Ricardo Pessoa, o homem-bomba para o PT, diz que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma para não ser prejudicado na Petrobras e reafirma doação pelo caixa dois a Lula e a Haddad
Em
reportagem publicada em janeiro, VEJA revelou o conteúdo de um
manuscrito de autoria do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e amigo
— ou ex-amigo (sente-se abandonado…) — de Luiz Inácio Lula da Silva. Lá
se podia ler:
“Edinho
Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema
criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma. Será
que falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”
Pois é…
Edinho, tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, é
hoje ministro da Secretaria da Comunicação Social. As coisas podem se
complicar um pouco.
Segundo informa a Folha deste
sábado, Pessoa afirmou a procuradores da Operação Lava Jato que doou R$
7,5 milhões à campanha da reeleição de Dilma porque temia ser
prejudicado em seus negócios com a Petrobras. Não foi só
isso, não. Pessoa revelou ainda ter doado R$ 2,4 milhões, por fora, para
a campanha à reeleição de Lula em 2006. O dinheiro teria sido trazido
do exterior e repassado em espécie ao PT. Em 2012, também pelo caixa
dois, sem registro na Justiça Eleitoral, ele teria arcado com outros R$
2,4 milhões referentes à campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São
Paulo.
Nesse caso,
Alberto Youssef teria se encarregado do pagamento. A grana, segundo
Pessoa, saiu de uma espécie de conta corrente que ele mantinha com João
Vaccari Neto, então tesoureiro do PT, abastecida com propina oriunda dos
contratos com a Petrobras.
A doação à
campanha de Dilma em 2014 teria sido feita com aparência de legalidade —
isto é, com o devido registro no TSE. O que salta do depoimento de
Pessoa é que havia um óbvio clima de chantagem na relação: ou a empresa
doava ou encontraria dificuldades na relação com a Petrobras.
A tese do cartel
Pessoa ainda negocia um acordo de delação
premiada. E faz tempo! E por que não sai? Até onde se sabe, o
empreiteiro não aceita um dos pilares da tese sustentada pelo Ministério
Público e pelo juiz Sérgio Moro: a existência do cartel. Vocês sabem o
que penso a respeito: que houve uma penca de crimes, houve. Cometidos
pelos empreiteiros também. A acusação de cartel, no entanto, chega a ser
ridícula. A menos que se ignorem o sentido dessa palavra e a definição
desse crime. Desde o
começo dessa operação, chamo a atenção para o óbvio: a suposta
existência do cartel transfere para as empreiteiras a responsabilidade
principal pela estrutura criminosa do petrolão e alivia os ombros do PT.
Convenham:
um cartel — que, afinal, onde quer que exista, é quem determina o preço e
impede a concorrência — é incompatível com a existência de operadores
de partidos dentro da Petrobras, distribuindo obras, determinando
valores e definindo o percentual da propina. Qualquer pessoa
medianamente informada sabe que cartel é outra coisa. E não só: além dos
operadores que estavam nas estatais, havia o gerenciamento externo da
operação, segundo o relato de Pessoa, feito por Vaccari.
Cabe,
caminhando para o encerramento, uma pergunta: se o MP continua com a
ideia fixa do cartel e impede Pessoa de fazer revelações importantes
sobre as suas relações incestuosas com o PT, parece-me que quem perde é a
verdade dos fatos, não é mesmo? O epicentro
desse escândalo, a exemplo do que se viu no mensalão, é político. A tese
do cartel só serve para jogar água no moinho dos que pretendem impor ao
país o financiamento público de campanha — muito especialmente o PT.
Os
hipócritas do petismo afirmam que o mal da política está na doação de
empresas privadas a campanhas eleitorais. Eis aí: segundo se entende do
depoimento de Pessoa, o partido usava a doação legal para lavar propina,
mas só isso não bastava: recorria, como parece ser um hábito, ao caixa
dois. Pergunta final: se as empresas estiverem proibidas de doar na
forma da lei, o PT vai parar de receber dinheiro na forma da não lei?
A resposta é óbvia.
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