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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Dilma dá chilique quando Diz que Joaquim Levy perdeu poder; ela garante que ele continua poderoso, só não é ouvido

Dilma afirma que ministro da Fazenda não perdeu poder

Joaquim Levy era contrário à ideia de se anunciar neste momento a redução da meta fiscal

[Dilma saindo, o que fatalmente ocorrerá no segundo semestre, talvez até em 24 de agosto, os equívocos e a crise se acabam.]

 A presidente Dilma Rousseff ficou muito contrariada com informações dando conta de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, perdeu a disputa com o titular do Planejamento, Nelson Barbosa, sobre a redução da meta fiscal. Antes do almoço, ela chegou a telefonar para assessores pedindo que destacassem a importância de Levy para o governo.  “Levy é o avalista da política econômica”, disse um auxiliar da presidente. A preocupação de Dilma, ao longo do dia, foi desfazer a imagem de que o ministro da Fazenda estaria enfraquecido.
Embora a tese de Levy de deixar o anúncio do corte na meta fiscal mais para a frente tenha sido vencida, ele não perdeu poder nem a confiança da presidente. Ao divergir do ministro Nelson Barbosa, que queria reduzir logo a meta de superávit primário, Levy alertava para o risco de dar sinais contraditórios sobre o ajuste fiscal. Para o ministro da Fazenda, o melhor momento para a mudança, se ela de fato tivesse de ocorrer, seria setembro.

Até segunda-feira, o debate sobre a meta fiscal estava aberto dentro do governo. Dilma foi convencida por Barbosa na terça, diante da acentuada queda de arrecadação, agravada pelo fato de os parlamentares não terem concluído a votação, no Senado, do projeto que revê a desoneração da folha de pagamento das empresas.
Ainda naquela terça, Levy fez questão de dizer que mudar a meta fiscal não significava o fim do ajuste. Na ocasião, chegou a afirmar quer era preciso considerar uma meta “realista” e “factível", indicando que poderia mudar de posição.

Dilema
“A realidade se impôs”, afirmou um ministro, que também participou das reuniões. “O dilema estava em cumprir a meta de 1,1% do PIB e paralisar a economia ou deixar o Estado funcionar. Não tínhamos opção.”
A reação negativa do mercado com as notícias de que a decisão de reduzir a meta agora poderia significar um afrouxamento do ajuste e o enfraquecimento de Levy preocupou muito a equipe do governo, que passou o dia garantindo o prestígio do ministro da Fazenda.
Temia-se, ainda, que essas informações pudessem ter repercussão internacional, atingindo a credibilidade do País, ainda mais depois do editorial do jornal britânico Financial Times, que comparou a situação política e econômica do Brasil a um “filme de terror sem fim”. No Planalto, o editorial foi considerado “absurdo”.


Nós não jogamos a toalha, mas temos de fazer uma política realista, diz Levy
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na noite desta quinta-feira, 23, que é uma pessoa transparente e que não jogou a toalha ao ter que anunciar a redução da meta de superávit primário. "Nós não jogamos a toalha, pelo contrário, nós vamos continuar a nossa política com muito vigor, mas ela tem que ser uma política realista", disse em entrevista à jornalista Miriam Leitão, transmitida nesta quinta-feira pela GloboNews.


Nesta quarta-feira, o governo reduziu a meta de superávit primário de 1,13% (R$ 66,3 bilhões) para apenas 0,15% (R$ 8,74 bilhões) e fez mais um corte de R$ 8,6 bilhões nas despesas deste ano. Levy, que participou do anúncio, ao lado do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que é "um equívoco" a especulação de que ele teria sido voto vencido, pois preferia anunciar a redução da meta em um momento mais à frente. "Deve ser um equívoco, nunca disse pra deixar para mais tarde. Eu trabalho com transparência", afirmou, destacando que já vinha sinalizando que a meta seria ajustada por conta da frustração de receitas.

Levy reforçou que o objetivo do governo é diminuir a incerteza da economia e retomar o crescimento do País e que ajustar a meta não significa afrouxar a política fiscal. "A gente tem um rumo e a gente está fazendo um ajuste de como chegar lá", disse. "Não é um afrouxamento, mas também não adianta ter números imaginários."  Segundo Levy, olhar as metas é algo fundamental, mas não se pode deixar de prestar atenção em outros instrumentos para tratar a questão da divida pública. "A gente tem preocupação em como lidar com a trajetória da dívida", disse. O ministro destacou que o realinhamento de preço já começou a trazer resultados que ajudam na mudança na política econômica.

Ao fazer um balanço do seu trabalho no primeiro semestre do ano, Levy disse que a situação deve melhorar daqui para frente. "A gente parou de piorar do ponto de vista estrutural e está começando a melhorar", afirmou. Ele destacou que o governo vai continuar tomando medidas para colocar as contas em ordem. "Na verdade, o governo aumentou o contingenciamento. O governo vai continuar cortando na carne, mas tem coisas que depende do Congresso", disse.

O ministro destacou que agora a decisão da nova meta precisa do aval do Congresso e disse que está conversando com parlamentares explicar a necessidade do ajuste fiscal. "Quem define a meta é Congresso", afirmou. "Nem todo mundo principalmente quando você olha a Câmara dos Deputados, nem todo mundo ali pensa em economia o dia inteiro, o cara tem a agenda A, um olha ecologia, outro olha necessidades especiais de algumas pessoas, outro gosta de relacionamentos internacionais. Quando houve uma mudança, houve uma mudança forte da situação que a gente está vivendo, até dos rumos da economia. Demora um pouco de tempo para as pessoas entenderem", afirmou Levy.

Levy reconheceu que o momento no Congresso é duro, mas disse que continuará mostrando a importância do ajuste para os parlamentares. "Vivemos no regime da persuasão na democracia, tentando convencer pessoas", disse. O ministro minimizou as derrotas sofridas no Congresso que dificultaram o ajuste e disse que pode ter havido "equívocos", mas governo está lidando com a situação. "A expectativa com o Congresso no segundo semestre é de que não ocorram esses equívocos." 


Fonte: Agência Estado

 

 

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