É preciso um grande esforço para perceber alguma lucidez em meio ao festival de baboseiras emitidas pelo presidente Bolsonaro e sua entourage, a cada semana – daqui a pouco, a cada dia. E nesse carnaval o mandatário extrapolou de vez em posts e comentários pornográficos, difíceis até de citar, como uma possível resposta sua às críticas que vinha recebendo nas ruas, nos blocos, nas escolas de samba. Bolsonaro partiu para enxovalhar a imagem do carnaval brasileiro, alcançando repercussão negativa mundo afora e recebendo, naturalmente, uma enxurrada de queixas pela barbaridade das postagens, tão grosseiras como desnecessárias.
Ele poderia ter optado por exibir vídeos de civilidade explícita, como a dos integrantes de um bloco que pararam de pular e sentaram para que uma criança perdida encontrasse a mãe, ou a de outro episódio no qual foliões agradecem a um catador de latinhas e se cotizam em uma vaquinha dada a ele. Mas o chefe da Nação preferiu ir ao hardcore sem freio ou censura. Alegando “expor a verdade para a população” sobre os dias da folia de momo, Bolsonaro pinçou uma cena de homens em atos obscenos, publicou na conta de Twitter e tratou o caso como síntese do que vem se transformando aquela que é a festa mais popular do País. Generalização equivocada e indevida. Foi além: perguntou aos seguidores o significado da expressão “golden shower”. Bateu boca com artistas e tripudiou das reclamações dos internautas. Errou no tom, no modo, no alvo e mesmo no tema que, de mais a mais, não deveria estar no radar de assuntos afeitos à presidência da República.
Desde que tomou posse e perto de contabilizar três meses de gestão, sem quase nada de produtivo a exibir, Bolsonaro tem repetidamente se perdido em questiúnculas e vai rapidamente vulgarizando a imagem do cargo que ocupa. Vários desafetos já apontam que ele quebrou com o decoro e poderia até ser, desde já, alvo de uma ação de impeachment. De fato, na letra da lei 1.079 da Constituição Federal, sobre crimes de responsabilidade, há um parágrafo que trata como atentado a probidade administrativa “proceder de modo incompatível com a dignidade e a honra do cargo”. [os desafetos que pensam em aplicar a Lei do Impeachment contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, expressam apenas duas coisas:
- total incompetência visto não ser caso de impeachment;
- a inveja, o desespero por ser Bolsonaro o presidente da República, eleito com quase 58.000.000 de votos e eles nada poderem fazer a não ser falar asneiras.
Mas, os que o deixa desesperado mesmo é a possibilidade que com o sucesso obtido no seu governo, emplacando as reformas, Bolsonaro seja reeleito em 2022.
Sugiro aos desafetos - melhor dizendo invejosos, inconformados - que utilizem contra Bolsonaro o Código Penal, alegando que ele está expondo terceiros a risco de morte - afinal, a tentação do suicídio, motivada pelo desespero de ser Bolsonaro o presidente da República e terem que engolir, domina a maioria da corja esquerdista, lulopetista e outras coisas do ramo.
Ou então vão embora do Brasil - acertem as contas com o Fisco, só não vale levar dinheiro na cueca.]
No caso, expor mídia de conteúdo adulto se encaixaria dentro desse artigo, como também fere as regras da rede social usada, na qual poderá vir a sofrer alguma punição, desde o bloqueio temporário até a suspensão definitiva da conta.
Humilhação desnecessária, decerto, capaz de despertar vergonha alheia. No estágio avançado em que se encontra de degeneração de imagem, sem nem ainda ter saído da lua de mel no poder, Bolsonaro acabou tratado no The New York Times como o presidente da quarta maior democracia do mundo que se dedicou a aberrações ao publicar um vídeo de conteúdo sexual. O britânico The Guardian disse que ele foi “ridicularizado na aparente tentativa de revidar críticas”, o Mirror classificou de “muito obsceno” o gesto e a Reuters falou em “choque e indignação”. Não dá para desconsiderar os reflexos das asneiras que o mandatário vem gerando.
Nem adianta a exaustiva ladainha de queixas à imprensa, típica da patológica alienação dos Bolsominions que o seguem como fanáticos religiosos de uma seita. A repercussão no mercado, entre investidores externos, no meio político do Congresso que pode boicotar suas ações e até no círculo dos militares que lhe dão suporte é enorme. O vexame, sem atenuantes, se mostrou completo. Nas redes, a hashtag #ImpeachmentaBolsonaro liderou as trending topics. Dos milhares de comentários que recebeu na largada da postagem, muitos apontaram que crianças cujos pais o seguem viram a cena, causando desespero nas famílias. Um deles sugeriu que o presidente estava precisando de tratamento médico com urgência.
O professor de ética e filosofia, Roberto Romano, descreveu o episódio como “um dos atentados mais violentos que um chefe de Estado já fez à moralidade pública”. Para Romano, ele jamais poderia “caluniar o próprio povo” afirmando que “o Brasil vive à beira de uma eclosão obscena”. Decerto, Bolsonaro parece ter escolhido se enfronhar perigosamente em discussões de varejo, em pautas comezinhas. Como se fosse esse o único campo de assuntos que domina. Ideal a um candidato. Nunca, jamais, compatível com a liturgia da presidência. Com o seu ultraconservadorismo de costumes e o discurso deturpadamente ideológico, Bolsonaro tem agredido cada vez mais simpatizantes, enquanto desperta a sanha de adversários. Os de primeira hora e mesmo os adoradores convictos passaram a perceber a faceta dúbia e inconsequente do mandatário. O homem que exalta o valor das instituições é o mesmo que afronta a moral e os bons costumes compartilhando vídeos pornográficos. Reclama da tirania de Nicolás Maduro e elogia, ao mesmo tempo, o ditador Stroessner.
[calma pessoal: o nosso presidente Jair Bolsonaro tem cometido alguns escorregões, mas, é uma questão de adaptação.
Temos que convir que por quase trinta anos o atual presidente do Brasil foi parlamentar e sempre pautou seus pronunciamentos por dizer a verdade, de forma nua e crua - sendo aplaudido e que resultou em sete mandatos (com votação sempre crescente), ser eleito Presidente da República Federativa do Brasil com quase 58.000.000 de votos;
- um dos seus filhos com a maior votação para deputado federal da história do Brasil (superou Enéas Carneiro e Tiririca, desde a proclamação da República) um outro filho eleito senador com mais de 4.800.000 votos, e duas deputadas, uma estadual e outra federal, - Janaina Paschoal e Joice Hasselmann - com os maior número de votos já recebidos por candidatas nas eleições brasileiras.
(E tudo isso com uma campanha que foi das mais baratas, a oposição ferrenha de grande parte da Imprensa e todo o jogo sujo dos seus adversários;
no primeiro turno, teve candidato a presidência que tinha como único objetivo tirar votos de Bolsonaro e passar para o poste petista.
FRACASSARAM.)
O PSL, seu partido, passou de nanico a para segunda maior bancada.
Agora presidente está tendo dificuldades para se adaptar.
Mas, já tem porta-voz, o número de desmentidos, o disse-me-disse, foi reduzido, os filhos começam a se enquadrar.
A partir da Páscoa, teremos com as bençãos de DEUS o governo Bolsonaro governando de verdade e na busca para atender os anseios dos seus milhões de eleitores.]
Demite um ministro desafeto do filho e alega, a seguir, que “nenhum filho meu manda no Governo”. Em qual personagem é possível acreditar? O capitão reformado parece viver eternamente em modo de campanha eleitoral, repetindo a tática do rival e antecessor, hoje presidiário, Lula. Cultiva o comportamento da perversidade mental, destratando e estigmatizando desde professores, ambientalistas e sindicalistas aos profissionais da comunicação, artistas ou qualquer um que se contraponha a sua “ordem unida” – por mais destrambelhada que ela possa parecer. É capaz de mandar desconvidar uma suplente de terceiro escalão da Justiça por diferenças de opinião e vai, assim, escancarando o amadorismo nas decisões com um estilo de governar sem a mínima lógica. O que sairá daqui para frente é uma incógnita. Mas que Bolsonaro deveria logo se voltar para o que realmente interessa a todos, que são as reformas, não há dúvida.
Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três - Revista IstoÉ
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