti que andam por aí transmitem zika. Tudo bem, mas em 2014 o Brasil teve 147 casos de microcefalia. Admita-se que esse número esteja contaminado por uma subnotificação, Fique-se com o dobro, seriam 294. Em apenas quatro meses, os casos suspeitos já chegaram a 3.893. Segundo a Fiocruz, os registros poderão chegar a 16 mil neste ano. A última desgraça envolvendo mulheres grávidas deu-se no século passado, quando gestantes que tomaram o remédio talidomida pariram bebês defeituosos. Em todo o mundo, afetou 10 mil nascituros num período de cerca de cinco anos. 

Dentro do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, o Ministério da Saúde baixou uma Diretriz para Estimulação Precoce para crianças que nascem com microcefalia. Ele relaciona-se com o Plano Viver Sem Limite e com a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, que por sua vez são contemporâneos do Programa de Aceleração do Crescimento. Fica combinado assim. 

A doutora Adriana tem doutorado pela Unicamp, seu salário é de R$ 3.800 mensais por 20 horas de trabalho semanais. Com bonificações de produtividade pode chegar a R$ 6 mil. Mantém uma clínica privada onde ganha mais trabalhando menos. A maternidade do Isea só atende pelo SUS (sem segunda porta), e na equipe de medicina fetal há quatro médicos. Desde que ela saiu por aí para confirmar a relação entre o zika e a microcefalia, recebeu críticas, muxoxos e silêncios. Ajuda, só da prefeitura da cidade e do fabricante de equipamentos Samsung, que doou um aparelho de ultrassonografia à maternidade. A rede pública de Campina Grande (680 mil habitantes) não tem máquina de ressonância magnética. Quando lhe perguntam o que precisa para facilitar seu serviço no Isea, responde: “Recursos para pesquisas”. 

A teoria da ‘bosta seca’ ameaça a Lava-Jato
O repórter Jânio de Freitas mostrou que o maior inimigo da Operação Lava-Jato está em Curitiba. É a teoria da “bosta seca”, enunciada em maio por um procurador. Nela, não se deve mexer em incongruências existentes nos processos contra os larápios. Assim, se um depoimento de Alberto Youssef foi desmentido por Paulo Roberto Costa, seria melhor deixar a bosta em paz. 

Jânio mostrou coisa pior. Em julho, Paulo Roberto Costa disse o seguinte à Polícia Federal, tratando da figura de Marcelo Odebrecht: “Eu conheço ele, mas nunca tratei de nenhum assunto desses com ele, nem põe o nome dele aí, porque ele, não, ele não participava disso”. 

A partir dessas palavras, os procuradores escreveram o seguinte: “Paulo Roberto Costa, quando de seu depoimento (...), consignou que, a despeito de não ter tratado diretamente o pagamento de vantagens indevidas com Marcelo Odebrecht...”. 

Puseram o nome de Odebrecht. Seus advogados apontaram o absurdo e requereram ao juiz Sérgio Moro a volta do processo à instrução processual. Moro deu uma resposta estarrecedora: “O processo é uma marcha para a frente. Não se retorna às fases já superadas”. Achou que o pedido era “meramente protelatório”, pois as provas pretendidas eram “desnecessárias e irrelevantes”. 

O pedido era de fato protelatório, mas Moro pode tentar saber o que houve. Como bosta seca é seca bosta, vamos em frente. Até o dia em que os tribunais de Brasília forem colocados diante dos montinhos de cocô escondidos nos processos.


Fonte: O Globo - Elio Gaspari


sábado, 23 de janeiro de 2016

Ninguém está imune ao zika



Um novo mapa de dispersão do vírus pelo mundo mostra que países ricos também estão ameaçados. Isso pode ajudar na luta contra a doença 

O vírus zika segue sua escalada.  Ele é suspeito de causar boa parte dos 3.611 casos de microcefalia em  bebês no Brasil desde outubro de 2015, segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde. No dia 17 de janeiro, a Organização Pan-Americana da Saúde, braço da Organização Mundial da Saúde na região, declarou que 18 países, praticamente toda a América Latina, já detectaram casos de infecção pelo vírus. 

O invasor chegou até a América do Norte. Durante a última semana, apareceram notificações de casos nos Estados Unidos. Foram duas gestantes em Illinois, outra com suspeita de zika na Califórnia e três pessoas diagnosticadas na Flórida. Esses casos se somam aos primeiros registrados no início do mês: uma mulher no Texas e um bebê que nasceu com microcefalia no Havaí. Por enquanto, todos são de pessoas que trouxeram o vírus de outros países. Mas um novo estudo, elaborado por um grupo internacional de pesquisadores, sugere que é questão de tempo até que o vírus comece a se disseminar dentro dos Estados Unidos e, possivelmente, da Europa. “O vírus zika é uma ameaça global de saúde que não afetará apenas países em desenvolvimento, mas também nações ricas”, afirma o médico canadense Isaac Bogoch, especialista em doenças infecciosas tropicais do Hospital Geral de Toronto e um dos autores do estudo, publicado na semana passada na revista científica britânica The Lancet.

Para fazer a projeção, os cientistas americanos, canadenses e britânicos cruzaram o número de viajantes que partiram de aeroportos localizados em regiões do Brasil onde a presença do vírus é significativa com as condições climáticas e socioeconômicas de outras regiões do planeta. Esses dois últimos fatores ajudam a traçar a probabilidade de existir espécies de mosquitos que transmitem a doença: o Aedes aegypti, que prefere os trópicos, e o Aedes albopictus, mais comum em áreas temperadas, como parte do território americano, o sul da Europa, o norte da China e o Japão. Um levantamento realizado no ano passado pelo mesmo grupo de pesquisadores sugere que metade da população do planeta vive em áreas onde as duas espécies de mosquito se proliferam e estão, portanto, sob o risco de sofrer com doenças transmitidas pelos mosquitos.

Entre setembro de 2014 e agosto de 2015, cerca de 10 milhões de passageiros partiram das regiões do Brasil mais atingidas pela doença. É possível que, até maio de 2015, quando os primeiros casos foram notificados na Bahia e no Rio Grande do Norte, o vírus zika já circulasse pelo país, ainda que silenciosamente. Nesse período, a maioria dos viajantes, 65%, rumou para outros países da América, 27% viajaram para a Europa e 5% para a Ásia. O fluxo de viajantes é uma boa maneira de estimar o potencial de o vírus se alastrar. É dessa maneira que o vírus deve ter entrado no Brasil, em 2014.

>> Como se proteger do zika vírus

Um levantamento do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) sugere que é provável que o vírus tenha vindo com algum viajante do Chile ou de países da Ásia, locais onde havia circulação do zika. Esses pontos de partida foram mais frequentes em 2014 do que a África, onde o vírus foi identificado pela primeira vez em 1947. Desde então, acredita-se que o zika tenha se espalhado pela Ásia, onde sofreu mutações antes de chegar à América. “Pelos números, é mais provável que o vírus tenha vindo por alguém infectado na Ilha de Páscoa, que pertence ao Chile”, diz Felipe Salvador, um dos autores do estudo da USP. A publicação do primeiro genoma completo do zika, no início do mês, a partir do material genético encontrado em quatro pacientes do Suriname, mostrou que o vírus da América é mais parecido com o asiático do que com o africano.

O potencial de o vírus zika se transformar em um problema de saúde pública também nas nações ricas pode acelerar o caminho até uma vacina, a melhor maneira de barrar a epidemia. O Ministério da Saúde divulgou estar em contato com laboratórios internacionais, para que eles colaborem com instituições brasileiras. “Os surtos nos Estados Unidos e na Europa devem ser menores porque as condições são mais adversas para os mosquitos”, afirma o epidemiologista britânico Moritz Kraemer, da Universidade de Oxford, um dos autores do modelo de dispersão do zika. “Mas se espera que a atenção internacional ajude nos esforços para chegar a uma vacina.”


 Fonte: Revista Época

 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

“O médico é o monstro”

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que vai torcer para que as mulheres peguem zika antes do período fértil, porque assim não precisarão tomar vacina. 

O ministro não está no cargo por competência, mas por integrar, no PMDB, a ala contrária ao impeachment. Apesar de sua torcida declarada, continua no cargo. E, por favor, não diga que foi brincadeira: é melhor ser imbecil puro do que imbecil sem noção, que faz piada com doença grave, com mulheres grávidas cujos bebês são ameaçados pela hidrocefalia e pela incompetência do governo.

Enquanto Sua Excelência faz graça com a família dos outros, o governo americano estuda a possibilidade de alertar suas cidadãs grávidas para que não visitem o Brasil, por causa da zika (e da chikungunya, da dengue ─ sem falar de balas perdidas). Segundo o The New York Times, esta seria a primeira vez em que o Centro de Prevenção e Controle de Moléstias Infectocontagiosas, CDC, aconselharia mulheres grávidas a evitar uma região específica. O perigo é real: o médico Lyle Petersen, diretor de Doenças Transmissíveis por Mosquitos do CDC, já encontrou o vírus zika em quatro bebês brasileiros.

 Dois morreram no útero, e dois, ambos com microcefalia, logo após o parto. Segundo o jornal, há grandes probabilidades de que a recomendação de evitar o Brasil seja efetivada, e sem grande demora. A proximidade dos Jogos Olímpicos do Rio, com ampla capacidade de atração de turistas jovens, faz com que a decisão seja urgente.

E no exterior, sr. ministro Marcelo Castro, não se brinca com saúde pública.

Retrato do Brasil
A repercussão catastrófica da piadinha do sr. ministro levou-o a dizer que o governo liberou mais R$ 500 milhões para o combate à zika. Sua Excelência ainda não aprendeu o valor do silêncio: R$ 500 milhões é bem menos do que o governo liberou de Fundo Partidário, para que os políticos façam campanha eleitoral às nossas custas.
O importante não é a saúde, é escapar do impeachment.

Brasil 3×4

O orçamento proposto por Dilma previa R$ 311,3 milhões para o Fundo Partidário. Mas era importante agradar aos partidos: Dilma precisa do sugestivo número de 171 deputados para livrar-se do impeachment e, apesar da falta de dinheiro, apesar do déficit, apesar de contar com farta fonte de receita que não existe (a CPMF, que não foi aprovada e terá dificuldade em passar), aumentou a fatia de Suas Excelências para R$ 819,1 milhões ─ sim, estamos em ano eleitoral. Há ainda mais R$ 9,09 bilhões para que os 594 deputados e senadores usem a seu critério (em geral, pequenas obras onde têm votos). São R$ 15,3 milhões por parlamentar.

E o governo acha caríssima a vacina antizika: R$ 200 por pessoa.

Brasil para todos
Que ninguém imagine que o Fundo Partidário multiplicado sirva apenas para financiar a campanha dos políticos governistas. Não: na hora de provar o pudim, todos são comensais. O PT leva a maior parte, como maior bancada; o PSDB, o maior partido daquilo a que se convencionou chamar de oposição, fica com aproximadamente 80% da verba do PT, e um tiquinho a mais que o PMDB. Mas a distribuição é ampla: Levy Fidélix, capitão do nanico PRTB, já se queixou de que seu partido tinha de se manter com apenas R$ 100 mil mensais (isso, claro, antes do milagre da multiplicação de verbas). Em 2015, o PCO, que não ganhou nenhuma cadeira no Congresso, ganhou R$ 1,3 milhão do Fundo Partidário.

Brasil, sil, sil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo a cassação do mandato do deputado federal Vander Loubet (PT-MS). A principal acusação é participar de irregularidades em contratos da Petrobras. Mas Loubet é mais que isso: fundador do PT no estado, sobrinho do ex-governador Zeca do PT, é acusado da prática de 110 crimes: 99 referentes a lavagem de dinheiro, 11 a corrupção.

Quantas pessoas têm ficha tão farta? E ele ainda está lá.

Brasil supremo
Nos Estados Unidos, um país reconhecidamente pobre, apenas um magistrado em todo o país tem direito a carro oficial: o presidente da Suprema Corte. O Brasil é mais liberal. E agora, com crise e tudo, somos informados de que o Supremo Tribunal Federal está comprando quatro automóveis Azera, da Hyundai, a R$ 155 mil cada. O STF já tem oito Azera. Cada ministro, portanto, terá seu carro oficial Azera, e um fica na sobra ─ sabe como é, de repente um auto precisa ir para a revisão e o ministro não vai ficar a pé, certo?

Nos Estados Unidos, os ministros podem ter carros bem mais luxuosos que o Hyundai Azera; se quiserem um Rolls-Royce, um Bugatti, um Mercedes Maybach, estará à sua disposição. Basta que o comprem com seu próprio dinheiro e ninguém tem nada com isso.

Brasil, frente e verso
Ninguém pode dizer, entretanto, que não há governo no país. Há: na última terça-feira, dia 12, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.248, que institui em todo o país o Dia do Tambor de Crioula, a ser comemorado no dia 18 de junho em todo o país, já a partir deste ano.

O Tambor de Crioula é uma festa folclórica de origem africana, com muita dança, tradicional no Maranhão ─ e só lá.

 Fonte: Coluna de Carlos Brickmann - http://www.brickmann.com.br/

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Ministro da Saúde torce para que meninas contraiam o vírus zika

Os critérios refinados do governo Dilma para escolher um ministro

Se um despreparado na Saúde torce para que meninas contraiam o vírus zika, o que pode desejar um outro despreparado na Aviação Civil?

Nesta quarta, Marcelo Castro, ministro da Saúde, deu um declaração realmente do balacobaco. Segundo disse, seria desejável que as meninas contraíssem o vírus zika antes da idade fértil porque, assim, ficariam imunes.

A delinquência intelectual não será, obviamente punida. Por quê? Tudo considerado normal. Tal lembrança vem a propósito de quê? Prestem atenção ao que vem agora.

A bancada do PMDB de Minas marcou para a próxima segunda a reunião que vai decidir a posição do bloco sobre a liderança do partido na Câmara. O governo federal pressiona os mineiros para que eles deem uma garantia de que apoiarão Leonardo Picciani (RJ), atual líder e aliado do Palácio do Planalto.

Caso oficializem o apoio ao parlamentar fluminense, o deputado Mauro Lopes, do PMDB de Minas, deve ser anunciado o novo ministro da Secretaria de Aviação Civil.

A bancada mineira ainda está dividida sobre o que deve fazer. O deputado Leonardo Quintão, por exemplo, já disse que não pretende recuar de sua candidatura ao posto. Newton Cardoso Júnior, por sua vez, quer ser “recompensado” caso desista de uma candidatura própria e apoie o nome de Picciani.
Se, na Saúde, um ministro escolhido por razões puramente políticas expressa publicamente a torcida para que meninas contraiam o vírus zika por razões de economia, que torcida correspondente faria um ministro da Aviação Civil, escolhido nas mesmas circunstâncias?
Talvez pudesse dizer algo assim: “Tomara que os aviões caiam antes ou depois de eu ser ministro, nunca durante…”.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo