Alguns casos de menores
de idade que tiveram boas médias no Enem, apesar de não terem concluído, ou até mesmo
começado o Ensino Médio, estão movimentando a opinião pública. Há um rapaz de 14 anos
que foi aprovado em medicina e conseguiu na justiça a certificação do Ensino
Médio para poder efetuar a matrícula na faculdade.
Já uma mineira que passou
para Direito em 4º lugar não teve a mesma condescendência por parte do
judiciário. Uma
outra jovem do Piauí também
foi classificada para Direito apesar de ainda estar no ensino fundamental.
Meu filho, também do ensino fundamental, concluído em 2014, foi aprovado para cursar Ciências Matemáticas e da Terra na UFRJ. Mas como o Brasil só se prepara para ter maus alunos, os bons alunos têm que enfrentar todas essas barreiras em processos judiciais para conseguirem ser reconhecidos em suas capacidades e competências.
Meu filho, também do ensino fundamental, concluído em 2014, foi aprovado para cursar Ciências Matemáticas e da Terra na UFRJ. Mas como o Brasil só se prepara para ter maus alunos, os bons alunos têm que enfrentar todas essas barreiras em processos judiciais para conseguirem ser reconhecidos em suas capacidades e competências.
No caso do sergipano que passou
para medicina, a
secretaria de educação fez uma prova de proficiência para conceder o
certificado de ensino médio. A lei diz que ter nota acima 450 nas provas do
Enem e mais de 500 em redação, concede a certificação para maiores de 18 anos
sem necessidade de nenhuma prova adicional. Quer dizer que a idade deve ser
mais importante que o conhecimento? Quer dizer que a Secretaria de Educação tem
mais poder e capacidade de avaliação do que o Governo Federal? Quer dizer que
um aluno jovem, que estudou além do que foi determinado para a sua faixa
etária, tem um reconhecimento menor do que muitos marmanjos, que por vezes
largaram os estudos, e hoje fizeram um cursinho para o vestibular e conseguiram
notas muito inferiores a deles?
Por
que os maiores de 18, muitos dos quais com nem metade do conhecimento que
nossos filhos têm, são
aceitos como aptos e maduros, quando estamos cansados de saber que a idade não
define nada disso? Por que o nosso país tem políticas
para alunos abaixo da média, mas não as têm para alunos acima da média? Quando é que a meritocracia deixará de ser exceção
para passar a ser regra? Quando bons alunos poderão
colher os frutos do seu esforço pessoal sem precisar de intervenção do judiciário
para isso? Uma coisa eu posso garantir:
meu filho com 15 anos já estudou até hoje, muito mais do que muitos
universitários formados. Não só na escola, mas também
nos cursos que conquistou através das Olimpíadas de Matemática das Escolas
Públicas.
Ao invés
de termos que correr atrás da burocracia para brigar por seus direitos,
deveriam ser "os grandes pedagogos
da nação" que deveriam vir trazer para ele esse certificado com
orgulho. Ele é aluno da rede pública de ensino e
superou todas as adversidades, greves e falta de professores para chegar onde
chegou. Nada é de graça. Cada ponto foi conquistado com muito esforço.
Não é favor reconhecer isso. É uma obrigação de qualquer educador sério. O caso
do meu filho se difere dos demais principalmente porque ele já faz um curso
universitário especial concedido pela OBMEP. "A Iniciação Científica (em
matemática) é um programa que visa transmitir aos alunos cultura matemática
básica e treiná-los no rigor da leitura e da escrita de resultados, nas técnicas
e métodos, na independência do raciocínio analítico, entre outros.
O aluno participa em ATIVIDADES DE PESQUISA CIENTÍFICA OU TECNOLÓGICAS, orientadas por professores qualificados, NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E DE PESQUISA. Com isso, pretende-se despertar a vocação científica do aluno, além de estimular a criatividade por meio do confronto com problemas interessantes da Matemática."
O aluno participa em ATIVIDADES DE PESQUISA CIENTÍFICA OU TECNOLÓGICAS, orientadas por professores qualificados, NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E DE PESQUISA. Com isso, pretende-se despertar a vocação científica do aluno, além de estimular a criatividade por meio do confronto com problemas interessantes da Matemática."
Ou seja,
a Iniciação Científica Junior é considerada formação universitária e de
pesquisa. Tanto é assim, que meu filho recebe bolsa do CNPq nesses 4 anos que
participa do PIC Jr. São 4 anos de uma preparação especial em matemática
coordenada pela UFRJ, justamente a universidade para onde foi aprovado pelo
ENEM. Medalhistas olímpicos
de matemática, podem fazer mestrado e doutorado no IMPA em qualquer idade e
escolaridade, mas não podem ser liberados automaticamente para entrar na
faculdade.
Essa é a
lógica ilógica do MEC e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Será que algum
parlamentar, algum dia, vai dedicar-se a
facilitar a vida dos olímpicos do conhecimento, dos homeschoolers e dos
autodidatas?
Por: Carla Andrade é formada em
psicologia e é uma das apresentadoras do programa Força, Foco & Fé, da Rádio Vox.
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