O escândalo em torno da
roubalheira na Petrobras subiu a rampa do Palácio do Planalto onde despacham o ministro da Secretaria de
Comunicação Social Edinho da Silva, o
ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República Aloizio Mercadante, e a presidente da República Dilma Rousseff.
Em
outro front, bateu à porta do Instituto Lula, na capital paulista, onde
costuma ser encontrado o ex-presidente. De duas, uma. Ou o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, chefe do cartel de
empreiteiras que roubou a Petrobras, é um delirante
formidável ou fala a verdade. Sua delação premiada contém detalhes
capazes de causar inveja a bons romancistas. O que um delator conta à Justiça
só vale se for provado. Se mentir, perderá o direito a uma pena menor. Qual a vantagem de
mentir, portanto?
Pessoa
disse que pagou
propina a políticos de vários partidos e ao PT com dinheiro desviado de contratos superfaturados
para a prestação de serviços à Petrobras. Edinho, tesoureiro da campanha de Dilma no ano passado, tomou
dinheiro de Pessoa. Bem como Mercadante, candidato ao governo de São
Paulo em 2010. Bem
como Lula, naturalmente, para a campanha que o reelegeu em 2006.
Dilma
viajou de cabeça quente ao encontro de Barack Obama. Por sinal, sempre que o
então presidente José Sarney viajava, Fernando Henrique Cardoso repetia: “A crise viajou”. O comentário não se
aplica a Dilma. A crise não é somente ela. A crise tem mais a cara de Lula e do PT. De Lula que
inventou Dilma. Dele e do PT que protagonizaram até aqui os maiores
escândalos da história do país.
O mensalão é a mais
ruidosa obra do primeiro governo Lula. Virou trocado a se comparar com a roubalheira na
Petrobras. Dilma não é inocente no caso
da Petrobras. Quem foi ministra das
Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, e sempre
fez questão de cuidar dela, não pode ser
inocente. Lula, porém, por obra, graça ou omissão é
o responsável por tudo. Dilma não passa de uma gerentona sem talento,
arrogante, refratária a pessoas em geral e dona de ideias econômicas
ultrapassadas. Está sobrando na espaçosa cadeira que ocupa.
Para
agravar a desdita dela – ou melhor: a
nossa – é vítima de algo tão nativo como a jabuticaba. Pois Lula inverteu a ordem natural das coisas e age como o
criador que tenta agora destruir a criatura.
Lula elegeu Dilma para
mandar no governo dela e sucedê-la depois de quatro anos. Dilma nem deixou que ele mandasse tanto, nem renunciou ao
direito de concorrer ao segundo mandato.
Há mais
de um ano, Lula só faz criticá-la -
ultimamente, porque teme ser preso e acha que Dilma nada faz para defendê-lo.
Até que há 15 dias, Lula ultrapassou
todos os limites. Declarou guerra a
Dilma. Ele e o PT. Procede como um implacável adversário dela,
enfraquecendo-a – e ao seu governo -
por toda parte. Emite sinais de que, no limite, poderá entregar a cabeça de Dilma para preservar a sua. Não duvidem.
Lula é amoral, e dá provas disso com
frequência. Se necessário, negociará com o PMDB e outros partidos aliados do PT a
substituição de Dilma por Michel Temer, o vice-presidente. Em 2018, se quiser ou
se puder, tentaria voltar ao lugar de onde jamais gostaria de ter saído.
(Saudades do sanduíche de ovo servido a
qualquer hora da madrugada!) Afinal,
foi nele ou a partir dele que descobriu os luxos que só as grandes fortunas
proporcionam.
Fonte: Ricardo Noblat – Blog do Noblat
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