Sabe quem era Cláudio Henrique Pinto? Ele não era mulher, socialista, favelado, gay e negro. É só um cadáver sem pedigree
Rodrigo Maia é o político mais desleal que conheci desde que acompanho política, há mais de 40 anos. Agora explora um cadáver
Acompanho
política desde os 14 anos — fazer o quê, né, gente? Cada um com as suas
esquisitices… Jamais conheci político com a deslealdade desabrida de
Rodrigo Maia (DEM-RJ). E raramente vi gente tão equivocada ser tão
saliente. Não deixa de ser um sintoma desses dias. Até agora, a sua obra
mais notável foi quase ter levado seu partido à extinção quando lhe foi
passado o comando. Poderia aqui fazer o histórico de suas tolices
passadas, mas, convenham, que importância teria?
Fico com o Maia do presente.
Até um dia
antes da morte de Marielle Franco, o presidente da Câmara mostrava-se
um defensor da intervenção. Afinal, a ação conta com o amplo apoio da
população do Rio. Como ele vai se candidatar à reeleição para deputado —
ou alguém leva a sério a candidatura à Presidência do “neonordestino”?
—, cumpre não queimar o filme com o eleitorado. Num primeiro momento,
ele ameaçou reagir porque, sabe-se lá por qual motivo, achava que o
presidente deveria ter antes pedido a sua autorização… Mas logo resolveu
se ater à voz do povo.
Com o
assassinato de Marielle, ele passou a disparar críticas à ação do
governo. E o fez da forma mais vil e asquerosa possível: afirmou,
informa o Painel, da Folha, que o crime é resultado da “falta de
planejamento” da operação, que passou a considerar açodada. Vale dizer:
Maia se junta ao PSOL, ao PT e às esquerdas, tentando ver se consegue
ser aceito por aqueles que o detestam e que o vaiaram sem nenhuma
solenidade na sessão da Câmara que homenageou a vereadora morta.
Maia é
politica e intelectualmente despreparado. Suas ações são fruto daquilo
que foi aprendendo na prática. Não é o único. Há muito o Congresso
brasileiro, na média, com as exceções conhecidas, está mais para
Escolinha do Professor Raimundo do que para a Academia de Platão. E o
presidente da Câmara não se encontra entre aqueles que encheriam
Raimundo Nonato de orgulho…
Mas a
deslealdade e feita de outro material. Nada tem a ver com a formação
intelectual. Nada tem a ver com a inteligência. Lealdade é traço de
caráter. Mais: este
senhor tem alguma grave distorção na formação do superego, que, no dia a
dia, costuma dar às pessoas o senso de ridículo. Eu sempre sou tentado a
vê-lo como um caso psicanalítico, ainda mais que tem um pai chamado
“Cesar”, notavelmente mais inteligente, mais culto e mais
idiossincrático do que ele próprio, que nunca o escolheu como herdeiro
político e que, neste momento, faz pouco caso aberto de sua suposta
ambição presidencial.
Acabo de
ler um texto sobre uma expedição de reconhecimento que o rapaz está
fazendo no Nordeste. Foi encontrar alguns parentes distantes na Paraíba.
— Muito prazer, Paraíba, eu sou Rodrigo Maia!
— Prazer, Rodrigo Maia! Eu sou a Paraíba.
Comeu carne de bode, mas não cavalgou o jegue. E, está dado, jamais irá cavalgar o Pégaso.
Imposto sindical
Há dois dias, seus aliados tentaram ressuscitar o malfadado Imposto Sindical. Dessa matéria é feito o liberalismo do DEM. É que a gente ficou sabendo, em entrevista recente, que o partido está disposto a descobrir o seu “lado social”, mais ou menos como Maia tenta descobrir o seu lado nordestino.
Há dois dias, seus aliados tentaram ressuscitar o malfadado Imposto Sindical. Dessa matéria é feito o liberalismo do DEM. É que a gente ficou sabendo, em entrevista recente, que o partido está disposto a descobrir o seu “lado social”, mais ou menos como Maia tenta descobrir o seu lado nordestino.
— Muito prazer, social, eu sou Rodrigo Maia!
— Prazer, Rodrigo Maia! Eu sou o social.
O
presidente da Câmara seria um bom emblema da tragédia intelectual, da
covardia e da falta de referências que colhe o chamado “centro político”
não fosse ele, a esta altura, uma figura quase cômica. Mas de uma
comicidade triste, aborrecida, acabrunhada, como ele próprio. Chegou à
Presidência da Câmara com o apoio do presidente Michel Temer, sim, a
quem tentou golpear mais de uma vez. E o faz agora, de novo, na ânsia
por espaço e por protagonismo. No comando da Casa, resolveu ser
reverente às esquerdas e a seus pleitos. E, agora, como se vê, estimula
os ataques ao governo federal num momento extremamente delicado. A
crítica é de uma irresponsabilidade assombrosa.
O
destrambelhamento da Lava Jato, que fez o desfavor de ressuscitar o PT e
que levaria à eleição de Lula não fosse o impedimento determinado pela
Justiça, só prosperou e fez história porque encontrou pela frente
valentes como este senhor.
Há muito
tempo a deslealdade marca a sua atuação. Desta feita, no entanto, ele
foi longe demais. Afinal, há um cadáver ilustrando a sua fala covarde.
Blog do Reinaldo Azevedo
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