Youssef detalhou operação em depoimento à
força-tarefa da Lava Jato, segundo jornal. Negócio foi intermediado por
ex-ministro do agora senador
O doleiro Alberto Youssef afirmou em depoimento prestado no âmbito de seu acordo de delação
premiada que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu 3 milhões de
reais em propina como resultado de uma operação da BR Distribuidora, informa
reportagem desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo.
O negócio da subsidiária da Petrobras foi fechado em 2012 – e intermediado pelo
ex-ministro de Collor Pedro Paulo Leoni Ramos, empresário que já havia
aparecido na investigação da Operação Lava Jato como sócio oculto de Youssef no
laboratório Labogen. PP, como Leoni Ramos é conhecido, é dono da GPI Investimentos
e Participações e amigo de longa data do senador. No governo Collor, ocupou a Secretaria de Assuntos Estratégicos. A
GPI é citada no relatório da Polícia Federal sobre a Lava Jato. Segundo o
jornal, o doleiro afirmou aos investigadores que o empresário atuou como
operador do esquema, e intermediou o suborno.O contrato em questão foi fechado com uma rede de postos de combustível de São Paulo e previa a troca de bandeira da rede, para que o grupo se tornasse um revendedor da BR Distribuidora. O negócio totalizou 300 milhões de reais – e a propina negociada foi o equivalente a 1% do contrato, segundo o doleiro. De acordo com o jornal, Youssef afirmou que o dinheiro foi arrecadado nos postos em espécie, dividido em três parcelas de 1 milhão de reais. A propina era, então, repassada a Leoni Ramos, que a entregava a Collor.
O doleiro não informou como o dinheiro chegou ao senador ou deu nomes dos diretores da BR Distribuidora envolvidos na negociata. Mas afirmou que todos sabiam que Leoni Ramos era um intermediário de Collor. O depoimento de Youssef foi prestado entre outubro e novembro do ano passado. Em fevereiro deste ano, o delator do petrolão prestou novos esclarecimentos, desta vez à Procuradoria-Geral da República, a quem cabe pedir investigação sobre políticos com foro privilegiado.
Não é a primeira vez que Collor é citado na Lava Jato. Em agosto de 2014 o Supremo Tribunal Federal decidiu investigar a relação do senador com Youssef. Agentes da Polícia Federal encontraram no escritório do doleiro, durante ação de busca e apreensão da Lava Jato, oito comprovantes de depósitos bancários em nome de Collor. Os depósitos, feitos no intervalo de três dias, em maio de 2013, somam 50.000 reais.
Em entrevista a VEJA, a contadora de Youssef Meire Poza afirma que os depósitos foram feitos a pedido de Pedro Paulo Leoni Ramos.
Fonte: Blog do Ricardo Setti
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