Quem é que entende o que se passa na cabeça dos comunistas?
Publicado
na Coluna
de Carlos Brickmann
Pouco
mais de 55 anos de jornalismo me mostraram o mundo como ele é: já vi cachorro
matando elefante, delegado dando ordem de prisão a boi no pasto, passarinho ciscando
na boca do jacaré, carro novo mais barato que o velho da mesma marca e
categoria, bilionário com nome e capacete de viking passando uma temporada na
cadeia. E, se não vi o título mundial do Palmeiras, não foi por desleixo: é
dificílimo enxergar o que não existe.
Mas nunca
imaginei ver a Folha de S.Paulo e o Grupo Globo acusados de
comunistas ─ Octávio Frias e Roberto Marinho jamais pensariam em integrar o
grupo de comunistas formado também por O Estado de S.Paulo ─ alguém terá
imaginado o dr. Júlio de Mesquita Filho, sempre impecavelmente vestido,
conspirando com desleixados bolcheviques petistas? ─ e notáveis como Fernando
Henrique, José Serra, Mário Covas, ao lado de banqueiros da mais seleta
estirpe, Cândido Bracher, George Soros ─ que, ao que imaginam seus detratores,
move-se silenciosamente pelo mundo tentando implantar o regime comunista,
aquele no qual toda sua fortuna será confiscada. Soros deve gostar de correr
riscos: se o trabalho não der certo, na certa ele será punido por seus camaradas;
se der certo, sua fortuna irá para o Governo, que comprará sítios e
apartamentos para os governantes, mas que estarão em nome de outros.
Mas quem
é que entende o que se passa na cabeça desses comunistas?
Quem
manda e quem faz
Um jornal
de qualidade não discrimina por ideologia as pessoas que contrata. Essa
história de que o jornal tem um jornalista antipetista ou petista deve ser
verdadeira (todos têm), mas não tem sentido. O jornal segue a linha da direção.
Se alguém fugir a ela, cai fora. O principal editorialista de O Estado de
S.Paulo era dirigente comunista, da total confiança de Júlio de Mesquita Filho.
Roberto Marinho disse a líderes militares que não se metessem com O Globo: “Dos
meus comunistas cuido eu”. A Folha tinha Oswaldo Peralva, ex-dirigente
do PCB; Ricardo Kotscho, do PT; gente da Libelu trostquista. E eu, que não era
de esquerda. Peguei uma época boa, em que esquerdista estudava. E aprendia com
eles.
Cuidado
com pesquisas
Pesquisa
é ótimo: serve para orientar a campanha do candidato. E só. Quem acha que seu
favorito vai vencer ou perder por causa da pesquisa se engana. Há uma foto
clássica: o presidente americano Harry Truman, reeleito, mostrando o Chicago
Daily Tribune com a manchete “Dewey derrota Truman”. Brigar com pesquisas,
acusar institutos de falsear números, é perder tempo: melhor é usá-lo em busca
de novos eleitores.
Cuidado
E é
preciso, no caso de pesquisas, verificar se foram mesmo feitas. Uma instituição
americana, a University of Southern Califórnia, de Los Angeles, apareceu como
autora de uma pesquisa que dava Bolsonaro como vitorioso no primeiro turno, com
mais de 60% dos votos. Só que a pesquisa era falsa: a USC não fez pesquisa
alguma sobre as eleições no Brasil…
Grande
frase
Do
jornalista Chico Bruno: “Esta é a eleição presidencial em que os líderes querem
reeditar o passado ─ ou o remoto ou o mais recente”.
Racha de
esquerda
A
senadora Kátia Abreu, que foi ministra de Dilma e é candidata a vice de Ciro
Gomes, abriu fogo contra o candidato petista Fernando Haddad. Katia, líder
ruralista, virou amiga de infância de Dilma e não a abandonou nem quando ficou
claro que seria afastada do poder. E foi o comportamento de Haddad no
impeachment de Dilma o alvo de Kátia: “Fernando Haddad é o fujão covarde do
impeachment”. OK, ele não se mexeu para salvar a presidente eleita por seu PT.
Mas não fez isso por mal: tem dificuldades para tomar posições (tanto que até
hoje precisa ir a Curitiba, visitar Lula na cadeia, para saber se deve tomar
café com açúcar ou adoçante); e, mesmo quando recebe as ordens do Chefe, não é
exatamente uma pessoa prática. Kátia não pode exigir que todos, como ela,
queiram defender seus aliados.
Os ricos
comandam
O
professor Luiz Carlos Bresser Pereira, diz o site gaúcho Espaço Vital,
quer Abílio Diniz, ex-Pão de Açúcar, hoje Carrefour, no apoio a Haddad no
segundo turno. Bresser foi ministro da Fazenda de Sarney e trabalhou com Diniz
no supermercado.
A número
1
A surfista
carioca Maya Gabeira acaba de entrar no Livro Guiness de Recordes: foi
reconhecida pela Liga Mundial de Surfe como a mulher que surfou a maior onda já
registrada na História. Maya pegou uma onda de 20m72 cm, na Praia do Norte,
Nazaré, Portugal, no dia 18 de janeiro. A demora no registro se explica: o
Guiness Book confirma todos os detalhes.
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