Lula, o ex-presidente
em exercício, é cafajeste até não mais poder (com
trocadilho, por favor). Percebendo
o tamanho e a profundidade do buraco em que meteu o PT e a presidente Dilma, prepara mais um golpe. Aliás, coisa corriqueira em
sua trajetória de vida. Lula resolveu agora virar “oposição” do seu próprio partido e transformar-se no maior
crítico de sua criatura, a mãe do PACo e gerente competente, Dilma Vana Rousseff.
O Brasil já perdeu muito tempo
com o Lula e o lulismo. Uns 20 anos pelo menos. Imaginem o incrível salto para adiante que o
país poderia ter dado se o Lula tivesse um miligrama de estadismo, preparo e
entendimento da História. Além de herdar o Brasil “arrumado” do governo FHC, tinha cacife político para aprofundar as
reformas estruturais que a Nação tanto precisa. Poderia, mercê da conjuntura
internacional positiva, ter realizado grandes investimentos em Educação,
Infraestrutura e Saúde. Poderia, enfim, ter entrado para a História pela porta
da frente. Mas, como dizia o Barão de
Itararé, o bisavô dos humoristas: “de
onde menos se espera, é de lá que não sai nada mesmo”.
Lula preferiu chafurdar
na lama
do patrimonialismo, da demagogia, da incompetência e da desonestidade, e ninguém deveria se surpreender
com isso.
Um
breve exame da biografia do Lula (ou será prontuário?) não deixa a menor dúvida do que
nos esperava ao dobrar a esquina. Oriundo de família desfuncional, como
tantas no Brasil, o problema do Lula não foi ter
nascido pobre. Milhões de brasileiros nascem e morrem pobres. Todo mundo enfrenta dificuldades na
vida e, mesmo assim, incorpora valores morais e éticos, constrói uma família,
trabalha, enfim, vive uma existência modesta mas digna.
Dona
Lindu, abandonada pelo marido alcoólatra, assoberbada na luta pela
sobrevivência da prole, talvez não tenha conseguido arrumar nem tempo nem forças para edificar valores no seio do lar. Mas isso também não
serve como desculpa para os desvios de
conduta do Lula. Afora o curso de torneiro no
Senai, Lula nunca foi afeito ao
aprendizado e muito menos ao trabalho. Perspicaz, percebeu na burocracia
sindical uma possibilidade de escapar do estafante chão da fábrica.
Lula pode ser um homem
ignorante, grosseiro até, mas de burro não tem nada. Apesar da inteligência inata, Lula desenvolveu um enorme complexo por sua ignorância formal
e pela pobreza material. Por isso mesmo, Lula
elegeu como objetivo de vida acabar com
a pobreza. A sua, no caso. Aliás, nada contra isso, só discordo é
dos métodos e caminhos escolhidos. Lula abriga dentro de si um enorme
ressentimento. Começa aí, talvez, o discurso do “eu contra eles”, que acabou virando depois “o nós contra eles”.
Esperto como o capeta, Lula se apropriou do “novo movimento sindical do ABC” que
surgiu no fim dos anos 70, em contraposição ao pelego da ditadura, o notório Joaquinzão.
No sindicato Lula conhece, gosta e cultiva com prazer
as benesses do poder. E como gosta… Essa história está muito bem contada no
livro O Que
Sei de Lula, do jornalista José Nêumanne Pinto, vale a pena ler.
Logo em seguida, na esteira da criação do partido Solidariedade na Polônia por
outro operário, Lech Walesa, funda-se o
PT no Brasil.
Carismático,
Lula teve um papel importante na organização das greves do ABC ao final dos
anos setenta e era cortejado pelos partidos de esquerda (ainda na ilegalidade), inclusive pelo PCB onde eu
militava. Astuto, Lula percebeu que, no recém-nascido PT, ainda com uma
estrutura partidária frágil, seria mais
fácil impor a sua liderança, que não admite concorrência. Assim, Luiz Inácio também se apropriou do PT
sociedade com o seu comparsa, o Zé Dirceu.
Lula se aboletou no PT, que virou uma farandola de várias tendências de
esquerda, todas sem uma clara definição de tática ou estratégica, e de conteúdo
ideológico raso, para não dizer ignorante, nas coisas do marxismo e nos
problemas da realidade contemporânea, fenômeno comum na dita esquerda
latino-americana. Mas uma coisa tinham em comum: não se entendiam uma com as
outras.
Lula e seu amigo Zé fundaram mais
uma tendência, o Campo Majoritário que, como o nome já diz, conquistou a hegemonia no
partido. Em vez de Mimi – o metalúrgico do filme de Lina Wertmuller
–, tínhamos o nosso Lula, o
metalúrgico seduzindo os intelectuais, a Academia,
os estudantes e, principalmente, a mulherada… O operário chegava ao Paraiso! Militante do PCB, tomei conhecimento
das primeiras greves na Scania, acompanhava as assembleias no estádio de Vila
Euclides e, confesso, via com simpatia a sua liderança ao mesmo tempo em que
desconfiava do seu radicalismo oportunista. Achava aquilo meio “jogo de cena”.
Nos tempos da ditadura, os
partidos de esquerda, ainda na clandestinidade, se
apropriaram de recursos gerados em seus braços legais, como sindicatos,
entidades estudantis e movimentos populares. O PCB não era exceção, mesmo porque o Ouro
de Moscou, que a União Soviética mandava – mandava, sim, senhor! – não era suficiente
para bancar a luta revolucionária.
Não quero
me justificar, mas havia a atenuante de que, na ditadura, eram partidos postos
na ilegalidade, clandestinos, não havia outra forma de custear o seu
funcionamento. O PT, mesmo na legalidade, levou essas “práticas políticas heterodoxas” às últimas
consequências, já que, no socialismo, os fins justificam os meios… Isso
se fortaleceu quando os petistas começaram a se eleger
nas prefeituras e implantaram o lucrativo sistema em contratos de coleta de
lixo e assemelhados, drenando o dinheiro público para fortalecer o
partido, além do que, claro, sempre sobra algum qualquer para o uísque e o
charuto da companheirada. [a afinidade do PT com o lixo é
tamanha que a primeira prefeita eleita pelo PT governou Fortaleza, Maria
Luiza... o sobrenome não recordo......... se enrolou exatamente com
lixo........ transformou Fortaleza em um lixão; ...... Palocci em Ribeirão
Preto também teve seus momentos de idílio com o lixo; ..................Celso
Daniel – cadáver insepulto que ainda hoje apavora a petralhada – também
chafurdou no lixo......]
Ah!!! O Poder!!! E como tem
dinheiro no poder! O PT mafioso foi se fortalecendo em governos estaduais, comissões
parlamentares (com trocadilho) e quetais e quitandas. E ai de quem fosse contrário às diretrizes partidárias! Não estão mais aí o ex-prefeito Celso Daniel e
o Toninho de Campinas para provar o que escrevo.
Quando,
finalmente, o PT com Lula conquistou o
poder federal, então foi o Céu na Terra! Mas a roda da
História gira e hoje a carroça petista,
atolada em contradições, mal se arrasta levando consigo o Brasil. Lula, que não quer largar o osso, aprofundou sua personalidade raivosa, acusa as elites às
quais ele mesmo pertence. Cada vez mais o mundo de Lula se transforma no
eu contra o resto. Para permanecer no
poder Lula, não hesita em arremessar um brasileiro contra o outro. Para Lula, só poder interessa, o poder traz segurança,
bem-estar e benquerença. Para ele, é
claro. E Lula adora ser adulado.
Lula precisa estar cercado de áulicos e puxa-sacos, os quais não vacila em sacrificar em função de seus
interesses mais mesquinhos. Lula
virou uma espécie de Stalin do PT, partido que hoje ele está a ponto de
renegar. Este
mesmo PT que Lula ajudou a transformar num partido de funcionários públicos
medíocres, cujo entendimento do Estado é como um meio de vida
parasitária. Este
mesmo PT que no jogo político não tem adversários, mas inimigos que devem
ser obliterados.
Lula nunca foi nem nunca será um
estadista. Lula
jamais pensou em transformar a realidade do país nem em projetar o futuro do
Brasil. Ele só se interessa em mudar uma
realidade, a dele.
E tenho dito.
Fonte:
Marcelo
Madureira – Coluna na Revista VEJA
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