[Detalhe importante: Alckmin é um presidenciável condenado a sempre perder e atrapalha eventuais aliados.
Quanto mais tempo na TV, mais tempo para mostrar seus defeitos. Anotem e cobrem.]
O candidato Geraldo Alckmin ganhou a corrida para
obter apoio do centrão, mas precisa revelar o que foi negociado e não pode ter
medo de ir contra a demagogia
Se
o anunciado acordo entre o dito centrão e Geraldo Alckmin for confirmado no
decorrer da semana, a candidatura
do tucano ganhará forte impulso medido em tempo de propaganda eleitoral.
Liderará o ranking de exposição na TV, com no mínimo 4 minutos e 46 segundos,
38% do total do horário político. Isso porque Alckmin
contará com as cotas, além do PSDB, do DEM, do PP, do PR, do PRB e do SD.
Terá feito o maior lance de um candidato antes do período de convenções, que
começou ontem. Reforça-se a imagem de Alckmin como eficiente político à antiga,
da conversa ao pé do ouvido, expertise desenvolvida no interior de São Paulo,
onde se lançou no ramo em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, até governar o
estado por quatro vezes: ao finalizar o mandato de Mário Covas, de quem era
vice, e mais três gestões.
Como o
momento é de baixo nível ético na política brasileira, as legendas que compõem o
centrão usam conhecidas moedas de troca nessas negociações: cargos e acesso ao dinheiro público. O PP tem extensa
experiência neste balcão de negócios, bem como o PR,
virtual “dono” do Ministério dos Transportes, desde o primeiro
governo Lula, a partir de 2003. Enquanto Paulinho da
Força, do Solidariedade (SD), até já teria conseguido algum compromisso de
Alckmin de, no Planalto, encontrar nova fonte de financiamento
sindical, para substituir o imposto revogado pela reforma trabalhista.
Pode-se entender que a origem do dinheiro, como
sempre nessas circunstâncias, será o Tesouro, sustentado pelo contribuinte. [se percebe que a corja de sindicalistas pelegos e seus
apoiadores não desistem que o contribuinte banque suas mordomias.] É
natural que se argumente que este é o padrão da política brasileira, e que não
há outra maneira de se chegar ao poder. Argumento forte, mas o último que
aceitou sujar as mãos nessas barganhas está preso em Curitiba, enquanto seu partido, o PT, se esforça para viabilizar sua
impossível candidatura.
Se
Alckmin seguir a trilha dessas barganhas, será necessário que o eleitor
saiba o que foi negociado. Tanto quanto isso, suas propostas de governo
precisarão ser claras, e terá de recusar ideias de aliados que não façam
sentido no seu programa. E sem transigir na ética. O estilo de fazer
política ajuda Alckmin nesta costura, mas devem ter contribuído, também, na
decisão do centrão de se afastar de Ciro Gomes e optar pelo ex-governador
paulista, as posições do candidato do PDT contra a associação
Embraer/Boeing, leilões do pré-sal e a reforma trabalhista. Além de clássicas
demonstrações de destempero do ex-ministro e ex-governador do Ceará.
A
princípio, o cobiçado espaço do centro passa a ter um forte aspirante a
ocupá-lo. Mas tudo depende do comportamento de Alckmin, que nem de longe pode
ser o da campanha que disputou (2006, contra Lula), em que ficou receoso
de ir contra a demagogia. Ao contrário, aderiu.
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