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terça-feira, 2 de outubro de 2018

DITADURA OU MOVIMENTO? 1964 e o revisionismo de toga

O presidente do Supremo Tribunal Federal resolveu reescrever a História. Em seu 19º dia no cargo, ele decidiu que não houve golpe militar no Brasil. “Eu não me refiro mais nem a golpe, nem a revolução de 1964. Eu me refiro a movimento de 1964”, informou.

Ao expor a sua visão particular dos fatos, Dias Toffoli citou o historiador Daniel Aarão Reis. Foi uma surpresa desagradável para o professor da UFF. “Chamar o golpe de movimento é uma aberração. Rejeito categoricamente a paternidade dessa ideia, com a qual eu não concordo”, ele afirma.

Em palestra na USP, Toffoli atribuiu ao historiador a avaliação de que a “tanto para a esquerda, tanto para a direita passou a ser conveniente culpar o regime militar de tudo”. Para Aarão Reis, o ministro distorceu suas palavras e fez uma “interpretação vesga da História”.  “Esse tipo de análise sustenta que os dois lados cometeram excessos. É uma forma de lavar as mãos sobre o que aconteceu. Ao igualar o que não é igual, acaba legitimando a ditadura”, critica.

O professor lembra que o “movimento” de Toffoli rasgou a Constituição, derrubou um governo legítimo e submeteu o país a um estado de exceção. “Ao dizer isso, o ministro recupera uma triste atitude do ministro Ribeiro da Costa, que era presidente do Supremo e apoiou o golpe. Depois ele se arrependeu, mas já era tarde demais”, afirma.

A ditadura instaurada em 1964 cassou três ministros do STF e forçou a aposentadoria de outros dois. Ao assumir o comando do tribunal, Toffoli surpreendeu ao nomear um oficial da reserva para sua assessoria direta. O general Fernando Azevedo e Silva participou do grupo de militares que formulou propostas para o presidenciável Jair Bolsonaro. [parte da imprensa esperava que o ministro Dias Toffoli na presidência do STF seria o Toffoli do PT (nós do Blog Prontidão Total chegamos a ter essa expectativa e felizmente tudo indica que estávamos enganados;
o ministro Dias Toffoli decidiu presidir o STF como Toffoli do STF = ministro do STF e comprometido em agir como um verdadeiro julgador: de acordo com as leis e os ditâmes de sua consciência.

Deve ser também desagradável para parte da imprensa ter que conviver com Bolsonaro presidente da República - o candidato que que a tal parte da midia execrava; 

Aliás, ontem os adversários do Bolsonaro tiveram quatro notícias desagradáveis:
- Bolsonaro dez pontos na frente do poste-laranja Haddad - que caiu um ponto enquanto Bolsonaro saltou quatro; 
- a delação de Palocci, que é mais ferro na corja lulopetista;
- a queda de Haddad nas pesquisas, indicando que a transferência de votos do presidiário para o laranja acabou; e,
- o cancelamento definitivo da tentativa do presidiário conceder entrevistas.]

Para a crônica eleitoral da Lava-Jato: a 11 dias do primeiro turno, a Polícia Federal acusou o ex-ministro Antonio Palocci de arrecadar propina para o PT. Aconteceu em 2016, às vésperas da disputa municipal.

Bernardo Mello Franco - O Globo



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