Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A política, a economia e as instituições

As instituições brasileiras nas esferas judiciária, policial e do Ministério Público estão agindo republicanamente, não se curvando a injunções políticas e partidárias

Algumas constatações se impõem. Na crise, o Brasil cada vez se afunda mais. A recente redução do superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15 é o reconhecimento de que a mudança pretendida é muito mais difícil e demorada do que se pretendia inicialmente. Na verdade, a equipe econômica foi simplesmente incapaz de reduzir os gastos públicos, dado o inchaço da máquina pública brasileira.

Ocorre que, nos últimos 13 anos, houve um aumento generalizado de gastos sociais, de atendimento a funcionários públicos, de infrutíferos gastos em educação com universidades de baixa qualidade pululando pelo país, além de créditos a estudantes incapazes de fazer uma redação e assim por diante. Tudo evidentemente em nome do social, como se os recursos públicos fossem simplesmente ilimitados, bastava a tal da “vontade política”, que nos levou a esse grande impasse e descontrole da economia em geral.

Tão pesado é esse fardo, essa herança maldita, que a agenda do governo consiste, paradoxalmente, na discussão sobre aumentos salariais, tendo como mote o despropositado aumento de funcionários do Judiciário em torno de 70%. [aqui cabe lembrar que não se trata de aumento salarial para os funcionários do Poder Judiciário;
o que está sendo tentado é a reposição das perdas salariais que se acumulam desde 2006; 
qualquer imbecil, até mesmo petista, se totalizar os índices inflacionários de 2006 para 2014, vai constatar valor superior ao aprovado pelo Congresso e vetado pela 'cérebro baldio' que senta na cadeira presidencial.
Pergunto aos membros da imprensa que insistem em considerar aumento salarial a reposição de perdas salariais que o Congresso concedeu aos servidores do Judiciário, por que não somam os reajustes salariais que os MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO RECEBERAM de 2006 até agora e não cotejam o resultado com o obtido pelos servidores do Judiciário no mesmo período?] Contudo, não é só isto. 

Discute-se a eliminação do fator previdenciário, podendo levar a uma quebra de uma Previdência já quebrada. [clique aqui e saiba sobre a fraude, ou a FALÁCIA do  DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO.] Discute-se, também, o reajuste dos aposentados nos mesmos índices do aumento do salário mínimo, além da inflação. A política petista colhe os seus frutos. [mantendo a política de conceder reajuste aos aposentados em percentuais inferiores aos  índices do aumento do salário mínimo, o que ocorrerá, inexoravelmente, é que a cada ano o salário mínimo e os aposentados que ganham até um salário mínimo terão um reajuste sempre superior ao concedido aos aposentados que se aposentaram com valor superior a um salário mínimo (por terem  contribuído a vida inteira sobre um valor superior ao salário mínimo e não por benesse do governo), fazendo com que a diferença salarial entre os que recebem aposentadoria no valor de um SM se reduza, em face da redução do valor recebido pelos aposentados que ganharam toda a vida, e também contribuíram, sobre valor superior a um SM.
Será a nivelação por baixo, a distribuição equitativa da miséria = todos miseráveis.]
 
Há um fato incontornável que salta aos olhos. A crise atual está mostrando que o Estado não cabe dentro de sua economia. Gasta mais do que arrecada e, mesmo assim, não consegue oferecer atendimento adequado em áreas tão necessárias como educação básica e saúde. De nada adiantam as bandeiras salariais e os tais de “direitos adquiridos”, pois um dia a realidade se impõe. E ela está se impondo. Pode-se protelar a situação como a Grécia o fez, mas um dia a conta terá de ser paga. Discursos esquerdistas não servem nem mais para o teatro, pois são curtos e de uma dramaticidade lamentável.

Acontece que essa crise econômica possui também um forte componente político que só parece se aprofundar em vez de se encaminhar para o seu equacionamento. E o componente político se torna ainda mais problemático, tendo em vista que os seus atores estão sendo comprometidos em processos de tipo criminal. Ou seja, a crise econômica depende de uma crise política que, por sua vez, está atrelada a processos investigativos e criminais. A política diante dos tribunais!

A crise política imobiliza atores e acirra conflitos por estes estarem envolvidos em ações penais e criminais. A política está sendo lida nas páginas policiais. Em uma situação deste tipo, o seu desenlace termina por depender de investigações policiais e do Ministério Público, e de seu julgamento pelos tribunais. Eis por que a crise econômica não tende a arrefecer, pois o seu desfecho se situa para além dela. O país está pego em um círculo vicioso. Inegavelmente, as instituições brasileiras nas esferas judiciária, policial e do Ministério Público estão agindo republicanamente, não se curvando a injunções políticas e partidárias. O país vive uma Operação Mãos Limpas. Alguns acreditavam que tal processo não iria se perpetuar e, em algum momento, os tribunais superiores, sob pressão política, iriam anular a Operação Lava-Jato por questões processuais ou aliviar a situação dos grandes empreiteiros envolvidos via concessão de habeas corpus. Também sustentavam que os políticos de alto escalão seriam preservados. [qual político de alto escalão foi punido até agora? até os que foram do alto escalão, tais como Dirceu e Genoíno, tiveram punições simbólicas.] 
 
Ora, sinalizações contrárias já vinham sendo dadas via não concessão de habeas corpus, e o próprio Supremo já autorizou operações de busca e apreensão em escritórios e residências de senadores importantes. As instituições republicanas estão sendo fortalecidas, com forte apoio da opinião pública. O cerco está se estreitando.  Contudo, mesmo aqui, já há um sinal amarelo se acendendo, consistente em uma interferência de tribunais e instâncias superiores neste trabalho, como se juízes, promotores e policiais tivessem chegado a seu limite. O ministro Ricardo Lewandowski suspendeu a análise de um processo da Lava-Jato até que o juiz Sérgio Moro esclareça a citação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por um réu envolvido em uma delação premiada. Do ponto de vista jurídico, ele tem razão. [qual a razão de tanta pressão para investigar Eduardo Cunha e Renan Calheiros - que não são santos, nunca foram e nunca serão - ao mesmo tempo que deixam o Lula livre, leve e solto, alegam que a Dilma não pode ser investigada, quando até analfabetos petistas (tipo Lula) sabem que investigar e processar são coisas distintas.
Será a pressão motivada pelos riscos que Calheiros e Cunha oferecem à Dilma e aos companheiros?
Liquida-se Renan e Calheiros e fica mais fácil esquecer os outros criminosos, especialmente os da GANG COMPANHEIRA.]

O perigo consiste em que não se trate apenas de um “esclarecimento”, mas de uma primeira trava à qual se seguiriam outras, dentre as quais a anulação do processo ou a liberação de prisão dos envolvidos. Seria a desmoralização completa do Judiciário, de consequências imprevisíveis.  O mesmo vale para a Corregedoria Nacional do Ministério Público, que acolheu pedido do ex-presidente Lula ao instaurar um procedimento disciplinar para apurar a conduta de Valtan Timbó Mendes Furtado, procurador responsável por sua investigação criminal. Teria ele cometido a imprudência de investigar as relações do ex-presidente com a empreiteira Odebrecht, o que seria provavelmente um crime de lesa-majestade! A política está aqui também adentrando o trabalho independente das instituições, acendendo outro sinal amarelo.

Um impasse deste tipo, de múltiplas facetas e condicionantes, exigiria uma autoridade política capaz de desatar esses nós que se enosam entre si. Ora, a presidente está, por sua vez, enosada em si mesma, com discursos incongruentes e práticas de governar que se contradizem entre si, sem nenhum reconhecimento de seus erros passados.  Sua aprovação de ótimo/bom de 7% perde para a inflação de 9%! Está praticamente isolada, além de ilhada em seu círculo íntimo. O momento exigiria uma atitude de estadista, voltada para um grande governo de união nacional. Se não mostrar competência e apetite para isto, o país continuará em um processo de crises sucessivas de maior ou menor intensidade ou deverá ela encarar os fatos e renunciar, em nome do Brasil. [paciência: esperar que a Dilma tenha atitude de estadista é uma esperança tão absurda quanto esperar que Stalin, seu satânico mentor, se arrependa dos crimes que cometeu quando dirigiu os destinos da Rússia.]

Por: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Publicado em O Globo

Nenhum comentário: