O
gigante se contorce todo para não ver que o petrolão é parte de um processo de
pilhagem
O gigante está sambando. Num ataque crônico de sonambulismo, ele vem requebrando freneticamente - em formidáveis acrobacias para manter Dilma Rousseff no Planalto. A cada novo petardo da Lava Jato expondo a indústria de corrupção montada pelo PT no topo da República, o gigante mostra seu poder de esquiva, No melhor estilo Ronaldinho Gaúcho, ele olha sempre para o lado em que a bola do petrolão não está. E acaba de contrair um doloroso torcicolo, em sua guinada para não ver a literatura explosiva dos bilhetes de Marcelo Odebrecht na cadeia.
O gigante está sambando. Num ataque crônico de sonambulismo, ele vem requebrando freneticamente - em formidáveis acrobacias para manter Dilma Rousseff no Planalto. A cada novo petardo da Lava Jato expondo a indústria de corrupção montada pelo PT no topo da República, o gigante mostra seu poder de esquiva, No melhor estilo Ronaldinho Gaúcho, ele olha sempre para o lado em que a bola do petrolão não está. E acaba de contrair um doloroso torcicolo, em sua guinada para não ver a literatura explosiva dos bilhetes de Marcelo Odebrecht na cadeia.
O Brasil já mostrara toda a sua
ginga ao virar a cara, numa pirueta radical, para o encontro secreto de Dilma com Lewandowski em Portugal.
A presidente da República e o presidente do Supremo Tribunal
Federal, irmãos de credo, reúnem-se às
escondidas fora da capital portuguesa, no momento em
que o maior escândalo de corrupção da história do país (envolvendo o
governo dela) tem seu destino nas mãos da instância judiciária máxima (presidida
por ele). Normal. No que o encontro
vazou, a dupla explicou tudo: a reunião foi para discutir o reajuste dos
servidores da Justiça.
Perfeitamente
compreensível. Não há outra forma de
discutir salário de funcionários públicos a não ser cruzando o Oceano
Atlântico para um cafezinho clandestino. No Brasil, é
mais fácil uma aberração dessas virar rap — o Proibidão do Porto — do que acordar a plateia para os riscos
que rondam a Operação Lava Jato. Como os
brasileiros se cansaram de ver no mensalão - ou pelo visto não se cansaram —, esse gato se esconde com o rabo de fora.
A inabalável posição de
Lewandowski pró-mensaleiros, em harmonia com a inabalável lealdade de Dilma aos
companheiros apanhados em situação de roubo, é a sinfonia que se
repete no petrolão. Entre as cenas que se seguiram ao
Proibidão do Porto está o cerco ao
presidente da Câmara, Eduardo
Cunha - personagem venenoso que fustiga o governo. Surgiram
oportunamente indícios, embalados por declarações providenciais do procurador
Janot - um homem providencial - empurrando Cunha para o STF de Lewandowski. O presidente da Câmara respondeu que não vê problema em ser investigado
no Supremo, desde que Dilma seja também.
É esse
tipo de comentário que faz o gigante rebolar. Como assim, investigar Dilma? Por que
investigar a presidenta mulher, mãe, avó e que até tem um cachorro? Que
foi perseguida pela ditadura? (Embora hoje não se saiba ao certo quem
persegue quem.) De sua cela, Marcelo Odebrecht mandou a resposta: porque ela recebeu dinheiro sujo do petrolão diretamente de
uma conta na Suíça para sua campanha presidencial. Que tal? Essa informação foi captada pela Polícia Federal de um
celular do empreiteiro preso, em forma cifrada, mas bastante clara. Como
já vinha se desenhando com clareza nas delações premiadas, praticamente todas apontando para financiamento
de Dilma e do PT com propinas do petrolão, através do ex-tesoureiro
Vaccari.
Por uma
enorme coincidência, a empreiteira é a mesma em favor da qual Lula é suspeito de
fazer tráfico internacional de influência, conforme investigação em
curso no Ministério Público. O instituto Lula diz que vários ex-presidentes
viajam para defender interesses das empresas de seus países. Resta saber se algum deles recebe cachês
estratosféricos das empresas que defendem ou se viaja com uma bolsa BNDES a tiracolo para fazer brotar
instantaneamente qualquer obra em qualquer lugar.
O gigante
se contorce inteiro para não ver que o
petrolão, como o mensalão, é parte de um processo de pilhagem - aí incluídas outras táticas parasitárias como
as pedaladas fiscais, tudo a serviço da transfusão de dinheiro público para
um grupo político bonzinho se eternizar no poder. O Brasil está comendo o pão que o diabo amassou, mergulhando numa
recessão que não segue o panorama mundial, nem continental - e ouve numa boa o
companheiro Ricardo Lewandowski declarar, após o Proibidão do Porto,
que a derrocada econômica nacional é decorrente da crise de 2008 nos Estados Unidos...
Claro que ninguém perguntou nada
ao presidente do STF sobre a conjuntura econômica. Mas não precisa, porque eles estão
ensaiadinhos e são desinibidos. A ópera-bufa não tem hora para acabar, enquanto a platéia
estiver dormindo.
Fonte: Guilherme Fiuza – Revista Época
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