Agora
que o povo cubano corajosamente foi às ruas enfrentar com as mãos
milicianos armados pela ditadura, o BLM saiu novamente em campo para
defender... a tirania comunista! Nas imagens que podemos observar pelas
redes sociais, boa parte da população nas ruas é formada por negros, até
porque Cuba tem maioria negra. Já no comando da ditadura há uma
absoluta presença de homens brancos. Não há mulheres praticamente,
tampouco negros. Não obstante, o BLM tomou o partido dos tiranos.
A
organização Black Lives Matter culpou os Estados Unidos – e não a
ditadura castrista – pelo "tratamento desumano" aos cubanos, instando
que o governo de Joe Biden acabe com o embargo à ilha. Em uma nota
publicada em seus perfis nas redes sociais nesta quarta-feira (14), o
BLM disse que o embargo americano foi instituída com "a intenção
explícita" de desestabilizar Cuba e "minar o direito dos cubanos de
escolher seu próprio governo".
"O povo de Cuba está
sendo punido pelo governo dos EUA porque o país manteve seu
comprometimento com a soberania e autodeterminação", continua a
declaração, que mais adiante elogia a ditadura comunista. "Cuba
historicamente demonstrou solidariedade com pessoas de ascendência
africana oprimidas". A nota não menciona, em nenhum momento, as prisões
arbitrárias e a violência do regime para suprimir os protestos por
liberdade.
Não
é novidade que o BLM seja um movimento marxista, não racial. Assim foi
descrito por seus fundadores, que eram abertamente marxistas. O aspecto
racial serve apenas para mascarar a essência revolucionária. O BLM não
tem nada a ver com o reverendo Martin Luther King, por exemplo, que
exaltava a Declaração de Independência Americana e sonhava com o dia em
que todos seriam julgados por seu caráter, não pela cor da pele. O BLM
tem mais a ver com Malcom X ou os Black Panthers, que queriam implodir o
sistema.
Se os responsáveis pelo movimento lessem um
autor negro cubano chamado Carlos Moore, talvez ficassem um pouco
constrangidos com o papelão. Moore compilou no pequeno O marxismo e a questão racial
citações de Marx ou Engels. O escritor negro acabou exilado pelas
críticas de racismo feitas ao regime castrista. Vejamos algumas delas,
que se o leitor fechar os olhos vai jurar se tratar de algum ariano
seguidor de Hitler: ‘Sem escravidão, a América do
Norte, a nação mais progressista, ter-se-ia transformado em um país
patriarcal. Apenas apague a América do Norte do mapa e você conseguirá
anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna.”
“A
escravidão é uma categoria econômica como qualquer outra. Portanto,
possui seus dois lados. Deixemos o lado mau e falemos do lado bom da
escravidão, esclarecendo que se trata da escravidão direta, a dos negros
do Suriname, no Brasil, nas regiões meridionais da América do Norte.
[...] A escravidão valorizou as colônias, as colônias criaram o comércio
universal, o comércio que é a condição da grande indústria. Por isso, a
escravidão é uma categoria econômica da mais alta importância.”
“Talvez a evolução superior dos arianos e dos semitas se deva à abundância de carne e leite em sua alimentação.”
“Sendo que, comparado ao resto de nós, um nigger (crioulo)
é o que há de mais perto do reino animal, ele é, sem nenhuma dúvida, o
representante mais adequado para este distrito.”
“Os
franceses precisam de uma surra. Se os prussianos vencerem, a
centralização do poder de estado será benéfica para a centralização da
classe trabalhadora alemã. A predominância germânica também deslocará o
centro de gravidade do movimento dos trabalhadores na Europa ocidental,
da França para Alemanha, e se apenas compararmos os movimentos nos dois
países, de 1866 até agora, se verá que a classe trabalhadora alemã é
superior à francesa, tanto no aspecto teórico quanto em organização.”
“A
luta dos beduínos era uma luta inútil e, apesar da maneira com que
soldados brutais, como Bugeaud, conduziram a guerra seja extremamente
condenável, a conquista da Argélia é um fato importante e auspicioso
para o progresso da civilização. [...] E se talvez lamentamos que a
liberdade dos beduínos do deserto tenha sido suprimida, não podemos nos
esquecer de que estes mesmos beduínos eram uma nação de ladrões.”
“Fomos
espectadores da conquista do México e nos regozijamos com ela. [...] É
do interesse de seu próprio desenvolvimento que ele seja, no futuro,
colocado sob a tutela dos Estados Unidos. É do interesse de toda a
América que os Estados Unidos, graças à conquista da Califórnia,
assumissem o domínio sobre o Oceano Pacífico.”
“É
lamentável que a maravilhosa Califórnia tenha sido arrancada dos
preguiçosos mexicanos, que não sabiam o que fazer com ela? Todas as
nações impotentes devem, em última análise, ser gratas àqueles que,
cumprindo necessidades históricas, as anexam a um grande império,
permitindo, assim, sua participação em um desenvolvimento histórico que,
de outra maneira, seria ignorado a eles. É evidente que tal resultado
não poderia ser obtido sem esmagar algumas belas florzinhas. Sem
violência, nada pode ser realizado na história.”
“A
Inglaterra tem que cumprir uma dupla missão na Índia: uma destruidora,
outra reguladora — a aniquilação da velha sociedade asiática e o
lançamento das bases materiais da sociedade ocidental na Ásia.”
“Não
devemos nos esquecer de que esta vida sem dignidade, estagnada e
vegetativa, este tipo de existência passiva invocou, por outro lado, em
contrapartida, forças de destruição selvagens, sem objetivo, sem fim, e
tornou o próprio assassinato um rito religioso no hinduísmo.”
O
autor comprova que não são afirmações fora de contexto; ao contrário:
Marx e Engels defenderam em várias ocasiões esta visão imperialista
ariana e racista. Era parte essencial de sua ideologia.
Ambos
beberam da mesma fonte, Hegel, que disse: “O que nós propriamente
entendemos por África é o Não Histórico, Não Desenvolvido Espírito,
ainda envolvido na condição de mera natureza, e que foi apresentado aqui
somente como soleira da História mundial.”
O
problema é que nossos marxistas não leram Marx. Nelson Rodrigues
escreveu: “E, por todas as cartas de Marx, não há um vislumbre de amor e
só o ódio, o puro ódio. Para ele, há ‘povos piolhentos’, ‘povos de
suínos’, ‘povos de bandidos’, que devem ser exterminados.”
Duro
é aturar a esquerda radical acusando os liberais e conservadores de
“imperialistas”, “racistas”, “fascistas” ou algo do tipo. E fazendo isso
enquanto enaltecem o regime ditatorial cubano. Seria cômico, não fosse
trágico...
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo