O comitê de Fernando Haddad foi da euforia à perplexidade. O PT
imaginara que seu candidato derrotaria Jair Bolsonaro jogando parado.
Descobriu que a transferência de eleitores promovida por Lula é uma via
de mão dupla. Numa avenida, trafegam os votos que caem no cesto de
Haddad. Noutra, o eleitorado anti-PT antecipa para o primeiro turno a
viagem que conduz ao colo de Bolsonaro.
Recuperando-se de duas
cirurgias, Bolsonaro não leva sua campanha às ruas há quase um mês. Ele
faz e acontece nas redes sociais. No mesmo período, Haddad voou de
palanque em palanque como um drone guiado pelo controle remoto do
padrinho-presidiário. Vai à cadeia uma vez por semana para receber
orientações. Terceirizara os ataques a Bolsonaro ao comitê do neo-nanico
Geraldo Alckmin.
A rápida ascensão de Haddad do patamar de 4%
para mais de 20% nas pesquisas ateou medo no pedaço do eleitorado que
tem aversão ao PT. Ao trombetear na TV o risco de Bolsonaro ser
derrotado pelo petismo no segundo turno, Alckmin converteu o medo em
pânico. A tática funcionou, só que o voto refratário à volta do PT
migrou direto para Bolsonaro, sem fazer escala em Alckmin ou
assemelhados.
O PT aderiu à pancadaria. Na noite desta
quarta-feira, pendurou nas redes sociais o primeiro vídeo com ataques a
Bolsonaro (assista). Fez isso num instante em que o eleitor
pobre, que o PT supunha ser cativo, começou a cair de amores por
Bolsonaro. Meio zonzo, o comitê petista tem saudades do tempo em que o
PT polarizava as disputas presidenciais com o PSDB. O PT sabia quais
botões deveriam ser apertados para desnortear o tucanato. Agora, aguarda
as instruções da cadeia.
Blog do Josias de Souza
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