Segue-se à risca a via pautada pela fantasia do Estado vingador
O sr. Moro, com esse pacote, se comportou como elefante em loja de louças. Atirou para todos os lados. Quer alterar nada menos que 14 leis, investe com sofreguidão sobre
propostas já consideradas inconstitucionais pelo Supremo, como a vedação
do regime de progressão da pena e a impossibilidade de concessão de
liberdade provisória. E bota abaixo o princípio constitucional do
trânsito em julgado da pena .[a população não pode ser pautada em função de servir a uma 'constituição';
a verdade é exatamente que a Constituição Federal tenha em conta as necessidades da população - especialmente das PESSOAS DO BEM.] Não há surpresas. O pacote segue à risca o método pautado pela
manipulação permanente do medo e pela fantasia de um Estado vingador que
o sr. Moro tem personificado com maestria nos últimos anos.
O duo Bolsonaro-Moro vai consolidando sua política de segurança modelo
bangue-bangue. [quase 58.000.000 de votos garantiram, e exigem, a consolidação do modelo citado.] O mesmo governo que duas semanas atrás, contra todas as
evidencias existentes em matéria de violência no planeta, ampliou o
acesso a armas de fogo. Na ocasião, o sr. Moro concedeu, do alto de sua ínclita sabedoria: "Essa
questão de estatística, de causa de violência, sempre é um tema
bastante controvertido".
Agora, ele cava espaço para as polícias ampliarem as justificativas pelo uso de suas armas. Para que fundamentar cientificamente? Como perder tempo com diálogos com
a sociedade civil, centros de pesquisa ou mesmo corporações? Basta o
clássico showzinho de Power Point. Adorei ouvir o sr. Moro dizer que a
"ideia principal" ( sic) do novo projeto é melhorar a qualidade de vida
dos brasileiros, que desejam "viver em um país mais seguro". [para o autor do artigo a tal 'sociedade civil', que ele entende deve ser consultada, é a formada pelas ONGs pró direitos humanos para bandidos, a tal 'anistia internacional' e outras coisas do tipo.] Pois podem os compatriotas tirar o cavalinho da chuva. Esse pacote não
vai trazer melhoria na segurança pública para ninguém, em especial para a
população tradicionalmente mais vulnerável à violência: jovens negros
nas periferias, indígenas, mulheres, trabalhadores rurais, LGBTs. Enfim,
grupos vítimas de formas estruturais de discriminação, compreendidas
como "coitadismos que têm que acabar" pelo líder maior do sr. Moro.
Afinal, qual é a evidência apresentada para a alteração do escopo legal para a letalidade das polícias? [EFICIÊNCIA NO COMBATE AO CRIME e redução dos que querem tratamento preferencial baseado na farsa, acertadamente denominada por Moro de:"coitadismos que têm que acabar".] Estamos cansados de saber que as polícias intervêm por razões de
segurança --em inúmeras situações onde não há nenhuma situação legal--
sem a menor relação com os fins legais. Assim, numa guerra contra o crime, as polícias militares continuam a se
comportar como se estivessem enfrentando um "inimigo interno" a ser
abatido.
Nos planos do sr. Moro, quando envolvidos em homicídios, policiais podem
ter quase como certo responder aos inquéritos em liberdade, carta
branca para ameaçar testemunhas e cometer mais mortes. [os bandidos não cumprem pena em liberdade? ou Zé Dirceu, condenado a mais de quarenta anos - que certamente, para dizer o mínimo, conta com a simpatia do senhor Paulo Sérgio - não está cumprindo a pena em liberdade?
se ele pode, os demais bandidos podem - incluindo Marcola, Elias Maluco, Fernandinho Beira-mar, o Lula.
qual a motivação para um policial responder preso a uma investigação pelo abate de um bandido que tentou matar o policial, ou um inocente?] , como brinde, terão a redução pela metade da pena , que deixará de ser
aplicada se "decorrer de escusável medo( sic), surpresa ou violenta
emoção", uma delirante exclusão de criminalidade. Todas essas chorumelas são para dourar a pílula, no caso a doutrina do
governo "policial que não mata não é policial". Missão cumprida, sr.
Moro, parabéns.
Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro da
Secretaria de Direitos Humanos (2001-02, gestão FHC), ex-coordenador da
Comissão Nacional da Verdade (2013) e presidente da Comissão
Independente Internacional de Investigação da ONU sobre a Síria
[nada contra o ilustre articulista, a quem, respeitamos;
apenas lembramos que as funções por ele exercidas e destacadas em vermelho explicam - sem justificar - sua tendência a ser contra a polícia e a favor dos bandidos.]
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