O PT mudou de roupa do domingo para a segunda-feira. Saíram as
camisetas “Lula livre” que Fernando Haddad vestiu no primeiro turno nas
visitas a Curitiba ou nos caminhões de som pelo Nordeste e pela
periferia e entrou o terno alinhado do candidato no Jornal Nacional. Juntamente com a nova indumentária vieram acenos a um novo programa
de governo, novos aliados, pacto contra fake news e até um elogio, vejam
só, à social-democracia.
O próprio Lula, que comandou a campanha até domingo direto de
Curitiba, por meio de cartas, orientações nas visitas à sede da PF e
aparições na propaganda do PT, resolveu sair de cena. [Lula foi colocado contra a parede para decidir ou saía de cena ou era tirado de cena - optou em concordar com a versão que tinha saído, 'espontaneamente' do palco.'] Liberou Haddad das
visitas por ora.
O problema do PT é que a transmutação é tão repentina, ensaiada e
interessada que é difícil de ser crível. Diferentemente das bateções de
cabeça entre Jair Bolsonaro e o candidato a vice, Hamilton Mourão, sobre
Constituinte de notáveis, no caso do PT a defesa a que se rasgue a
Constituição e se escreva outra, sabe-se lá como, está consignada no
plano de governo, que foi coordenado pelo próprio Haddad. Mais: foi dita
em voz alta por ele em setembro.
Não basta dizer que era “pegadinha do malandro”. O programa de
governo do partido será revogado? Só nesta parte ou será inteiramente
refeito? Sim, porque ele contém outros pontos claramente autoritários,
dos quais já tratei aqui: controle social da mídia e também a mudança
nos conselhos nacionais de Justiça e do Ministério Público para
torná-los mais “permeáveis” à sociedade (ou ao partido?). O PT passará a respeitar decisões judiciais? Haddad, caso seja
eleito, o fará? Sem compromissos claros, não basta um arremedo de carta
ao povo brasileiro. Diante das sistemáticas ações petistas de achincalhe
às instituições desde o início da Operação Lava Jato, passando pelo
impeachment e atingindo o ápice na condenação e prisão de Lula, a
guinada está mais para o meme que vai no título desta coluna.
(...)
PARTIDOS
Vem aí temporada de ‘fusões e aquisições’
A possível fusão da Rede, que não atingiu a cláusula de barreira, com
o PV abriu a temporada do que os políticos chamam nos bastidores de
“fusões e aquisições” de siglas por outras. Um dos partidos mais
ambiciosos nesse mercado – que nada mais é que o velho troca-troca
partidário, agora com licença da Justiça Eleitoral –, é o Podemos, que
resolveu colocar em prática o slogan “abre o olho”, de seu candidato à
Presidência, e calcula que pode agregar de 5 a 7 novos deputados.
O Estado de S.Paulo
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