A
desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, escreveu nesta sexta
(16) no Facebook que a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada nesta semana, "estava engajada
com bandidos". Afirmou
ainda que o "comportamento" dela, "ditado por seu engajamento
político", foi determinante para a morte. E que há uma tentativa da
esquerda de "agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer
outro".
A
magistrada fazia um comentário abaixo de um texto postado pelo advogado Paulo
Nader na rede social em que afirmava entender a comoção gerada pela morte de
uma "lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida". A
desembargadora então postou o seguinte texto: "A questão é que a tal
Marielle não era apenas uma 'lutadora', ela estava engajada com bandidos!
Foi
eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu 'compromissos' assumidos com seus
apoiadores.
Ela, mais do que qualquer outra pessoa 'longe da favela' sabe como
são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava."
E seguiu:
"Até nós sabemos disso. A verdade é que jamais saberemos ao certo o que
determinou a morte da vereadora mas temos certeza de que seu comportamento,
ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim.
Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um
cadáver tão comum quanto qualquer outro".
Um grupo
de advogados que leu o texto começou a fazer campanha nas redes para que
Marilia Castro Neves seja denunciada ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por
ter "ironizado" a morte de Marielle. [dificilmente esta denúncia vai prosperar, especialmente por não haver ironia no texto da desembargadora e sim uma opinião sobre uma situação.]
A
desembargadora afirmou à coluna que apenas deu a sua opinião como
"cidadã" na página de um colega já que não atua na área
criminal. Ela
afirma ainda que nem sequer tinha ouvido falar de Marielle até a notícia da
morte. "Eu postei as informações que li no texto de uma amiga",
afirma.
"A
minha questão não é pessoal. Eu só estava me opondo à politização da morte
dela. Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção. E
ela também lutava, trabalhava, salvava vidas", afirma.
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