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domingo, 4 de março de 2018

Eleições na Itália ressuscitam Silvio Berlusconi

Nenhum partido, segundo as últimas pesquisas de opinião, aparece com sólido favoritismo, gerando toda sorte de especulação quanto ao futuro do país

A Itália vai às urnas hoje num pleito marcado por incertezas e uma estranha sensação de déjà-vu. Nenhum partido, segundo as últimas pesquisas de opinião, aparece com sólido favoritismo, gerando toda sorte de especulação e dúvidas quanto ao futuro do país. Mas, em meio ao imponderável das urnas, o eleitor italiano se vê às voltas com a controversa figura do ex-premier Silvio Berlusconi, que ressurge de anos no limbo, após ser afastado da política devido a escândalos sexuais, processos na Justiça e tentativas de obstruir a Operação Mãos Limpas, inspiradora da Lava-Jato brasileira. 

Berlusconi foi condenado e está impedido de concorrer como candidato até 2019. Mas reaparece agora como cabo eleitoral e costureiro de alianças. Se as pesquisas estiverem certas, a coalizão de centro-direita e extrema-direita que apoia deverá conquistar a maioria dos assentos no Parlamento, abrindo espaço para Antonio Tajani, o escolhido de Berlusconi, governar o país. Seria uma volta por cima do velho fanfarrão populista e um grande risco para o futuro da terceira maior economia do bloco europeu. 

E é justamente o campo econômico que dá munição aos críticos do atual governo social-democrata e, no plano mais geral, aos inimigos da integração europeia. O dilema da Itália é o fato de a recuperação econômica dos últimos anos, por questões peculiares ao país, que possui um setor bancário perigosamente endividado, não se dar de forma disseminada, e o eleitorado parece dividido entre aqueles que desejam arriscar algo novo e incerto e aqueles que defendem uma linha mais sustentável por meio da ortodoxia fiscal.

O primeiro grupo, majoritário, é composto por italianos que ainda não sentiram a melhora dos duros ajustes na economia feitos para tirar o país da crise da dívida que se abateu sobre a zona do euro, após 2008. O destaque negativo se dá especialmente no mercado de trabalho, sobretudo no sul do país e entre os jovens: cerca de um terço da força de trabalho entre 15 e 24 anos que busca uma vaga de trabalho está desempregada.
Esta situação gerou desconfiança em relação aos políticos tradicionais, abrindo caminho para agremiações extremistas. As mais bem cotadas são o partido antiestablishment Cinco Estrelas, de tendência esquerdista; a conservadora Força Itália, de Berlusconi; e os populistas de direita reunidos no Liga (ex-Liga Norte), cujo presidente, o xenófobo Matteo Salvini, faz campanha com o slogan de Donald Trump: “Itália em primeiro lugar”. O Liga e o Força Itália fizeram coligação com o partido neofascista Irmãos da Itália. As pesquisas, porém, sugerem que o Parlamento não terá uma força expressivamente majoritária. 

Seja como for, analistas estão preocupados com o resultado das urnas italianas, que podem mergulhar a zona do euro em nova turbulência. Com um setor bancário ainda perigosamente endividado, qualquer abalo no campo político poderá reverberar nas finanças do país, piorando o quadro fiscal e financeiro, com consequências inesperadas no bloco europeu, ainda abalado pelo complexo divórcio com o Reino Unido.

Editorial - O Globo
 

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