Adiamento de reajuste do diesel coloca em xeque a política de autonomia da estatal e remete a práticas contestadas nas gestões de Dilma e Temer
“Cada vez mais temos indícios de que, ao contrário do que esperava o mercado, Bolsonaro é um reformista relutante e não tem grande apreço pelo liberalismo econômico”, afirma Sérgio Lazzarini, colunista de VEJA e professor do Insper.
Para Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper, “é a hora de o governo mostrar se de fato é liberal ou se vai deslizar para o populismo de curto prazo, de circunstância”. A atitude de Bolsonaro coloca em xeque a confiança dele nos membros integrantes do seu governo e escancara o descompasso com a equipe econômica. “O resultado é muito ruim para a credibilidade dele como presidente e como maestro de uma equipe. A atitude mostra que ele está inseguro e não está alinhado com o presidente da Petrobras”, diz Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
Ao ser questionado sobre a decisão do presidente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu que não foi informado sobre a intervenção. “Eu não sei nem do que vocês estão falando”, afirmou ao sair de reunião no Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington (EUA). Com a decisão de questionar a estatal, o presidente da República se mostrou refém dos caminhoneiros. “Ele empoderou a categoria e gerou uma onda de desconfiança em todo o governo”, diz Pasianotto. [a decisão do presidente Bolsonaro deixou claro que para ele o que importa é os caminhoneiros satisfeitos e mais gulosos, não importa que a Petrobras tenha prejuízos - caso ocorram, e ocorrerão, simples de compensar: aumenta o preço da gasolina e do álcool, afinal os usuários de automóveis não fazem greve.]
Como resultado, o mercado financeiro deixou claro o seu descontentamento. As ações da companhia negociadas na bolsa de valores brasileira tiveram queda de mais de 8% nesta sexta-feira, 12. Com isso, em apenas um dia, a Petrobras perdeu 32 bilhões de reais em valor de mercado. “A atitude de Bolsonaro gera uma incerteza brutal aos investimentos, o que, ao final, acaba sendo ruim para a geração de empregos e para a oferta na economia”, diz Lazzarini.
Versões oficiais
O porta-voz da Presidência da Republica, general Otávio Rêgo Barros,
negou que a atitude de Bolsonaro significasse uma volta da política de
intervenção na estatal. “Por princípio, o senhor presidente da República
entende que a Petrobras, uma empresa de capital aberto, sujeita às
regras de mercado, não deve sofrer interferência política em sua
gestão.”
O Ministério de Minas e Energia adotou tom semelhante. “O MME reafirma seu compromisso de não intervenção no mercado, de defesa dos interesses do país nas questões energéticas, e, também, dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta de combustíveis”, informou a nota.
O Ministério de Minas e Energia adotou tom semelhante. “O MME reafirma seu compromisso de não intervenção no mercado, de defesa dos interesses do país nas questões energéticas, e, também, dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta de combustíveis”, informou a nota.
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