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sábado, 21 de fevereiro de 2015
Beija-Flor campeã = Um regime brutal que tenta comprar amigos O dinheiro fala mais alto quando a consciência não o faz
A Beija-Flor ganhou!!! E aí?
Sou historiador da África, especialista em Guiné Equatorial e autor do livro “Equatorial Guinea: Colonialism, State Terror and the Search for Stability” (“Guiné Equatorial: colonialismo, terror de Estado e a busca por estabilidade”).
Por coincidência, estou no Brasil no momento em que o país doou R$ 10 milhões para esta escola de samba. A regra sanguinária do presidente Teodoro Obiang Nguema resiste há mais de 35 anos. Ele chegou ao poder depois de derrubar seu tio e posteriormente fuzilá-lo. Naquela época, eu me encontrava em uma breve prisão domiciliar, por ordem de seu tio.
O brutal, mas rico, regime controla um país cheio de petróleo e gás natural, sendo o terceiro maior produtor de petróleo da África. Infelizmente, um país que poderia ser o “Kuwait da África” é um lugar de baixo padrão de vida (mais de 60% da população sobrevivem com menos de um dólar por dia) e sob um severo governo autoritário.
Agora, a ditadura patrocinou a Beija-Flor. Com grande luxo, plumas e lantejoulas, centenas desfilaram, cantando louvores e homenagens ao país. Etnias, como benga e fang, foram apresentadas, assim como um conjunto de foliões representou vários colonizadores europeus. Magia e maravilhas do passado estavam reunidas no Sambódromo. Esta foi a “cara feliz" de uma triste autocracia.
Mas houve uma “ofensiva de charme” anterior que os brasileiros podem não ter ouvido falar. Em 2012, centenas de afro-americanos foram convidados a Malabo, a capital, para uma conferência de uma semana. O grupo, do qual eu fazia parte, foi mimado e festejado. Correram ainda rumores de que o presidente daria cidadania aos negros americanos em seu pequeno país. A mídia local repetiu várias vezes que o país seria o novo eixo da diáspora negra entre as Américas, a Europa e a África.
Hinos de louvor sem fim eram cantados, nos meios de comunicação, para o líder do regime, embora a sua presença, bem guardada, raramente fosse notada. Em um coquetel, o filho do ditador entrou com uma enorme comitiva. (Mais tarde fui informado de que tem uma das maiores coleções do mundo de memorabilia de Michael Jackson). Negritude com uma fantasia de brilho não é substituto para justiça social e liberdade política.
Mas algo não estava certo. A reunião virou um ambiente claustrofóbico. Com o passar dos dias, cada vez menos participantes se fizeram presentes às palestras. Finalmente, a organizadora do evento pegou um avião e foi embora — antes mesmo dos convidados. Algumas pessoas notaram que o governo de Obama não tinha enviado representante, nem sequer uma mensagem.
Obiang Nguema ofereceu a Guiné Equatorial para a realização dos campeonatos africanos de futebol. O país continua a tentar comprar amigos, apesar de organizações como a Anistia Internacional o denunciarem. O dinheiro fala mais alto quando a consciência não o faz. No ritmo em que vamos, podemos até esperar uma eventual Olimpíada na Coreia do Norte.
O que fazer? Devemos criticar, especialmente quando os beneficiários do dinheiro dos ditadores desconhecem o funcionamento dos regimes que lhes pagam? Uma condenação eloquente vem do ganhador do Prêmio Nobel, o nigeriano Wole Soyinka. Ele vê os atuais déspotas africanos como os descendentes dos caçadores de escravos do passado.
Soyinka foi criticado. Fazendo analogias entre traficantes de escravos e ditadores atuais podemos estereotipar um continente? No entanto, ele e eu diríamos que as pessoas reprimidas são mais importantes do que os regimes que as reprimem. Devemos evitar qualquer tendência para permitir que os autoritários usurpem a nossa negritude; se cedermos à tendência, incorreremos no risco nos tornarmos facilitadores passivos das desigualdades que nós condenamos em outros lugares — como o Brasil.
Fonte: Ibrahim Sundiata, O Globo
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Teodoro Obiang Nguema
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