A fala mais estúpida de Dilma em cinco anos:
presidente desqualifica delatores lembrando que ela não contou nada nem sob
tortura. O que ela acabou dizendo? O óbvio!
A presidente Dilma
Rousseff está tomando algum remédio? Está ainda sob os efeitos daquela droga, ou, sei lá, daquela
entidade, que
a fez saudar a mandioca e que a levou a concluir que só nos tornamos “homo sapiens” — e “mulheres sapiens”, para aderir à sua particular taxonomia — depois que fizemos
uma bola com folha de bananeira?
Por que pergunto
isso? Dilma
está em Nova York e decidiu falar sobre a delação de Ricardo Pessoa, dono da
UTC, que confessou ter feito doações ilegais ao PT e
ter repassado R$ 7,5 milhões à campanha presidencial do partido porque se
sentiu pressionado por Edinho Silva. A presidente avançou num terreno
perigosíssimo de dois modos distintos, mas que se combinam.
Sobre as doações,
afirmou:
“Não tenho esse tipo
de prática [receber doações ilegais]. Não aceito e jamais aceitarei que
insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro,
porque não houve. Segundo, porque, se insinuam, alguns têm interesses
políticos”.
Trata-se de um daqueles raciocínios de
Dilma que flertam com o perigo e que
atropelam a lógica. Pela lei, a candidata é, sim,
responsável pelas contas de campanha. Mas todos sabem que isso sempre fica a
cargo de terceiros no partido. Quem disputa eleição não se ocupa desses
detalhes. Dilma ainda teria esse acostamento para reparar danos. Mas ela é quem é: a partir da declaração
de hoje, assume inteira responsabilidade política pelas doações. Logo, se ficar
evidenciado que houve dinheiro ilegal, foi com a sua anuência. É ela quem está
dizendo. Quanto à lógica, como é mesmo, presidente? “Se insinuam que há dinheiro ilegal, alguns têm interesse político”? Bem,
tudo sempre tem interesse político, né?
A existência do dito-cujo exclui a
ilegalidade. Mas Dilma ainda não havia
produzido o seu pior. Resolveu sair-se com esta: “Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar
e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com
as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns
momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que
resistir, porque se não você entrega seus presos.”
A fala é de uma
estupidez inigualável, talvez a pior produzida por ela. A conversa sobre
mandioca e bola de folha de bananeira integra apenas o besteirol nacional. Essa outra não. Vamos ver, pela ordem:
1
– Dilma compara situações incomparáveis; no tempo a que ela se refere, havia uma
ditadura no Brasil; hoje, vivemos sob um regime democrático;
2 – consta que ela foi torturada; por mais que se queira, hoje, associar determinadas pressões a tortura, trata-se de mera figura de linguagem;
3 – Dilma exalta a sua capacidade de resistência e disse que mentiu mesmo sob tortura, o que gerou certa confusão, com a qual ela soube lucrar;
4 – como não concluir que ela está sugerindo que ou Ricardo Pessoa (e o mesmo vale para os demais delatores) deveria ter ficado de boca fechada ou deveria ter mentido?;
2 – consta que ela foi torturada; por mais que se queira, hoje, associar determinadas pressões a tortura, trata-se de mera figura de linguagem;
3 – Dilma exalta a sua capacidade de resistência e disse que mentiu mesmo sob tortura, o que gerou certa confusão, com a qual ela soube lucrar;
4 – como não concluir que ela está sugerindo que ou Ricardo Pessoa (e o mesmo vale para os demais delatores) deveria ter ficado de boca fechada ou deveria ter mentido?;
5
– querem avançar nas implicações da comparação? O Brasil era, sim, uma
ditadura, mas Dilma, era, sim, membro de
um grupo terrorista. O estado brasileiro era criminoso, mas o grupo a que ela pertencia
também era. Se ela faz a associação entre os dois períodos, está admitindo que os crimes de agora
existiram, sim, mas que os delatores deveriam ficar calados;
6 – eu não tenho receio nenhum de dizer que um delator não é o meu exemplo de ser humano, mas não sou diretamente interessado no que ele tem a dizer; Dilma sim;
7 – ao afirmar o que afirmou, Dilma não está se referindo apenas a Pessoa, mas a todas as delações. Na prática, desqualifica toda a operação que, a despeito de erros e descaminhos, traz à luz boa parte da bandalheira do petismo.
6 – eu não tenho receio nenhum de dizer que um delator não é o meu exemplo de ser humano, mas não sou diretamente interessado no que ele tem a dizer; Dilma sim;
7 – ao afirmar o que afirmou, Dilma não está se referindo apenas a Pessoa, mas a todas as delações. Na prática, desqualifica toda a operação que, a despeito de erros e descaminhos, traz à luz boa parte da bandalheira do petismo.
Dilma está tentando
jogar areia nos olhos da nação. O que tem a ver as agruras que sofreu
com esse momento da história brasileira? Sobra sempre a suspeita de que, em razão de seu passado
supostamente heroico, deveríamos agora condescender com a bandalheira.
O país foi assaltado por uma quadrilha. Uma
quadrilha que passou a operar no centro do poder. E a presidente pretende sair desse imbróglio
desqualificando toda a investigação e ainda posando de heroína.
Dilma falando sobre
mandioca e bola de folha de bananeira é uma poeta.
Fonte:
Blog do Reinaldo Azevedo
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