Raquel Dodge, procuradora-geral da República, é, por enquanto, uma decepção para quem esperava dela não um alinhamento ideológico com este lado ou com aquele.
Com a devida vênia, eu tenho autoridade para falar isso porque sei que irrito parte considerável dos meus leitores quando afirmo que Lula foi condenado sem provas ou que a Polícia Federal promoveu um espetáculo grotesco — e, entendo, ilegal — na entrevista coletiva concedida por uma delegada sobre o caso do petista Jaques Wagner. As cobranças que faço à doutora não tem origem ideológica. Ou, vá lá, tem, sim, mas num sentido menos rasteiro do que podem supor alguns: sim, fala nestes textos um jornalista liberal, defensor do Estado de Direito e das regras pactuadas no regime democrático. Para todo mundo! Sei que o PT, por exemplo, não faria — e não fez! — isso por mim. Mas não são os petistas a ditar os meus pressupostos morais.
No que diz
respeito a esses valores, a doutora tem sido uma decepção. Não que eu
esperasse dela especial talento no manejo dessas questões. Tinha a
expectativa, tão-somente, de uma atuação técnica. E, também a
procuradora, está voltada, por enquanto, a fazer a vontade da corporação
que representa — e aí está um dos males decorrentes de se entregar um
cargo dessa importância aos cuidados de uma corporação. Foi o PT quem
inventou a “eleição direta”, com lista tríplice, de procurador-geral por
uma entidade sindical de procuradores. E o fez ao arrepio da
Constituição. Constituição que os procuradores deveriam defender em vez
de desrespeitar de maneira determinada.
A última
diatribe da doutora consistiu em apresentar uma petição, nesta terça, ao
ministro Edson Fachin para incluir o presidente Michel Temer entre os
investigados de um inquérito aberto no ano passado, que apura repasses
da Odebrecht ao MDB em 2014. O repasse, de R$ 10 milhões, teria sido
acertado no Palácio do Jaburu, residência oficial do então
vice-presidente Michel Temer, no ano de 2014. O vice teria estado
presente ao encontro, mas não há testemunhos dando conta de que soubesse
da coisa. O acerto teria sido combinado com Moreira Franco e Eliseu
Padilha, ambos investigados no caso.
Notem: nem
vou entrar no mérito se a coisa aconteceu ou não. O fato é que Temer
não era presidente em 2014.
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