A oposição continuará nas ruas?
Sim. Denúncias de corrupção na Petrobras, mais força no
Congresso e a maior votação já obtida pelo PSDB inflamam o combate ao governo
Dilma
A votação alcançada pelo senador
Aécio Neves (PSDB-MG) na eleição presidencial deste ano – a maior de um candidato derrotado após a redemocratização – revigorou a oposição. Os 48,36% dos votos obtidos por Aécio aproximaram
os oposicionistas de parcela da sociedade descontente com o governo. O encontro
de ressonância nas ruas e o desenrolar das denúncias relacionadas à Petrobras
deverão estimular Aécio e companhia a adotar uma postura mais combativa que no
primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). “A oposição tem de ser proporcional à indignação da sociedade com a
corrupção e com a baixíssima qualidade da gestão do PT. Faremos oposição com
muita intensidade”, diz Duarte Nogueira, deputado federal e presidente do
PSDB paulista.
A aposta para tornar real a
promessa de confronto permanente está na nova composição do Congresso Nacional. No Senado, a oposição contará
com reforços renomados a partir de fevereiro. Três ex-governadores de grandes Estados do país – José Serra (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Antonio
Anastasia (PSDB-MG) – chegarão à Casa, com o
atual deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), conhecido pelo estilo combativo.
Ao lado de Aécio Neves, Aloysio Nunes (PSDB-SP), Álvaro
Dias (PSDB) e José Agripino (DEM-RN), eles formarão um grupo que pretende mostrar seu cartão de visitas já na
CPI da Petrobras. Ela protagonizará os trabalhos do Congresso no primeiro
semestre.
Na Câmara, Casa em que o PSDB
cresceu 22%, a ideia é aproveitar a alta taxa de renovação para adaptar a
estrutura do partido às mudanças de uma sociedade mais conectada e engajada na
política. “Fomos o único grande partido
que cresceu, de 44 para 54 deputados. Dos que chegam, 29 são novos na Câmara. A
maior parte tem entre 25 e 40 anos. Eles contribuirão com sangue novo e
ajudarão nessa nova linguagem de comunicação com a sociedade”, diz o
deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).
Impressionados
com o poder das redes sociais na mobilização popular durante as eleições
presidenciais, os tucanos pretendem
criar um comitê para tentar manter a interlocução criada com movimentos sociais.
É algo que sempre faltou ao PSDB, não só durante a eleição. “Este novo momento que o PSDB vive se deve à vitalidade que a
campanha de Aécio deixou como herança. Sou fundador do partido e não me lembro
de um momento recente em que estivéssemos tão animados. Recuperamos a
autoestima dos tucanos, que andaram anos acuados”, diz Pestana. A outra ideia do
PSDB para os próximos quatro anos é criar um governo paralelo.
Mesclando nomes técnicos e políticos, o partido organizará dez grupos para
verificar o cumprimento dos compromissos firmados pelo PT durante a
campanha.
A chegada de partidos como o PSB à oposição deverá ajudar PSDB, DEM e PPS a aprovar pedidos de CPI e causar problemas ao governo. Algo que, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, dependeu de rachaduras na própria base aliada. A última grande vitória da oposição no Congresso aconteceu no distante dezembro de 2007. Numa sessão histórica, o Senado derrubou a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O fim do tributo tirou R$ 40 bilhões do orçamento às vésperas da enorme crise econômica internacional que se avizinhava.
A chegada de partidos como o PSB à oposição deverá ajudar PSDB, DEM e PPS a aprovar pedidos de CPI e causar problemas ao governo. Algo que, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, dependeu de rachaduras na própria base aliada. A última grande vitória da oposição no Congresso aconteceu no distante dezembro de 2007. Numa sessão histórica, o Senado derrubou a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O fim do tributo tirou R$ 40 bilhões do orçamento às vésperas da enorme crise econômica internacional que se avizinhava.
Nas eleições seguintes, em 2010, os principais nomes da oposição no Senado
foram derrotados e, na Câmara, PSDB e DEM minguaram. O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, embalado por uma popularidade na casa dos 80%, além de
eleger a presidente Dilma, conseguiu fortalecer o governo no Congresso e
trabalhou contra as reeleições de adversários, como os senadores Arthur
Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Marco Maciel (DEM-PE) e
Heráclito Fortes (DEM-PI). Desde então, a oposição nunca mais conseguiu impor
ao governo petista derrotas contundentes no Parlamento.
Se parecem animados com a chegada de fortes quadros no Senado e com o crescimento na Câmara a partir do ano que vem, os oposicionistas já apresentam as primeiras dificuldades para permanecer unidos. Na disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro, enquanto PSDB, PV e PPS apoiarão a candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) ao comando da Casa, o DEM anunciou que estará ao lado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Caminhar unida deve ser um dos principais desafios da oposição em 2015, caso queira mesmo encarar a forte máquina governista.
Se parecem animados com a chegada de fortes quadros no Senado e com o crescimento na Câmara a partir do ano que vem, os oposicionistas já apresentam as primeiras dificuldades para permanecer unidos. Na disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro, enquanto PSDB, PV e PPS apoiarão a candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) ao comando da Casa, o DEM anunciou que estará ao lado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Caminhar unida deve ser um dos principais desafios da oposição em 2015, caso queira mesmo encarar a forte máquina governista.
Fonte: Leopoldo Mateus – Revista Época
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