Há
cinco dias, quando o governo decidiu
baixar a meta oficial de superávit primário de 1,1% para 0,15% do PIB, escrevi aqui o seguinte: “Mais: todos têm a consciência de que as agências se classificação de
risco deixaram claro que a situação fiscal será a pedra de toque da análise que
farão da economia brasileira.
Por enquanto, o governo conseguiu produzir a recessão que se dava como certa, mas ainda não viu os efeitos positivos do corte de gastos — até porque eles cresceram — e da elevação da taxa de juros. Estamos na fase em que, para melhorar, será preciso piorar bastante.
O mercado só não sabia que o buraco era tão fundo. Agora sabe. Levy, em suma, virou o guardião de uma equação que parece sem solução. Pior para todos”
Pronto! A Standard & Poor’s fez a advertência, e o rebaixamento é agora mais do que uma possibilidade ruim: vai se materializando. É claro que o mercado antecipa a hora, não espera acontecer. Põe
um preço na realidade. O dólar imediatamente disparou e chegou a R$ 3,44; depois, recuou um pouco para o
patamar os R$ 3,40, mas já é a maior cotação
desde 2003, ano em que o PT chegou ao
poder, cercado por justa desconfiança.
Vale dizer, de 2003 a 2015, o PT nos
conduziu de um dólar de R$ 3,40 para um dólar de R$ 3,40: de uma inflação de 9,3% para uma inflação de 9,3% (até agora; tudo indica que vai para dois
dígitos); de um crescimento de 1,2% para uma recessão de
que pode superar 2%. Entre
uma ruindade e outra, tivemos mensalão, aloprados, petrolão, eletrolão e
quantos outros aumentativos da impostura vocês queiram acrescentar aí. O PT é o
pior caminho entre dois pontos.
E assim é por três motivos:
a: porque o PT passou a governar o país das sombras, e, como se diz em Dois Córregos, a cada enxadada, aparece uma minhoca;
b: porque a roubalheira despertou vocações justiceiras, e já há quem não consiga distinguir o lícito do ilícito;
c: porque ninguém mais confia no governo.
A eventual passagem do país do grau de investimento para o grau especulativo é o cenário de terror com o qual ninguém gostaria de lidar. Mas a coisa está aí, batendo à porta.
Standard
&Poor’s muda perspectiva de nota do Brasil para negativa
Na VEJA.com:
A agência de
classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P) alterou a perspectiva do rating BBB - do Brasil de estável para negativa. A nota da agência
representa o último degrau na escala com grau de investimento, espécie de selo
de bom pagador, reconhecido por investidores. Com a revisão da perspectiva, que
antes estava ‘neutra’, o rebaixamento se torna
realidade cada vez mais plausível.
A agência citou que a série de investigações de
corrupção entre certas empresas e políticos pesa cada vez mais sobre os
cenários econômico e fiscal brasileiros. Mencionou ainda que o país enfrenta
circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras “apesar do que consideramos ser uma correção de política significativa
durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”. “Apesar das mudanças generalizadas de
política em andamento, que continuamos a acreditar que tem o apoio da
presidente, os riscos de execução aumentaram. Na nossa visão, esses riscos
derivam tanto do front econômico quanto político”, afirmou a S&P em
nota.
O cenário político conturbado
também pesa neste momento, em que o governo depende muito do Congresso – em pé
de guerra com o Executivo – para
aprovar as medidas de ajuste fiscal. Nesta manhã, o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, voltou a afirmar que fará todos os esforços junto ao Legislativo “para garantir a previsibilidade fiscal”. A
agência lembra ainda que a dinâmica complexa entre o PT e o PMDB, que havia
diminuído sob a coordenação política do vice-presidente Michel Temer,
reapareceu. “Isso gera a perspectiva de
apoio no Congresso um pouco menos consistente para aprovar as medidas
necessárias de ajuste fiscal, até mesmo um pouco diluído, em comparação com o
que já tínhamos observado e esperado no início deste ano”, afirma. A S&P destaca ainda os desafios
enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia”. A agência
diz ainda que não trabalha com um cenário base de impeachment de Dilma.
Para a Moody’s, o rating do
Brasil é Baa2, com perspectiva negativa, dois degraus acima do
grau especulativo. Para a Fitch, o
rating do Brasil é BBB, com perspectiva negativa, e também dois degraus acima do
grau especulativo. No início do mês, a equipe de analistas da Moody’s esteve em
Brasília reunida com ministros e o presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini, para entender os passos a serem percorridos pelo país para que a
situação fiscal seja controlada.
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