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sábado, 17 de março de 2018

Sabe quem era Cláudio Henrique Pinto? Ele não era mulher, socialista, favelado, gay e negro. É só um cadáver sem pedigree

Sabe quem era Cláudio Henrique Pinto? Ele não era mulher, socialista, favelado, gay e negro. É só um cadáver sem pedigree



Rodrigo Maia é o político mais desleal que conheci desde que acompanho política, há mais de 40 anos. Agora explora um cadáver

Acompanho política desde os 14 anos — fazer o quê, né, gente? Cada um com as suas esquisitices… Jamais conheci político com a deslealdade desabrida de Rodrigo Maia (DEM-RJ). E raramente vi gente tão equivocada ser tão saliente. Não deixa de ser um sintoma desses dias. Até agora, a sua obra mais notável foi quase ter levado seu partido à extinção quando lhe foi passado o comando. Poderia aqui fazer o histórico de suas tolices passadas, mas, convenham, que importância teria?
 
Fico com o Maia do presente.
Até um dia antes da morte de Marielle Franco, o presidente da Câmara mostrava-se um defensor da intervenção. Afinal, a ação conta com o amplo apoio da população do Rio. Como ele vai se candidatar à reeleição para deputado — ou alguém leva a sério a candidatura à Presidência do “neonordestino”? —, cumpre não queimar o filme com o eleitorado. Num primeiro momento, ele ameaçou reagir porque, sabe-se lá por qual motivo, achava que o presidente deveria ter antes pedido a sua autorização… Mas logo resolveu se ater à voz do povo.

Com o assassinato de Marielle, ele passou a disparar críticas à ação do governo. E o fez da forma mais vil e asquerosa possível: afirmou, informa o Painel, da Folha, que o crime é resultado da “falta de planejamento” da operação, que passou a considerar açodada. Vale dizer: Maia se junta ao PSOL, ao PT e às esquerdas, tentando ver se consegue ser aceito por aqueles que o detestam e que o vaiaram sem nenhuma solenidade na sessão da Câmara que homenageou a vereadora morta.

Maia é politica e intelectualmente despreparado. Suas ações são fruto daquilo que foi aprendendo na prática. Não é o único. Há muito o Congresso brasileiro, na média, com as exceções conhecidas, está mais para Escolinha do Professor Raimundo do que para a Academia de Platão. E o presidente da Câmara não se encontra entre aqueles que encheriam Raimundo Nonato de orgulho…

Mas a deslealdade e feita de outro material. Nada tem a ver com a formação intelectual. Nada tem a ver com a inteligência. Lealdade é traço de caráter. Mais: este senhor tem alguma grave distorção na formação do superego, que, no dia a dia, costuma dar às pessoas o senso de ridículo. Eu sempre sou tentado a vê-lo como um caso psicanalítico, ainda mais que tem um pai chamado “Cesar”, notavelmente mais inteligente, mais culto e mais idiossincrático do que ele próprio, que nunca o escolheu como herdeiro político e que, neste momento, faz pouco caso aberto de sua suposta ambição presidencial.

Acabo de ler um texto sobre uma expedição de reconhecimento que o rapaz está fazendo no Nordeste. Foi encontrar alguns parentes distantes na Paraíba.
— Muito prazer, Paraíba, eu sou Rodrigo Maia! — Prazer, Rodrigo Maia! Eu sou a Paraíba.
Comeu carne de bode, mas não cavalgou o jegue. E, está dado, jamais irá cavalgar o Pégaso.

Imposto sindical
Há dois dias, seus aliados tentaram ressuscitar o malfadado Imposto Sindical. Dessa matéria é feito o liberalismo do DEM. É que a gente ficou sabendo, em entrevista recente, que o partido está disposto a descobrir o seu “lado social”, mais ou menos como Maia tenta descobrir o seu lado nordestino.
Muito prazer, social, eu sou Rodrigo Maia! — Prazer, Rodrigo Maia! Eu sou o social.
O presidente da Câmara seria um bom emblema da tragédia intelectual, da covardia e da falta de referências que colhe o chamado “centro político” não fosse ele, a esta altura, uma figura quase cômica. Mas de uma comicidade triste, aborrecida, acabrunhada, como ele próprio. Chegou à Presidência da Câmara com o apoio do presidente Michel Temer, sim, a quem tentou golpear mais de uma vez. E o faz agora, de novo, na ânsia por espaço e por protagonismo. No comando da Casa, resolveu ser reverente às esquerdas e a seus pleitos. E, agora, como se vê, estimula os ataques ao governo federal num momento extremamente delicado. A crítica é de uma irresponsabilidade assombrosa.

O destrambelhamento da Lava Jato, que fez o desfavor de ressuscitar o PT e que levaria à eleição de Lula não fosse o impedimento determinado pela Justiça, só prosperou e fez história porque encontrou pela frente valentes como este senhor.
Há muito tempo a deslealdade marca a sua atuação. Desta feita, no entanto, ele foi longe demais. Afinal, há um cadáver ilustrando a sua fala covarde.

Blog do Reinaldo Azevedo 

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