Nada poderia provocar mais danos à imagem e à integridade do Supremo
Tribunal Federal do que o inquérito secreto que corre nos seus escaninhos por
ordem do ministro Dias Toffoli. A pretexto de apurar os ataques praticados nas
redes sociais contra as togas supremas, seus familiares e contra a própria
Corte, Toffoli deslocou o tribunal que deveria presidir com recato da posição
de guardião para a de violador da Constituição. Se o Brasil fosse regido pela
lógica, Toffoli requisitaria a abertura de inquérito à Procuradoria-Geral da
República. Ele preferiu, porém, agir por conta própria. Se existisse um estoque
de bom senso no almoxarifado do Supremo, Toffoli deveria ter determinado a
escolha do relator por sorteio. Ele achou que seria uma boa ideia entregar a
missão ao amigo Alexandre de Moraes.
Dias Toffoli e Alexandre de Moraes conduzem a anomalia há um mês. Nunca
tão poucos fizeram no Supremo tanta barbaridade em tão pouco tempo. De repente,
o país passou a temer a sua Suprema Corte. Escorado na Lei de Segurança
Nacional, da época da ditadura, Moraes ordena operações de busca e apreensão.
Toffoli cultua a liberdade, mas retira do bolso do colete uma ditadura
particular para cercear as liberdades alheias. Pede a censura de reportagem que
não foi do seu agrado. E é prontamente atendido. Raquel Dodge, a
procuradora-geral da República, tentou promover o arquivamento da aberração
jurídica. Em condições normais, o Supremo costuma deferir esse tipo de pedido.
Mas Alexandre Alexandre de Moraes decidiu rapidamente arquivar o arquivamento
de Dodge.
Um acerto
raramente pode ser melhorado. Mas Toffoli e seu relator parecem determinados a
provar que um erro tem sempre a possibilidade de ser mais errado. Nem um milhão
de acertos conseguirão fechar a fenda que esse inquérito ditatorial abriu na
fachada da Suprema Corte brasileira.
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