Já pensou Dallagnol na PGR e Calheiros na presidência do Senado? Vai pegar fogo
Adversários ácidos e públicos, o senador Renan Calheiros e o procurador
Deltan Dallagnol podem ter um encontro marcado para setembro deste ano,
quando Renan espera estar de volta à presidência do Senado e Deltan
estará concorrendo a procurador-geral da República. Inimigos, disputam o
apoio, mesmo que velado, do presidente Jair Bolsonaro. Renan é um dos campeões de investigações entre os que têm foro
privilegiado no Supremo e Deltan é uma das estrelas – certamente a mais
estridente – da Lava Jato. Logo, os dois são como gato e rato. Enquanto
um é senador e o outro é procurador, vá lá. Quando, e se, virarem
presidente do Senado e procurador-geral, vai ter barulho.
Renan acaba de chamar Deltan de “ser possuído”, mas ele também reúne uma
coleção de adversários e ambos seriam facilmente apontados como “seres
possuídos”. Apesar disso, o governo Bolsonaro – a “nova era” – dá sinais
de apoio a Deltan na PGR e pode ficar entre Renan e Fernando Collor no
Senado. Seis por meia dúzia. [entre Renan e Collor, a única alternativa correta e melhor para o Brasil é COLLOR.
Collor sofreu impeachment, mas foi inocentado no Supremo.
Renan é campeão dos campeões em processos de investigação - nunca foi julgado, sempre conseguiu protelar os julgamentos.
Collor responde a um processo - entre um processado que foi julgado e inocentado e novamente está sendo processado e um multiprocessado, sem condenações ou absolvições, por nunca ter sido julgado, vale a pena ficar com Collor.]
Depois de dizer que não se meteria na disputa pelas presidências do
Congresso, Bolsonaro já apoiou, via PSL, a reeleição de Rodrigo Maia na
Câmara (anda até trocando bilhetinhos com ele em solenidades públicas) e
agora pode jogar a toalha no Senado. Renan é do MDB, esteve na linha de frente dos governos Fernando
Henrique, Lula e Dilma, fez dobradinha com o PT em Alagoas em 2018 e tem
“problemas” na Justiça. Mas, como parlamentar, é competente,
praticamente fechou o cerco a seu favor, e o PSL está aprendendo
pragmatismo rapidamente.
Do outro lado, Dallagnol é porta-voz da Lava Jato e conquistou
notoriedade com o PowerPoint de 2016 em que apontou Lula como “maestro
da orquestra criminosa” e relevou as provas como “pedaços da realidade
que geram convicção”. Ministros do STF, juristas e, claro, petistas,
ficaram de cabelo em pé. O mandato de dois anos de Raquel Dodge só vence em setembro, mas desde
já a “República de Curitiba” faz campanha por Dallagnol. Dodge denunciou
Lula, Aécio e o próprio Temer, que a nomeou. Seu “pecado” foi denunciar
também Bolsonaro, por um discurso sobre quilombolas que ela considerou
racista. [denúncia sem fundamento, tanto que o STF mandou para o arquivo - ao tentar cercear o direito de um parlamentar se manifestar Dodge mostra um viés pró-censura e uma tendência a considerar que o escrito na Constituição não tem tanto valor quando uma interpretação politicamente correta.]
Para os “curitibanos”, “é preciso uma chacoalhada na PGR”, não há lei
exigindo lista tríplice para o cargo e o procurador da Lava Jato seria o
homem certo, no lugar certo, na hora certa. Aliás, como todos os
paranaenses ou os que fizeram carreira no Estado e estão em alta: Sérgio
Moro, Maurício Valeixo, Gebran Neto, Edson Fachin, Felix Fischer,
Roberto Leonel, Igor Romário de Paula, Erika Marena e Fabiano Bordignon.
É o que eles próprios chamam de “alinhamento dos astros”. Uma sorte e
um gol de Bolsonaro.
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