Pelo Facebook, um petista devocional candidatou-se a matar o
juiz Sergio Moro: "(...) se o partido não tiver homens de coragem para
matá-lo é só me contactar, tanto tenho coragem como prazer de vê-lo virar
cinzas...", disse. Depois, vendo que
repercutiu mal, recuou, alegando que exagerou e que foi "uma
bobagem da boca pra fora".
Pensará que tudo termina com uma explicação evasiva? Ora, não se
trata de um exaltado moleque de grêmio estudantil: Carlos Roberto Rodrigues Vieira,
conhecido como "Carlinhos Francelino", é empresário da construção
civil em Miraí, MG. E o sentido de suas palavras não está adstrito à
literalidade da postagem: constitui, isto sim, um recado à militância fanática,
obcecada e manipulável. Não! Não foi só uma presepada. Ao se oferecer como voluntário
para matar Sergio Moro, ele deu a dica de como o crime pode ser executado por
uma mente doentia e fanatizada: "Podem me encher de explosivos que chego perto
dele e aciono os explosivos (...)". Só que ninguém é besta de acreditar
que ele o faria com prejuízo da própria vida ou da própria liberdade.
Num caso assim, advogados de defesa cuidam de desqualificar a literalidade
do manifesto e se apegam à "intenção" do agente, o que é praticamente
insondável: como testificar o fluxo de consciência de alguém? Mas, à parte de
eventuais malabarismos advocatícios, é difícil negar que ele lançou a ideia
para que algum fanático imite o Estado Islâmico e se exploda como homem-bomba para
assassinar Sergio Moro. Não há como compreender sua conduta separadamente do contexto,
que combina a existência de uma legião de fanáticos e um conjunto de teses falsas
para incendiar o fanatismo. São muitas mentiras! Uma é a de que Lula é vítima
inocente, um perseguido político, a figura messiânica que "a direita"
afastou injustamente do cenário político - mentira muito eficaz, eis que, mesmo
sem ler a sentença condenatória, petistas têm convicção de que Lula é inocente.
Outra mentira é a de que Sergio Moro condenou Lula para ganhar
um ministério no futuro governo de Bolsonaro. Essa mentira é tão estúpida que
chegou a ser repelida até pelos petistas da Globo News! Mas igualmente eficaz, agudizando a paranoia da
raia miúda do PT. Agora, na lógica da lei penal, o agente responde por seus atos,
não por suas intenções. O que o empreiteiro petista fez foi incitar fanáticos à
prática do ato de terrorismo por ele descrito. Com tal conduta, ele configura
uma ameaça à segurança nacional. Desculpas esfarrapadas já não lhe servem.
Assim, dado ter o Estado o monopólio da persecução penal, fica-se à espera de
uma efetiva ação das autoridades constituídas.
Por: Renato
Sant'Ana é Psicólogo e Bacharel em Direito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário