De acordo com a agência, em um dos estudos, foi possível notar também uma possível associação entre câncer de lábio e a exposição ao medicamento
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, nesta
terça-feira (4/12), um alerta para o aumento do risco de câncer de pele
não-melanoma decorrente do uso cumulativo do medicamento hidrocarbonato, utilizado para tratamento da hipertensão arterial e
para controle de edemas.
“A
descoberta foi realizada por meio de estudos epidemiológicos que
demonstraram uma associação dose-dependente cumulativa — que ocorre
quando a dose utilizada de um determinado medicamento está diretamente
relacionada com seus efeitos — entre o medicamento em questão e o câncer
de pele não-melanoma”, informou a Anvisa.
De
acordo com a agência, em um dos estudos, foi possível notar também uma
possível associação entre câncer de lábio e a exposição ao medicamento.
“Ações fotossensibilizadoras da hidroclorotiazida, que facilitam a sua
absorção pela pele, podem atuar como um possível mecanismo para a
doença”.
A Anvisa considerou ainda as recomendações do Comitê de Avaliação
de Riscos em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos para
classificar como plausível a associação entre o aumento do risco de
câncer de pele não-melanoma e o uso em longo prazo de medicamentos
contendo hidroclorotiazida.
Recomendações
Por
meio de comunicado, a agência solicitou que os profissionais de saúde
informem aos pacientes tratados com hidroclorotiazida sobre o risco de
câncer de pele – sobretudo aqueles que já fazem uso do fármaco em longo
prazo. Eles também devem ser orientados a verificar regularmente a pele
quanto a novas lesões e a notificar imediatamente o profissional sobre
qualquer tipo de lesão cutânea suspeita.
A
orientação da Anvisa é que o tratamento não seja interrompido antes que
os pacientes consultem o médico. “Lesões cutâneas suspeitas devem ser
prontamente examinadas, incluindo exame histológico de biópsias. Medidas
preventivas, tais como limitação da exposição à luz solar e aos raios
ultravioleta, podem ser realizadas no intuito de minimizar o risco de
câncer de pele. O uso de hidroclorotiazida pode ser revisto em pacientes
com histórico de câncer de pele não-melanoma”.
A
inclusão das novas informações de segurança nas bulas de todos os
medicamentos que contêm o princípio ativo hidroclorotiazida será
imediatamente solicitada pela agência.
Câncer de pele
O
câncer de pele não-melanoma compreende os tumores mais comuns, que
ocorrem principalmente em pessoas de pele clara, após exposição solar
por longo tempo. Geralmente, apresentam apenas crescimento local, mas
não cicatrizam ou se curam sem tratamento e tendem a aumentar com o
tempo, podendo causar deformação, dor e sangramento.
Dados
do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que esse é o tipo de
câncer mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os tumores
malignos registrados no país. Se detectado precocemente, a doença
apresenta altos percentuais de cura. Entre os tumores de pele, o tipo
não-melanoma é o de maior incidência e de mais baixa mortalidade.
Monitoramento
A
Anvisa informou que monitora continuamente os medicamentos
comercializados no Brasil e reforçou que profissionais de saúde e
pacientes notifiquem os eventos adversos ocorridos com o uso de qualquer
medicamento.
A comunicação de suspeitas de
eventos adversos pelos pacientes pode ser feita por meio do formulário,
pela Central de Atendimento ao Público (0800 642 9782) ou pela
Ouvidoria.
Para os profissionais de saúde, a Anvisa disponibiliza o sistema Notivisa em caso de notificação de eventos adversos.
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