Decano acha que STF muda regra sobre prisão
Num instante em que autoridades já planejam a execução da ordem de prisão de
Lula, o ministro Celso de Mello, decano no Supremo Tribunal Federal, fez duas
previsões que, se confirmadas, podem retardar o envio do líder do PT para o
xadrez. Em entrevista ao Globo, o ministro vaticinou:
1) Cármen Lúcia, a presidente da Suprema Corte, “terá a
sensibilidade” para pautar o julgamento de ações que contestam a regra que
permite o encarceramento de condenados a partir de decisões de segunda
instância;
2) Deve prevalecer no plenário do Supremo uma “posição intermediária”, que condiciona a execução das penas à confirmação da sentença
pelo Superior Tribunal de Justiça, o STJ. Se Celso de Mello estiver certo, a condenação a 12 anos e 1 mês de cadeia,
que o TRF-4 impôs a Lula e deve confirmar nos próximos dias, já não seria
suficiente para colocá-lo atrás das grades [destaque imprescindível: de imediato, mas, logo após a confirmação pelo STJ o criminoso Lula, no caso em hipótese condenado em primeira e segunda instância e confirmada a condenação no segundo grau da segunda instância, seria devidamente colocado atrás das grades - ENCARCERADO soa melhor, cárcere é mais adequado ao Lula que prisão.] O condenado permaneceria em
liberdade até o julgamento dos seus recursos no STJ.
Há um mês, Cármen Lúcia dissera que o Supremo iria se “apequenar” se usasse
a condenação de Lula para alterar o entendimento sobre prisão em segunda
instância. Declarou que não cogitava pautar o julgamento de ações sobre o tema.
Celso de Mello aposta que sua colega mudará de ideia.“Entendo que a ministra Cármen Lúcia terá a sensibilidade para compreender a
necessidade de pautar no plenário o julgamento das duas ações diretas de
constitucionalidade, porque nelas vamos julgar, em tese, de forma abstrata,
questão envolvendo o direito fundamental de qualquer pessoas de ser presumida
inocente.” [Sepúlveda Pertence está tornando o ocaso de sua carreira um fracasso; Celso de Mello, que adiou sua aposentadoria beneficiado pela 'emenda da bengala' segue o mesmo exemplo se deu colega, quando usa sua 'força' de decano da Suprema Corte para constranger sua colega.]
A prisão na segunda instância foi autorizada pelo Supremo em três ocasiões.
A novidade representou uma reviravolta, pois acabou com a mamata de recorrer em
liberdade. Preso, o condenado mantém intacto o direito de recorrer. Mas o
interesse pela procrastinação dos julgamentos deixou de ser um grande negócio. No penúltimo julgamento sobre o tema, o placar a favor da tranca foi de foi
de 7 a 4. No último, foi de 6 a 5. Há na Suprema Corte duas ações que
questionam a decisão —uma do Partido Ecológico Nacional, outra da OAB. E o
ministro Gilmar Mendes, que ajudara a formar a magra maioria, já informou que
mudou de ideia. Aderiu à tese do colega Dias Toffoli, que sugere retardar a
prisão até o pronunciamento do STJ, a terceira instância.
Voto vencido nos julgamentos anteriores, Celso de Mello continua aferrado ao
princípio do trânsito em julgado. Por ele, a pena só pode ser executada depois
de esgotadas todas as possibilidades de recursos aos tribunais superiores de
Brasília. Não crê que o Supremo retroceda tanto. Mas avalia que pode ficar no
meio do caminho. “Eu não sei se prevalece o trânsito em julgado, porque precisamos de seis
votos”, disse o ministro. “Meu palpite é que vai acabar prevalecendo a posição
intermediária, da possibilidade de execução da pena com a sentença confirmada
no STJ.”
Embora Celso de Mello realce que as ações sobre prisão foram protocoladas
antes da condenação de Lula, será difícil dissociar uma coisa da outra. O apequenamento
de que falava Cármen Lúcia está prestes a ocorrer. Não podendo elevar a própria
estatura, a maioria do Supremo flerta com a ideia de rebaixar o teto.
Blog do Josias de Souza
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